Primeiro dia no dojô
Ellie estava aflita, turbilhões de pensamentos invadiam a sua cabeça. Como algo tão estranho pode ser verdade? Ela começou a se questionar se estava realmente ficando maluca, afinal, entidades? Escolher entre a família e a humanidade? Viajar para o futuro e descobrir que tem um irmão? Como não pensar que tudo era fruto de sua imaginação pregando uma peça? Ela sente vontade de chorar, sendo a única forma de aguentar essa bomba que foi jogada em seu colo.
—Vai ficar tudo bem Ellie, você não viu o seu quarto congelado, — ela estava sentada em sua cama, com a cabeça baixa por cima de seus braços, que estavam apoiados em seus joelhos, no intuito de se acalmar — não presenciou seres de outro mundo, você está apenas imaginando coisas. É natural para alguém que anda sofrendo de sono. Isso! Tudo o que eu preciso é de uma boa noite de sono, aí tudo isso vai passar… tem que passar! — se auto diagnosticou, tendo em base a uma situação parecida de um personagem do livro que leu, onde o psicólogo falou a mesma coisa para o tal personagem.
Ela levanta a cabeça, encara o quarto "vazio de criaturas mágicas", antes de capotar na cama.
Na manhã seguinte, Ellie acorda bastante animada, apesar da noite perturbadora que teve, pois era o seu primeiro dia na academia de luta. Assim como todas as manhãs, ela parte para o banheiro para fazer a sua higiene rotineira, seguindo para a cozinha logo após, para tomar o seu café da manhã. Lá, ela encontra a sua mãe que já estava sentada com uma xícara de café em mãos, enquanto lia uma revista de modas.
— Bom dia filha, acordou tarde hoje… está tudo bem? — ela repara na cara abatida da menina.
— Estou sim mãe! — respondeu de imediato, forçando um pequeno sorriso exprimido. — Estou animada! É hoje que começo a lutar.
— Tenha calma, filha, eu ainda não decidi — ela se levanta deixando a sua revista na mesa — Pode ser que isso não seja o melhor para você agora.
— Eu acho que eu tenho que entrar na Korean fênix, mãe.
— Porque acha isso?
— Eu realmente não sei. É só um pressentimento que eu tenho. Sinto que isso vai ser importante para minha vida futura.
— Nossa filha, faz tempo que eu não vejo essa empolgação em seus olhos. — abrindo um grande sorriso em empolgação pela filha, ela se rendeu aqueles maravilhosos olhos brilhantes. — Está bem então, você me convenceu.
— Sério? Obrigada mãe! — a garota deu dois pulinhos de alegria antes de correr para abraçar a mãe.
— Está bem, agora senta para comer! Não se esqueça que tem que limpar a casa hoje! — falou, saindo do abraço.
— Pode deixar, mãe, eu vou deixar essa casa um brinco! — respondeu. Ela puxou uma cadeira e se sentou.
Terminando o seu café, e vestindo algo mais confortável para a ocasião, sendo uma blusa folgada e uma calça moletom mais confortável, Ellie se prepara para fazer uma faxina completa na casa, começando pelos quartos e terminando pelos banheiros, não deixando nenhum detalhe passar, enquanto curtia ouvindo as músicas que passavam na rádio, aproveitando que sua mãe havia saído para comprar algumas coisas no mercado mais próximo. Após o término de seus deveres, ela corre para tomar um banho, e se troca o mais rápido possível, para não se atrasar em seu primeiro dia, vestindo uma calça legging preta, com uma blusa regata de mesma cor e sapatos esportivos roxos que sua mãe havia deixado separado em seu quarto.
— Você está linda filha, que bom que a roupa serviu direitinho. — Cláudia fala após avistar a filha.
— Obrigada, mãe.
— Vamos indo? — ela pega as chaves da casa.
— Sim! — a garota responde já atravessando a porta.
Com os passos largos de Ellie, que sempre estava acelerando a sua mãe, ambas chegam rápido no local desejado. Adentrando a sala após subir as escadas, Ellie observa os alunos começando a fazer fileiras, e após o professor no tatame chamar pela garota, ela se junta a eles.
— Todos entram na fila em ordem das faixas! — os alunos começaram a se mover, deixando a menina sem saber para onde ir. — Helena, você fica atrás do Ricardo. — ele aponta para o lugar que ela iria ficar, atrás de um menino de cabelo espetado, vestido com o kimono preto do dojô, com uma faixa branca em sua cintura— depois que Ellie se ajeitou em seu lugar, o professor continuou — Muito bem, para aqueles que são novos, eu dou as boas vindas. Eu sou o Renan, e serei o sensei de vocês. Conforme precisar, eu tirarei as dúvidas de vocês caso algo que não entendam venha a surgir. Por hora, vamos nos aquecer! Fazem 50 polichinelos seguidos de 40 agachamentos e 40 flexões! Prontos? Hana…Dul…Set…
O professor começou a contar, e os alunos seguiram o seu comando. Ellie tentava acompanhar eles, mas assim que chegou em 15 nos agachamentos, ela já estava morta de cansaço.
