Heroin

 Dirigir em auto estrada, parece algo simples, mas existe uma certa mágica nisso. Como se o fato de cortar o vento com uma máquina de metal aerodinâmica, de alguma forma, o libertasse. Ou talvez, a sensação na mudança de direção, cause a impressão de que seus problemas estão ficando para trás e com isso a falsa crença de que eles acabaram.

A distância costuma fazer algo com a mente de um ser humano, parece que tudo pode se resolver com tempo e distância.

V sabia que não era verdade. Os problemas não acabam porque você finge que nunca aconteceram.

O celular vibrando sem parar no console do Jeep que dirigia, era prova disso.

Ele olhou para o aparelho pensando nas vantagens e desvantagens de jogá-lo pela janela e voltar com a filosofia do “Não te alcança, se você correr rápido o bastante”.

Tinha passado um ano desde o último concerto que o grupo fez em formação completa, todos os sete, mas agora Jin voltava do exército, então a excitação deles se reunindo novamente era grande. Depois de quase dois anos a maior parte do tempo longe deles, agora estava de volta e pronto para recomeçar a vida de onde parou.

Era reconfortante, pois Jungkook foi o que mais sofreu. E o fato de Jungkook sofrer, fazia V se sentir pior do que um nada.

Não bastava ele não só ter perdido total controle sobre sua vida, agora ele mal podia consolar a única pessoa que ele achava ser capaz de ajudar, dentre todos os irmãos. Até porque com os anos, todos foram evoluindo tão bem, eram adultos, responsáveis e com memórias incríveis para serem lembradas por pelo menos mais um século.

Jin sempre foi a cola da casa, o elemento que os mantinham ligados, e apesar dele não ter reparado esse ponto na época, ele também descobriu que Jin era mais da metade da estrutura emocional de Jungkook.

Talvez fosse exatamente por isso que depois de V ter pedido ajuda para um ex namorado, se é que pode se chamá-lo assim, sobre o problema que Jimin teve com a perseguição do irmão de Suga, ele se fechou por completo para os irmãos, porque ele percebeu que JK ficaria bem sem ele, mesmo sem a conexão que eles tinham, ou seu relacionamento. De alguma forma, V sabia que ele ficaria bem, mas então JK veio com aquelas risadas fofas e sorriso bobo o pedindo em namoro e V caiu em uma enorme enrascada.

O fato dele se comprometer com JK daquela forma, fez com que V se afastasse do acordo que tinha feito com seu ex e ele foi completamente educado e disposto na época, mas sua vida se tornou um completo pesadelo, repleto de perseguições, ligações durante a madrugada e V parou de fingir que nada estava acontecendo, assim que Jungkook foi parar no hospital por ser agredido por desconhecidos no meio de uma feira de eventos, no último feriado do ano anterior. V já estava distante e agressivo na época, então não foi tão surpreendente o namoro escondido deles se tornar frio e a distância tomar presença, mas Jungkook não pensava da mesma forma, ele não entendia o porquê da reação de V, mas de alguma forma era cego perante a real situação, principalmente por acreditar não ser o suficiente para o mais velho. Eles mal se falavam desde então. Um, porque queria protegê-lo, o outro por achar que não tinha o necessário para ser amado em retorno.

Talvez V estivesse certo sobre distância afinal, ela te faz esquecer a gravidade das situações.

O mesmo serve para o sentimento, é absolutamente óbvio para todo ser vivo consciente e pleno de suas condições mentais, que o que você sente por uma pessoa não desaparece com a distância. Adormece?! Claro porque não! Mas é certo que não desaparece, nada desaparece.

Ele lembra que quando foi até a mansão do ex, pedir para que ele desse um jeito de fazer Minhyuk nunca mais incomodar eles e principalmente Jimin e Suga de novo, tudo pareceu nublar logo em seguida. Sim! A situação com Minhyuk desapareceu, e seus irmãos nunca mais foram incomodados, mas o preço parecia tão alto, V mal conseguia ficar no mesmo espaço que JK pela forma que o menor o olhava nos olhos, como se soubesse todos os podres que ele carregava dentro de si.

Ele conseguia ver claramente o ato de desespero pelo qual passou na época, para chegar a conclusão de que seu ex era a solução mais óbvia. Bom, ele viu Suga apontar uma arma para a cabeça do próprio irmão e Jimin quase ser drogado para ser abusado por ricaços entediados numa festa ilegal. Por sorte nada aconteceu e tudo foi resolvido, mas ainda sim...

Inferno!

Ele podia inclusive sentir o quão fraco e obviamente aberto a qualquer exigência ele devia ter parecido na época, a ponto de ter tido a coragem de bater naquela porta mais uma vez, implorando por ajuda, com o rabo entre as pernas.

V se sentia fraco e subjugado, mas é certo que faria exatamente a mesma coisa por qualquer um dos seus irmãos, principalmente Jimin. Ele morreria por eles, isso não era uma cogitação, era um fato que corria em suas veias e era evidenciado através dos seus olhos.

V teve um namorado completamente abusivo, não que ele soubesse o que significavam essas palavras na época, pelo menos a fundo.

