Sombras & Névoa

Kohan permanecia em alerta durante o restante de sua vigília, atento ao menor som que pudesse indicar um perigo. Mas tudo o que conseguia ouvir era o silêncio opressivo da floresta, que o deixava cada vez mais irritado. Ele estava farto da floresta e de tudo que envolvia a missão.

Até agora, só conseguiram sair do ciclo sem fim em que estavam presos porque a garota do outono possuía — por acaso — uma bússola mágica. Fora isso, não haviam avançado em nada. E para piorar, os outros "aliados" pareciam não confiar nele; seus olhares desconfiados e murmúrios eram inconfundíveis.

Kohan se perguntava se realmente conseguiria fazer parte daquele grupo. Não que isso importasse no final das contas, mas a sensação de estar ali com estranhos o incomodava. Afinal, não eram amigos; estavam ali apenas como um grupo de busca. Uma busca que parecia cada vez mais impossível.

Outra coisa que não saía de sua cabeça era a aparição da coruja e a maldita profecia.

Que porra foi aquilo? pensou Kohan, irritado. Uma floresta sem saída e agora corujas trazendo profecias que mais pareciam avisos de morte. Ele tentava entender cada parte, mas as frases se embaralhavam na sua mente, e ele não conseguia decifrar um mísero significado.

A parte que mencionava o inverno o deixava ainda mais nervoso e preocupado. O que significava exatamente "No Inverno, o gelo cantará o lamento dos reinos; e o frio não será apenas das terras, mas dos corações..."? O que isso teria a ver com a situação em que se encontravam? Ele se perguntava se isso se referia a um inimigo que se aproximava, ou se algo mais profundo estava em jogo.

Mas a pior parte era o final, que lhe causava arrepios: "Aquele que traz a paz, na verdade, espalha a discórdia..." Quem seria essa pessoa responsável por causar discórdia entre os reinos? E mais importante, ele poderia estar perto dela sem perceber?

A inquietação crescia dentro dele, e a frustração com a falta de respostas só aumentava. Kohan decidiu que era hora de contar aos outros; eles precisavam sair daquela floresta imediatamente. Antes mesmo de se levantar, Vixen e Greta surgiram de trás das árvores. Vixen sorria de uma forma surpreendentemente amigável, e o tom de deboche parecia ter desaparecido. E Greta? Bem, ele sabia que ela estaria o encarando, então evitou olhar em sua direção.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Kohan levantou-se, pronto, com a mão na espada.

— Acalme-se, não tem ninguém aqui em perigo — Vixen disse, olhando para trás como se procurasse alguma ameaça. — Por enquanto!

Ela piscou para Greta e virou-se novamente para Kohan.

— Viemos trocar de lugar com você. Você precisa descansar também — disse Greta, a voz falhando um pouco.

— Agradeço, garotas, mas o combinado era que Art seria o próximo. Onde ele está?

— Aparentemente, os feéricos da primavera têm o sono pesado. Deixe-o dormir; nós assumimos daqui — Vixen cruzou os braços sobre o peito, enfatizando seu ponto.

— Não, não vão! — Kohan começou a caminhar, passando pelas duas em direção ao local onde suas coisas estavam, e onde Art dormia profundamente. O garoto tinha uma expressão tranquila, como se não estivesse deitado em um chão duro, apenas coberto por folhas e o manto que usara. Kohan deu um chute leve na perna do garoto, que acordou assustado.

— Levanta! Precisamos sair dessa floresta! — disse Kohan, enquanto Art já se levantava, pegando seu arco e flecha.

— Pelos deuses adormecidos, do que você está falando? — Vixen perdeu o sorriso amigável e agora tinha uma expressão que sugeria que poderia matar Kohan com as próprias mãos.

— Alguém está brincando com a gente, agora mesmo!

Todos o encararam como se ele tivesse enlouquecido.

— E quem é? Como você tem certeza disso? — Greta queria acreditar nele, mas o jeito lunático como ele agia tornava isso quase impossível.

— Enquanto eu estava de guarda, uma coruja branca apareceu e me disse algumas coisas — ele olhou nos olhos de cada um, percebendo a dúvida refletida em seus rostos. — Uma profecia.

Art caminhou até Kohan, colocando as mãos em seus ombros.

