Quase lá

     Luisa e Izuku estavam caminhando pelo bosque com seus equipamentos e mochilas. O rapaz parecia muito pensativo e distraído:

— Tudo bem, Deku?

— Que? — acordou — Ah! Tudo ótimo!

— Te conheço desde que me entendo por gente ... — olhou no fundo de seus olhos — ... E sei que está mentindo. — voltou a olhar para frente — Eu sou sua melhor amiga! Pode me falar qualquer coisa.

— ... Eu confuso ... pelo que a mamãe me disse ontem à noite.

— Ela ainda acha que não vamos conseguir?

— Basicamente ... — abaixou o olhar, deprimido — ... E bate a dúvida.

— Nós vamos conseguir! — apertou o punho e ergueu-o, decidida — Com esforço e fé, quase nada é impossível! E não se esqueça que eu vou te ajudar, e vice-versa!!

— ... Você não vai- ...

Ninguém da vila sabe ainda ...

— Ela vai, sim. — suspirou, frustrado — Por que comigo!?

... Mas eles dependem de nós.
Nós teremos de deixar o nosso amado lar,
Enfrentando monstros e desafios
Sem saber se acabaremos vivos ...

— COMO É QUE É!?!! — interrompeu o esverdeado, assustado — NÃO FALA ASSIM!

Mesmo assim ...
Vamos ficar bem!

Ela puxou-o pelo braço até uns metros mais à frente, rindo como quando eram crianças. O rapaz ia logo atrás dela, incrédulo. Não entendia o motivo de todos amarem cantar, literalmente, do nada:

Para o céu tão azul olhar,
Ou uma borboleta a voar.
Coisas fantásticas vão se mostrar-

     O inseto foi devorado por uma planta carnívora da qual havia pousado:

Mas, assim, vamos nos atrasar ... — o esverdeado empurrou a amiga mais para frente — Para de cantar!

Tantas maravilhas pra explorar
Junto com as mil canções que irei cantar.
Naquele teste vamos detonar
DEMAIS!

     Deram de cara com um abismo. De onde surgiu? Ninguém sabe. Ignorou completamente a ponte ao lado, mexendo em sua mochila:

Uma surpresa bem legal em cada esquina. — tirou seu arco e flecha com corda, mirando numa árvore do outro lado — Seguindo o arco-íris ... — atirou, acertando na mosca e amarrando a outra ponta da corda numa árvore ao seu lado — ... Sei que vamos estar bem!

     Pegou um pano, passou pela corda e foi deslisando até o outro lado:

HEY!
A gente não vai desistir,
Tenho a você e você a mim!
Se algo te derruba,
EU- ... TE- ...
FAÇO LEVANTAR!!

     Confuso, ele atravessou a ponte. Sorriu com os dentes e puxou-o novamente:

Eu sei que iremos ganhar.
Tapa na cara de quem não acreditava.
Esse sentimento assim tão bom
É meio raro pra nós dois ...

     Avistaram a cidade não tão longe:

O acampamento vai ser uma aventura.
Seguindo o arco-íris-

Mas e se a gente não conseguir? — tocou no ombro dela, parando-a — E se for o nosso fim!?

PARA! — virou, meio brava — Não pense assim! Se estarmos ... — puxou-o pela mão, decidida — ... Nós dois juntos, vamos ficar bem!

HEY!
A gente não vai desistir,
Tenho a você e você a mim!
Se algo te derruba,
EU- ... TE- ...
FAÇO LEVANTAR!!

NÃO ...
Sei o que vai acontecer,
Mas sei que posso contar com você!
E se algo te derruba,
EU- ... TE- ...
FAÇO LEVANTAR!!

     Cantarolava "Oh" enquanto avançava, energética. Aquela loucura levantou o astral do esverdeado, que até sorria:

— E se algo te derruba- .../ Algo te derruba — olhou-o, feliz — Eu vou te levantar.

     Se abraçaram. Ele não poderia pedir amiga melhor que aquela morena. Andaram a fração de caminho restante estipulando como seria o acampamento UA.

     As ruas estavam lotadas de pessoas. Teriam de esperar uns dez meses para fazer o exame de admissão, mas não ligavam. A espera terá valido toda a pena quando estivessem tornando-se oficialmente cavaleiros. Só não esperavam encontrar uma pessoa ...

— SAIAM DA PORR@ DO MEU CAMINHO!

— Ka-chan? — o esverdeado assustou-se com a trombada proposital tão forte que recebeu — Calma!

— INSISTEM EM SE HUMILHAR FAZENDO O TESTE!?! Porr@ ... vai ser fod@ ver isso!

— Não sabe do nível em que estamos. — a morena fechou a cara — Pessoas melhoram e mudam em um par de anos!

