Truth To Be Told
JHope forçou V a parar de andar, o encostando na parede, assim que saíram do quarto.
- Você está bem? - JHope perguntou para o garoto assustado a sua frente.
V concordou sorrindo quadrado para o mais velho enquanto seus olhos enchiam de lágrimas pela milésima vez naquela manhã.
- Não precisa fingir comigo. - JHope limpou algumas lágrimas que ousaram cair, com a manga da sua blusa.
- Eu sei Hyung. - V respondeu apertando a mão que segurava a de JHope.
- Então eu vou tentar de novo. Está tudo bem? - JHope perguntou apoiando as duas mãos nos ombros de V, na esperança que o mais novo o olhasse nos olhos.
V levantou a cabeça fazendo exatamente o que JHope esperava. Ele negou com a cabeça, puxando o ar bruscamente para dentro do corpo, engasgando com o choro.
JHope o abraçou apertado, tentando roubar um pouco da dor do garoto para si, por mais que ele soubesse que era impossível.
V suspirou depois de um tempo, ele já se sentia mais calmo, como se sua vida funcionasse a base do conceito de roda gigante, porém os altos e baixos eram em intervalos curtos demais.
Assim que eles terminaram de descer as escadas, todos na sala olharam para V.
Ele escondeu o corpo atrás de JHope de maneira inconsciente passando o olhar pelo cômodo. Seu coração acelerou a medida que ele parou os olhos nas costas de Suga, sentado numa banqueta, no balcão da cozinha americana.
Os eventos do dia anterior, todas aquelas coisas que aconteceram no banheiro e em sequência no quarto antigo em que dormiu, veio como uma bordoada em seu peito, enchendo sua mente com a voz de Suga o acalmando, o trazendo de volta para fora da sua mente torturada.
Era engraçado o fato dele saber o quanto aquilo parecia errado e mesmo assim ele ainda sentir a necessidade de ter a atenção do seu irmão pra si.
V trocou o peso dos pés, abaixando a cabeça envergonhado enquanto agarrava os braços de JHope, que o olhava assustado para dizer o mínimo.
Suga mesmo sem se virar, pelo silêncio mórbido atrás dele, soube que V estava ali. Ele arrastou uma tigela de porcelana pelo balcão, a deixando ao seu lado.
V levantou a cabeça com o som da porcelana arranhando o mármore, seu corpo se tornou tenso e alerta com a possibilidade de receber alguma ordem. Ele balançou a cabeça, se negando a seguir aquela linha de pensamento, soltando o ar aos poucos na esperança de diminuir o som das marteladas que o seu coração fazia no seu ouvido, reverberando pelo restante do corpo.
Suga bateu delicado as mãos na banqueta ao seu lado, sem se incomodar em fazer algo além disso.
Os meninos pareciam fora do mundo em que os dois estavam. Era uma tipo de conexão que externizava todo o restante, os tornando membros isolados dividindo um mesmo cenário.
V andou às pressas em direção a Suga. Sua mente não funcionava quando estava programava a só obedecer. Foram anos demais fazendo isso, para que fosse possível se controlar agora.
Ele sentou ao lado de Suga, pegando a colher ao lado da tigela e começou a comer sem nem saber o que era.
Os meninos olharam para JHope que deu de ombros, sem entender o que acontecia também, mas graças a Jimin, a conversa baixa e aleatória voltou rodar entre eles.
- Você tem algum compromisso essa semana? - Suga perguntou, fazendo V parar com a colher cheia de Sucrilhos e leite a meio caminho da boca.
Ele negou com a cabeça, olhando com os olhos grandes e atenciosos para o mais velho.
Suga se arrepiou com a forma que V o olhava. Era incrível em como ele sempre tinha vontade de chorar toda vez que via o irmão se rebaixando daquela forma.
V era a pessoa mais destemida que Suga já conheceu na vida, mas ele sempre achou isso um sinal de coragem, agora ele pensava se não era porque o mais novo não temia nada apenas porque não se importava com o que podia acontecer a si mesmo.
