Conversas

— O Deku não ' com uma cara boa ...

     A castanha havia tirado as palavras da boca dela. O esverdeado tinha uma expressão murcha e deprimida.

Aquilo não era bom sinal. O Midoriya que conhecia e amava estaria murmurando e criando teorias e suposições malucas caso estivesse no estádio oficial do UA com uma luta ao vivo – e ele estava.

— Quer falar com ele? — supôs, e as bochechas alheias se tornaram rosadas.

— N-não! Q-Quero dizer, tu é a melhor amiga do rapaz! Melhor você, Yoshichan!

     Arqueou uma sobrancelha, mas não contestou-a. Tiraria as devidas conclusões no momento certo. Levantou-se e foi ao encontro do amigo. A menor suspirou de alívio.

— Você sabe que o Midoriya não faria o mesmo que o Creek fez p'ra tu, né? — questionou Kaminari, brotando do além.

— Tanto faz. — apoiou a cabeça sobre a mão, os olhos marejados — Caras como ele não têm interesse nenhum em minas como eu, de qualquer jeito. E eu nem sei se gosto mesmo dele ...

— Deku, vem comigo. — pediu, a morena.

Ele apenas assentiu e seguiu-a.

Eles passaram pelos corredores e saíram do estágio, entrando levemente na mata. Aquele era o melhor ambiente para conversarem. Se tivesse um rio, seria ainda melhor.

— Você ' pensando no pai do Todoroki, né?

O esverdeado suspirou, sentando-se com pernas de índio sobre a grama verdinha. Ele arrancou um tufo de mato, abrindo o punho e vendo a folhagem cair de suas mãos.

— É difícil digerir toda a informação. — disse, triste — E ... eu não consigo imaginar um pai tão ruim. Quer dizer ... o Papai era tão incrível, e carinhoso, e mente aberta ...

Interrompeu-se. Fechou os olhos, segurando o choro.

O aniversário de morte do pai dele era depois de amanhã. E ele não poderia visitar o túmulo do progenitor. Nem naquele ano, e nem nos próximos dois anos.

A garota achou uma flor cor-de-rosa, que era do mesmo tom da armadura de Uraraka. Colheu-a, sentando-se de frente ao melhor amigo. Ofereceu-lhe a flor, sorrindo.

— O seu pai foi realmente um pai. Não é porque ele deu um espermatozoide que merece o título de pai. O Endeavor só colaborou com o material genético.

— O Todoroki não quer usar o fogo dele exatamente por causa disso. — lembrou, arrancando outro tufo de grama.

Ela pegou a mão alheia, abrindo-a de colocando a flor sobre a palma. Dobrou-lhe levemente os dedos sobre o caule fino e delicado.

— O seu pai era ferreiro, e você decidiu aprender com ele para ser um cavaleiro melhor. Meus pais são curandeiros, e eu aprendi medicina para ajudar as pessoas que eu salvar e os outros cavaleiros durante uma missão.

— Isso não faz muito sentido, Luisa ...

— É simples, Deku. — abriu um sorriso — Você não pode escolher a sua ascendência. Ela faz parte de você.

— Isso é um saco na maioria das vezes ... — resmungou.

— Mas você pode escolher a herança que vai deixar. — completou, empurrando levemente a mão com a flor para o peito dele — Isso é responsabilidade única e exclusiva do indivíduo. Uma escolha que a gente faz todos os dias.

— Então ... o Todoroki ainda pode mudar de ideia. — supôs, admirando a planta cor-de-rosa.

De repente, ouviram o barulho de algo pesado caindo e quebrando madeira.

Ficaram de pé num pulo. Midoriya desembainhou sua espada e Yoshiaki as facas. Ficaram em silêncio, em posição de ataque.

— Não. Me. Matem. — pediu uma voz bem conhecida pela morena — Por favor!

— O que você ' fazendo aqui, Red? — perguntou, guardando as facas.

— Você conhece ... essa pessoa, Zaza!? — questionou o esverdeado, ainda em posição de ataque.

— Longa história. — deu de ombros — Sai daí, Red. Não quero purê vermelho pro almoço.

     O ruivo saiu da grama alta, cheio de galhos e folhas. O cabelo estava todo bagunçado. Usava uma espécie de camisa e calça de peles de varios animais diferentes. Sorria amarelo, as mãos para cima em rendição.

— Tu não me conheces, mas ... a Zaza falou muito de você.

— Quem te deu a permissão de chamar ela de "Zaza", ôh Curupira!? — perguntou, meio indignado.

— ... A própria guria. — deu de ombros.

— Bom ... lembra quando eu sumi no portal da USJ? Eu acabei desmaiando depois de lutar com cinco de uma vez ele me levou p'ra casa dele e cuidou dos meus machucados. Eu venho visitando ele desde então.

— ... Zaza ... o que você fumou quando decidiu ver de novo um cara que te levou desacordada p'ra casa dele!!? — questionou, quase pulando em cima da coitada.

— ... Falando assim, realmente parece idiotice. — admitiu, rindo de nervosa.

— Eu não abusei dela! Eu nunca faria uma coisa dessas! — rebateu, corando — Que tipo de homem você acha que eu sou, pangaré!!?

— Eu sei lá! Te conheço faz o quê!? Três minutos!?

— Dá p'ra vocês pararem de criancice!? — pediu, irritada.

O esverdeado finalmente embainhou a espada. O ruivo baixou a cabeça, vermelho também na face. Ela suspirou, cansada.

— Deixe eu começar de novo. — pediu, respirando fundo — Eu sou Eijiro Kirishima. Tenho 21 anos e moro na floresta. Tu é ...?

— Izuku Midoriya. ' no Acampamento UA. Não mexa com a Luisa. — falou, sério.

— Deku, eu sei me cuidar sozinha! — reclamou — Você ' sendo babaca.

Hmmm. — resmungou — Foi mal.

— Eu só vim tentar dar boa sorte p'ra vocês. Vocês conseguem. São tri bom!

— Valeu. — sorriu-lhe — Por favor, não mate a gente de susto da próxima vez.

— Anotado. — riu-se.

— Agora eu não vou ser o único a aguentar você cantando do nada e as suas piadas horríveis? — perguntou, divertido.

— Elas não são tão ruins, Deku! — contradice, corando levemente.

Aquilo deu um estalo na mente do menor. Ela nunca corava. N-U-N-C-A!

— Ok. Estarei preparado para as piadas horríveis. — riu novamente — Leva o Midoriya pro chalé qualquer dia. Gostei do teu compadre!

— Depois dessa ultima declaração? Quando os porcos voarem, colega!

Começaram a voltar para o estágio.

— O cara é ... interessante.

A morena olhou para o céu. Izuku captou um brilho especial neles. Ela sorriu, meio boba.

— Concordo plenamente, Deku.

— Pera ... — ela saiu correndo, obrigando-o a correr também — VOCÊ GOSTA DELE, LUISA!!? VOCÊ NÃO ME FALOU NADA SOBRE O CARA!!? VOLTA AQUI, SUA TRAIRA!!

— EU NUNCA DISSE NADA, DEKU! — gritou de volta, rindo.

— EU TE CONHEÇO, SUA RETARDADA!! VOLTA JÁ AQUI!! EU VOU TE MATAR!!

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Nota da autora: eu A M O a amizade desses dois. Invejinha.

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