Capítulo 9 - parte 6 (em revisão)
Moisés, Janjão, Miguel e Anabela iam entrar no clube de tiro quando viram Arthur com a sua dama misteriosa caminhando já do outro lado da rua. Ela parou, sentindo os olhos molhados, e ficou observando o casal com ela a abraçá-lo. Moisés disse:
– Procure Arthur antes que seja tarde, Belinha. Engula esse orgulho besta e vá falar com ele. Tenho certeza que você errou feio com Arthur e agora está jogando ele nos braços daquele monumento, mas sei que ele ama você, tenho certeza.
– Seja sincero. Por acaso alguém pode competir com aquela mulher, Moisés? – perguntou, quase chorando. – Olhe só para ela! Linda de morrer, toda feminina, elegante e deve ser rica, ainda por cima. Eu não dou nem prá saída, não tenho a menor chance e sei que ele sempre gostou dela.
Com toda a delicadeza, Janjão pegou a moça pelos ombros e virou-a para ele.
– Escute muito bem o que eu vou lhe dizer, Belinha – disse ele, sério como nunca o viram. – Sabe quem tem chance de ganhar mole da ruiva misteriosa? Você. Você tem todas as chances do mundo e vai ser uma luta desigual desde o início, a menos que ela tenha uma carta secreta na manga e das bem poderosas. E sabe por que eu digo isso? Porque conheço Arthur muito bem, bem até demais. Eu fui ao casamento dele, fui padrinho dele, entendeu? Eu o conheço desde os quinze anos, conheço cada olhar do Arthur e nem mesmo para a Cíntia ele deitava os olhares que passou a lhe dar quando se separou. Volto a dizer que aquela ruiva não tem a menor chance, a menos que você dê espaço. Só que você magoou Arthur de um jeito tão violento que nem mesmo dois anos de maus-tratos da esposa conseguiram. Então, procure ser mais inteligente e vá procurá-lo nem que precise de se humilhar um pouco.
– Você ouviu o que ele me disse, não ouviu? – perguntou ela, deixando correr uma lágrima. – Ele não quer saber mais de mim.
– Belinha, acredite em mim. Aquele homem ama você de verdade. Não o deixe fazer a escolha errada porque teve medo de o enfrentar e pedir perdão.
Anabela olhava para aquele gigante e, num impulso, deu-lhe um abraço forte.
– Nunca lhe pedi desculpas por tê-lo agredido – disse meio sem jeito. – Me perdoe.
– Não precisa de pedir perdão – disse ele, afagando suas costas e rindo. – Eu só não casaria com você nem a pau, mas aquele doidinho lá sim, ele cairia de cabeça na sua vida até rindo, então, que tal amanhã falar com ele?
Ela fez sinal positivo com a cabeça e ele disse.
– Nesse caso agora vamos dar uns tiros. – Abaixou-se e disse, quase no ouvido dela. – Seu pai deve saber o que aconteceu. Pergunte para ele.
– Como sabe disso? – perguntou ela, incrédula. – Ele está furioso comigo.
– Vocês dois são parecidos – respondeu o delegado. – Basta prestar atenção e, para tirar a dúvida, tem o fato dos dois serem gaúchos. Muito de vez em quando você escorrega no sotaque. Não se preocupe que não contei a ninguém. Todo mundo sabe que ele está furioso com você, deu para ouvir os berros até na Barra da Tijuca.
― ☼ ―
– Vamos pegar meu carro que está no estacionamento – disse Diana –, a menos que tenha vindo com o seu e queira ir nele.
– Deixei meu carro com a ex – respondeu Arthur. – Ela teve um acidente com o dela.
– Você disse, ex? Então isso significa que está livre como um passarinho? – perguntou ela, pegando seu braço. – As coisas estão cada vez melhores, Arthur, cada vez melhores.
O delegado teve que rir. Ele não entendia grande coisa de carros, ao contrário da esposa, mas o da Diana era desses importados, caríssimos, esportivo e todo branco. Entraram e ela perguntou:
– Onde? – puxou por ele e beijou-o.
– Deixo a seu critério – respondeu, deliciado. – Meu Deus, Diana, você tem o dom de me dar um beijo e fazer com que eu fique desnorteado!
– Acha que não sinto o mesmo, Arthur? – Diana riu. – Ainda sinto o nosso último encontro como se tivesse sido agora. Minhas pernas tremem. Então vamos lá.