— Continuam sendo uns put@ pirralhos sonhadores! 'Tão com os 21 na cara e ainda sonham em ser cavaleiros, mesmo com dons inúteis ... ou nem tendo dom! — deu uma risada maldosa enquanto caminhava — Se querem tanto ser cavaleiros, rezem para terem dons legais na próxima vida e pulem num rio fundo cheio de pedras!

     Riu de maneira escandalosa mais uma vez e sumiu entre a multidão. Aquilo doeu principalmente em Midoriya. O rapaz já havia tentado suicidar-se alguns anos atrás. Yoshiaki segurou em seu ombro, solidária e compreensiva:

— Quer que eu use o meu dom pra te fazer se sentir melhor?

— ... Por favor, Zaza. — abaixou um pouco a cabeça — Tira.

     A moça enterrou ambas as mãos na cabeleira verde rebelde de maneira delicada e carinhosa. Uma ligeira luzinha lilás passou pelos fios cacheados, fazendo o moço parar com qualquer pensamento suicida:

— Pronto, Deku. — a luz sessou e retirou suas mãos do cabelo dele — Fora coisa ruim!

— Muito obrigado. — sorriu, sem-graça — De verdade.

Pra isso serve sua melhor amiga! — deu um soquinho no ombro dele, que riu junto à ela — Vamos explorar? A fila está grande demais ...

— A gente vai se encontrar aqui, daqui umas duas horas, combinado?

— Combinado, Deku!

     Foram um para cada lado, sorrindo de orelha a orelha. As ruas eram cheias de alegria e vida, diferentes de Aurora. Em Aurora, a vila natal da dupla, as pessoas simplesmente trabalhavam. Sabiam tudo de cada um que morava lá. Nenhum adulto parava para conversar durante o trabalho e as poucas crianças não tinham autorização dos pais para brincar, sobrando apenas a opção "estudar".

O jovem via tudo com grande entusiasmo. O brilho em seus olhos era o mesmo duma criança com um brinquedo novo. Tirou um caderno de dentro de sua mochila com marcas de queimado, folheando. Bakugo havia explodido o mesmo, onde analisava os cavaleiros que conhecia e seus dons, quando tinham catorze anos. "Pelo menos o da Luisa foi salvo" disse à sua mãe, na época.

     Luisa também mantinha um caderno, mas anotava sobre plantas, ervas medicinais, primeiros socorros e procedimentos um tanto quanto complexos. O rapaz continuou andando, fascinado com tudo à sua volta, comparando as individualidades alheias com as anotadas nas folhas desgastadas pela explosão e o tempo. Nem prestou atenção por onde ia, chegando num lugar escuro e afastado.

— A Zaza tem razão ... — disse, encarando seu desenho do Floresta Mítica — ... Vamos conseguir! Vou deixar de pensar negativo, olhar pra frente e AVANÇAR! — disse, erguendo o punho e olhando para o céu.

Que beleza ... — ouviu uma voz gélida, fazendo com que tivesse arrepios — ... Um disfarce tamanho M!

— Q-q-quem está- ... — gaguejou, se virando lenta e temerosamente.

Mas não pôde, sequer, terminar sua frase. Uma gosma verde asquerosa envolveu seu corpo, invadindo sua boca e forçando a entrar por sua garganta, dificultando a respiração.

Calma ... eu só quero assumir o controle do seu corpo ... — disse, forçando ainda mais — Vai incomodar uns 45 segundos, mas depois vai se sentir beeeeem melhor!

Ardia, as lágrimas querendo cair. "Socorro ... eu vou morrer ..." pensava, desesperado, a visão ficando turva e embaçada.

— NÃO TEMA, MEU JOVEM! — disse uma voz, firme — POR QUÊ? — viu uma sombra enorme, tendo um pouco de esperança — PORQUE EU ESTOU AQUI! TEXAS ... — levantou o que parecia ser seu punho — SMACH! — socou o nada, fazendo uma pressão de ar gigantesca.

AAAAAAAH! — gritou a gosma, soltando o rapaz à força.

Ele apagou. Acordou com algo batendo freneticamente em seu rosto. Deu de cara com nada mais nada menos que All Might:

— Ah, já acordou! — disse, voltando a ficar de pé.

— ALL MIGHT! — exclamou, uma mescla explosiva de sentimentos em seu interior.

— Desculpe envolver você nisso, my boy! Porém, graças a você, eu capturei o vilão! — disse, enquanto mostrava as duas garrafas de leite com a gosma asquerosa.

— E-e-u preciso ... cadê o meu- ... ELE JÁ ASSINOU! — gritou ao ver o autografo na última página do seu caderno.

— Agora, eu tenho que levar este vilão ao capitão da cidade. — disse, aquecendo as pernas — Tenha um bom dia, my boy!

Sem pensar, agarrou-se às suas pernas, voando junto com o maior. Ele tentou fazê-lo soltar-se, mas já estavam muito alto. Só não perceberam que algo havia caído do bolso do loiro ...

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Música usada de base 👇👇👇

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