Observei as duas enormes hastes cravadas no chão, que formavam uma cruz diante do solo, que agora servia apenas como uma cova profunda para o corpo de alguém que não deveria estar morto.

Minhas mãos se fecharam em punhos e senti meus joelhos cederem com a pressão intensa que se fez em meu peito. O nó na garganta quase me impedia de respirar e eu preferia realmente que o oxigênio não chegasse até meus pulmões, para que eu pudesse ir parar dentro daquela cova também.

Uma mão pousou sobre meu ombro, não precisava virar a cabeça para encarar o olhar frio e tão sem sentimentos quanto os meus. Law também estava sofrendo, mas ele ainda lidava com isso melhor do que eu. Mesmo que tivessem se passado anos desde a morte de Corazon. De nós dois, ele sempre fora o que melhor sabia lidar com suas emoções.

Enquanto eu, me encolhia contra meu próprio corpo que convulsionava, tremendo intensamente, conforme as lágrimas lentamente começavam a banhar meu rosto.

— Vai me dizer que ele não ia querer me ver nesse estado? — Cuspi as palavras, me desvencilhando do toque amigável do moreno.

— Não. — Seu tom era duro e contido, observei pela visão periférica o mesmo se ajoelhar ao meu lado, comprimindo seus lábios como se também lutasse contra seus sentimentos. — Eu também queria que ele estivesse aqui.

Um pequeno sorriso escapou de mim, o quão hipócrita aquilo soava? Dois dos piratas mais poderosos de toda a Grand Line, chorando como duas crianças indefesas que tinham acabado de perder o pai.

Law me entendia, não tinha porque ele evitar chorar na minha frente. Tombei o corpo pro lado, apoiando minha cabeça em seu ombro. Ao fechar os olhos eu poderia ver perfeitamente o enorme sorriso de Corazon para nós dois. Ele sentiria orgulho de seus filhos.