Numa vila esquecida ...

— NÃO SERÁ PÁREO PARA NÓS, MONSTRO HORRENDO!

— AVANTE, DEKU-KUN!!

As duas crianças correram atrás do porco sujo de lama, que fugiu o mais rápido que suas patinhas permitiram. Com suas espadinhas de madeira em mãos e rindo inocentemente, cercaram o animal:

— É HOJE QUE OS MAIORES CAVALEIROS DO MUNDO, IZUKU MIDORIYA E LUISA YOSHIAKI, DERROTARÃO A FERA QUE ATORMENTA NOSSA VILA!

— ATACAAAAR!!

Avançaram contra o porco, o assustando ainda mais e fazendo-o esparramar mais lama por todos os lados. O garotinho, que havia conseguido subir no animal, acabou escorregando e foi jogado para cima da garotinha. Acabaram os dois enlameados dos pés à cabeça:

— VENCEMOS! — ele ergueu o punho, levantando e sorrindo.

— SOMOS OS CAVALEIROS QUE DERROTARAM A FERA DAS FERAS!! — ficou de pé em um pulo, animada.

     Pularam pelo chiqueiro, comemorando a "vitória".

— As suas mães finalmente colocaram vocês no lugar certo, idiotas!? — perguntou um garoto de cabelo espetado loiro, maldoso.

— Vencemos a fera que atormentava a vila, Ka-chan! — a garota corrigiu, ainda sorrindo com os dentes.

— Vocês não vencem nem formiga, Chocolate Amargo! — abriu a portinha e entrou — E o Deku é tão inútil quanto você!

— Espere e verá! — o esverdeado levantou a espadinha com orgulho — Mesmo sem dom, vou entrar no acampamento UA com a Luisa e ser que nem o All Might!

— Vai sonhando, Deku! — deu um soquinho na palma da mão, fazendo uma pequena explosão — O único nessa vilinha chata que tem chance de ir pro acampamento sou EU! Você é um "dom de não ter dom" e a Chocolate Amargo tem um inútil pra ser cavaleiro, além de ser uma menina!

— Eu vou provar pra todo o mundo que sou forte! E você não me assusta, Katsuki! — disse ela, decidida, segurando a espadinha mais forte.

     Ele fez uma pequena explosão, mas foi forte o suficiente para jogá-la no bebedouro dos porcos.

— Mas devia! — viu sua expressão assustada — A Chocolate Amargo vai chorar!?

— DEIXA ELA, KA-CHAN! — empurrou-o e deu um soquinho

     O loiro revidou, explodindo o rosto dele. Luisa saiu da água e tentou usar seu dom no outro. Midoriya tentava segura-lo enquanto Yoshiaki enterrava suas mãozinhas no cabelo de Katsuki, de onde uma luzinha lilás saía:

— PARA COM ISSO, CHOCOLATE AMARGO!! — gritou, derrubando o esverdeado e explodindo o rosto da morena — NÃO MECHE COM A MINHA CABEÇA, IDIOTA!! — mais explosões, que estavam machucando — VOCÊS SÃO UNS IDIOTAS QUE NÃO VÃO SER CAVALEIROS!!

— PARA, KA-CHAN!! — o outro pulou em cima do loiro, fazendo-o cair.

— VAMOS, DEKU!! — puxou o amigo pelo braço, correndo para fora do chiqueiro.

— VOCÊS VÃO VER!! — barulho de algo explodindo — EU VOU SER O MAIOR DOS CAVALEIROS, E VOCÊS VÃO SER APENAS UM FERREIRO E UMA CURANDEIRA!! IDIOTAS!

Correram para bem longe dali, passando pela pequena vila onde moravam. Os dois choravam, mas ainda corriam. Só pararam quando chegaram num riozinho bem limpo. Sentaram-se à margem, molhando seus pezinhos e ainda chorando. Seus rostos estavam com menos lama por conta das lágrimas.

— Ele errado, Izuku! — disse, manhosa — A gente vai ser cavaleiro, sim! Só precisamos nos esforçar!

— É ... — fungou, mais calmo — A gente precisa se esforçar mais ... — um sorriso foi se abrindo, mostrando o dentinho que havia caído — Precisamos nos esforçar o dobro ... não, o triplo ... talvez o quádruplo dos outros coleguinhas pra gente conseguir chegar no nível deles!

— Verdade ... — acabou sorrindo também, com outro dentinho faltando na boca — Vamos treinar um montão, Deku!

— Zaza ... promete treinar comigo ... e ser sempre minha amiga?

— Prometo! Juro de dedinho que vou ser sempre sua amiga! — estendeu seu mindinho, alegre.

— E eu juro de dedinho sempre ser seu amigo! — entrelaçou seu mindinho no dela, também alegre.

Eles passaram o resto da tarde brincando na água e tirando a lama da "aventura" de mais cedo. Aquela promessa de quando tinham cinco anos foi verdadeira. Foram os melhores amigos que você poderia conhecer na infância, pré-adolescência, adolescência e início da juventude. Eles mudaram, mas continuaram unidos – como apenas amigos.