Diana acelerou o carro e tomou direção para a zona sul, andando com segurança. Arthur olhava para ela e tentava entender o que essa mulher tinha de tão mágico que o dominava sem esforço. Bastava sentir aquele cheiro e ia para as nuvens, apesar da dama misteriosa, no momento, não estar com o perfume especial. Ela tinha qualquer coisa tão familiar que não sabia explicar, mas sabia que não podia acabar. Já pensou em uma correlação com a Maria da sua adolescência e ela até que lhe lembrava muito a garota, olhando de perfil, mas estava certo de que não era Maria, não com os olhos cor de mel. Os olhos da Maria eram uma coisa que ele jamais esqueceu ou esqueceria na sua vida. Poderia ter esquecido tudo dela, mas não os olhos que mudavam de cor. Passou quase todo o caminho olhando para Diana, estasiado. A dama misteriosa parou o carro e virou-se, sorrindo para Arthur, até que o delegado descobriu que entravam em um motel luxuoso. A sua acompanhante piscou o olho.
– Primeiro matamos a sede e a saudade de outra coisa.
– Acredito, Diana – balbuciou, alegre –, que as suas palavras são muito sábias. Você me deixou com muita saudade.
― ☼ ―
A ruiva sentou-se na cama, ainda com a respiração acelerada e os olhos brilhantes. Virou-se para ele e abraçou-o feliz. Diana nunca sentiu tanto prazer antes a não ser quando o conheceu, no último encontro. Não era que ele fosse um atleta sexual e sim algo que era feito com emoção, uma coisa forte e que agia multiplicando os efeitos de tudo, uma paixão avassaladora que a dominava. Desde que o viu pela primeira vez sentiu-se perdida por ele, mas não desejava dizer isso para não se entregar de cabeça.
– Você é maravilhoso – afirmou com um suspiro. – Perfeito e maravilhoso.
– Maravilhosa é você, Diana, linda, sensual, bem especial.
Ela ergueu-se e sentou-se em cima dele, deixando que apreciasse o seu corpo despudorado. Tratou de exibir o sorriso mais sensual que podia imaginar e, depois, foi parando de sorrir bem devagar, fechando os lábios e vendo a sua respiração acelerar um pouco. Ela sabia muito bem o que fazer para provocar um homem e, daquele, desejava tudo. Nunca o deixou notar como tinha ciúmes da mulher e depois da sua colega. Queria Arthur para si e desejava isso com toda a intensidade do seu ser. Por isso, agora com ele ali todo entregue, sentia uma felicidade tão intensa que nem se lembrava direito de quando se sentiu assim pela última vez.
Baixou o rosto e beijou seus ombros, passando as mãos no seu peito. Subiu com os lábios pelo pescoço e encontrou por fim a boca dele, beijando-o, deliciada.
– Vamos tomar um banho gostoso e jantar qualquer coisa – disse ela no seu ouvido, arrepiando-o. – Você me deu fome com tanto exercício e, se fizermos mais uma vez, desmaio.
Na banheira, banhando-se com a Diana, Arthur perguntou:
– Você ainda vai fazer muito mistério para mim, tipo desaparecer mais um mês ou vai dar-me o seu telefone e podemos começar a nos ver com frequência?
– Você gosta mesmo de mim, Arthur? – quis saber Diana.
– Só saberei com toda a certeza, Diana, se me der chance – respondeu. – Tudo o que sei é que sempre evito pensar em si porque, quando penso, quero tê-la nos meus braços e você desaparece quando mais a desejo, como um mistério.
– Estou nos seus braços agora – disse ela. – E você estava com alguém antes, esqueceu?
– É verdade – constatou ele, rindo. – Mas eu falei do tipo para sempre, entendeu? Quando estou perto de você ou penso em você, esqueço que existe mundo. Vai continuar misteriosa para sempre ou terei uma chance?
– Já está tendo essa chance, meu amor.
– Você não é fácil. – Arthur suspirou. – Lá no clube de tiro você chegou sem perfume e quase me enganou, sabia?
– Algo me diz que você não gosta de coisas fáceis – disse Diana, rindo.
– Nisso, você tem uma certa razão, mas não precisava de complicar tanto a minha vida.
– Você é mesmo maravilhoso, meu gato. – Deliciada, Diana riu e abraçou-o com força.
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