— Meu caro amigo, corujas não falam!

— Mas essa fala, e a profecia não era nada boa! — Kohan começou a juntar suas coisas, sem se importar se os outros o acompanhariam.

— E o que exatamente essa profecia dizia? — Art perguntou, a preocupação evidente em seu tom.

"Na Primavera, florescerá o renascimento; mas o que renasce traz consigo a ruína escondida. Um coração puro erguerá a esperança, mas será manchado pela escuridão oculta."

"No Verão, o calor da coragem incendiará o ar; mas aquilo que queima também consome. Um guerreiro surgirá das chamas, mas sua espada cortará o caminho da destruição."

"No Outono, as folhas cairão como certezas desfeitas; pois o ciclo se desfaz em dúvida e traição. Um sábio trará a sabedoria dos antigos, mas com ela, os segredos que não deveriam ser revelados."

"No Inverno, o gelo cantará o lamento dos reinos; e o frio não será apenas das terras, mas dos corações. Um líder forjará o destino de todos, mas o que ele molda é tanto esperança quanto condenação."

"Aquele que traz a paz, na verdade, espalha a discórdia, e quando o Grande Mal caminhar novamente entre nós, o mundo conhecerá o verdadeiro significado de renovação — E de destruição."

Kohan repetiu a profecia mais duas vezes, cada palavra reverberando no ar pesado, até que todos conseguiram absorver cada parte. O silêncio se instalou, um silêncio tenso e carregado, enquanto o peso das revelações se espalhava pelo grupo. Somente Greta quebrou a quietude.

— Eu também percebi algo — disse ela, fixando o olhar no céu negro, que parecia mais opressivo a cada instante. — Algumas horas atrás, eu estava observando as estrelas, e então Vixen acordou e começamos a conversar.

Ela se voltou para Vixen, que confirmou a história com um aceno de cabeça, mas a expressão de ambas estava carregada de incerteza.

— Quando decidimos vir trocar com você, olhei uma última vez para o céu, e as estrelas não estavam mais lá.

Um arrepio percorreu a espinha de todos enquanto voltaram o olhar para o firmamento. A realidade se impôs: as estrelas haviam desaparecido de vez. Era como se o universo tivesse selado um pacto sombrio, deixando um vácuo de escuridão em seu lugar, uma escuridão que sussurrava segredos de desgraça e inquietação.

O silêncio se tornava ensurdecedor, e a sensação de que algo terrível estava os observando  pesava sobre eles, como uma nuvem escura prestes a desabar.

*****

Cansados e em alerta, os quatro reuniram seus poucos pertences, prontos para deixar a floresta que se tornava cada vez mais opressiva e estranha. Greta ajustava sua roupa quando Kohan a viu pegar a bússola de dentro da veste. A expressão dela se fechou, tensa, ao encarar o artefato.

— Algum problema, Princesa? — questionou Kohan, com um calafrio de preocupação na voz.

— Alguma coisa está interferindo. Os ponteiros estão girando descontroladamente, e ela... parou de brilhar.

O grupo inteiro se aproximou, e todos focaram na dádiva, que agora parecia apenas um relógio de bolso velho, sem o brilho místico que costumava guiá-los. O silêncio denso foi rompido apenas pela respiração tensa de cada um.

— Acho que isso só confirma o quanto estamos perdendo tempo aqui, e também acho que... — Kohan interrompeu a frase quando uma névoa branca começou a rastejar pelo solo, cobrindo tudo ao redor.

— Merda... isso não é nada bom — murmurou Art, recuando instintivamente.

A névoa se intensificou com uma rapidez sobrenatural, cobrindo a floresta com um véu branco e gelado. A temperatura caiu bruscamente, o ar se tornando cada vez mais cortante. Art e Vixen, desacostumados ao frio, foram os primeiros a sentir o corpo fraquejar, seus lábios começando a tremer e o rosto empalidecendo.

Kohan olhou para a floresta encoberta pela neblina e então para a bússola apagada nas mãos de Greta. Era evidente: algo ou alguém estava tentando prendê-los ali, usando forças que escapavam à compreensão de todos.