Ele lembra do dia que foi com seu melhor amigo a um daqueles eventos que selecionavam futuros talentos no mundo da música, com aqueles nomes fantasiosos e filas intermináveis de candidados. V achava ridículo a forma como aquelas grandes empresas tratavam pessoas como ovelhas de um daqueles rebanhos que só aceitam porte de raça, ou “A nata” da sociedade, como eles costumavam chamar, mas V faria qualquer coisa para mostrar para seu melhor amigo, todo suporte e animação requerida para esse tipo de emocional disputa constante para provar que você vale a pena.

V estava pouco se fudendo para tudo, comendo um enorme sanduíche  de frango, no meio de um parque perto do estádio de basquete, onde acontecia o evento, quando percebeu ele o encarando do outro lado do parque, próximo ao estacionamento.

No começo V ignorou as encaradas do cara, mas se achou um idiota por ter feito isso com a pessoa mais elegante, linda e autoconfiante que tinha visto na vida. O cara passava confiança até no jeito de andar.

Ele até lembra do quanto seu corpo se arrepiava só pelo sorriso do estranho enquanto se aproximava dele.

Acontece que o cara se chamava Soon Woo e era o cara mais influente de toda a Seul, talvez em boa parte de alguns outros lugares. Ele começou a bater papo com V, pareciam aleatórios para ele no momento, mas todas as vezes que  V volta naquele exato momento, ele lembra em como foi agilmente levado a fazer exatamente o que Woo queria, influenciado por suas próprias respostas.

Ele lembra de ter sido elogiado por sua voz e em como Woo insistiu para que ele participasse do concurso que ele tinha organizado para as maiores empresas de K Pop da Coreia do Sul, na verdade, V achava inclusive que todas as empresas aceitaram o convite para ajudar na criação do evento através da organização de Woo.

Antes que V conseguisse soletrar seu próprio nome para a chefe de staff que o perguntava enquanto segurava uma plaquinha branca, prestes a rótula-lo, Woo já tinha ligado para seu pai, pegado a autorização necessária para contestantes menores de idade, feito ele participar dos eventos e o acompanhado por todo percurso até ser aceito, aliás o único.

V foi o único a passar em todos os testes de todo o evento, mesmo sendo o único que mal sabia se realmente queria estar ali.

Ele não entendia porque se sentia tão feliz, talvez fosse o sorriso de Woo o aplaudindo de pé em nostalgia, enquanto sua equipe inteira de seguranças e assistentes o olhavam estranho.

Hoje, V pensava se não foi pena, por presenciarem o próximo brinquedinho de Woo, sorrindo quadrado e inocente para um futuro que não o trataria com gentileza.

Ele cometeu seu primeiro ato desprezível naquela noite. Ele desprezou por completo seu melhor amigo, o largando na porta do evento para jantar em um restaurante, daqueles que V só tinha visto em Doramas antes. Foi frio, egoísta e nada do seu feitio, mas Woo fez soar como algo que seu melhor amigo entenderia completamente, algo que adolescentes faziam o tempo todo um com o outro.

Hoje V só podia rir sarcástico de tudo aquilo. Ele não sabe se alguém no seu lugar faria diferente, se ele era só um fraco e Woo reconheceu essa fraqueza a distância. Apesar de se achar fraco, inseguro e indefeso toda vez que Woo se aproximava dele, algo lhe dizia que quando aquele cara queria alguma coisa ou alguém, ele simplesmente tinha.

Simples assim!

E V era só uma vítima do acaso, e nunca teve nenhuma chance.

Antes, seu corpo se arrepiava só de pensar em Woo, hoje esse mesmo corpo sentia uma coceira infinita ao nível dele querer arrancar a própria pele fora.

No começo Woo era uma espécie de príncipe encantado, sempre o desafiando, mostrando coisas novas. V perdeu sua virgindade com ele e foi a coisa mais incrível que ele já sentiu pela primeira vez em toda sua vida, nada se comparava aquilo.

Woo o tratava com muitos mimos e regalias, o que V erroneamente confundiu com amor.

Era tudo muito incrível, apesar da constante vontade de controlar cada movimento que V fazia, ele se sentia especial ao seu lado.

Ele acha que ignorou o fato de ter percebido essa obsessão por controle nele, em nome de todas as outras coisas boas em Woo, mas com o tempo, essa pequena falha foi se tornando grande e em proporções catastróficas.

V sentia que algo estava errado, que não era normal receber ligações durante a madrugada e ser obrigado a não dormir mais por motivo nenhum, ter que vestir roupas específicas, ser exibido como algum tipo de troféu em eventos fechados na sua mansão. Até mesmo o fato de precisar esperá-lo por quase um ano para ser apresentado ao público quando entrou no BTS, era algo que Woo faria acontecer, V não duvidava que tinha sido ele, nem por um segundo.

V achava aquelas pequenas atitudes sem motivo e completamente aleatórias, mas fez sentido quando ele começou a apanhar ou ser subjugado de qualquer outra forma humilhante como essa e sua primeira reação foi simplesmente não fazer nada. Ele consegue sentir a sensação em seu corpo de quando travou completamente seus pensamentos de proteção desde o primeiro dia, até agora.

