Extra 2
Liu YuanQi
Fora do quarto, o dia se levantava preguiçoso, a luz solar ainda estava fria e parcialmente escondida pelo pico da montanha. Do lado de fora da casa, Chen DaLun praticava com uma réplica de espada feita de madeira, tinha 13 anos e já firmou a base de seu cultivo, se tornaria um bom cultivador quando fosse mais velho. Me acerquei dele, corrigi sua postura, afastando seus pés no grau adequado.
– De novo. – comandei.
O garoto girou a espada e se virou, espada erguida a frente. Estava melhor, ajustei sua mão, um pouco para baixo.
– Firme, de novo.
Ele repetiu o movimento.
– Bem melhor.
– Pai, Papai continua dormindo?
– Sim. De novo.
As horas passavam rápido, Chen DaLun fazia os golpes, eu lhe ajustava, lhe ensinando o caminho para o aperfeiçoamento. Quando ele completou a série de movimentos sem um erro, Lei LongWei surgiu no umbral da porta.
– O café da manhã está pronto, bora comer antes que esfrie.
Chen DaLun foi guardar sua espada de prática, indo tomar um banho na parte de trás da casa. Me virei para meu marido e lhe peguei sorrindo como um idiota na minha direção, depois de tanto tempo e ele ainda fazia aquela cara. Senti meus lábios se curvando num sorriso tímido. Abaixei o olhar. Eu sabia que ele vinha na minha direção, seus braços me envolveram, um beijo se pressionou contra minha boca. Fechei os olhos, afeto transbordando de suas ações, me embalei em seu amor e quando o encarei, percebi que ele me olhava como se eu fosse a pessoa mais importante na sua vida, isso me deixava corado e tímido. Tentei disfarçar, enquanto me afastava de seu abraço e me conduzia para a casa.
– Melhor ir comer, antes que esfrie. – usei suas próprias palavras para continuar me afastando.
Ele me seguiu, um sorriso brincando em suas feições.
– Vamos voar. – ele me abraçou por trás, ignorando Chen DaLun, que tinha entrado pela porta de trás e já se sentava a mesa.
O pequeno passou a morar conosco na casa localizada nas cercanias da Seita Sol Poente. Quando abdiquei do cargo de Líder da Seita, escolhi me isolar numa parte distante da montanha. Lei LongWei me acompanhou, deixando o trono em favor da irmã, as coisas estavam mais organizadas agora, os dragões se reerguiam, como flores se abrindo na primavera e novos ares precisavam de novos líderes, ao menos foi o que me disse Lei LongWei. Com meu dragão, veio Chen DaLun. Vivíamos pacificamente, como uma família alegre de três integrantes e dois leões de bronze, que guardavam as portas da casa como cães de guarda.
– Vamos, voe comigo. Serei um dragão bonzinho, não vou te derrubar. – apoiou o queixo em meu pescoço.
– Se contenha, diante do nosso filho. – repliquei, lhe dando uma cotovelada.
Ele guinchou de dor e se afastou com uma careta impressa em seu rosto, resmungando enquanto voltava para a se sentar no chão diante da mesa. Chen DaLun tinha as bochechas cheias de comida e parte do mingau de arroz tinha sujado seu queixo. Dobrando um lenço, que tirei do bolso da manga limpei, a sujeira só para olhar o outro lado e encontrar Lei LongWei com a bochecha suja. Tal pai, tal filho. Suspirei. Me curvei, lenço tocando o canto de sua boca, limpando a comida que havia ali. Ele me encarou, seus olhos sorridentes e reluzentes como um sol nascendo, meu ser foi ofuscado pelo seu brilho e eu perdi, momentaneamente, o ar. Suas mãos se depositaram sobre as minhas.
– Só uma vez. Por favor, eu fiquei sonhando com isso nos dois anos que permaneci em coma.