Pequenos sons começaram a surgir de todos os lados, cada vez mais próximos e ameaçadores. O estalo de galhos se quebrando e o farfalhar de folhas secas sendo esmagadas por pés pesados ecoavam, mas eram pés de algo que claramente não era humano. Logo, risos fantasmagóricos começaram a envolver o grupo, sussurrando em suas mentes e provocando um arrepio gélido.

— Tem algo vindo junto com a névoa. Preparem-se! — Kohan gritou, com a voz firme, mas o olhar atento percorrendo a bruma.

Ele sabia que cedo ou tarde enfrentariam perigos, e parte dele estava pronto para isso desde o início da missão, quando foi arrancado da cama aos gritos pelo pai. Agora, diante de inimigos invisíveis, a ironia de não poder ver contra quem lutava apenas aumentava sua adrenalina. Kohan desembainhou sua espada, o metal frio refletindo o pouco de luz que restava, e segurou o cabo com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.

Art, com o olhar focado, posicionou uma flecha em seu arco, pronto para disparar contra qualquer coisa que ousasse se mover na névoa densa e traiçoeira. Ao seu lado, Vixen sacou um conjunto duplo de adagas afiadas de prata, as lâminas brilhando com um sol radiante entalhado e adornado com pedras preciosas, a arma de sua linhagem do verão.

Greta, diferente dos outros, não desembainhou espadas, arco ou facas. Em vez disso, segurava sua dádiva junto ao peito, assumindo a postura de uma combatente corpo a corpo. Seus olhos estavam fixos, observando cada movimento ao redor, enquanto aguardava a aproximação do desconhecido.

A tensão no ar era quase palpável, cada um deles preparado para uma batalha inevitável, enquanto a névoa os envolvia, escondendo o que quer que estivesse prestes a atacá-los.

O primeiro ataque veio como um golpe de vento feroz, arremessando Kohan para longe do grupo. O impacto o deixou momentaneamente atordoado, e, logo em seguida, Greta foi atingida. Sem conseguir identificar de onde vinha o golpe, ela tentou desviar, mas acabou caindo ao lado de Kohan.

— Como vamos derrotar algo que não conseguimos ver? Precisamos de alguma forma de enxergar! — gritou Greta, levantando-se rapidamente, a urgência em sua voz inegável.

— Art, precisamos de você! — Kohan exclamou, focando seu olhar na névoa que os cercava. — Que tal conjurar fogo ou luz? Você é um feérico do verão, afinal!

— Eu... eu não consigo usar minha magia. A névoa está densa demais para canalizar qualquer luz. E... — Art estremeceu, o tremor em seu corpo crescente. — Estou com muito frio.

— Concordo com ele! Está frio à beça aqui! — Vixen reclamou, parece definhar a cada segundo que passava na névoa opressiva.

Antes que pudesse terminar a frase, uma sombra negra se materializou atrás de Kohan. Em um instante, a criatura o agarrou por trás, pressionando uma pedra pontiaguda contra seu pescoço. A voz gélida e arrastada da figura feminina ecoou, perturbadora:

— Ora, ora... o que temos aqui? Quatro jovens feéricos. Faz anos desde que nos alimentamos de feéricos.

A criatura era algo que eles nunca haviam visto antes. Não era feérica, tampouco humana. No lugar dos olhos, havia apenas buracos escuros e vazios, enquanto seu rosto e corpo pareciam feitos de pura sombra, sem forma física concreta. A presença dela exalava um terror palpável.

Kohan ergueu a mão, sentindo o poder do inverno se acumular nas pontas dos dedos. Ele conjurou uma rajada de gelo que avançou em espirais pela névoa, cristalizando tudo ao redor. Fragmentos de gelo ricochetearam pelo ar, forçando a criatura a soltar Art momentaneamente. A sombra desapareceu e reapareceu a alguns metros de distância.

— Seu tolo! — Ela debochou de Kohan. — Vocês estão nos nossos domínios. Não vão conseguir nos matar.

— Nós? — questionou Vixen, o desespero em sua voz. — Há mais coisas como você?

Como se esperando a deixa, mais três seres idênticos se materializaram ao lado da criatura original.

— Nós não somos uma "coisa", sua garota estúpida. — Os quatro falaram em uníssono. — Nós somos algo que vocês jamais sonhariam que poderia existir. Graças ao nosso senhorio, conseguimos viver mesmo depois do que nos aconteceu séculos atrás.