Suga se ajeitou enquanto tentava manter focado no menor e não em seus pensamentos.
- Quero que volte ao psicanalista. - Suga falou, na esperança que o mais novo ainda o escutasse como na noite anterior.
- Voltar? - V sussurrou olhando para a tigela como se ela fosse detentora de todas as respostas do mundo.
- Sim, ao mesmo de antes. Aquele de dois anos atrás. Ele já tem o termo de confidencialidade assinado e você já o conhece, já se abriu com ele antes. - Suga falou vendo V ficar branco.
- Algo errado? - Suga perguntou confuso.
V negou com a cabeça, voltando a comer sua comida, mas os dedos que apoiavam a colher de prata com o alimento, tremiam ligeiramente.
Suga baixou a colher do mais novo de volta para tigela, apertando sua mão contra a dele, que ainda não tinha se virado para olhá-lo.
- Algo errado? - Suga perguntou um pouco mais rígido, mesmo que lhe doesse pressionar o irmão.
V respirou fundo o olhando com um sorriso quadrado no rosto.
- Não Hyung, nenhum problema. - Ele disse soltando de forma brusca e tímida a mão de Suga.
Suga sentiu um choque com o movimento brusco, se assustando ainda mais com o quanto de poder ele poderia exercer sob V. Era um doce amargo a sensação de poder mandar em alguém, fazer ela realizar basicamente qualquer coisa que quisesse, essa submissão causada por uma lavagem cerebral pesada, provavelmente aplicada por anos em seu irmão, o fazia se odiar a cada segundo, por sentir algo além de nojo com a vulnerabilidade de V.
- Você dormiu bem? - Suga perguntou depois que V voltou a comer.
- Sim.
Suga concordou com a cabeça.
- Sobre ontem… - V começou, tremendo com a voz.
- Você vai me dizer o nome dele? - Suga perguntou o interrompendo.
O coração de V disparou, o fazendo engasgar com a comida.
Ele tossia desesperadamente e talvez um tapa em suas costas o ajudasse, mas Suga não se moveu e ninguém na sala sabia se o acudia ou confiava em, seja lá o que fosse, que Suga estivesse fazendo.
Suga levantou lentamente da cadeira, encheu um copo de água na pia e foi até o lado de V para fazê-lo beber um pouco.
V não sabia se tinha melhorado pelo líquido frio que entrava por sua garganta, aliviando a queimação que a tosse provocara ou se era pela proximidade das mãos de Suga em seu pescoço, massageando com os dedos seus músculo deltóide que parecia pedra, pela tensão.
- Eu te fiz uma pergunta. -Suga falou, colocando o copo na bancada e virando V em sua direção. - Vai me falar o nome dele? - ele perguntou suave segurando ambas as mãos do irmão.
V negou com a cabeça, batendo os pés, alto do chão, um no outro, se distraindo para não pirar com aquela conversa.
Como diabos Suga sabia sobre Woo?
- Tae, você sabe que eu vou até a porra do inferno para encontrar esse cara, não sabe? - Suga perguntou, fazendo o menor o olhar assustado.
- Não, por favor não. Hyung, ele vai te matar. - V se desesperou, movendo seu corpo agitado em direções distintas, enquanto voltava a derrubar lágrimas dos olhos.
- Você está chorando? - Suga perguntou, abaixando o tom de voz , o olhando desafiadoramente.
V engoliu as lágrimas em sua garganta ainda machucada e parou de se movimentar, parecendo um manequim humano, enquanto olhava para os pés de Suga e negava a pergunta do mais velho.
- Por favor. - V pediu deitando a cabeça no próprio ombro.
- Por favor o que?
- Não vai atrás dele. - V pediu soltando um som baixo e relaxado quando Suga massageou seu ombro mais uma vez.
- Eu te amo irmão e faria qualquer coisa por você, mas você sabe que não posso te prometer isso. - Suga respondeu, vendo o menor fazer um bico desanimado. - Escuta, se não quiser me contar sobre ele, não tem problema, só me prometa que vai ficar o mais longe possível. - Suga pediu pegando o rosto de V com as duas mãos, para aproximar seus rostos.