— Vamos pessoal, eu estou vendo pessoas descansando, — o professor chamou atenção dos alunos que haviam parado de fazer o exercício — eu não falei para descansarem ainda, vambora! Quem não continuar vai fazer mais 50 de cada.
Mesmo achando aquilo uma loucura, Ellie continuou tentando, chegando a terminar os exercícios, mesmo exausta.
—Isso...foi… o aquecimento? — murmurava ela, enquanto tentava descansar um pouco.
— Muito bem. Agora todos começam a se alongar, — ordenou, mostrando a posição do alongamento em outro aluno — depois disso, vocês podem ir beber água, e retornem para a gente começar a aula.
— Oss! — gritaram os alunos simultaneamente.
— Oss! — repetiu Ellie, mesmo não entendo o seu significado.
Logo após de terminar o seu alongamento, ela sai do tatame para ir beber água, imitando os movimentos de seus colegas que se curvaram antes de sair do tatame. Ela retorna fazendo o mesmo movimento, sendo observada pela sua mãe que acompanhava de perto, e seu professor que a esperava para começar a aula.
— Façam duplas para o treinamento! — ele esperou todos encontrarem um parceiro — Você vai ficar comigo, Helena. — ele chamou a garota para perto dele. — Muito bem, todos prestem atenção! Vamos começar com…
Apesar dos nomes dos golpes serem difíceis de entender, Ellie pegava rápido os movimentos, impressionando até mesmo o professor, que a pergunta se ela já havia praticado antes, o que ela respondeu que não, que era a primeira vez dela. O tempo passou rápido para a garota que estava curtindo as aulas. Tirando um pequeno acidente dela, acertando com força o rosto de outro aluno, o que era para ele ter defendido, o restante da aula terminou bem, deixando a garota bastante cansada, mas feliz.
— Então, filha, o que achou da aula? — Pergunta Cláudia entregando uma toalha de rosto para a menina que pingava suor.
— Eu gostei muito, mãe. Não vejo a hora de voltar a treinar. — responde com empolgação.
— Meus parabéns, Helena. Você leva jeito para o esporte. — disse o professor Renan se aproximando das duas.
— Muito obrigada, professor!
— Espero ver você de novo. — ele vai até o balcão, e pega algumas fichas — Esses são os horários e dias das aulas. — ele entrega as folhas para Cláudia — Caso tenham interesse em voltar, tragam essa ficha assinada na próxima aula.
— Pode deixar, Professor Renan, a gente vai voltar, — diz Cláudia, apertando as mãos dele, logo depois, seguindo para a saída. — Vamos filha?!
— Tchau professor! — despediu-se a garota.
Ellie saiu de lá tão feliz e animada para retornar novamente, que até esqueceu do ocorrido de ontem a noite. Mas, com um simples pedaço de gelo encontrado na rua, o que era estranho ele estar intacto, já que estava fazendo muito calor aquele dia, e uma sombra em meio a neblina que surgiu de repente, sendo que só ela conseguia enxergar a neblina, ela começa a temer que retorne a alucinar outra vez, se lembrando da noite perturbadora que passou na noite anterior. A garota agarrou forte a mão da mãe, e pensou em conta-lá o que estava acontecendo com ela, mas isso não seria fácil de explicar, já que nem ela mesma conseguia entender o que estava acontecendo. Além disso, sua mãe, poderia achar que a menina estava realmente ficando maluca, e poderia até mandar internar a criança, o que a deixou com medo dessa possibilidade, então, resolveu não dizer nada, apenas iria tentar esquecer tudo, e ignoraria tudo fora do comum que tentasse aparecer diante dela. Com essa simples decisão e um aperto forte nos olhos, tanto a neblina, quanto o gelo caído no chão, desapareceram sem deixar rastros, confirmando para a garota, que ela estava certa, aquilo não passava de ilusões de sua mente, e que, logo logo, iria acabar. Pelo menos era isso que ela pensava, mas mal sabia a garota, que aquilo se tratava de apenas o começo, e por mais que tentasse, estava longe de terminar. Ainda mais, naquela mesma noite, iria presenciar algo terrível, onde perceberia, que toda a escolha que tomasse, a levaria para um futuro perturbado, e que nada que fizesse, poderia mudar esse fato.
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Olá caro leitor, estou aqui para tirar algumas dúvidas de palavras usadas nesse capítulo, e nos capítulos anteriores ou posteriores.
Oss- palavra usada em artes marciais como forma de respeito, que pode ser usada ao entrar no tatame, uma resposta afirmativa a um colega ou professor, e, ou cumprimentar um parceiro antes da luta.
Hana, Dul, Set, Net...- são números em coreano, basicamente do 1 ao 4, neste caso.
Conforme for aparecendo alguma outra palavra ou expressão usada nos capítulos posteriores que eu não tenha explicado, eu deixarei um espaço em baixo do capítulo explicando. Espero ter ajudado ;)
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