Promessa quebrada, dor sentida
— Eu já disse que eu não quero papo, Midoriya!
Sentiu um soco surdo no estômago. Yoshiaki NUNCA chamou-o pelo sobrenome.
— O que eu fiz, Zaza!? — repetiu, começando a entrar em desespero.
— ME ESQUECE, MIDORIYA!! — gritou, chorando, empurrando o esverdeado — VOCÊ ME ESQUECEU DESDE O DIA DA INSCRIÇÃO, ENTÃO CONTINUA QUE AGORA SOU EU QUE NÃO QUERO MAIS A SUA COMPANHIA!!
Digamos que ela não passou muito bem os últimos meses ...
Ficar ao lado de Izuku sempre foi seu posto, e exibia a linda amizade que mantinha com o esverdeado orgulhosamente. Acontece que o mesmo sempre foi alvo fácil, e não sabia o quanto as pessoas poderiam ser más pelo simples fato de ser sua amiga.
Descobriu horrores que achavam – como um namoro escondido e até uma "amizade colorida" – pela boca dos rapazes que iam à drogaria e na própria rua. Respirou fundo, contou até dez e relevou, continuando a sorrir. Deveria ser apenas um treino intensivo. Ele poderia deixar de vê-lá por um mês ou dois, mas não passaria disso.
Porém, já era o terceiro mês e nenhum sinal de retorno. Começaram a canta-la na rua, e ignorava. Ia à vila vizinha constantemente. A cavaleira Pinky havia se tornado uma boa "amiga". Nunca teve amizades femininas, e foi bom.
Acontece que todos sempre perguntavam sobre Izuku, sobre sua relação com o mesmo, se tinham algo a mais, ela sozinha, os outros garotos com suas cantadas horrorosas e comentários constrangedores ... estava enlouquecendo. Então, decidiu tentar falar com o de sardas mais uma vez. E ele não só recusou-se a treinar consigo como afirmou não querer a festa dupla de aniversário este ano.
Desde que eram crianças, comemoravam as datas juntos por terem mais ou menos um dia de diferença. Era algo especial, quase sagrado, onde só suas famílias compareciam. E ele negou-se a participar duma das coisas mais importantes para ambos como se não fosse ... nada.
Naquele dia, voltou tentando segurar o choro, mas não conseguia. E toda a tristeza tornou-se raiva durante o caminho. Chegou batendo a porta com força e pisando duro:
— O que foi, Zaza? — perguntou o pai, assustado.
— Pergunta pro Midoriya. — respondeu, seca — Ah, é. Ele 'tá ocupado demais pra qualquer coisa. O projeto de arbusto vive sumindo nestes últimos meses e não quer a minha companhia.
E, dizendo isso, foi ao seu quarto e trancou-se ali. Virou, vendo uma foto dos dois quando pirralhos. O esverdeado sempre esteve consigo, sempre defendeu-o dos bullys, sempre brincavam e treinavam juntos ... eram como irmãos. Sentia-se abandonada. Sim, completamente abandonada.
Izuku só foi dar-se conta de que havia magoado a amiga um mês depois. Sua mãe conversou com ele no jantar e tocou no assunto, coisa que não tomou a devida importância até a situação ficar realmente feia.
Se existia uma pessoa otimista e de alto astral, essa pessoa era Yoshiaki. Era seu porto seguro, defensora, melhor amiga. Chegava a ser irritante o número de vezes que repetia o quanto podia confiar em si e contar-lhe qualquer segredo. Prezava demasiado a todos que amava, fazendo o possível e o impossível para ajudá-los.
E esta moça sorridente e positiva não sorria mais. Era perceptível até para alguém avoado. Sua expressão, agora, ficava fechada e entristecida. Foi o estopim para seu cérebro entender que algo realmente não estava bem. E lá estava ele ... provocando o choro de sua única amiga.
— Zaza, eu- ...
— QUE PARTE DO "EU NÃO TE QUERO POR PERTO" O SENHOR NÃO COMPREENDEU!?!!! — cortou, rios de lágrimas escorrendo desde suas esferas verde-grama — VOCÊ ME ABANDONOU NAQUELE DIA E ME IGNOROU!! SABE O QUANTO AS PESSOAS PODEM SER CRUÉIS! SABE QUE EU SOU UMA MULHER COMPLETAMENTE DIFERENTE!! E, MESMO ASSIM, VOCÊ QUEBROU A NOSSA PROMESSA!!