Ninguém além de suas famílias sabia que a dupla treinava todos os dias. Tanto que os dois tinham corpos atléticos e treinados, mas não chegavam a ser musculosos. Aquele riacho era afastado, e podiam descansar em paz. Aperfeiçoavam técnicas de combate e estratégia.

     A possibilidade de tornarem-se cavaleiros era baixíssima – os outros moradores da vila faziam o "favor" de relembra-los sempre que possível –, mas se houvesse alguma possibilidade, queriam estar, ao menos, na metade do caminho para concretizar o sonho.

Neste exato momento, os dois se encontram numa pausa. Comiam sanduíches com o recheio de salada e queijo.

— Zaza. — a mencionada encarou-o — Acredita que passou tanto tempo?

— Não. — soltou uma risada nasal — Lembra de quando éramos dois pirralhos de dez anos começando a treinar aqui? — sua expressão ficou séria — No primeiro dia, você me jogou no rio.

Foi sem querer! — colocou as duas mãos na nuca, relaxado — Nem acredito que a gente vai fazer 21 em Julho ...

— Parece que foi ontem que a gente corria atrás de porcos com espadinhas de madeira na mão. — riu, mordendo o sanduíche — Tenho a minha até hoje.

— Bom ... pelo menos ... eu tenho você, e você tem à mim. — olhou-a, sorrindo — E ainda bem que eu te amo.

— Isso foi meio meloso demais.

— É, tem razão. — abaixou as mãos — Tem cara de coisa que um namorado diria.

— Nem me diga! — bufou, frustrada — A gente nunca teve nada e nunca vai ter, mas as pessoas insistem ...

— Por falar nisso, sorte em achar um cara legal?

— Nem um pouco. — revirou os olhos, frustrada — E você?

— Parece que fizeram macumba em mim, porquê ... — riram um pouco — ... Nenhuma garota gosta de mim! O que tem de errado comigo!? — cruzou os braços e fez bico, ficando extremamente fofo — Eu não mordo!

— O problema é com elas! Sem maldade, mas você é um gato, Deku!

— Você é a melhor, Zaza.

— Eu sei.

Depois de mais um tempo treinando, deram um mergulho no rio. A água dele era na temperatura perfeita. Ao saírem, despediram-se e foram para suas respectivas casas. A morena entrou na drogaria e foi para os fundos, onde sua família morava. Sua mãe estava costurando alguma coisa enquanto seu pai cozinhava no fogão:

— Oi, querida. — disse a mulher calmamente — Como foi o treino com Midoriya?

— Meio cansativo. — deixou seu arco no porta-chapeis, logo beijando a bochecha da mãe — Mais algum desavisado falando que precisava do remédio errado?

Sempre, filha. — o homem suspirou, frustrado — Infelizmente, essa vila é tão pequena que o pessoal se acomoda e não quer evoluir.

— Mas tudo isso vai mudar! — segurou o ombro dele, solidária e decidida — Eu e o Deku vamos nos tornar cavaleiros e novos horizontes se abrirão para a vila! Só precisamos treinar mais e ter fé!

O casal sorriu, feliz pela positividade e determinação da filha. Tinham medo de que a mesma sofresse por ser cabeça-dura como era e pelo que queria fazer. Cavalaria ainda era mais voltada aos homens. Porém, apoiariam-na em sua decisão. Era uma ocupação de muito orgulho.

      Não muito longe dali, o esverdeado jantava com sua mãe. Estavam em profundo silêncio, mas não chegava a ser desconfortável.

— Eu e a Zaza vamos pra vila vizinha amanhã cedo para nos inscrevermos. — disse, rompendo o silêncio — Daí é fazer o teste de admissão e entrar no acampamento.

— Izuku ... — suspirou, melancólica — Tem certeza de que é isso que você quer?

— Desde criança.

— Filho ... se você não passar, vai estar tudo bem ...

— A senhora me assustando. — largou os palitinhos — O que foi?

— Nada, só ... — seus olhos aguaram — ... Nunca conheci uma cavaleiro ... sem dom.

— Então. — sorriu, gentil — E eu serei o primeiro!

— Ser um cavaleiro é muito perigoso ... — apertou os palitinhos — ... Eu não sei se vocês vão conseguir ...

— É por isso que nós treinamos todos estes anos! — levantou, apoiando ambas as mãos na mesa — Vamos nos tornar cavaleiros e mostrar para todo o reino a nossa capacidade! — abaixou ligeiramente a cabeça para sussurrar — ... A senhora vai se orgulhar de mim!

A conversa morreu por aí. Os dois aspirantes à cavaleiros dormiram cheios de expectativas naquela noite.

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Esta história é para ser um tanto longa. Eu vou colocar músicas e adaptações das mesmas ao longo da narrativa. Beijos e roteiros, leitores!

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