O que está acontecendo aqui?

   Ellie corre sem rumo pela estrada, onde se depara com vários carros e motos parados no meio da rua, muitos deles destruídos pelas colisões entre eles ou por outros objetos encontrados na natureza e,ou, pela mão do homem. Ela sai andando verificando todos os automóveis que estavam em melhor estado, encontrando alguns itens pessoais como: Chave na ignição, aparelhos móveis, carteiras com documentos importantes e várias outras coisas, porém, não tinha nenhum sinal dos donos dos veículos em nenhuma parte, era como se todos eles, de repente, tivessem sido forçados a abandonar os seus automóveis bruscamente, os largando de todo o jeito por aí. 

   O que foi que aconteceu aqui?

   Ellie se perguntava isso enquanto olhava  aos arredores, encontrando a mesma cena grotesca nas casas e prédios que ela conferiu, dando a entender, que os humanos tiveram que abandonar os seus lares por alguma catástrofe que ameaçava a cidade, pena que não levaram os seus animais de estimação com eles, já que encontrou vários perambulando pela cidade.

   Auuuu,au,auu

   Após adentrar em uma das casas, ellie escuta um uivo de algum animal sofrendo, ao qual descobre ser o som de um cachorrinho preso debaixo de uma escrivaninha velha de madeira. Ele tentava sair, mas o tamanho e o peso do objeto era muito para o pobre animal. Sem pensar duas vezes, ellie parte para o resgate do cachorro, o libertando daquele aperto.

   — Você vai ficar bem agora! — diz ellie após resgatá-lo, o segurando em seu colo, e notando a ferida na pata dianteira esquerda do cachorro. — Tadinho de você. Não se preocupe, eu vou cuidar muito bem de você! 

   Com o animal em seu colo, ellie vai até o guarda-roupa no quarto da casa, e pega uma blusa de pano azul, e a envolve na pata machucada  do cachorrinho, aplicando um pouco de pressão, no qual, agradeceu lambendo o rosto dela.

   Sem muita escapatória e nenhum lugar em mente que seja agradável para ir naquela cidade fantasma, a garota resolve voltar para casa. Ela tentaria a sorte para ver se  o Nicholas, revelasse para ela o ocorrido naquele lugar.

   Chegando em casa, Ellie encontra o Nicholas ainda deitado desmaiado no chão, passando por cima dele com muito cuidado para não pisar no rapaz. Ela solta um sorrisinho de leve, imaginando o quão forte ela deve ter batido nele para  ele continuar desmaiado por tanto tempo.  Continuou o seu caminhar até a sala, depositou com muito cuidado, o cachorro em cima do sofá, colocando várias almofadas ao seu redor.

   — Au, au, au…— o cachorrinho começou a latir enquanto abanava o rabo.

   — Muito bem, fique aqui! Eu vou lá acordar o homem mau — disse ela se afastando do animal.

   Ellie decide ir até a cozinha, pegou uma panela no balcão de baixo da pia, e a encheu de água que descia da torneira aberta. Após terminar de encher o recipiente, ela retorna para a porta onde o homem ainda se encontra desmaiado, parando a poucos centímetros dele.

   — Quero ver você não levantar agora! — Ela estava prestes a despejar o líquido no Nicholas, quando algo surge em sua mente, a parando.

   Ela começa a se questionar sobre o ocorrido até agora.

   Porque eu deveria acordar ele, sendo que ele vai continuar a esconder as coisas de mim…? O que é que ele não quer que eu descubra? Isso está me cheirando muito estranho!... Eu ainda não sei quem ele é, mas ele parece me conhecer super bem. O que devo fazer?

   Ellie queimava os neurônios tentando descobrir um jeito de sair daquela situação desconfortante, sendo que estava cansada daquele mundo que não parecia com o dela. Continuou pensando enquanto abaixava a panela, que já estava pesando em sua mão, no chão ao lado da cabeça de Nick. 

   — Au, au, au, au…

   A garota saiu da sua linha de raciocínio ao ouvir o som dos latidos do cachorro que mijava na planta da sala.

   — Bart…!(Bart é o nome que ela decidiu colocar no cachorro). Não faça isso nas plantas. A casa vai fed… é isso! A casa! Deve ter alguma coisa nela que revele o que quero saber. Tenho que procurar por pistas antes que o Nicholas acorde. Obrigada Bart! Bom trabalho, garoto! — ela saiu acariciando o cachorro. — Agora aonde eu devo começar a procurar?

   Depois de muito pensar, ela resolve começar pelo quarto do Nick, que já tinha uma noção de onde ficava, no quarto da mãe dela. 

   A casa era pequena, com uma sala de jantar assim que adentrava na casa, uma cozinha muito bem decorada, com as tonalidades brancas e marrons marcantes, e dois quartos separados por uma parede. O primeiro quarto, o quarto maior, era o da mãe dela, que tem acesso direto para o quintal e a sala. O segundo, o de Ellie, apesar de ser menor do que o da mãe, tinha acesso direto para o banheiro que era só dela, já que havia outro  para os demais. Estão, se tornou óbvio qual quarto que o Nick escolheu, já que não havia escolhido o dela.

   — Quanta audácia! Quem ele pensa que é? — Ellie fala indignada após a confirmação de sua suspeita.

