V
Phoebe estava surpresa com a visita inesperada. O único problema é que sua cavalgada seria adiada, e não sabia se teria outro tempo bom como aquele tão cedo. Outono era uma estação instável, mais propensa a ter chuvas do que sol. Por sorte tinha ido mais cedo caminhar com seus filhos pela propriedade, se não eles teriam ficado bastante chateados.
Chegou ao estábulo e com a ajuda de um cavalariço, desceu do cavalo.
— Senhora, não esperava que voltasse tão cedo. Alguma coisa errada com Midnight?
— Oh, não, fique despreocupado quanto a isso. — passou a mão pela fronte do animal delicadamente. — Apenas uma visita inesperada que precisa da minha total atenção. Bem, preciso ir. Tenha um bom dia Sr. Kennedy.
— Obrigado, senhora.
Phoebe assentiu e começou a caminhar de volta para casa.
Manteve seus passos bem devagar para poder sentir o vento em seu rosto. Seus cabelos começaram a ficar bagunçados, o que a fez lembrar que não deveria receber os convidados sem um penteado adequado e roupas de montaria. Antes de ir encontrá-los na sala, qual fosse que seu mordomo tivesse escolhido para eles ficarem acomodados, trocaria de roupa e pentearia seus cabelos.
Tinha percebido o olhar da sobrinha da condessa para ela, e não tinha gostado nem um pouco. Esperava não estar fazendo julgamento errado sobre a mulher, mas raramente errava em relação às pessoas; Victoria parecia ser uma pessoa da qual se deveria ter cuidado. Prestaria atenção em seu comportamento durante o chá.
Entrou pela cozinha, sentindo um cheiro agradável de bolo sendo assado. Cumprimentou todos que estavam na cozinha, seguiu por um corredor que dava para o primeiro andar. Andou até o fim do corredor, onde ficava seu quarto.
Abriu a porta com certa urgência quando percebeu que estava demorando demais. Tocou a campainha dos criados, precisava de alguém para ajudá-la.
Tinha soltado seu cabelo para cavalgar, porque dava uma sensação diferente, algo parecido com liberdade. Pegou sua escova que estava na penteadeira e começou a pentear seus longos cabelos. Estava um pouco embaraçado, o que a fez fazer algumas caretas enquanto escovava.
Pegou os grampos que tinha usado mais cedo, começando a fazer um penteado simples do qual gostava bastante, pois era prático e tinha sua beleza.
— Senhora. — uma criada entrou no quarto com a respiração acelerada. — O que deseja?
Phoebe deu um pequeno sorriso.
— Respire um pouco antes. Subiu as escadas muito rápido?
— Sim, senhora.
— Pode buscar para mim um vestido azul?
— Algum azul em específico, senhora?
— Um que não seja muito velho, mas que também não seja muito novo.
A criada assentiu, seguindo em direção ao seu quarto de vestir.
Terminou de fazer seu penteado minutos depois. Olhou pelo espelho para ver se tinha deixado alguma mecha de lado, e estava tudo no lugar certo. Sorriu com satisfação, desabotoado o vestido, tirando-o logo seguida pelas pernas.
— Trouxe esse vestido, senhora. — exibiu um vestido azul-marinho simples com algumas rosas bordadas em dourado na região do corpete. — Prefere que eu pegue outro?
— Não, está perfeito. — Phoebe pegou o vestido da mão dela. — Ajude-me atrás, certo?
— Sim, senhora.
O vestido desceu pelo corpo dela perfeitamente, deixando apenas as costas aberta.
— Meredith, sabe em que sala estão os visitantes?
— Sala rosa, senhora. — começou a fechar a fileira de botões.
— Obrigada.
— Deseja mais alguma coisa?
— Sapatos! Santo Deus, estou com minhas botas de equitação. — sentou-se na cadeira, puxando a bota com força. — Como pude esquecer dessas malditas botas?
Ouviu uma batida na porta.
— Pode entrar!
Seu filho entrou no quarto com um sorriso nos lábios, logo atrás veio Melanie.
— Mamãe, ouvimos que tinha chegado.
— Pensei que fosse cavalgar.