Todas aquelas manipulações psicológicas, sua provação do sono, a inabilidade de decidir o que vestir, calçar, comer ou falar. Até mesmo de fazer parte do grupo de Kpop com as pessoas que ele já amava. Foi no dia que V contou o quanto amava os meninos com que tinha se juntado para formação do grupo que ele recebeu a carta avisando que ele ficaria escondido do público por aproximadamente um ano, para avaliação da real necessidade de mais um Rapper no grupo ou não. V até deu a sugestão de mudar para a vocal line, ele não se importava, desde que não perdesse a amizade que já tinha construído até aquele ponto.

Foi a partir daí que V decidiu fazer tudo que Woo mandava sem ao menos questionar o porquê, aceitando por completo que não tinha mais controle algum da sua vida. Ele notou o quanto aquele cara era poderoso e faria um inferno na vida de V caso ele tentasse sair do seu controle.

Tinha vezes que ele ficava horas no ponto de ônibus preto do condomínio que o Bangtan usava de alojamento, esperando Woo vir buscá-lo e ele não aparecia. V ficava muito tempo postado lá, normalmente no frio com neve queimando seu rosto ou na chuva com a água congelando seus ossos e sangue. Ele sabia que Woo o olhava de algum lugar perto dali, vento V ser torturado só para ele poder apreciar e ainda assim ele se sentia bem por fazer algo que agradava a pessoa que ele pensava amar.

Até o enterro da sua avó ele não pôde participar, mesmo sabendo que se Woo quisesse teria dado um jeito de fazê-lo chegar a tempo para cerimônia, aliás ele era o único que poderia e foi por isso que V perdeu a voz de tanto implorar. Woo gostava de vê-lo implorar.

Aquela noite em que recebeu uma negação alegre de Woo perante algo realmente importante para V, foi quando ele começou a perceber a nocividade do que tinha se método. A soma desses eventos o levou até um bar vagabundo e feito ele beber, até quase esquecer o nome. Ele se viu brigando por algo idiota com um filipino maluco em algum momento daquela noite também, mas até então não parecia algo relevante, não com tanto álcool e problemas girando ao mesmo tempo na sua cabeça.

Se não fosse por Suga naquele dia, talvez ele não saísse inteiro do lugar, mas até então V começou a não se importar tanto sobre sua vida.

Ele sentia tanta dor, tanto física quanto emocional, que em algum momento no meio de tudo isso ele começou a sentir prazer na dor. Teve momentos que ele inclusive voltou para Woo porque sentia falta da dor, da subjugação, de agradar e receber um agrado por isso, às vezes um sorriso ou um aceno de cabeça já era o suficiente para V sentir que agradou, que fez algo bom.

Jimin sabia partes do que acontecia, mas ninguém sabia de nada nem ao menos desconfiavam pelo que V passava.

Com o tempo, V ficou mestre em esconder o que sentia, no começo foi para Woo não perceber o quanto ele se sentia fraco e humilhado o tempo todo, por um grito de orgulho talvez, ele se recusava a mostrar o quanto estava quebrado, mas depois de um tempo até mesmo ele passou a desconhecer os próprios sentimentos.

Sua alma e ele viraram completos estranhos obrigados a cumprir seu tempo existencial atados um ao outro, como dois completos desconhecidos.

Jimin o ajudou a se afastar de Woo, porque segundo Jimin ele era muito possessivo e não respeitava o espaço pessoal de V, se ao  menos ele soubesse.

Porém, mesmo longe, V não tinha certeza se era por ser algo que ele queria ou se Woo tinha o levado a acreditar que ele podia se afastar, que era possível terminar aquele tipo de relacionamento sem ser prejudicado no processo.

V viu fotos de um novo garoto ao lado Woo em alguns eventos, o garoto parecia ainda mais novo que ele, provando que ele já devia estar velho demais para os gostos do bilionário. Ele queria fazer algo na época, ajudar o garoto de alguma forma, mas o que ele podia fazer quando suas pernas não se moviam só por pensar em algo do tipo?

Se ele travava com a ideia, o que faz ele pensar que conseguiria falar ou fazer algo a respeito?

V sempre voltava para Woo, fosse para pedir favor, para implorar atenção, implorar para agradar de alguma forma, mesmo que fosse deitado numa mesa levando chicotadas nas costas, ele não se importava no “como”, desde que ainda fosse importante para Woo, principalmente sob nova ameaça de perder totalmente o que Woo lhe fornecia emocionalmente por causa do brinquedo mais novo dele.

Pelo menos era assim que sua mente funcionava, até Jungkook acontecer.

Não foi de uma vez, como um passo de mágica, mas de alguma forma V foi se sentindo cada dia mais humano a cada beijo ou olhar que Jungkook lhe dava.

V não se sentia mal ao ser tocado por Jungkook, mas parecia ser algo errado ao permitir. O garoto era tão puro, puro de alma e o corpo de V foi alvo de tantas coisas imundas e desprezíveis que só uma mente problemática era capaz de proporcionar. Ainda assim, ele se sentia tão sujo, toda vez que o menor lhe tocava.

Às vezes, em seu piores dias, ele não permitia que JK sujasse suas mãos, o amarrando com uma gravata ou panos leves para não machucar, durante o sexo. Tentando de alguma forma se convencer de que não quebraria o menor enquanto se envolvia com ele, mas ainda assim parecia errado.