   O quarto estava uma bagunça, com roupas espalhadas para todo o canto, cama por fazer, comidas largadas abertas em cima da escrivaninha e uma toalha molhada pendurada na cabeceira da cama. Não tinha nenhum traço que mostrava que aquele quarto já pertenceu a uma mulher, já que até as paredes, que antes eram cor de vinho, agora estão azuis noite com alguns crânios desenhado e um pôster escrito : "Detone sem olhar para trás" pendurado ao lado da porta. 

   A menina ficou enjoada com o cheiro forte que estava impregnado no ar, até pensou em desistir, mas a memória da mãe a fez mudar de idéia. Adentrando o quarto, ela tampou o nariz com uma das mãos, enquanto a outra, apalpava as coisas em busca de algo interessante. Mesmo não querendo, mas era de seu hábito, a garota preocupava-se em colocar as coisas em seu devido lugar, pelo menos a onde acreditava ser os lugares certos das coisas, pois detestava que algo estivesse fora do lugar. Após recolher algumas das roupas espalhadas, a garota acha algo que julga ser interessante, um livro debaixo da cama. Não era um diário, era um pequeno livro de fotos, que guardava algumas das fotos dele ainda criança, ao lado de algumas pessoas, ao qual Ellie deduziu ser os parentes dele. Interessada em descobrir mais do rapaz, ela se senta na cama, após limpar ela, é claro, e começa a vasculhar as folhas do caderno, rindo dos momentos constrangedores do Nick. Entretanto, uma foto quase no final do caderno, chamou a atenção da garota.

   —" Um dia abençoado com o retorno do meu amado filho. Bem vindo de volta ao lar." — Ellie leu as escrituras que se localizavam em cima de uma foto que estava o Nicholas e ela, ambos se abraçando em um parque. Com todavia, isso não foi o que mais a chocou, ela reconheceu a letra no papel, a mesma letra da mãe dela, e logo na foto debaixo dessa, uma outra mensagem estava presente com a mesma letra;

   "Nunca mais nos abandone e sempre proteja a sua irmã! A mãe já te ama muito." 

   Abalada e confusa, ela fecha o caderno com um pouco de força, notando o nome escrito atrás dele:

   — "Nicholas Bennet de Roux" — Ellie ficou chocada, afinal, esse era o seu sobrenome. Tudo estava se encaixando como peças de um quebra-cabeça, o que revelava que… — O Nicholas é o meu irmão?! 

   Ellie não estava acreditando na sua descoberta, mas todas as evidências apontavam para isso. A mãe dela nunca contou para a garota que teve outros filhos, afinal, até então, achava que era filha única, nunca soube da existência de outros da família. Ela não sabia o que sentir a respeito de tal descoberta, e nem como se comportar daqui para frente com o seu suposto irmão, mas tinha a certeza que ela descobriria mais coisas se continuasse vasculhando aquele quarto.

   Sem perder tempo, ela guarda o livro no mesmo lugar que o encontrou, e volta a bisbilhotar o lugar. Após uma revista minuciosa no local, dentro do armário, na gaveta de baixo, ela encontra um CD estranho escrito "Ellie" em sua superfície. Colocando o disco no aparelho de DVD em cima da televisão, ela dá o play.

   " Olá, o meu nome é Helena Bennet de Roux, mas conhecida por Ellie. Eu estou gravando isso para saber que não estou ficando louca. Hoje é dia 11 de novembro de 2020, ou seja, o meu 20° aniversário, e também o suposto dia que os anciãos estranhos me pediram para fazer uma escolha entre as pessoas que eu amo, ou o resto da humanidade. Eu sei, isso é loucura, mas vou entrar na brincadeira e ver onde eles pretendem chegar com isso. Além disso, quem se importa com a humanidade? Os humanos não são confiáveis, talvez, seja a hora de nós entrarmos em extinção! Hahaha, desculpem, acho que estou pensando demais nesta brincadeira… chegou a hora."

   — Que? Porque eu gravaria esse tipo de vídeo? O que aconteceu depois? — Ela tenta encontrar um outro CD com a continuação do vídeo na gaveta. — O que foi que eu fiz, afinal?

   — Você escolheu a sua família e exterminou o restante da humanidade…— Disse o Nicholas parado na porta e encarando a garota.

   — O que…? — falou Ellie confusa.

   — Você foi forçada a escolher entre a sua família e a humanidade. Você nos escolheu, graças a isso, eu estou vivo. — Ele começa a se aproximar dela — Eu estava confinado em uma câmara de torturas, mas graças ao que você fez, eu estou vivo e livre. Então, obrigado irmãzinha. — ele a abraçou.

   — Eu fiz…o que…? — ela ficou abismada com que acabara de descobrir. — Eu que fiz isso?

   — É por essa razão que eu não queria que descobrisse. — Ele a abraçou mais forte. 

   — Eu…eu…..

   — Filha, acorde! Já tá na hora de ir para a escola! 

   Ellie é surpreendida pelo doce som da sua mãe a chamando. Ela abre os seus olhos em resposta, encarando a mulher sentada em sua cama, e com os olhos cheios de lágrimas e remela, ela levanta e a abraça o mais forte que conseguia.

   — Eu senti tanto a sua falta mãe.

   — Tá tudo bem minha filha, eu não vou a lugar nenhum.

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