Persistência

— Morri ... — resmungou, doído.

— Agora, adeus, my boy! — disse o loiro, indo mais para a borda do telhado.

— NÃO! Espere! — pediu, desesperado.

— Não! Não vou esperar! — respondeu, se preparando para ir embora.

     "Ele deve saber ... EU PRECISO OUVIR DA BOCA DELE!", pensou:

— Alguém sem individualidade ... pode ser cavaleiro, também!? — perguntou, fazendo o maior gelar — Alguém ... que não tem individualidade nenhuma ... PODE SER QUE NEM VOCÊ!? — tornou a perguntar, fechando os olhos.

— O q- ... — sentiu seus ossos estalarem e doerem — Ah, não ... — sussurrou, vendo fumaça sair de seu corpo — ... Holy sh*t!

— É que ... eu não sei se é porquê todo mundo sempre me fez de tonto ... ou me ignorava, ou me batia ... falando coisas que não tenho coragem nem de repetir ... mas eu acho que salvar as pessoas é um trabalho muito nobre. — confessou, encarando suas mãos cheias de calos — O senhor sempre salva todo mundo com um sorriso de quem não conhece o medo ... enchendo o coração dos desesperados de esperança e alegria ... como o meu e o da minha melhor amiga. — foi se animando — Eu quero saber se posso ser um cavaleiro como o senh- ... — ao levantar a vista — ... -OOOOOOOOOOR!!!?

     Talvez na palavra "horrorizado" caiba como o rapaz ficou. Um homem alto, magricela, loiro e com apenas as Íris azuis dos olhos aparecendo num preto que deveria ser branco estava parado à frente:

— Calma! — pediu — Eu sou o All Might! — disse, cuspindo uma quantidade considerável de sangue na última palavra.

— MENTIRAAA! — negou, as mãos na boca.

     Foi então que revelou tudo. Revelou sua cicatriz no estômago, seu sorriso:

— (...) Cavaleiros se colocam à frente do perigo, arriscando a vida ao máximo pela paz da humanidade. Por isso, não posso te dizer que você possa ser cavaleiro sem individualidade nenhuma.

— ... É ... é ... — "concordou", segurando as lágrimas.

— Se quiser ajudar as pessoas, se torne um patrulheiro. Sei que as pessoas acham que só ficam "moscando" por aí ... mas é muito mais perigoso e importante que isso. — foi mais para a borda do telhado novamente — Sonhar não é pecado ... mas você precisa ser corajoso e enfrentar a realidade como ela é. — concluiu para sumir.

     Então, se permitiu chorar. Eram lágrimas amargas de decepção, arrependimento e, principalmente, dor. "Até o símbolo da paz jogou na minha cara" pensou, se ajoelhando, apertando seu caderno contra o peito. "Eu já deveria saber ..." brigou consigo mesmo, o peito latejando, "Eu sou Deku ... 'imprestável' até no nome". Com as pernas e braços bambos, pôs-se de pé. Não gostava muito de fazer aquilo, mas ... queria tentar de novo. Ninguém choraria em seu túmulo, mesmo:

Eu morrerei jovem,
Então me vistam em cetim.
Coloquem-me eu uma cama de rosas,
Enterrem-me ao pôr do sol
E me levem para longe com as palavras duuma canção de amor.

     Desceu da casa. As ruas estavam desertas, perfeitas para uma música triste como aquela:

Eu era um arco-íris,
Brilhava sob minha mãe.
Podia ficar com ela enquanto tinha minhas cores.
Só que a vida é muito dura ...
Agora eu sou cinza.
E assim ela enterra seu bebê.

    Olhou para seu facão embainhado. Precisava achar um lugar afastado para que ninguém o encontrasse vivo e ajudasse-o:

Faca afiada na vida curta ...
Bem, tive o tempo de que precisava.

Eu morrerei jovem,
Então me vistam em cetim.
Coloquem-me eu uma cama de rosas,
Enterrem-me ao pôr do sol
E me levem para longe com as palavras de uma canção de amor.

     Viu, então, um casal feliz passando. Observou atentamente como se afastavam, trocando beijos e abraços:

Eu nunca soube o que é ser amado por uma mulher.
Com certeza era incrível segurar a mão de uma.
De onde vim ninguém quer o meu amor de paixão,
Então, só me resta ...

A faca afiada em minha vida curta!
Eu já vivi o que aguentava!

     Avistou umas árvores ao longe. "Perfeito" pensou, mais lágrimas amargas caindo. Olhou para seu caderno:

Vendo meus pensamentos por centavos.
Melhor, eu os vendo por reais.
Valerão bem mais quando houver ido embora.

Talvez, assim, escutem o que eu estou cantando.
É até meio engraçado ...
Como te escutam quando se está morto.

     Chegou nas árvores, desembainhando seu facão. Colocou-o na altura do seu pescoço, sorrindo para a lâmina. Pelo menos, morreria para um objeto de corte bem-feito. Deixou umas últimas lágrimas caírem.

Usem as tuas melhores roupas,
E eu usarei pérolas ...

     Fechou os olhos, sorrindo para seu destino:

— AAAAAAAAAAH!

     Largou a arma, em choque. Aquele grito não foi seu:

— Luisa ... — sussurrou, preocupado ao extremo.

     Esqueceu da sua dor completamente. Ela nunca gritava assim. Catou o facão e correu o mais rápido que suas pernas permitiam. Seu peito doía, agora, de tanto puxar o ar. Passava pelas pessoas, abrindo caminho no bolo de gente. Seu coração parou. A amiga estava sendo sufocada pela mesma gosma que All Might havia capturado. "Deve ter caído quando ele tentou meu soltar em pleno ar" pensou, a culpa latejando.