Jungkook no entanto, era persistente e não se assustava com facilidade e  isso fazia V, por um segundo, esquecer o que tinha se tornado e acreditar que poderia recomeçar. O garoto amortecia sua dor, quando mais ninguém podia, o trazia de volta para aquela vida que ele não conheceu, uma vida de brincadeiras inocentes, sorrisos e prazeres simples.

Jungkook era de certa forma, sua heroína. Uma droga que o fazia não sentir nada. Não o nada que costumamos usar em frases aleatórios, ele está falando da completa ausência de algo, em alguns momentos, principalmente quando Jungkook se posicionava dominante durante o sexo, ele conseguia sentir por uma fração de segundos, sua mente apagando, sua visão turva, a boca seca, ele mal conseguia ter certeza se respirava ou não, mas tinha certeza que não era capaz de ouvir o som do ar entrando.

Tudo que ele sentia era o mais completo nada. Aqueles milésimos se tornaram seus momentos mais preciosos.

V já pensou que estava se apaixonando ou algo assim, mas hoje ele sabia melhor. Ele sabia que não era capaz de sentir algo assim, não se sente algo tão forte, quando ao menos consegue sentir onde sua alma está dentro de você.

Ela ainda está aqui ? Ela consegue me ouvir?

Talvez a pergunta que ele devesse fazer era se ela o reconheceria, caso pudesse ouvir seus chamados desesperados.

Uma garoa fina escorregava sobre a janela do carro. Filetes de pequenas agulhas prateadas corriam em direção a luz amarela do farol do carro que parcialmente iluminava a total escuridão da rodovia em que estava.

V desejou que fosse de dia, para ele ser capaz de olhar o céu, talvez encontrar algum pássaro, em uma de suas viagens migratórias, o acompanhando de cima.

Talvez o fato de V olhar tanto o céu, fosse pela constante necessidade de voar para longe.

Como era possível sentir falta das asas que nunca tive?

Em um de seus dias de torpor, ele ia até o estúdio durante a madrugada, para poder tocar nas asas negras que usou algumas vezes para MV’s da wings tour.

Ele lembra de ter impregnado o conceito na cabeça de RM tão forte, que RM falou sobre aquilo a por meses e a forma que ele falava sobre esse nível de liberdade desconhecido era tão apaixonada, que todos que escutavam se encantavam com a ideia. Apesar de V jamais poder levar crédito sobre a inteligência que RM aplicou no conceito em si.

Isso foi uma das coisas que Woo o ensinou. A forma de influenciar, de maneira que seus pensamentos tornam os do influenciado.

Não que Woo soubesse que fazia isso, mas V era esperto, atencioso e em fase de aprendizagem, foi fácil cada dia mais parecer, soar, andar e sorrir exatamente como a pessoa que mais odiava no mundo.

No início ele se sentia uma espécie de Batman, se tornando a coisa que mais o aterrorizava, mas agora ele só queria fisicamente se arrancar a força do próprio corpo, as marcas de unhas no seu antebraço esquerdo era só mais uma, das provas físicas disso tudo.

Suga ia se casar no dia seguinte e ele estava a caminho de Daegu para comemorar à moda BTS. Jin estava voltando para casa bem a tempo de ver os meninos casarem e V foi o encarregado de buscar as alianças e o Jeep que Suga queria trazer do apartamento para sua nova casa, já que era enfiada dentro das montanhas, eles precisavam de algo além do New Beatle do Jimin para dirigir pelas estradas de terra. Também tinha o fato de Suga achar que  apenas um membro da família parecendo o Ken da Barbie , dirigindo o minúsculo carro amarelo com teto solar transparente, já era suficiente.

A casa nova ainda estava em construção, para ficar exatamente do jeito que eles queriam. Jimin queria um quarto para cada um dos meninos. Suga queria um estúdio gigantesco de produção e um de dança para seu noivo.

V queria sorrir para aquela felicidade que se estendia a ele, mas só conseguia se sentir feliz por seus irmãos. Quanto a ele…

Ele olhou mais uma vez para a luz do celular acendendo com o insistente aviso de mais uma ligação pedida.

Seus dedos batiam nervosos no volante, a velocidade oscilava de muito lento para rápido demais e nenhuma das opções pareciam seguras.

V se perguntava se o piche do asfalto era tão escorregadio e lido quanto parecia, com toda aquela aquaplanagem.

Suas mãos tremiam a medida que a ansiedade e o medo de desobedecer pela primeira vez o atingiam.

Uma luz forte apareceu cegando sua visão no retrovisor.

Era ele!

V sabia, ele simplesmente sabia.

Sua respiração falhava, lágrimas desciam pelo canto dos olhos, o corpo estava tão rígido que os músculos tremiam pelo esforço excessivo, como se tivesse agachado nas pontas dos pés por dois dias seguidos, ele vacilava com o próprio peso também, até que o ar simplesmente se recusou a entrar.

Sua garganta fechou, o forçando a colocar uma mão no pescoço em um pedido silencioso de ajuda, sua boca entoava tons que se assemelhavam a palavras, mas nenhuma especificação era emitida.

Ele jogou o carro para o acostamento, sem se incomodar se provocaria um acidente ou não.