— Senhorio? Quem mandou vocês? Onde está a Espada Invernal? — Kohan perguntou, brandindo novamente sua Necroglacia, a espada que pulsava com a energia do inverno.

Ao ouvir o nome da espada, as criaturas sibilavam como cobras e, em um movimento ágil, se fundiram, tornando-se um ser único, maior e mais aterrorizante.

Kohan sentiu um frio cortante, e o terror de estar diante de algo que não entendia tomava conta dele. Ele trocou um olhar decidido com Greta, sabendo que precisariam unir suas forças para enfrentar essa ameaça sobrenatural. Com um gesto, Greta invocou a magia do outono, folhas secas e vento suave girando ao seu redor, preparando-se para lutar. Era um momento decisivo, e eles sabiam que a sobrevivência dependia de sua coragem e habilidade em unir suas magias contra um inimigo que parecia impossível de derrotar.

— Greta, agora! — gritou ele, concentrando-se para manter a nevasca.

Greta fechou os olhos por um segundo, sentindo o chamado da magia do outono. Ao abrir as mãos, folhas secas começaram a surgir ao seu redor, como um turbilhão vibrante que se movia com precisão letal. Com um movimento firme, ela lançou as folhas como lâminas afiadíssimas, que cortavam o ar e rasgavam as sombras à sua frente. Mas nada adiantava.

Mas enquanto os poderes de Kohan e Greta ganhavam força, Vixen e Art estavam em desvantagem. O frio drenava sua energia, e eles mal conseguiam manter o foco. Vixen tremia enquanto tentava se posicionar ao lado de Art, que segurava o arco, mas suas mãos estavam rígidas, e a mira começava a falhar.

— Aguentem firme! — gritou Kohan, intensificando o gelo em torno dos inimigos, suas forças concentradas em proteger os amigos enquanto Greta usava as lâminas de folhas para desviar os próximos ataques.

A criatura sombria recuou por um momento, mas os risos fantasmagóricos continuaram a cercá-los. Os seres não tinham uma forma definida, mas eram uma ameaça constante, e a batalha estava apenas começando.

A nevasca conjurada por Kohan girava furiosamente, criando uma barreira de gelo que protegia temporariamente o grupo. As lâminas de folhas de Greta cortavam o ar com precisão, mas os lugravos, ágeis e sombrios, pareciam quase dançar entre os ataques, suas formas distorcidas se movendo como sombras nas trevas.

— Eles são mais rápidos do que pensei! — gritou Vixen, desviando-se de um ataque rasante de uma sombra que passou zumbindo perto de seu rosto. A criatura parecia flutuar, suas garras reluzindo em um tom opaco enquanto se movia em direção a ela.

Art, lutando para manter a calma, lançou uma flecha, mas a sombra a desviou com um movimento ágil, transformando o tiro em um desperdício de esforço. Ele sentiu a adrenalina correr por seu corpo enquanto tentava novamente.

— Fiquem juntos! Precisamos de mais luz! — ele gritou, mas suas palavras foram tragadas pelo vento.

Kohan, sentindo a pressão aumentar, decidiu intensificar sua magia do inverno. Ele ergueu a espada, invocando uma onda de frio que se expandiu pela névoa, mas, para seu desespero, o ataque não teve o efeito desejado. As criaturas continuaram a emergir da bruma, suas formas indistintas parecendo se multiplicar.

— A névoa... está se tornando mais densa! — exclamou Greta, percebendo que o ar ao redor se tornava cada vez mais pesado. As folhas que antes giravam com agilidade agora pareciam hesitar, como se a escuridão estivesse sugando a energia delas.

Uma das sombras, mais ousada, avançou em direção a Kohan, deslizando como um felino. Ele tentou contra-atacar com um golpe de espada, mas a criatura se esquivou com facilidade, agarrando seu pulso e forçando-o a soltar a lâmina. A espada caiu ao chão, e Kohan sentiu uma onda de frio percorrer seu corpo enquanto a criatura sussurrava algo inaudível, drenando sua força.

— Kohan! — gritou Greta, mas, em um instante, outra sombra se atirou sobre ela, derrubando-a ao chão e fazendo suas folhas se dissiparem como se nunca tivessem existido.

