XIX

Chegaram em Londres em uma tarde nublada, o que Benjamin esperava. O sol sempre teve alguma pendência com a cidade de Londres, porque não gostava muito de presenteá-la com seus belos raios. Deu uma risada com as expressões deslumbradas de Francesca e sua acompanhante olhando todo aquele movimento das pessoas no porto. Não era um lugar muito bonito, mas era novo para elas.

Avistou a carruagem que sua mãe enviou para buscá-los depois de alguns minutos. Estava ansiosa para finalmente encontrá-la, abraçá-la, dizer o quão amava ela, pois era a pessoa mais importante da sua vida. Seu único receio seria seu encontro com Francesca.

Esse pensamento o assombrou até chegar em casa.

E ele estava certo.

Assim que olhou para sua mãe analisando Francesca, sentiu um grande medo do que poderia acontecer. Achava que a condessa disfarçaria seu julgamento, mas estava completamente enganado; parecia que ela queria deixar claro seu desgosto pela presença da cantora lírica em sua casa. No entanto, quando os braços da sua mãe envolveram seu corpo, sentiu uma enorme paz e amor.

Nem permitiu que eles descansassem, exigiu que fossem para a sala azul pois queria conversar sobre absolutamente tudo, justificando que há muito tempo se comunicava com ele apenas por cartas. E tinha certeza de que Francesca receberia um interrogatório para responder.

Aparentemente não demonstrava nenhum desconforto diante daquela confusão. Ou, sabia disfarçar muito bem suas emoções. O que ele deu graças à Deus, pois não saberia o que dizer para amenizar aquela situação.

Pegou sua mão, fazendo com que o olhasse.

— Perdoe-me por minha mãe não a deixar descansar.

— Não se preocupe, querido. — sorriu. — Seria uma grande desfeita negar um pedido da sua mãe. Certamente está extremamente desconfiada ao meu respeito, pude perceber pela maneira que me analisou da cabeça aos pés. — apertou sua mão quando seu rosto denunciou sua vergonha. — Fique despreocupado, ela não está errada.

Benjamin a orientou até a sala azul. Tudo estava como se lembrava, exceto as bandejas com comidas e chá.

— Querido, como sei que viagens longas são cansativas, pedi para prepararem diversas coisas. Espero que gostem. — a mulher se sentou em um canapé, fazendo com que Francesca se sentasse logo depois. — Ben, vejo em seus olhos o desespero para dormir em uma cama confortável. Deixarei ir em breve para seus aposentos.

— Entendo sua vontade de conversar, mãe. — sentou-se ao lado dela, dando-lhe um beijo na face. — Devo me preocupar com algum compromisso ainda hoje?

— Sim, o baile do duque de Westminster.

Bufou desgostoso com aquela informação.

— Confirmou nossa presença?

— Sim. — olhou para Francesca. — Espero que não seja um problema para a senhorita.

Sua mãe estava provocando para saber como ela lidaria.

— Nenhum problema, senhora. Será um sonho realizado conhecer um baile londrino! — disse empolgada. — Tenho medo de errar no vestido...

— Tenha medo de como deve se comportar, Srta. Bocelli.

Benjamin apertou a mão da sua mãe.

— Sra. Lawson fico honrada com sua preocupação, mas posso lhe garantir perfeitamente que saberei me comportar. Gostaria que a senhora me concedesse licença para que eu possa me preparar devidamente para mais tarde.

— Claro, querida. Preciso falar mais uma coisa.

Respirou fundo diante daquele afrontamento entre as duas.

— Devo informar também que haverá a presença da família real.

O rosto de Francesca ficou pálido.

— Fa- fa- família real?

— Sim, a rainha é amiga de infância da duquesa de Westminster. Será um baile muito importante, mal posso esperar. Faz algum tempo que não vou em bailes, estava desanimada. Mas, sua chegada me fez ficar animada. Além do mais, seria muito interessante sua presença como duque em um evento como esse. Faz muito tempo que está afastado da sociedade londrina.

— Certamente, será bom rever algumas pessoas. Terei que ir ao Parlamento resolver algumas pendências nessa semana, sem falta. Espero que os bailes dos Baldrick tenham melhorado.

— A Sra.Baldrick transformou completamente aquela formalidade entediante.

Conseguiu dar um sorriso aliviado.

— Ao menos valerá trocar o conforto da minha cama por um baile.

Os três riram, para seu alívio.

De forma alguma valeria a troca do seu descanso para ir em um baile que não estava nem um pouco interessado em ir. Por mais que as ressalvas da condessa fossem plausíveis, e concordasse com tudo dito por ela, seria maçante. Mas, para agradá-la e realizar um desejo de Francesca, faria com que tudo fosse perfeito.

❀❀❀❀

Sua mãe estava completamente certa, o baile estava perfeito. Estava completamente encantado com todos os detalhes, mesmo que tivesse que parar a cada minuto para conversar com as pessoas que há muito tempo não o viam. Também tinha os olhares curiosos em cima de Francesca, que estava tão deslumbrante quanto um céu estrelado.

Seu belo vestido azul-marinho com bordados em prata chamou atenção de diversas mulheres no salão. E seu belo cabelo foi preso em um penteado que estava na moda em Londres, segundo sua mãe. Por algum milagre divino, a condessa a elogiou.

— Benjamin, é mais esplêndido do que eu pude imaginar um dia. Estou imensamente honrada de estar aqui. Terei que dançar uma quadrilha! — seus olhos brilhavam enquanto falava. Ele estava imensamente feliz que Francesca estivesse se divertindo. — Gostaria de dançar com várias pessoas, se incomodaria?

— Não, faça tudo o que desejar.

— Obrigada por estar fazendo isso por mim. Outro homem não traria uma amante para um evento tão importante como esse.

— Fran, nesse salão existem segredos tão perigosos sobre adultérios e amantes. — ficou sério. — Peço-te, apenas desfrute de tudo que seja bom nesse lugar hoje à noite. — beijou-lhe a mão. — Ficaremos distantes um do outro para que sua experiência seja feita somente por você. Caso precise de alguma coisa, procure por mim, não sairei do salão de forma alguma. Temos um acordo?

— Temos. — um sorriso malicioso brotou em seus lábios. — Sempre soube que era um homem maravilhoso, Ben. Vou começar a diversão, Vossa Graça. — fez uma vênia para ele rindo e saiu para o meio das pessoas.

Resolveu explorar a mesa com seus doces preferidos, principalmente a bomba de chocolate. Era a única parte dos bailes que realmente amava: a comida. Poderia facilmente colocar uma cadeira ao lado da mesa para comer toda hora, sem muito esforço. Mas não podia fazer algo assim, infelizmente.

Começou a rir com a possibilidade de fazer e todos julgá-lo como um louco.

A condessa o mataria.

Esse pensamento o fez rir ainda mais.

— Benjamin?

Aquela voz.

Aquela melodiosa e doce voz.

Fechou os olhos, abrindo logo em seguida e se virou para ela.

— Phoebe.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top