Disfarce perfeito

— Eles vão finalmente pagar, e bem caro! — disse a morena ao homem à sua frente.

Trocava delicadamente os curativos dele. O mesmo estava morrendo de orgulho dos planos da "filha". A havia criado e treinado muito bem.

— Espero que seja cautelosa, Luisa. Apesar de serem nojentos, os "heróis" são espertos!

— Sei bem, Papai. Não irei atrapalhar aquele esverdeado que lutou contra o senhor àquela noite. É digno. Ouso dizer que pode ser o próximo All Might se continuar treinando.

— Neste quesito, você tem muito mais preparo. — a olhou com carinho, que foi retribuído — Você me deixa cada dia mais orgulhoso ...

— É maravilhoso saber disso. Depois de tudo, sou a melhor das assassinas graças à você.

     A porta se abriu, revelando uma loira de dois coques na cabeça e uniforme escolar com uma faca na mão:

— As suas coisas estão prontas, Luisa.

— Obrigada, Himiko. Já vou.

     A menina saiu, deixando os dois a sós novamente:

— Quero que nos mantenha informados. Todos os indignos têm que ser aniquilados!

— Manterei contato, Papai. Minha vingança será doce como o sangue que escorrerá ... — disse com um sorriso psicopata e uma risada malévola — Vou me despedir de Dabi e me irei. — beijou a testa do homem — Até logo. Te amo.

     Foi assim que deixou a sala. Não precisou andar muito para achar o namorado. Tinha partes costuradas, como em baixo dos olhos e o pescoço, mas ainda era maravilhoso aos olhos da morena. Os dois globos azuis a encontraram e logo agarrou-a pela cintura:

— Procurando alguém?

— Só o gato que tenho para namorar.

     Beijou-o com intensidade, parecendo querer engoli-lo. Separaram-se por terem perdido o ar.

— Vou sentir saudades, sua pestinha.

— Também, meu boneco esfarrapado! — deu mais um selinho — Mas te visito assim que puder.

     Pegou suas coisas e foi fazer a prova. Se passasse, entraria no segundo ano da U.A. Eram milhares de participantes para uma vaga. Acirrado, mas a garota estava tranquila. Havia sido criada e treinada por Stain, o grande assassino de heróis. Quanto às matérias, era uma autodidata brilhante. Passaria de qualquer jeito. Para disfarçar, colocou uma roupa meiga e um sorriso encantador no rosto. Teve certeza de que passou no exame teórico, e se preparou para o prático.

— Você planeja entrar na U.A.? — questionou um garoto loiro.

— Sim! Vai ser muito divertido! — falou, fingindo-se de sonsa.

— Acho que é um adeus, então ... — afastou-se um pouco — ... Amadora.

Seu sangue ferveu e o sorriso tornou-se sinistro, psicótico:

— Não me conhece ... então não me subestime, playboy! — falou, fazendo-o ter um calafrio. Começou. Tirou sua faca e sua faixa, correndo velozmente. Prendeu o utensílio na faixa, já atacando os fios dum vilão robótico. Ouviu um barulhinho — CUIDADO!! — pulou em cima duma menina, impedindo um robô de acerta-la e ainda o quebrando com a faca — Toma mais cuidado!!

A ajudou a levantar e correu por mais pontos. Nem estava contando, se concentrando demais em ajudar genuínos amadores e matar vilões. Não se sentia tão bem a muito tempo. Ria como uma maniaca, assustando um pouco. O tempo parecia arrastar-se, e era maravilhoso.

— O EXAME ACABOU!! — anunciou Present Mic pelas caixas de som.

— Me senti no céu! — disse a morena, o sorriso sinistro e toda acabada, enxugando suor da testa com o braço direito e faca na mão.

     Os outros a encararam, com medo.

     Voltou para o apartamento que alugava até a carta chegar. Não demorou mais de dois dias. Abriu, lendo, e viu que fora aprovada. Sorriu mais uma vez, mas era de felicidade pura. Conheceria o tal de Midoriya que Himiko e o pai tanto falavam.

Olhou para a saia da farda que teria de usar em uma semana com desaprovação. "Ninguém vai acreditar que sou santa assim" pensou. Pegou o kit de costura e aumentou uns bons vinte centímetros. Ficava até um pouco estranho, mas se passaria de meiguinha muito mais fácil. Comprou coisas fofinhas de adolescente para seu disfarce ser perfeito. Quase vomitava de tanta glicose no sangue, mas valeria a pena.

     Logo, a adrenalina de fazer todos os indignos sangrarem aos seus pés correria por suas veias. Aquele cretino iria provar do próprio veneno, no caso, queimar-se no próprio fogo.

      No dia seguinte, faria a mudança. Um carro da escola ajudou a transportar suas coisas. Viu os muitos estudantes, xingando-os mentalmente por serem tão indignos. Pessoas eram cruéis e heróis hipócritas egoístas em sua grande maioria. Foi pensando nisso que arrumou seu quarto no dormitório.