Não respondi, apenas comendo em silêncio. Meu marido e nosso filho conversavam durante a refeição. Chen DaLun estava animado por está aprendendo a arte da espada e o tao, seria um bom cultivador no futuro, ele era hábil, inteligente e rápido em tudo que fazia. Eu corrigia sua esgrima toda manhã e sabia o quanto era promissor. Lei LongWei ouvia o garoto com certo receio oculto nos olhos, não diria nada contra, mas eu sabia que lhe desagradava o caminho que o pequeno tomava. Embora Chen DaLun estivesse crescendo, afinal, em breve completaria catorze anos. O tempo passava muito velozmente, logo ele teria 18 e seguiria o próprio caminho, que talvez o levasse para longe de casa.
Perdido em pensamento, só voltei a mim quando, Lei LongWei conseguiu que Chen DaLun também implorasse, ambos com olhos redondos e lacrimejantes e repetindo "por favor, vamos voar" em sincronia.
Eu mereço. Suspirei. Ergui minha xícara, sorvendo meu chá de flores de pêssegos, do lado de fora era um dia pleno, com direito a canto de pássaros e do farfalhar das folhas. Vento brincando com as cortinas da janela.
– Muito bem. – concordei, eles conseguiam me vencer pelo cansaço.
– Eba! Vamos passear! – Chen DaLun pulou do assento, comemorando pela sala.
Lei LongWei se levantou e o seguiu na dancinha. Duas crianças. Eu, realmente, sou o único adulto aqui. Um sorriso curvou meus lábios enquanto via a cena, acho que em algum momento acabei rindo por trás da mão, numa vã tentativa de ocultar meu divertimento. Ainda era estranho me senti assim, tão livre.
Chen DaLun e Lei LongWei iam compartilhando piadas e a conversa fluia, meu dragão estava feliz era evidente em seu rosto radiante. As trevas que o rondavam tinham permanecido para trás e os dias se somavam em luz.
– Não deve olhar quando eu me transformar. – mão estendida em minha direção. – Você também não deve olhar.
Aceitei sua mão, palmas quentes fixas uma na outra. Meu coração pulava no peito, como um coelho selvagem, mas mantive minha dignidade ao manter minhas expressões faciais sobre controle. Ele se aproximou sussurrando em meu ouvido, seu hálito fazendo cócegas.
– Sinto quando seu coração acelera, não precisa esconder seus sentimentos de mim
Abaixei a cabeça, bochechas corando contra minha autorização. Ele riu, me ocupei de puxar o nosso filho em minha direção, lhe cobrindo os olhos. Um clarão imenso, ardor contra a pele, era mais quente que o sol que cintilava acima de nossas cabeças.
Quando abri os olhos, um grandioso dragão negro estava enrolado ao nosso redor e se assemelhava a uma imensa muralha feita de pedras pretas. Deslumbrante.
– Ele é lindo. – murmurou Chen DaLun.
Sua mão acariciando as escamas, minha mão ao seu lado. Escamas frias e macias, igual às penas dos pássaros.
– Sim, lindo.
A cabeça de leão com longos chifres brancos, que se assemelhavam a marfim, bigodes ondulando ao vento. Aqueles olhos cardo, brilhando como uma fogueira. Aproximou-se, se aconchegando em meu peito e sendo abraçado pelo nosso filho, ele esfregava a própria cabeça contra a do dragão.
– O papai é incrível. – sua voz estava abafada pela juba.
Também o segurei, escondendo meu rosto nos pelos de sua juba, ele cheirava a cedro, me fazendo lembrar das florestas élficas ao norte. Meus dedos, acariciando os fios encaracolados, eram macios ao toque. Meus lábios brincaram entre os fios, beijos sendo salpicados na área que eu encontrava disponível.
Ainda com um sorriso florescente em minha face, dei alguns passos atrás e ajudei Chen DaLun a subi nas costas do dragão, depois eu mesmo me icei para cima, prendi minhas mãos em sua juba. Lei LongWei andou um pouco, se arrumando para alçar voo. Um impulso, seu corpo serpenteando, como ondas em direção ao céu. Quanto mais ele girava, subia e descia; mais Chen DaLun dava gritos de animação; e mais eu sentia que ia vomitar até minhas entranhas.
Pelos sete céus, eu nunca mais voaria num dragão!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top