O carro atrás dele buzinou alto, assustado pela manobra de V e passou direto por ele, seguindo seu caminho em alta velocidade.

O ar voltou a preencher seus pulmões, seu peito movimentava dolorido, como se uma força invisível decidisse quando ele podia respirar.

Ele conhecia a sensação de sufocamento, mas geralmente ele desmaiava no final, então não sabia o que fazer com o corpo voltando ao seu estado normal, porque sua mente estava longe de seguir o processo. Era confuso sentir seu corpo lutar para voltar às suas funções.

V pegou o celular nas mãos e abriu a porta do carro, depois da terceira tentativa, pois sua mão ainda tremia.

Ele foi até o matagal que ameaçava invadir a estrada e estendeu a mão para jogar o celular longe, mas berrou um grito agoniado, terminando em um engasgo desesperado a medida que se  ajoelhava na grama alta, molhada e pinicante do terreno desconhecido, seus joelhos ralaram, por ainda ter asfalto craquelado naquela parte, como se a natureza estivesse comendo a estrada, proclamando suas terras de volta.

Ele não fazia ideia de quanto tempo demorou para pegar o celular e discar o número de emergência, mas ele mesmo se surpreendeu por digitar a terceira opção das menos prováveis da sua lista.

“Hyung?” - V chamou chorando rouco no mais realístico som do desespero.

“Taehyung, se disser que se perdeu numa estrada reta eu vou realmente começar a me preocupar com seu nível de inteligência”. - Suga falou do outro lado da linha.

V ficou em silêncio, olhando o vazio, aliviado por ouvir uma voz familiar em sua mente lotada da própria voz estridente em forma de pensamentos.

“Algum problema?” - Suga perguntou preocupado depois de um tempo.

“Só tenta se manter seguro e o celular ligado, estou indo!”. - Ele desligou o celular.

V tirou o celular do ouvido, reativando o GPS com lentidão, pensando se Woo tentaria rastreá-lo ao mesmo tempo que Suga fazia o mesmo.

Pensando em quem o resgatada primeiro, sua mente vagou sobre a imensidão negra à frente.

Seu corpo deitou automaticamente em posição fetal ao sentir a chuva engrossar.

A água cortante por seu rosto devia incomodá-lo, as gotas que caiam dentro dos seus olhos abertos e vidrados deviam fazê-lo piscar, mas tudo o que ele era capaz de  sentir, se assemelhava a agonia sendo temporariamente lavada do seu corpo, escorrendo pelo chão áspero que o abrigava em um rígido abraço.

Em algum momento entre suas idas e vindas para dentro da realidade, V sentiu alguém colocar um casaco por seu ombro, o levantar com dificuldade para depois arrastá-lo na direção de um carro.

Ele não se importava em quem o tinha resgatado, não fazia diferença se seria Woo ou Suga. O que era de certa forma engraçado, pois o motivo do seu ataque de pânico recente, foi por justamente achar que ele estava sendo perseguido por uma das opções.

Suga abriu a porta do carro para pegar a chave na ignição, travando as portas automáticas logo em seguida.

V assistia os movimentos sem processar importância alguma. Foi quando Suga já a alguns metros distantes com o carro, foi que V lembrou.

-As alianças. - ele sussurrou distraído.

-Merda. - Suga xingou dando uma ré brusca encostando de qualquer jeito ao lado do Jeep.

-Onde?

-Console.

Suga procurei por um tempo até finalmente achar a caixa aveludada contendo as alianças do seu casamento, ele agradeceu aos  céus enquanto voltava para o carro. Se eles esquecessem as alianças Jimin os faria dormir na chuva por toda a noite. Bom! Não por toda noite, Jimin era muito bom para ser tão mal, mas ele faria um bico, isso Suga tem certeza que de fato aconteceria.

Ele voltou a dirigir pela rodovia num total silêncio.

V queria admirar a paisagem peculiar que os rodeavam assim que entraram na estrada de terra, mas sua mente não era capaz de processar nada específico.

Eles atravessaram o terreno com o carro em que Suga dirigia, que parecia com a SUV do Jin e pararam atrás de outros dois carros.

Um pouco mais a frente era possível ver os meninos já sentados com cadeiras de praia ou no chão, em volta de uma fogueira crepitante e alaranjada.

V deparou com o Jungkook fazendo palhaçadas e rindo alto. Fazia tempo que ele não agia dessa forma. Jin realmente fazia diferença em suas vidas, principalmente na do mais novo.

Ele pensou nos pesadelos que teve depois de Jungkook ter parado no hospital por sua causa.

Porque alguém faria algo a alguém tão pacífico como seu Bunny?

- Você ainda tem amizade com o cara que te montou a rede de rastreamento dos nossos celulares? - V perguntou distraído, ainda vendo Jungkook que agora dançava com uma perna só,  enquanto lutava wrestling com JHope próximo demais da fogueira para parecer inofensivo.

- HIT quem faz essas coisas. - Suga falou depois de olhá-lo surpreso.

- Não, não faz. - V olhou diretamente para Suga pela primeira vez naquele dia. - O contrato tem o termo com política da empresa quanto a monitoramento. E tirando a segurança externa é absolutamente proibido manter esse tipo de segurança sem nosso consentimento prévio.