- Estou esperando. - V o olhou assustado com a aproximação.
Ele apoiou suas mãos vacilantes na cintura de Suga, fazendo o mais velho quase se afastar assustado, mas ele se manteve no lugar, contra seus próprios instintos, fingindo não ter reparado na forma íntima em que V o acariciava.
- Prometo. - V falou soltando o ar aliviado por Suga aparentemente ter largado o assunto.
- Bom! - Suga falou beijando a testa do irmão antes de se afastar.
- Pode usar meu Jeep para ir no psicanalista. Você tem consulta hoje a tarde. - Suga falou colocando as chaves do carro no balcão.
- Você não vai comigo? - V perguntou carente.
Suga negou com a cabeça olhando para Jimin atrás dele, que observava toda a cena, sem expressão no rosto.
O ato pareceu despertar o menor, que foi caminhando um pouco tímido até eles.
- Oi Tae. - Jimin falou baixinho se mantendo longe de Suga por precaução, depois de ter visto o quanto V ficou com ciúmes dele na noite anterior.
Sim! era ridículo, até porque o marido era dele. Jimin sentiu o corpo querer pular em excitação por pensar na palavra marido, mas se controlou para não rir feito uma hiena do nada.
Suga contou absolutamente tudo para Jimin e mostrou as mensagens do celular de V no qual ele clonou com a ajuda de JHope.
E depois de uma extensa conversa, eles resolveram contar algumas partes para o resto dos irmãos, só mantendo as partes mais íntimas entre eles, até porque era a pior invasão de privacidade que ele já presenciou em toda sua vida e além dele ser conivente, ele ainda sentia que estava traindo o irmão.
Jungkook era o único que não sabia de nada, nem a parte por cima contada aos irmãos, mas pela primeira vez Jimin não ligava.
Ele já estava extremamente puto com Jungkook por tudo que ele tinha feito a V dois anos atrás, aliás eles mal se falavam como antes, porque todas as vezes que tentavam, Jimin tocava no assunto de que JK tinha que pedir perdão a V e agora que ele sabia partes do inferno em que V passou por quase toda sua vida, ele só queria gritar com o irmão, bem mais alto e mais bravo.
V sorriu tímido para Jimin, com muita vergonha pela necessidade que crescia de ter Suga do seu lado cuidando dele.
- Você dormiu bem? - Jimin perguntou baixinho, com um sorriso gentil no rosto.
Ele concordou com a cabeça, olhando de Suga para Jimin.
Suga mantinha sua cabeça abaixada, terminando seu café da manhã de maneira relaxada.
- Se precisar de qualquer coisa é só ligar para o Hyung, ele vai até você, não importa o que. Certo Yoongi? - Jimin perguntou, tentando soar o mais relaxado possível.
V olhou para Suga esperando sua resposta, vendo o mais velho assentir, ainda comendo com a cabeça baixa.
Quando ele foi pegar sua mala, no quarto onde passou a noite. Suas mãos tremiam ao abrir a porta, sem saber o que faria ao encontrar com Jungkook.
Não era todo dia que ele dizia “eu te amo” para alguém e a frequência era ainda menor quando a outra pessoa não respondia.
Aliás, era a primeira vez que V dizia que amava alguém sentindo exatamente o que disse.
Ele ouviu o barulho do chuveiro ligado e resolveu juntar tudo às pressas, aproveitando da sorte.
- Tata?
V ergueu o pescoço, ouvindo a voz suave de JK atravessar a porta do banheiro e se apavorou, pegou seu óculos na cômoda, colocou a alça da mala no ombro e bateu a porta atrás de si.
- Pegou tudo? - Suga perguntou soltando o cigarro pela metade e indo até V que colocava a mala na porta de trás do carro.
Ele concordou sem virar para Suga, tentando fazer tudo rápido demais. Entrou no carro e estava prestes a fechar a porta, mas Suga a segurou o impedindo.