Art e Vixen tentaram ajudar, mas estavam lutando contra suas próprias fraquezas. Vixen, com a pele arrepiada de frio, não conseguia manter o foco, e a escuridão estava se fechando em torno deles.

— Isso não pode acabar assim! — bradou Art, a voz embargada pela determinação. Ele juntou suas últimas forças e tentou canalizar sua magia, mas a névoa era como um manto sufocante, apagando a luz que ele tentava conjurar.

A criatura que segurava Kohan começou a rir, um som frio e distante que ecoava na névoa. As outras sombras se aproximaram, e a vitória parecia iminente. Kohan, enfraquecido e sem sua espada, sentiu a escuridão se fechando ao seu redor.

— Alguém faz alguma coisa! — gritou Vixen, mas sua voz estava se perdendo, sufocada pelo terror que as sombras traziam.

Com a situação se agravando e a força dos quatro amigos parecendo cada vez mais distante, as sombras avançaram, prontas para acabar com eles, enquanto a névoa envolvia tudo, como se estivesse selando seu destino. A batalha estava longe de acabar, mas a desolação começava a tomar conta do coração de cada um.

A sombra que segurava Kohan apertou o punho ao redor de seu pescoço, forçando-o a ajoelhar-se, e o frio que emanava de sua presença ameaçadora parecia absorver qualquer resistência que ele tentava conjurar. Kohan lutava para manter os olhos abertos, mas tudo ao redor girava, e o mundo começava a desaparecer.

— Meu mestre sentira prazer em saber que um feerico do inverno foi o primeiro a morrer!  haha - Debochou a criatura.

Greta, vendo seu amigo em perigo, reuniu o que restava de sua magia. Ela avançou com determinação, as folhas secas girando novamente em torno de sua figura, movendo-se com precisão para atacar a sombra que mantinha Kohan sob controle. A primeira lâmina de folha cortou o ar, seguida por outra, e outra, até que uma tempestade de lâminas de outono atingiu a criatura, forçando-a a soltar Kohan.

— Kohan, levante-se! — gritou Greta, puxando-o para fora das garras da sombra.

Kohan respirou fundo, sentindo o ar gelado em seus pulmões, e olhou para Greta, grato. Ele sabia que não podiam falhar; então, decidindo tentar uma última vez, Kohan concentrou-se profundamente, invocando seu poder com uma intensidade que nunca havia sentido antes. Ele ergueu as mãos para a névoa, deixando o gelo se espalhar como uma onda incontrolável, congelando o ar em seu redor e forçando a névoa a se dissipar lentamente.

As sombras recuaram, e o grupo finalmente conseguiu ver o que enfrentavam: seres disformes, feitos de pura escuridão, que pareciam se contorcer e uivar diante da luz crescente que se insinuava.

Greta ergueu sua dádiva, invocando o poder do outono. Com uma concentração precisa, ela usou a magia para diminuir a velocidade ao redor, fazendo com que os movimentos das sombras ficassem lentos e pesados. A névoa espessa e o avanço das sombras pareciam se arrastar, como se o próprio tempo estivesse se dobrando para impedir que elas se aproximassem novamente.

Art, agora livre da névoa densa e da escuridão opressiva, conseguia ver uma leve luz se infiltrar pelas árvores. Estava amanhecendo e o príncipe sentiu a força do verão retornar em seu peito. Finalmente, ele pôde conjurar sua magia, sentindo uma luz calorosa surgir de dentro. Com um movimento rápido, ele ergueu o arco para o céu e invocou raios de luz brilhantes, que iluminaram a clareira e incendiaram as sombras. Um a um, os raios atingiam os inimigos, dissipando-os em nuvens de poeira negra que se desintegravam ao contato com a luz.

Os seres uivaram, as sombras retorcendo-se e finalmente sendo derrotadas pelo poder combinado dos feéricos. Kohan manteve a nevasca ao redor, garantindo que a névoa se afastasse, enquanto Greta mantinha o tempo lento, e Art continuava a disparar raios de luz, finalizando as criaturas restantes.

Quando o último se desfez, o silêncio voltou à floresta. O grupo, exausto, respirava com dificuldade, mas haviam finalmente triunfado. A neblina se dissipava ao redor, e o caminho diante deles parecia claro — pelo menos por enquanto.

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