Pressão e desentendimento
— (...) O cara nem 'tava segurando a porr@ da espada direito e veio me dizer que eu era ruim! — bateu o punho contra a mesa fortemente, irritada — Eu odeio gente desse tipo! Esses canalhas ...
— Calma, Luisa! — pediu a ruiva, assustada — Ok, é um saco encontrar gente assim, mas não precisa chamar a atenção, precisa?
— Que chame! — cruzou os braços, fazendo bico — Que os outros canalhas ouçam e aprendam a tomar jeito!
— Gostei dela ... — comentou o cinzento.
— Gritar em ambientes públicos é falta de respeito! — lembrou Ten-ya.
— E o filho da put@ foi educado comigo, por um acaso!?
Apoiou a cabeça numa mão. Observou como seu "casal perfeito em potencial" ria numa mesa mais distante.
— Sério que o Kaminari fez isso!?
— Sim! A Poppy deu a maior bronca nele! Meio que proibiram ele de ir na tirolesa depois disso ...
— Xêsuis ... — soltou, cobrindo a boca com ambas as mãos — ... Que furada!
O esverdeado desejou matar a melhor amiga por tê-lo empurrado (literalmente) para aquela situação. Mas, no fim, conseguiu papear muito com sua crush. Fazia tempo que não passava tanto tempo livre com outro ser humano (que não fosse a mãe ou Luisa) sem que quisessem matá-lo ou humilha-lo.
— Oiê, dupla! — recebeu um leve tapinha na cabeça, virando com uma expressão não muito feliz.
— Oi, "Borracheira"! — provocou.
— Quê? — soltou a castanha, confusa — 'Tô boiando ...
— Nada importante. E aí, animados para o festival esportivo? — mudou de assunto rapidamente.
— Preocupados, na verdade. — confessou, a expressão nervosa — Sabem como ele é difícil ...
— Mas a gente consegue! — interrompeu, positiva — É só treinar sério que vamos ir longe!
— Menos positividade e mais ação, Zaza! — pediu, meio zangado, pondo o indicador perto dos lábios dela.
A moça tomou fortemente a mão do menor, forçando-o a deixar seus cinco (calejados) dedos bem à amostra. Suspirou com frustração ao notar "casquinhas", unhas de comprimentos diferentes e "pedaços faltando" nas extremidades.
— Você voltou a roer unha, Izuku?!
— ... Talvez ... — corou fortemente.
— ... Você tinha parado ano retrasado!
— EU 'TÔ ANSIOSO! Um mísero deslise e eu 'tô fora do acampamento!
— E acha que é diferente comigo!? Melhor, pensou que fosse mais fácil p'ra mim!?
Engoliu em seco. É, talvez falar assim com Yoshiaki não fosse muito empático de sua parte. Foi a sua vez de suspirar, cansado.
— Desculpe. Eu não- ...
— Só foca no que importa. — interrompeu, séria como muito raramente ficava — Treina com a Uraraka. Talvez arrume uma namorada enquanto faz algo de útil.
Quando a morena virou e começou a afastar-se, um sentimento de culpa e remorso cresceu em seu peito. Luisa se mostrava tão forte e tão confiante diariamente que ele nunca parava p'ra pensar que ela também estivesse morrendo de medo e ansiedade em segredo – quem sabe, estivesse com uma vontade imensa de fugir para longe e chorar até não poder mais.
E só parou para reparar quando a sua rocha emocional rachou por conta da pressão que os outros e que ela mesma colocava em cima das próprias costas. Quando veio pedir consolo à si, totalmente desesperada. Quando chegou ao limite dos limites.
"Como eu sou idiota ..." pensou, puxando os próprios cabelos.
— 'Tá tudo bem? — perguntou a castanha, pondo uma mão sobre o ombro alheio.
— ... Uraraka ... você já acabou percebendo que a sua companhia podia fazer mal à alguém ... por mais que você amasse essa pessoa?
— Bom ... essa pessoa que tinha uma companhia tóxica era eu. — riu-se, repentinamente triste — Tu 'tá preocupado com a Yoshichan, né?
— ... Eu sou um verdadeiro mané.
— Todo mundo 'tá só o pó da rabiola por causa do Festival Esportivo. E não esquenta. Vocês são como irmãos, não é? Irmãos vivem pisando na bola um com o outro.
— ... Já pensou em ser conselheira?
— Já. — sorriu como só ela sabia fazer para roubar todo o seu ar — Mas não cola comigo.
Já nos portões do acampamento, Luisa se apresentava aos guardas e dizia que apenas reconheceria mais um pouco a vegetação cerca de um kilometro dos muros. Recebendo a devida autorização, dirigiu-se à uma parte específica da mata. Tateou o chão com a pedrinha azul do colar e conseguiu abrir a portinha.