— Mamãe está com visitas, precisou voltar mais cedo. — tirou a outra bota, colocando do lado da outra. — Desejam alguma coisa?
— Queríamos apenas ver você, mamãe.
Abriu os braços para poder abraçá-los.
— Venham para os braços da mamãe.
Robert partiu na frente de Melanie, como ele sempre fazia para provocá-la.
— Eu amo vocês. — beijou o topo da cabeça de cada um. — Muito mesmo.
— Também, mamãe. — Robert aninhou-se no colo dela.
— Eu muito mais! — Melanie empurrou o irmão.
Ela deu um sorriso e deu mais beijos no filho enquanto esperava Meredith.
❀❀❀❀
Abriu a porta da sala com um pouco de vergonha pela demora, não gostava de deixar pessoas esperando por ela, mesmo que indiretamente não tivesse culpa naquele momento. No entanto, as regras de etiqueta gritavam em sua mente o quão estava errada em ter deixado aquelas três pessoas esperando tanto.
O conde levantou-se assim que ela entrou, oferecendo-lhe um sorriso tão caloroso, que sentiu seu rosto corar.
— Por favor, perdoem meu atraso. — deu um sorriso envergonhado. — Não costumo me atrasar.
— É mesmo inglesa Sra. Harrison? — sentiu a ironia na voz de Victoria.
— Absolutamente, senhorita. A linhagem dos Harrison é bastante antiga, eu diria que a mais antiga da aristocracia atualmente. — pousou as mãos no colo. — Certamente a senhorita deve ter conhecimento, afinal, somos praticamente obrigados a conhecer todos.
Quando Phoebe se sentou, o conde fez o mesmo.
— Victoria gostaria de compreender seu comportamento estranho com Sra. Harrison. Santo Deus, estou envergonhada. E minha querida, não precisa pedir perdão por seu atraso, eu que peço perdão por não ter comunicado que viria fazer essa visita. Mas, como mãe, precisava lhe agradecer por ter abrigado meu filho durante a tempestade.
— Não precisa agradecer, milady. — sorriu gentilmente para a condessa.
— Oh, preciso sim. Acredita que ele não me avisou que chegaria?
— Acredito. — olhou de soslaio para o conde, que estava corado. — A senhora deu uma bronca como ele merecia?
— Claro, minha querida. — os olhos da mulher ganharam um brilho maléfico.
— Mamãe voltou aos tempos de infância, me deixando sem sobremesa. — revirou os olhos. — Terrível.
— Melanie e Robert ficam angustiados quando tiro a sobremesa deles também. — deu uma piscadela cúmplice para a condessa, de quem simpatizava cada vez mais, ao contrário da sobrinha, que estava com muita vontade de expulsá-la da sua casa. Como não podia fazer isso, tentaria ser agradável. — Diga-me, senhorita, tem quantos anos?
Victoria estreitou os olhos para ela.
— Tenho vinte anos, senhora.
— Pensei que tivesse menos.
— Obrigada. — Phoebe reconheceu a vaidade tomar conta da mulher ao seu lado.
Bethany entrou na sala com chá, biscoitos e sanduíches.
— Senhora. — entregou um cartão de visitas para ela, que tinha o nome do visconde de Falkland.
— Pode pedir para ele entrar.
— Ele quem? — Victoria perguntou curiosa.
— O visconde de Falkland.
— Veja querido, que coincidência maravilhosa, seu amigo de infância!
— Não é tão amigo assim, mamãe. — disse carrancudo.
Phoebe olhou para ele com curiosidade. Qual seria o problema do conde com o visconde? Tinha ficado claro que coisa boa não era, pelo tom da voz.
— Sra. Harrison. — visconde entrou na sala com o bom humor de sempre, beijando sua mão. — Como está?
— Muito bem, senhor. — assentiu sorrindo.
— Benjamin. — o visconde visualizou o conde.
— Sr. Parker.
Com aquela formalidade que o conde retribuiu ao visconde, sua curiosidade ganhou ainda mais vida. Olhou para ambos os homens que estavam em silêncio se encarando. Estava tentando decifrar tudo o que estava acontecendo entre eles, mas estava difícil.
Phoebe sabia apenas de uma coisa: o clima tinha ficado pesado.
Bastante pesado.
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