- Não sei de nada sobre isso. - Suga falou desviando o olhar para as brincadeiras que seguiam do lado de fora.

- Inclusive, acho até que li a palavra assédio no termo. - Num dia comum, V teria rido bobo, fingindo inocência travessa, mas ele não estava em um dia comum.

Suga bufou ao notar a armadilha. Ele obviamente fez o sistema de rastreamento privado, sem o consentimento dos integrantes ou da empresa. Provou ser útil e ele ficou devendo um grande favor para seu amigo de dormitório, da época em que morou em repúblicas do governo ao se mudar sem nada no bolso de Daegu para Seul.

- Onde quer chegar com isso? - Suga perguntou, fingindo não se abalar com a possível chantagem que V provavelmente faria.

- De um favor.

Ok! Por essa ele não esperava. Suga enrugou a testa para o irmão no banco ao lado. Ele parecia em alguma espécie de transe preocupante.

Suga concordou com a cabeça vendo o mais novo continuar ao concordar sem saber com o que.

- Preciso de uma proteção mais tecnológica, além da física que eu já tinha te pedido, especificamente em JK. - V pediu olhando triste para o garoto sorridente do lado de fora.

Suga acompanhou o olhar de V sem entender muito o porquê da distração, mas identificou imediatamente aquele tipo de preocupação, ele mesmo arrancaria um dos braços, se fosse necessário para proteger Jimin.

- Vou ver o que eu consigo. - Suga respondeu notando um aceno periférico de V, que colocou as mãos na porta para abri-la, mas parou no último momento virando para o Suga.

- Obrigado por hoje. - ele pausou olhando para fogueira mais uma vez. - se você puder manter isso pra você.

- Claro irmão. - Suga respondeu o olhando desconfiado, mas sem questionar enquanto assistia seu irmão sair do carro e ir até os meninos rindo como se não tivesse psicologicamente destruído quando o encontrou deitado num acostamento da rodovia há menos de meia hora.

...

Suga amava ver sua família unida mais uma vez, apesar de estar muito nervoso com o casamento no dia seguinte. Não porque ele tinha medo de casar, mas porque tinha medo de fazer algo errado e estragar o dia que devia ser perfeito para Jimin.

- Você pode buscar meu carro no meio da estrada há meia hora daqui? Salvei a localização no GPS da SUV do Jin. - Suga falou para Jungkook que estava com sentado com JHope perto da fogueira, depois de terem lutado Wrestling até acabarem as forças.

- Agora? - Jungkook perguntou, pegando a chave do carro que ele estendia em sua direção.

- A hora que quiser, mas você vai precisar de mais uma pessoa para voltarem em carros separados. Podia pedir para Jin te acompanhar. - Suga falou vendo Jungkook levantar o pescoço curioso, provavelmente pensando numa chance em passar mais tempo sozinho com Jin.

- O garoto cresce, mas ainda parecia a criança da turma. - JHope falou sorrindo, vendo JK correr feito um filhote feliz, para pedir a Jin o acompanhar.

- Esses dois são bem unidos. - Suga falou distraído.

- Você não parece bem. - JHope afirmou, acertando como sempre.

- Você ainda anda fissurado com o lance de furtos e arrombamentos? - Suga perguntou para JHope o vendo sorrir traiçoeiro em resposta.

...

Quando Jimin ficou preso no banheiro, em um dos seus surtos com o distúrbio alimentar. Suga chorou nos ombros de JHope enquanto perguntava o que faria se algo tivesse acontecido com o menor, se ele não tivesse explodido a maçaneta com um extintor a tempo.

JHope tinha neofilia diagnosticada, ele se viciava facilmente em coisas aleatórias, pulando de um vício a outro ou como seu psicanalista diria, paixão exagerada e doentia pelas novidades ou por ideias novas. Então foi questão de dias, JHope descobrir formas de abrir algemas, portas, trancas complexas. Um belo dia, Suga entrou no quarto de JHope e tinha um manequim vestido apenas com um terno, cheio de sininhos costurados ao redor do tecido e quando Suga perguntou o que aquilo significava, ele disse que estava aprendendo a furtar carteiras de maneira desapercebida pelo dono.

Enfim ele fazia coisas bem inúteis, desde que fossem novas ele se viciada por alguns meses, até o próximo vício.

- Do que precisa? - JHope perguntou, friccionando as mãos uma na outra em sinal de empolgação.

- De um celular. - Suga falou apontando para V que conversava animadamente com RM.

Ele enrugou a testa, pensando o quanto de falsa felicidade ele já tinha mostrado para ele durante todos esses anos, parecia fácil para V se esconder, ele nunca pareceu tão originalmente feliz daquela forma.

Ninguém parecia conhecer realmente V afinal, nós só o considerávamos estranho e deixávamos suas atitudes para lá, mas a cada segundo que passava, Suga se perguntava cada vez mais se seu comportamento peculiar  não estava mais relacionado a sintomas do que em ações aleatórias, baseado no fundo do poço em que ele encontrou o mais novo na rodovia.

Será que V tinha notado que berrava abafado, como se tivesse com dor?

Suga não tinha como ter certeza, mas nunca ouviu um som tão angustiado antes.