Quase corria pelo nada acolhedor corredor de pedra cinza. Estava ofegante quando chegou ao topo das escadas.
— CHEGUEI, RED! — anunciou, ofegante.
— Não se mate! — ouviu em resposta — É sério que nenhum guri da segurança desconfiou até agora?! — perguntou, aparecendo desde onde era a "cozinha".
— Eu sou uma ninja, amigo! — brincou, fazendo careta.
— Bem capaz ... — falou, irônico, dando-lhe as costas — Não devias estar treinando pro Festival Esportivo?
— Vim aqui justamente p'ra isso! — revelou, firme, ganhando a atenção redobrado do ruivo — Quero treinar com você, a partir de agora.
— ... Por que, exatamente?
— Você também quer ser cavaleiro, não é? E eu preciso ficar cada vez melhor em combate ... se eu ensinar as artes marciais que sei a você, vou dominar melhor os movimentos mais complexos, pois você tem que começar desde o básico do básico!
— Então ... tu vais me usar?
— Vamos nos usar mutuamente! — "corrigiu", sorridente como apenas ela conseguia ser.
O maior analisou-a por alguns instantes. Como sempre, não havia indício nenhum de mentira em seu ser. A morena era extremamente verdadeira em tudo. E custava esconder o quanto lhe atraía garotas do "tipo" dela. Suspirou, soltando uma leve risada:
— Ok. Quando começamos?
— Primeiro: novidades! — foi até um banquinho de toco de árvore na "cozinha" — Como foram os dias sem a minha ilustre presença?
— Normais. — sentou-se próximo, apoiando a cabeça sobre a palma da mão — Tirando a friaca que veio Segunda-feira, nada novo. E tú, guria?
— Acho que eu e o Deku tivemos uma leve briga agora a pouco ...
— Deixe-me adivinhar: o piá 'tava tri estressado com o Festival e acabou sendo um mané?
— Quase isso. — também apoiou a cabeça sobre as mãos, fitando suas botas gastas — Eu amo o meu arbusto, mas ele acaba esquecendo que eu não sou de pedra e ... acaba magoando.
— Não exigem muito de homem lidar com sentimentos. — falou, meio distante — Não justifica, mas ...
— Eu sei que eu também machuco ele às vezes ... mas o Izuku anda insensível comigo. — uma lágrima traiçoeira rolou por sua bochecha — Não quero que ele vire um Bakugo no quesito "empatia". Ele sempre foi um poço de empatia ...
"— NÃO FAÇA ISSO, KA-CHAN!
— O que vai fazer p'ra me impedir, hmm? — provocou o loiro, arrancando mais um punhado de pétalas vermelhas — Você não passa de um "veadinho" inútil!
— EU NÃO SOU INÚTIL, E NÃO SOU "VEADINHO"! — retrucou, tentando ir para cima de Katsuki, mas sendo empurrado e jogado contra o chão.
— É, sim! Tanto que fica chorando feito uma menininha por umas rosas idiotas!
— NÃO SÃO IDIOTAS! A SRA. AMÉLIA CUIDA DELAS COM O CORAÇÃO DELA! VAI FICAR CHATEADA COM ISSO!
— NEM LIGO, DEKU! — sorriu diabolicamente, destruindo a roseira que a mulher de idade cuidava com tanto zelo.
O esverdeado pôde apenas chorar e pedir desculpas à idosa por não haver conseguido impedi-lo."
— Por uma roseira. — disse, segurando o choro — O Deku se preocupou com uma simples e maldita roseira, porque sabia que a mulher ia ficar chateada. E ... depois que começou a treinar com o All Might ... ficou desatento e até meio insensível.
— ... Já falou com ele sobre isso?
— ... Tudo tem sido muito corrido ultimamente ...
— ... Fala p'ra ele sobre como se sente. Como eu já disse ... nunca cobraram da gente essa inteligência emocional, e só a força física.
— ... Valeu, Red. — chegou mais perto, abraçando-o — É bom ter mais amigos, agora.
— Conta comigo, viu? — pediu, retribuindo a mostra de carinho.
E os dois passaram as seguintes quatro horas treinando artes marciais sem parar.
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Palavrinhas rápidas:
O final não ficou do jeito que eu queria, mas tudo bem.
O Festival Esportivo começa no próximo capítulo. E vou fazer muitas alterações no enredo original desse arco (que vocês vão ver logo, logo). E quando digo "muitas", são MUUUUUUUUUUUUUUUUUITAS mesmo!
Beijos e roteiros,
Aliindaa.
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