— Eu já falei! Eu tentei, mas o meu ácido não funciona! — praticamente gritou uma cavaleira rosa e com chifres.

— Vamos ter que esperar alguém com o dom certo. — disse Floresta Mítica, abalado pela situação.

    "Zaza ... me desculpe" pensou o esverdeado. O olhar que ela deu, de quem urge socorro de qualquer um, fez com que ele não conseguisse ficar parado. Atropelou quem estava na frente e correu para a gosma asquerosa:

HEY, PARE! LOUCO, CARA!? — gritou a rosada.

     Não deu ouvidos. Sua melhor amiga estava em situação de risco, e não assistiria a morte dela de camarote sem fazer nada. Tentava agarrar aquilo, raspando as unhas, qualquer coisa que pudesse ajudá-la:

— So- ... corro, Deku ... — "disse", lutando para sair.

— V-vai ... — respirou fundo, sorrindo forçado para tentar acalma-la — ... Você vai ficar bem, porquê eu aqui com você!

     Bam.

— Como eu posso falar uma coisa ... — começou o loiro, agarrando a moça — ... E fazer outra na hora H?

     Deu um "Texas Smash" tão forte que a gosma sumiu. Depois de segundos:

chovendo? — questionou uma pessoa qualquer.

Passaram-se alguns minutos onde recolheram os restos do vilão. Floresta Mítica deu a maior bronca nele enquanto encaminhavam a garota para a curandeira mais próxima. Quando estavam apenas a rosada e ele:

— Cara, foi burrice ... mas admiro a tua coragem!

— ... Ãhn?

— Não é qualquer um que vai à frente do perigo assim. — aumentou seu sorriso — Daria um belo cavaleiro. Eu era mais louca ainda na tua idade, é ...

— Izuku Midoriya. — respondeu prontamente.

— Olha ... como cavaleira, eu sou Pinky ... mas pode me chamar de Mina, Mina Ashido!

— Prazer em conhecê-la pessoalmente! — disse, seu lado "fanboy de cavaleiros" ativado — Você foi uma das melhores alunas do acampamento UA na sua época! O seu dom permite soltar ácido, controlando a viscosidade e concentração!

— É meu fã, guri? — perguntou, sorrindo, cruzando os braços.

— Mais ou menos ... — coçou a nuca, meio sem-graça — É que eu adoro analisar os cavaleiros com seus dons e técnicas de luta.

— Vai ser um ótimo cavaleiro!

Aquilo doeu, mas conseguiu esconder bem. A moça foi para o estabelecimento onde a vítima estava sendo tratada. Entrou, se surpreendendo com o que viu:

— (...) Pela quinta vez ... — começou a morena, um tom impaciente — ... Ferva um "chá" com esta erva aqui e eu vou ficar bem! — praticamente ordenou, estendendo umas folhas verdes com uma textura viscosa.

— Não recebemos ordens duma civil qualquer! — teimou o curandeiro, carrancudo.

— "CIVIL QUALQUER" A SUA AVÓ! — gritou, assustando a todos — EU SOU CURANDEIRA E ESTUDEI POR CONTA PRÓPRIA SOBRE MEDICINA DESDE OS MEUS NOVE ANOS! AGORA, ENGOLE O SEU ORGULHO DE MERD@ E FERVE ISSO ANTES QUE EU FERVA A CARA DE TODOS VOCÊS!

— S-sim senhora. — pegou as ervas, tremendo.

— "SENHORA" A SUA MÃE! É "SENHORITA"! — vociferou, mostrando o punho.

     Pinky estava chocada. "Tão novinha, acabou de ser atacado e quase mandando tomar num lugar onde o sol não bate por não obedecerem ela ..." pensou, entre admirada e temerosa. A mais nova virou, sorrindo para a rosada:

— Gostei da atitude. — disse, aproximando-se da maca.

— Obrigada. — disse, mais calma — É que eu realmente sei das coisas da área médica. É muito útil em batalha ou resgate.

— Quer ser cavaleira? — perguntou, ligeiramente surpresa.

— É sonho de infância meu e do meu melhor amigo! — disse, os olhos brilhando — E a gente vai provar pra todo mundo que o dom não faz o cavaleiro!

— ... Por quê?

— O meu dom é praticamente inútil em batalha e o Izuku não tem um. — disse, fazendo o coração da outra apertar — Mas isso não importa! A gente só precisa se esforçar, pelo menos, o dobro dos outros e vamos conseguir! Com esforço e fé, praticamente nada é impossível! Além do mais, eu tenho ele pro que der e vier tanto quanto ele tem a mim!

— ... Não deixe ele ir embora. — disse, ligeiramente melancólica — Eu também tinha um melhor amigo ... com um dom que ninguém gostava e achava "perigoso" demais ... mas eu sabia que não era um monstro. — abaixou a vista — Um dia, ele tentou proteger a mim e umas amigas ... só que ele acabou com uma aparência monstruosa por conta da individualidade ... e fugiu. — olhou-a novamente, os olhos marejados — Nunca mais o vi, e criaram uma lenda em cima disso.

— É ... a Fera Vermelha? — quando assentiu com a cabeça — Sinto muito, Pinky.

— Me chama de Mina. Mina Ashido ...

— Luisa Yoshiaki, ou Zaza.

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Música usada de base 👇👇👇

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