- Preciso saber o porquê? - JHope perguntou limpando a calça com grama assim que se levantou.

- Não sei ainda. - Suga respondeu distante.

JHope deu de ombros e foi na direção dos meninos, abraçando V de lado em uma maneira despretensiosa.

...

Suga e RM fizeram uma parte do churrasco, Jimin fez a outra e depois que Jin voltou com JK, carnes novas e menos secas e passadas foram servidas, mas Suga gostava de pensar que as dele só tinham ficado daquela forma porque o fogo estava muito alto inicialmente, o impossibilitando de fazer uma carne suculenta tanto quanto.

JHope passou passou o celular para Suga depois de abraçá-lo por trás, enfiando em seu bolso traseiro e beijando seus cabelos

...

Depois de ter lavado a louça, Suga aproveitou as conversas aleatórias e distraídas para se afastar.

- Maddy, preciso de um favor. - Suga falou ao telefone, do outro lado da casa, no jardim da frente, longe de todos.

Suga olhava apreensivo de um lado para o outro, mas voltou a prestar atenção em Maddy, quando o ouviu gargalhar estridente do amigo do outro lado da linha.

- Oi para você também irmão. - Maddy falou sem parecer realmente chateado.

- Desculpa, fico apreensivo e com as mãos suando, quando faço algo errado. - Suga falou soltando uma risada nervosa.

- Ok! Então é melhor irmos rápido com isso. Do que precisa? - Maddy perguntou voltando seu tom profissional, que é o que a maioria conhecia dele enquanto um barulho de teclado se ouvia através da ligação.

- É possível hackear um celular? - Suga perguntou girando o celular de V nas mãos.

- Hackear? Do que precisa? - Maddy perguntou  parecendo parar imediatamente de teclar.

- Hmm...Não sei, acho que de tentar entender o que está acontecendo? - Suga sussurrou falando praticamente para ele mesmo.

- Não entendo o que quer dizer, mas acho que clonar vai servir. Deixa um do lado do outro por uns dez minutos, talvez mais.

- Ok. - Suga falou parecendo mais confuso do que realmente estava.

Por algum motivo Suga se preocupava exageradamente com V. Eles nem sempre tiveram momentos incríveis juntos, mas se apoiavam de uma forma silenciosa, talvez fosse o fato de Suga se ver refletido em V toda vez que o olhava, como se compartilhassem uma alma defeituosa que se reconheciam de alguma forma.

...

V estava na parte lateral do enorme gramado distante da fogueira e da casa.

Tinha a porra de um lago em frente a mansão de Jimin e Suga. 

Era incrível.

 V já tinha visto antes quando eles trouxeram todos para verem o terreno, mas ainda assim parecia cada dia mais incrível.

Ele sentou num banco de ferro, pintado de branco, com decorações delicadas de flores e cauled na braçadeira, ao redor de um enorme jardim com rosas de várias cores, mas em sua maioria vermelhas e rosas.

Ele pegou uma na mão para sentir o aroma, seu corpo vibrou com a sensação do veludo em uma das mãos e os espinhos entrando em sua pele na outra. Não poderia deixar de se comparar a ela, parecia forte, resistente, o belo dentre os belos, mas desmancha com um toque um pouco mais agressivo que a força de um dedo.

O fazia pensar em quem seria o que  o apertaria da forma correta, o fazendo se desmanchar em pétalas fracas e sem brilhos quando separadas da sua estrutura.

V desfincou os espinhos da sua mão, percebendo a merda que havia feito ao ver o sangue sair pelos furos deixados pela planta.

- Aqui. - JHope entregou seu cachecol para V fazer pressão no machucado e se sentou ao lado, olhando distraído para água negra e ondulante do lago à frente.

- É lindo não? - JHope perguntou apontando o jardim.

- Jimin tem o dom de fazer coisas lindas ficarem ainda mais incríveis. - V falou percebendo a voz sair rouca e tímida por ter sido pego em uma situação, no mínimo confusa.

- Suga plantou. - JHope falou rindo exagerado pela cara de espanto de V.

- Ele pensou que, se fosse capaz de cuidar de algo tão belo e delicado, talvez pudesse fazer o mesmo com Jimin. - JHope falou distraído.

- Romântico. - V revirou os olhos automático.

- Muito.

Ficaram em silêncio por um tempo, V não sabia se devia perguntar, mas achou que não custava nada saber.

- Você ainda é apaixonado por ele? - V perguntou vendo JHope dar de ombros enquanto afundava seu tênis estranho na terra fofa.

- Acho que o que eu sentia por ele se transformou em algo forte, mas não necessariamente romântico?! - JHope falou sem ter muita certeza como definir o que sentia, mas parecia próximo o suficiente.

- Bom! Porque ele meio que tá casando em menos de 24horas. - V falou rindo no final pelo tapa extremamente doloroso que levou no final.

JHope não tinha muita noção da força que aplicava nas suas brincadeiras. V cansou de ficar com roxos por causa dele, era engraçado de uma forma estabanada e fofa ao mesmo tempo.

- Contei para Jimin, parecia injusto esconder de qualquer forma. -JHope revirou os olhos, por caus da boca aberta exageradamente de V em surpresa.

- Isso tá melhor que novela mexicana. - V falou rindo quadrado para o irmão.

