Juntos
A conversa daquele dia fez efeito. Midoriya sempre deixava, pelo menos, um bilhete para a melhor amiga e disse que iria na festa dupla. Yoshiaki voltou a sorrir, animada para o aniversário.
E logo chegou a data tão esperada. Não era nada muito extraordinário, mas aconchegante. Conseguiram trazer umas mesas para perto do riacho onde treinavam há meses atrás, cadeiras e fizeram uma espécie de fogueira. Assaram a carne no fogo, e Inko trouxe Katsudon – coisa que fez o filho ficar feliz da vida. A mãe de Luisa trouxe brigadeiro, também, e comeram tudo com gosto.
O esverdeado achou gratificante ver que deixar de treinar naquele dia para aproveitar a companhia das pessoas que amava foi a escolha certa.
— (...) Feliz aniversário, Deku! — desejou-lhe, estendendo um pacote a ele.
Agradeceu, abrindo com cuidado. Seus olhos brilharam, incrédulo:
— ... Igualzinha à que eu queria quando criança ...
Uma espécie de armadura verde-musgo, as partes de metal reluzentes. Havia até uma "máscara-capuz" com orelhas semelhantes à dum coelho.
— Em uma das minhas idas ás cidades vizinhas, eu achei isso. — explicou, feliz pela reação do menor — Achei a sua cara, e fiz o capuz pra ficar idêntico ao que você tanto falava pra mim.
Olhou-a, grato demais para expressar em palavras.
— ... E eu fiz isso aqui pra você. — foi sua vez de estender-lhe um embrulho, agora de couro — Venho trabalhando nisso há um tempo.
Desamarrou a cordinha que segurava o tecido no lugar. Viu duas facas embainhadas, o que deveria ser a lâmina com um palmo e meio de comprimento. Desembainhou uma, vendo seus dois gumes reluzirem ao Sol.
— Que lindas!
— Eu sei que você odeia machucar as pessoas, mas pode desenvolver uma técnica que use as facas para ferir apenas quem quiser ... e sem matar. — falou, calmo — Eu misturei um monte de tipos de ferro diferentes. Precisa de MUITO pra quebrar essa lâmina.
— ... Muito obrigada, Deku. — disse, guardando o objeto novamente — Por falar comigo de novo e por vir hoje.
— Eu dei a minha palavra, não?
Riram, deixando os presentes caírem de seus colos.
O tempo voa. Quem diria que, quando se deram conta, já era setembro? Fariam o teste em novembro. Praticavam quase sem descanso.
E, finalmente, estavam deixando a vila, rezando para todos os santos que conheciam para ajudarem-nos na prova. Partiram uma semana antes, pois o caminho era longo. Atentos, adentravam na mata quase fechada e horripilante. A morena sentia as costas queimarem ... como se fosse observada:
— Tem alguém aí? — praticamente gritou, recebendo um tapinha do menor.
— Não faz isso, Zaza!
— Eu acho que tem alguém observando a gente!
O sangue de "alguém" gelou de medo. Era tão ruim em se esconder de noite assim? Era o por causa do seu cabelo? As duas opções eram plausíveis para si ...
— Quem estaria nos observando em plena madrugada?
— Isso eu não sei responder. — respondeu, olhando atentamente ao redor de si — Mas eu senti o olhar de alguém, e ele não é você com toda a certeza.
— Vamos logo. — pediu, tentando dissimular seu medo crescente — A gente talvez possa adiantar e passar um dia a mais antes do teste se formos mais rápido.
— Ok, Deku!
Continuaram caminhando a noite toda, Yoshiaki ainda sentindo um olhar atento sobre si.
Andaram, andaram, andaram, andaram ... e andaram mais um pouco. Paravam uns quinze minutos para descansar toda vez que chegavam num rio, bebendo água e comendo alguma coisa leve. Estavam esgotados. Aquilo era um ótimo treino de resistência. No dia seguinte, demoraram para montar o acampamento mais do que planejavam pelo cansaço.
— Nem acredito que isso 'tá realmente acontecendo ... — comentou, baixinho, observando o céu estrelado — ... Nós dois, indo fazer o teste ... e eu nem tinha individualidade!
— Qual é o tal "dom emprestado"? — perguntou, curiosa — Hein?
— Ãhn ... — perdeu o ar, ficando nervoso — ... A-acho q-que f-for-ça físi-ca?
— Tipo o All Might?
— Q-QUE!? — levantou num pulo, vermelho de nervosismo — N-nã-não- ...
— Você ganhou o poder do All Might!?!
