III
Phoebe era simplesmente encantadora. Poucas vezes tinha encontrado uma mulher tão inteligente, simpática e gentil. Benjamin estava encantado por ela, e muito feliz por ser sua vizinha, faria questão de manter uma boa amizade.
Não podia esquecer a imagem dela chegando na sala com aquele vestido verde, desenhando levemente seu corpo. Gostaria de ter disfarçado seu olhar, mas não pôde evitar, ela parecia a própria Vênus de Botticelli. Percebeu que Phoebe tinha acompanhado seu olhar, deixando um leve rubor em seu rosto.
Depois do desjejum, agradeceu a ela por toda a hospitalidade e gentileza. Notou um sorriso no rosto dela quando foi beijar sua mão.
— Não deixe de nos visitar.
— Claramente voltarei para mais uma visita, Sra. Harrison.
— Mande lembranças para a condessa.
— Obrigado, mandarei.
Despediu-se e voltou ao seu caminho de casa.
Sua mãe surtaria assim que ele pisasse os pés em Lawson House. Reclamaria da falta de comunicação, falta de responsabilidade, entre outras coisas. Iria se divertir bastante com a discussão com a condessa Bunmore, mal podia esperar por isso.
Quando avistou sua casa, sentiu um sentimento bom de nostalgia. Deu maior impulso em seu cavalo, precisava chegar imediatamente. Não tinha percebido o quão sentia falta de casa.
Estava em seu lar novamente.
— Quem é o senhor?
Benjamin olhou para o homem, não o reconhecia.
— Desculpe-me senhor, mas quem deveria fazer essa pergunta sou eu. Sou o conde de Bunmore. — a expressão do homem empalideceu no mesmo instante. — Não se preocupe, estou há muitos anos longe daqui. É natural que não saiba quem eu sou. Novo cavalariço?
— Sim, milorde.
— O que houve com o Sr. Fleband?
— Está doente, milorde. Sou apenas um substituto, ele está ficando melhor.
— Ótimo. — desceu do cavalo. — Pode levar ele para mim.
— Sim, milorde.
— Obrigado.
Benjamin olhou ao redor, respirou o ar puro do campo e caminhou em direção a casa.
Avistou sua mãe sentada na varanda com uma mulher que ele não conhecia. Ou poderia conhecer, mas não estava lembrando de quem poderia ser. Sua mãe era bastante conhecida, mantinha círculos por toda Grã-Bretanha. Achava entediante todos os bailes e saraus que ela oferecia em Londres e Edimburgo; sempre que podia, fugia. Depois que chegava em casa, ouvia milhares de reclamações.
— Mamãe! — gritou perto das escadarias.
Ela se levantou tão rápido, que fez com que ele sorrisse.
Aquela era ainda Lilian Lawson, a animada condessa de Bunmore.
— Santo Deus, não posso estar louca! É meu Ben?
— Sim, mamãe. — subiu as escadas correndo e abraçou sua mãe. — Quanta saudade eu senti, quanta saudade.
— Oh, meu menino. — o apertou ainda mais. — Meus dias foram tão tristes sem você. Ficava olhando sua pintura para de alguma forma sentir a sua presença. — soltou-se dele, começando a analisá-lo. — Essa barba não existia quando saiu daqui, nem esse cabelo tão grande. — fez uma expressão estranha, que Benjamin não soube interpretar. — Gostei. Eu realmente gostei.
— Fico feliz, mamãe. — afagou o rosto dela. — Quem é aquela mulher?
— Ah, que falta de educação a minha. — deu um largo sorriso. — Lembra-se da irmã do seu pai?
— Tia Ellen?
— Sim. Essa é a filha dela, Victoria.
— Victoria?
— Primo, fico feliz que tenha retornado. — aproximou-se com um sorriso. — Não se preocupe em não me reconhecer, tinha dez anos quando nos vimos pela última vez.
Benjamin estreitou os olhos, lembrava de Victoria.
Lembrava muito bem. Ela era uma peste.