Suga tirou os óculos escuros de V e notou as lágrimas que o mais novo tentava esconder.
- O que é isso?
- Nada Hyung, só ando sensível. - V colocou a chave na ignição a girando, para Suga se inclinar e girar anti horário logo em seguida, o desligando.
- O que aconteceu?
V suspirou alto, deixando as mãos cair nas pernas desanimado.
- Só um pouco sem cabeça pra lidar com meus sentimentos, eu acho.
Suga concordou pensativo.
- Jungkook?
V concordou, olhando para nada específico a frente.
- Quer que eu fale com ele?
V suspirou voltando a ligar o carro.
- Você já fez muito por mim, coisas que nem eu mesmo entendo como ou porque, já é o suficiente Hyung. Só vai para sua lua de mel e não se preocupa comigo, por favor. - V pediu, sem saber se existiria algum lugar onde ele se sentiria bem vindo, caso machucasse Jimin com mais efeitos colaterais da sua vida de merda.
- Nós cancelamos. - Suga falou desligando mais uma vez o carro.
- O que ? Não. - as mãos de V voltaram a tremer, ele passou as mãos nervosamente pelos cabelos.
- Foi ideia de Jimin e não é como se não fossemos viajar nunca, só não vamos agora. - Suga pegou a mão de V para chamar sua atenção.
- Escuta. Você é o mais importante agora, me promete que não vai fazer nada precipitado. - Suga falou, não realmente perguntando.
V encostou no braço estendido de Suga suspirando fundo.
- Eu tô tão fodido Hyung. - V falou cansado.
- Eu sei. - Suga alisou os cabelos de V o acalmando e se afastou um pouco sem graça. - Qualquer coisa liga?
Ele concordou com a cabeça ainda pensativo.
- Aqui, são as chaves do apartamento em Seul, caso precise ficar sozinho.
V pegou as chaves, lembrando quando Suga o comprou para Jimin.
Suga bagunçou os cabelos de V e saiu sem falar nada.
- Espera. - Jungkook gritou da porta, pulando para colocar o tênis em um dos pés.
V suspirou fundo, batendo bruscamente no volante enquanto desligava o carro pela milésima vez.
Jungkook travou no meio do caminho, vendo a atitude impaciente do mais velho, mas continuou a andar.
- O que você quer? - V perguntou sem olhar para o menor.
- Não sei, na verdade não esperava que você fosse esperar quando chamei. - Jungkook falou rindo um pouco tímido.
V sorriu, olhando para o menor que sorriu de volta ao ver a expressão de V mudar.
Ele achava Jungkook tão lindo, toda vez que o olhava se chocava com seus traços delicados. A boca fina, os lábios se encaixando perfeitamente um no outro, seus olhos tinham esse brilho diferente, não pareciam pretos comuns, estava mais para o negro da escuridão, como se não tivesse uma cor específica além da ausência total da luz e ainda assim, brilhavam. Seus cabelos lisos separados ao meio, delineando ainda mais os traços perfeitos de sua mandíbula.
V não resistiu e tocou o pescoço do menor com seus dedos longos, de maneira delicada.
- Eu sinto muito ter te expulsado do quarto daquele jeito. - JK falou baixo, perdendo o ar pelo toque delicado de V.
- Você foi bem educado na verdade. - V sorriu encostando a cabeça no banco do carro enquanto olhava para o mais novo.
- Eu só não sabia o que dizer. - ele pegou as mãos de V a encostando em seu rosto para sentir sua textura enquanto fechava os olhos, na esperança de memorizar a sensação.
- Você não precisava dizer nada. - V afastou as mãos sem deixar passar despercebido o bico que JK fez com a atitude. - Tirando de lado o que sinto, senti falta do seu toque, dos seus beijos e da sua voz no meu ouvido. - V se virou colocando o menor entre suas pernas.
- Sempre estarei aqui por você, independente das suas intenções. - V beijou o pescoço de JK, o sentindo amolecer nos seus braços.