Foi impossível não chorar junto. Como pode esquecer!?
"— Zaza ... promete treinar comigo ... e ser sempre minha amiga?
— Prometo! Juro de dedinho que vou ser sempre sua amiga! — estendeu seu mindinho, alegre.
— E eu juro de dedinho sempre ser seu amigo! — entrelaçou seu mindinho no dela, também alegre."
Sentiu-se horrível. Não, não cabe neste adjetivo. Para falar a verdade, nem todas as palavras do mundo poderiam descrever com exatidão. Yoshiaki cuidou de si até depois de sua tentava de suicidio na adolescência, animando-o e protegendo-o como podia. E era assim que retribuía.
— Eu não tinha a intenção- ...
— MAS FEZ DO MESMÍSSIMO JEITO!! — apontou-o com o indicador, a respiração pesada – E NÃO ME VENHA COM O PAPINHO BESTA DE QUE ME ENTENDE, PORQUÊ VOCÊ NÃO SABE NEM METADE!!
— O que aconteceu nesses seis meses!?
— Ah ... — soltou, irônica — ... MUITA coisa! Descobri o quanto de teorias ridículas faziam sobre o nosso relacionamento, fui assediada diversas vezes por um bando de filho da put@, chamada de maluca por saber e querer lutar como cavaleira, subestimada na área medicinal na cidade vizinha e nessa bost@ de vila ... — contou nos dedos — ... E me martirizando por não saber o motivo do meu único amigo me abandonar, quando havia prometido RECENTEMENTE não me deixar sozinha!!
Esfregou o braço no rosto, tentando enxugar as lágrimas. Realmente, Midoriya arrependeu-se de ter nascido.
— Luisa ... por favor, deixe eu falar. — pediu, ainda chorando — Você tem toda a razão em tudo que disse. Eu quebrei a minha palavra e te larguei sozinha. Eu sinto muito de verdade. — olhou para a própria mão, escolhendo as palavras certas — Não é justificativa para o que eu lhe causei, mas é a verdade. Eu estive treinando ... porque uma pessoa que não posso revelar o nome ... queria me emprestar o dom para eu me tornar cavaleiro.
— Com assim!?
— A individualidade dessa pessoa pode ser transferida ... mas o corpo do novo usuario tem que estar preparado, ou ele literalmente explode. — olhou-a, culpado — Eu estive me preparando para isso e me esqueci do mais importante, que são a família e amigos. Não quero que me perdoe, só entenda um pouco o meu lado. E eu sei que nada disso justifica quebrar a minha promessa.
Passou-se um minuto inteiro onde a dupla apenas se encarava. A morena tentava absorver e compreender as novas informações. O esverdeado queria morrer, pois não aguentava vê-lá deprimida daquele jeito quando a moça era a mais sorridente que havia conhecido – podendo ser comparada ao All Might neste sentido. Ela respirou e expirou, tentando controlar a si mesma.
— Você está realmente arrependido, não é?
— Como não ficar, né? — sorriu, amarelo — Apesar do tempo longe, continuo o mesmo idiota que você conhece.
— ... E eu apenas me fortaleci, sabe? — retribuiu o sorriso — Por isso ... eu te perdôo.
Deu um gritinho de alegria e correu dar-lhe um abraço. Chegava a ser engraçado como Yoshiaki era maior que o amigo, porém, não ligava muito. Retribuiu o gesto, sentindo-se bem como não sentia há meses. Era maravilhoso ter seu melhor amigo de infância novamente:
— Eu tinha dito pra você ir fundo, e não deixe de fazer isso. — começou, soltando-se — Só que eu quero que você, pelo menos, dê alguma notícia sua, combinado?
— Combinadissimo! — um sino soou ao longe — Hora de ir jantar. Até mais, Zaza!
— ... Até ... Deku.
Sorriu, feliz por ouvir seu apelido novamente. Bom, agora sua vida estava realmente entrando nos eixos.
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Palavrinhas rápidas:
Eu sei que dá certa vontade de shippar, mas a Luisa e o Deku serão apenas amigos DURANTE A FIC TODA, ok?
Eu acho este capitulo importante, porquê vou menciona-lo mais vezes na história. E também mostra bastante da relação entre essas personagens. Bom, nos vemos nos próximos capítulos – ou não.
Beijos e roteiros,
Aliindaa.
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