    Usaria um nome completamente diferente do verdadeiro para ninguém desconfiar. Enganaria aqueles vermes nojentos considerados heróis e, pior, celebridades. Tão entretida em pensamentos, acabou esbarrando em alguém e os dois rolaram pela escada:

— OLHA PRA PORR@ DO CAMINHO, FILHA DA PUT@!!

Um loiro de cabelo espetado a encarou com ódio. Ela realmente se assustou com aquilo, mas as lágrimas de desespero não eram genuínas:

— E-eu não q- ...

— FOD@-SE!! OLHA PRA PORR@ DO CAMINHO, CARAL#O!!

— Deixa ela, Bakugo! — uma menina de cabelo curto e castanho abraçou-a, que retribuiu para ficar mais convincente

— NÃO SE METE, CARA DE BOLACHA!!

— Ela é nova na escola e foi sem querer! Deixa de ser babaca!

— VÃO SE F*DE VOCÊS DU- ...

SMASH!

     BAM. O garoto ficou mais furioso com aquele soco, mas foi-se embora ao ver a posição e de quem se tratava. Um menino de cabelo esverdeado todo bagunçado, sardas e uma camiseta do All Might amarela que havia dado o soco. Sabia quem era muito bem:

— Ele chegou a te bater? — perguntou, estendendo-lhe a mão.

— Nã-ão ... — aceitou a ajuda, fingindo-se frágil ... apesar de poder matá-lo ali mesmo — E-u ... s-sou Ajira Kayami, prazer.

— Izuku Midoriya. Ochaco Uraraka e Tsuyu Asui. — apontou para as duas — Não liga pro Bakugo.

— V-vou tentar. — sorriu, fingindo inocência.

"Eu posso matar o desgraçado agora mesmo, se eu quiser" pensou. Já teria algum idiota para pagar de paranoico e fingir ódio de si. Nada melhor para seu disfarce. Bateu em sua saia, tirando o pó da mesma de maneira graciosa e delicada:

— Se machucou, gero? — perguntou a menina-sapa.

— Foi só o susto, mesmo ...

— Já terminou a sua mudança? Precisa de ajuda? — questionou o garoto, ainda preocupado.

— Não, mas muito obrigada. Só vou dar uma volta ... conhecer a escola direitinho. — disse, toda meiga.

     "Tanta fofura vai me dar diabetes", pensou.

— Se precisar de ajuda ... só gritar o nosso nome, ok? — perguntou Uraraka.

— Combinado. Muito obrigada, mesmo!

     Saiu, quase cometendo suicidio pelo papel de tonta que tinha que pagar.

     Realmente foi dar uma volta para reconhecer a área – seria uma informação muito útil para dar ao pai. Via os alunos conversando, correndo e usando suas individualidades. Parou no campo, vendo um trío jogando a bola um para o outro.

     O primeiro tinha cabelo preto lambido e os cotovelos num formato esquisito. O segundo era loiro gema de ovo, um raio preto numas mechas de cabelo. O último era ruivo, o cabelo todo para cima e o sorriso tinha alguma coisa estranha. Mesmo à distância, percebeu que eram, no mínimo, dez ou quinze centímetros maiores que si. A viram e acenaram:

— OIE! É A ALUNA NOVA? — o moreno gritou.

— SIM! — gritou de volta, começando a aproximar-se — QUEM SÃO VOCÊS!?

— Hanta Sero, Denki Kaminari e Eijiro Kirishima. — falou alto, já que ela já estava mais próxima.

— Ajira Kayami. — sorriu, gentil — Vocês estudavam aqui ano passado, certo? Eram da 1-A!?

— Ainda somos ... mas agora é 2-A, acho. — disse Kaminari, meio pensativo.

— Vai ser muito legal!

— Espere até você conhecer o Aisawa ... — disse Kirishima, ligeiramente deprimido — Mas não esquenta. O pessoal é legal, e fica mais fácil de lidar com o professor depois de um tempo. — sorriu com os dentes, e a menina percebeu que a coisa estranha nele eram os dentes de tubarão; achou aquilo atraente.

— Assim espero. — colocou os punhos no peito, de maneira animada e fofa — louca pra fazer amigos e virar heroína!

     Conversaram mais um pouco e foram para o dormitório.

     O ruivo, em especial, chamou bastante sua atenção. Era difícil achar algum garoto gentil naquela idade, e era realmente bonito. Tinha uma queda – no caso, um penhasco inteiro – por ruivos. Teve que lembrar a si mesma que tinha namorado e uma missão a cumprir. Subiu e, ao trancar a porta do quarto, ficou de costas para a mesma respirando e expirando pela boca:

— Vou ter que passar na farmácia e comprar remédio para diabetes ... — sussurrou para si, esgotada.

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