- Por que ? - JK perguntou sussurrando as palavras em seus ouvidos.
V se arrepiou, torcendo para JK não perceber os pêlos do seu pescoço eriçados.
- Porque eu te amo, é isso que o amor faz. - V falou segurando a cintura do menor enquanto ele se afastava um pouco para beijar V.
Ele gemeu baixo quando JK mordeu seu lábio inferior, no meio de um beijo lento e diferente, como se a mutação do sentimento dos dois, mudasse o gosto e a textura dos seus beijos também.
- O amor te deixa trouxa? - JK perguntou rindo infantil pelas beliscadas que V dava em sua barriga.
- Sim. É exatamente isso que ele faz. - V falou trazendo o menor para abraçar mais uma vez.
- Eu não sei o que sinto por você. - JK falou encostando a cabeça no ombro de V, se sentindo desolado por não ter uma resposta e não saber como conseguí-la.
- Não se preocupa, você vai descobrir com o tempo. - V afastou o menor, beijando sua testa e voltou a mesma posição no carro.
- Você vai me esperar? - JK perguntou segurando o braço de V em desespero.
Ele saiu do carro de repente, assustando JK que deu uns passos perdidos para trás e pegou JK o girando para encostar no carro, o beijando lentamente, sentindo a textura da sua boca, em como era impressionante sua língua se encaixar perfeitamente na do menor. Suas mãos subiram pela cintura, o apertando firme enquanto se esforçava para se afastar e terminar o beijo.
- Sempre vou te esperar Bunny. - V falou selando sua boca na do menor.
- E se eu não te amar tanto quanto você me ama? - JK perguntou distraído, sem perceber o quanto V se machucava com suas palavras.
- Não é uma escolha bebê. - ele alisou os cabelos do menor, sentindo aqueles olhos grandes e curiosos o encarando. - Não posso te amar só se for bom pra mim e deixar de amá-lo quando não me fizer bem.
- Mas eu posso te machucar assim. - JK falou engasgado, se mexendo desconfortável.
- Pode e não fará diferença. - V sorriu para o seu pequeno coelho assustado.
- Se isso te deixar preocupado demais, só finge que não aconteceu, não quero te ver triste. - V beijou a testa de JK o afastando delicadamente do carro para poder entrar mais uma vez.
Ele ainda tinha esperanças que conseguiria sair dali um dia.
- Mas e você? Como vai ficar se eu só esquecer o que disse? - JK perguntou vendo V ligar o carro.
- Eu sei cuidar de mim. - V mentiu, sorrindo forçado para o menor que sorriu de volta sentindo a confiança nas palavras de V.
JK ficou parado por um tempo no espaço vazio onde antes estava o carro. Era tudo tão complicado para ele. Todas aquelas palavras trocadas com V rodavam sua mente, não parecia fazer sentido para ele, alguém agir daquela forma.
A sensação que ele tinha, era de que não importava o que fizesse com V, ele sempre voltaria se fosse chamado e isso o assustava mais do que o “eu te amo” daquela manhã.
…
V sentia o corpo tenso, por estar na sala do seu antigo psicanalista.
Se Suga soubesse o que realmente aconteceu ali, nunca teria o enviado de volta.
- Confesso que quando vi seu nome na minha agenda, achei que era um engano. - Robert falou entrando na sala.
-Vou começar achar que você me deixa esperando de propósito, Rob. - V se virou da janela, para ficar de frente para Robert.
- O que faz aqui Sr. Kim? Eu fiz tudo que me ordenou fazer. - Robert. Falou, sentando na poltrona e colocando seus óculos de leitura.
V se arrepiou com o nome, mas se aproximou para sentar no divã mesmo assim.
- Sou Sr. Kim agora? Lembro de ser só V da última vez que nos vimos. - V falou sorrindo torto para o médico que ficava branco a medida que o encarava.