Suspirou pesarosamente, derrotado.
— Eu não consigo esconder nada de você, né?
— Claro que não! — sorriu, debochada — Como funciona?
— Ele se chama One for All. — explicou, deitando novamente — É passado de geração à geração. Concentra todas as habilidades físicas desenvolvidas pelos antigos usuários.
— Ah ... — assobiou, chocada — ... É por isso que cê 'tava treinando feito um condenado? O seu corpo, tipo ... ia explodir se não tivesse uma preparação prévia?
— ... É. — respondeu, admirado pela lógica da amiga — Eu ia ser picadinho de bacon sabor Izuku.
Gargalharam com o comentário, não percebendo que o "alguém" ainda os observava. Caminharam mais rápido que o planejado, chegando quando ainda faltava um dia. Poderiam aproveitar a cidade muito bem! Foram à um "hotel", observando atentamente a pintura desgastada do mesmo:
— O que posso fazer por vocês? — questionou uma moça de sorriso torto e forçado.
— Um quarto com duas camas, por favor. — pediu a morena, tentando não ter calafrios com o rosto da recepcionista.
— Duas camas? — repetiu, recebendo uma afirmação positiva de ambos — Mas o casal não gostaria de uma cama para dois?
— Não somos um casal. — rebateu o esverdeado, tentando não ser rude — Somos amigos de longuíssima data.
— Mas os senhores formariam u- ... — calou-se com o olhar de puro tédio dos dois — Quarto 6. — informou, entregando-lhes uma chave.
— Muito obrigada. — respondeu, pegando o objeto e seguindo escada acima — Odeio gente falsa ...
— Eu também. — concordou, ainda com a expressão de tédio.
O cômodo era bem precário. As paredes começavam a mofar. O teto era meio esburacado. O carpete (que um dia foi branco) encardido. Os lençóis desbotados e manchados de vermelho.
— ... Eu vou trocar essa roupa de cama e colocar a minha! — indagou, chocada.
A noite não foi muito agradável. Digamos que os vizinhos não se importavam em mostrar sonoramente sua intimidade. Quando acordaram, foram direto para a rua:
— Café da manhã aonde? — perguntou, desviando de algumas pessoas.
— Ouvi uma senhora dizendo que uma tal de "Carol Coxinhas" é muito bom. — respondeu, já começando a salivar — Vende salgados. O que acha de um café da manhã reforçado?
Ficaram meia hora procurando o lugar. A fachada era vermelha, o cheiro delicioso chegando na esquina. As mesas eram de madeira escura, os bancos e sofás estofados extremamente confortáveis. Os garçons e garçonetes não paravam um segundo.
— Muito bom dia! — cumprimentou um homem com a barba minuciosamente feita — É a primeira vez do casal? Querem ajuda com a escolha?
— Sim, é nossa primeira vez aqui. Não, não somos um casal. Sim, queremos ajuda. — respondeu, apoiando-se na bancada do caixa — O que o senhor sugere para comer como café da manhã? — perguntou, as orbes esmeralda fitando o cardápio atentamente.
— Uma porção de pão de queijo. São veganos? Vegetarianos?
— Não. — respondeu, também olhando as opções — O que acha, Deku?
— Pão de queijo é uma boa pedida. — concordou, passeando o indicador pelas letrinhas gravadas no papel — E a coxinha de calabresa também cai bem.
Acabaram comprando as duas opções e Luisa levou uma porção de batatas fritas. Caminhavam, comendo os petiscos despreocupadamente.
— Quer uma? — ofereceu, entendendo-lhe a embalagem meio gordurosa.
— Não, valeu. — enfiou outro pão de queijo na boca. Eram do tamanho certinho para uma mordida — Acho que a gente nem vai almoçar com um café desses.
— Mas vale a pena! — gesticulou, um tanto dramática — Quando que a gente poderia comer salgados logo de manhã!? E tá gostoso pra um caramba!!
Riram. Passaram o resto do dia aproveitando a companhia um do outro e estipulando como seria o teste de admissão. Porém, fosse o que fosse, não estavam sozinhos nessa. Realizariam este sonho juntos, e faltava pouco para o primeiro grande passo.
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Palavrinhas rápidas:
Eu sei que o capítulo ficou meio parado, mas não tinha como pular essa parte. As personagens do mangá/ animê vão começar a aparecer no próximo capítulo.
Desculpa a demora. Eu não tava conseguindo nem dormir direito por causa da semana de provas. Tô só o pó da rabiola!!
Beijos e roteiros,
Aliindaa.
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