- Como ele reagiu? - V perguntou com uma  curiosidade nível vizinha pendurada na janela o dia todo, atrás de alguma fofoca com seus olhos incansáveis, na esperança de poder replicá-los a todos que tivessem ouvidos.

- Reagiu do jeito de Jimin reagir. Pediu desculpas por me fazer triste de alguma forma, mas realmente amava Yoongi e se eu quisesse poderia lutar por ele, declarou ter unhas afiadas, mas preferia não estragar o cabelo recém escovado.

V gargalhou se sentindo genuinamente feliz.

- Isso é ridículo, você nunca acharia que Yoongi te pertence só porque seus sentimentos por ele é diferente dos dele por você. - V falou apertando o machucado da mão com o cachecol, pois sentiu a mão trêmula pelo sangue que perdia, gotejando poeticamente em cima da rosa desmantelada aos seus pés.

- Foi quase exatamente o que eu disse a ele. Os dois definitivamente nasceram um para o outro. - JHope declarou feliz o suficiente.

- Concordo. - V respondeu se levantando para entrar.

...

JHope discutia sobre o quanto todos usando guirlandas de flores brancas e pretas era imprescindível para ao casamento no dia seguinte.

V tinha ido lavar as mãos, fazer um curativo no quarto do casal e se debateu com a discussão do ano quando desceu as escadas.

Ele bateu nos bolsos dando falta do celular, pensando se não tinha deixado no banheiro lá em cima.

- No balcão. - Ele ouviu Suga dizer , apontando para seu celular no balcão, junto com outros três.

Suga estava no canto escuro da sala, sentado no bar feito de madeira rústica. Ele segurava um whisky na mão e apontava para uma taça com gin e tônica ao seu lado.

- Algo com sua mão? - Suga perguntou identificando os Band-aids do Hulk de Jimin.

- Sou distraído, só isso. - V respondeu tomando a bebida que Suga tinha feito com carinho, e ele sabia essa parte porque o irmão nunca se esforçaria em espetar duas azeitonas em um palito e enfiar na bebida, se não tivesse a intenção de realmente agradar.

- Não parece ridículo Yoongi? - RM perguntou fazendo todos virarem para os dois em silêncio.

Aparentemente o desempate na discussão, estavam em suas mãos, todos esperavam em um silêncio tenso.

Os dois se comunicaram com o olhar, olhando para algumas guirlandas jogadas no balcão ao lado.

V deu de ombros sorrindo para a cara entediada de Suga.

Suga levantou pegou duas guirlandas e voltou, entregando uma a V, que colocou na cabeça de maneira robótica ao mesmo tempo que Suga.

Todos ficaram quietos olhando o momento silencioso com curiosidade.

- Ok! Mas os noivos definitivamente não vão usar. - Jimin decidiu batendo os pezinhos, com as mãos cruzadas de forma delicada na altura do peito.

Suga inclinou o rosto com um sorriso bobo, fazendo V olhar triste um pouco mais para trás onde JK o encarava com os olhos grandes e perdidos.

Ele enfiou o resto da bebida na boca, sem se importar se o álcool machucaria sua garganta ou não e puxou as azeitonas com os dentes de forma automática.

Jimin notou o desconforto de V de alguma forma e agilizou para que atenção voltasse a ele e ao grande evento do dia seguinte.

- Está ansioso ? - V perguntou para Suga.

- Parece uma preparação de qualquer outro evento que fizemos por anos nos shows, a única diferença é que esse me liga a parte essencial que redefine minha vida e todo meu ser. - Suga falou rindo no final pela sobrancelha levantada de V.

- Parece importante então, melhor dormirmos. - V falou rindo com Suga pela conversa aleatória  descontraída.

...

Não muito tempo depois, estavam todos enroladas uns nos outros, deitados em colchões infláveis no meio da sala, pois ninguém queria se separar em quartos distantes, a saudade era grande demais. Um filme aleatório passava na tv com quase nenhum som.

V suspirou abraçando JHope como um urso, eles estavam bem próximos depois do distanciamento de JK, mas ainda assim V não podia deixar de suspirar triste, sentindo falta do seu Bunny.

Ninguém dormiu, ao invés disso ficaram conversando até tarde, basicamente sobre os velhos tempos, transformando momentos tristes  de fome e frio em piadas cômicas. Jin fez alguns comentários aleatórios em muito engraçados sobre ser o rei do batalhão no quartel onde serviu por ser capaz de cozinhar basicamente qualquer coisa e isso foi alvos de muitas risadas altas e exageradas de todos.

V no entanto foi o primeiro a dormir com JHope acariciando seu cabelo jogado nos olhos, enquanto formava um bico pela respiração abafada com a posição aprendida que ele fazia questão de manter, mesmo inconsciente.

O outro dia seria cansativo, mas essas mesmas palavras podiam determinar qualquer dia de mais de duas décadas de suas vidas, então fazia sentido parecer só mais um evento no qual eles não transpareceriam exaustão de forma alguma.

 Apesar de JHope se preocupar seriamente em como Suga arranjaria um jeito de sair do centro das atenções e procurar algum canto levemente plano para dar suas cochiladas de praxe, quando metade da parte mais importante do evento era justamente ele.

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