- Você disse que se eu mentisse sobre vir nas reuniões por três meses e depois falar bem de você para seus superiores, o que aconteceu entre nós não ia voltar para morder meu rabo. - Robert colocou o livro que tinha no colo na cômoda, V não tinha reparado que ele o tinha antes. - Ainda assim aqui estamos. - Robert continuou.
- Eu sei que fui um menino mal. - V fez um aegyo para Robert que se arrepiou pela mudança de personalidade que V desenvolvia a cada instante. - Eu sei que devia ter confiado em você, mas sua boca parecia incrível demais para eu não usá-la como desculpa para minhas desconfianças.
Robert se mexeu incomodado em sua poltrona.
- O que faz aqui Sr. Kim?
- Me chame de Taehyung.- V apertou uma mão na outra, se sentindo indefeso pelo seu nome entoado daquela forma. - Por favor?
Robert enrugou a testa em curiosidade por outra recém mudança de comportamento, mas já tinha se enganado com a inocência de V antes, ele estava bem mais alerta dessa vez.
- Por que eu ? Posso te indicar a um amigo se quiser.
V negou com a cabeça várias vezes.
- Não. Têm que ser você. - V falou com as mãos um pouco trêmulas.
O médico suspirou alto pegando um caderno simples ao lado do seu livro recém depositado, na cômoda.
- Por que tem que ser eu Taehyung? - Robert anotou o nome de V no caderno de anotações.
V olhou distraído ao redor da sala, até se deparar com uma alteração.
- As fotos da sua mulher? - Ele perguntou não as encontrando.
Robert olhou distraído para onde V olhava, se retesando ao identificar a pergunta.
- Você fez mais do que pensa com a minha cabeça Taehyung, fez eu inclusive, perceber o que estava de errado com a minha vida.
V abriu ainda mais os olhos inocentes e assustados, genuinamente dessa vez.
- Sinto muito.
- Não sinta.
V olhou para o chão desanimado.
- Isso não vem ao caso de qualquer forma. Me diz porque não pode ir a outro lugar? - Robert perguntou, vendo V voltar sua atenção para ele.
- Meu irmão me pediu que fosse você. - V falou dando de ombros.
- E o que ele te pede para fazer é importante ao ponto de não deixá-lo tomar suas próprias decisões?
- Ouví-lo, não seria uma decisão minha?
V deu de ombros mais uma vez, olhando o céu de onde estava, se sentindo mais calmo.
- Por que seu irmão disse que deveria vir aqui?
- Eu surtei. - V falou como se não fosse grande coisa.
Robert anotou algumas coisas no caderno para largá-lo de lado.
- V, me conta. - Robert pediu educado. - Mas só se for a verdade dessa vez. - ele falou vendo o mais novo rir travesso.
- Por onde quer que eu comece?
Robert respirou fundo, se apoiando na poltrona, sem saber porque aceitava o garoto como paciente mais uma vez, depois de quase perder sua licença sob as ameaças que o garoto fez a ele.
- Por onde quer começar? - ele perguntou, descartando os pensamentos anteriores, decidindo ser estritamente profissional independente da circunstância.
- Não sei, deveria ser pelo começo? - V perguntou, pensando em que mentira contaria, porque nem fodendo falaria sobre Woo com aquele cara.
- Por que não tenta pelo final?
- Pelo final?
- Sim, pelo que te fez surtar.
V bateu os dedos nervosamente na perna.
- Por causa do meu término, a quase dois anos ? - V perguntou engolindo seco.
- Não sei. Foi isso que te fez surtar?
V deu de ombros, com quase certeza de que não foi inteiramente por causa disso, apesar de definitivamente fazer parte do motivo e parecia melhor contar parte da verdade do que mentir sobre tudo de qualquer forma.
- Acho que sim. - V respondeu por fim.
Robert concordou pegando o caderno de anotações de volta.
- Ok. Então porque não relaxa e me conta?
V cruzou as pernas embaixo do corpo e pegou uma almofada para abraçar.
- Eu lembro de ouvir as gotas de água batendo forte na janela do quarto, como se quisessem atravessá-las a todo custo. A tempestade durava a horas naquele ponto...
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