Ele tinha quinze anos quando foi passar as férias na casa da sua tia em Kent. Não queria ir, mas seus pais o obrigaram, sendo assim, não tinha alternativa alguma a não ser acatar a decisão deles.
Pensou que ficaria em paz, lendo seus livros, caminhando, cavalgando. Foi quando surgiu Victoria, e não poderia ter acontecido coisa pior nas férias dele. Era uma menina insuportável e mimada, com duas tranças horríveis, sempre se intrometendo onde não era chamada. Tinha perdido as contas de quantas vezes quis matá-la. E para piorar toda a situação, seu primo Michael, ainda era muito pequeno. Ou seja, não podia ficar com ele.
Livrou-se de Victoria apenas quando seus outros primos chegaram. Nunca tinha ficado tão feliz em vê-los.
— Benjamin? — ouviu a voz da sua mãe.
— Desculpe-me. — olhou para Victoria com curiosidade, as tranças não existiam mais, agora era um belo penteado formado por suas madeixas de um tom castanho mais escuro. — Estava lembrando de Victoria na infância.
Victoria ficou ruborizada.
— Peço que se esqueça da Victoria da infância. Eu era...
— Uma peste. — concluiu com prazer.
— Benjamin!
— Ora, mamãe, ela era terrível.
— Não se pode dizer essas coisas para uma dama! Essas viagens não te fizeram bem, tornou-se um completo ogro!
Benjamin deu uma gargalha.
— Certo, mamãe.
— Venha, vamos nos sentar. O chá foi servido há pouco tempo.
Caminharam até a mesa que estava servida de chá, biscoitos e sanduíches.
Benjamin estava sem fome, pois tinha comido muito na casa de Phoebe. Como estava curioso para saber mais sobre ela, resolveu que perguntaria tudo o que fosse necessário para sua mãe.
— Mãe, quando Frederick morreu?
Seu rosto ficou confuso.
— Harrison?
— Sim.
— Faz algum tempo, não lembro exatamente. Apenas me recordo que a morte não foi muito honrosa.
— Conheci a viúva dele.
— Phoebe Harrison? Santo Deus, a pobrezinha sofreu nas mãos daquele homem. — a entonação da sua voz ficou raivosa.
— Nunca vi a senhora falando com tanta raiva de alguém. O que ele fez com ela?
— Batia nela.
Benjamin olhou para a mãe completamente abismado.
E depois veio o sentimento de raiva.
Muita raiva.
Como um homem poderia agredir uma mulher? Como ele poderia ter encostado um único dedo em Phoebe?
O mataria, se ele já não estivesse morto.
— Como descobriram? — tentou se acalmar.
— Uma visita das irmãs. O melhor amigo dele estava no momento da confusão, pois até um murro no rosto Frederick recebeu da irmã do meio dela. E então, o Sr. Brown contou para a mulher dele, que contou para as amigas, e você sabe como fofoca é algo rápido. Principalmente quando é de uma família extremamente importante.
— A irmã dela fez isso? — perguntou espantado.
— Sim, inclusive, sabe que o rei Adam se casou?
— Soube, a Sra. Harrison me contou, inclusive que é a irmã dela.
— Rainha Scarlett. — a condessa deu um risinho. — Ela é ótima. Querido, por que quer saber tanto sobre ela?
— Passei a noite na casa dela.
— Como?
— A tempestade, eu não poderia continuar. Pernoitei por lá.
— Irresponsável, não me disse que voltaria. — deu-lhe vários tapas no braço. — Jamais volte a repetir isso.
— Jamais.
— Sério, Benjamin, ela sofreu muito. Não a vejo muito, no entanto, sei que é uma boa pessoa.
Benjamin assentiu.
Sim, ela era uma boa pessoa pelo pouco que tinha conhecido.
Em anos nunca mais tinha sentido atração por nenhuma mulher, mas Phoebe...
Phoebe era diferente de alguma forma.
Diferente de uma forma muito boa.
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