Capítulo 9 - parte 5 (em revisão)
Arthur não tinha uma ideia exata do que fazer. Tudo o que sabia era que estava muito magoado. Ele não desejava ir para casa tão cedo e decidiu parar em um bar para tomar algo forte.
Bebeu pouco e foi caminhar na praia, almoçando em um quiosque. Após, acabou indo para casa. Cíntia estava lá, quando ele entrou, e arregalou os olhos, assustada.
– O que houve, Arthur – perguntou incrédula. – Quem foi a criatura capaz de deixar você assim, existe alguém?
– Esqueça...
– Céus, filho, o que aconteceu?
– Nada grave, mãe, Esqueçam. Como está seu pé, Cíntia?
– Ainda dói muito – respondeu. – Eu quis sair para pegar meu telefone que esqueci na empresa, mas não consegui, mesmo com a bota aliviando.
– Vamos – disse Arthur. – Eu levo você. Não tenho nada para fazer. Só me deixe beber uma água e ir ao banheiro.
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– Diga, amor – perguntou Cíntia, olhando para ele. – Por que ela brigou com você?
– Por que acha que foi Anabela?
– Se fosse outro, você estaria na cadeia – respondeu Cíntia, rindo. – Eu sei muito bem com quem me casei. Você jamais deixaria alguém bater assim em si sem o matar de tanta pancada a seguir.
– Não sou o melhor do mundo, Cíntia – disse Arthur muito sério, virando o olhar para ela por uns segundos. – Estou bem longe disso.
– Você é o melhor do mundo aqui – disse a mulher, colocando a mão no seu coração. – Então, o que aconteceu entre vocês?
– Ela pensa que a traí com você. Fiquei sem bateria para avisar e seu carregador era incompatível. Ela me viu chegando com você no colo e você tava tão doidona que me agarrava toda hora e ria. Depois me viu de roupão na janela do quarto, fumando. O que acha que ela pensou?
– Sinto muito – disse Cíntia, triste. – Só arrumei confusão para você. Se eu pudesse consertar tudo, faria isso, mas não tenho o poder de voltar o tempo.
– Esqueça – disse Arthur. – Você é inocente. A minha preocupação é que o culpado está solto por aí e querendo matar você. Aproveitando que estou sem compromisso, vou ficar consigo na sua casa até você melhorar e poder andar.
– Obrigada, meu amor.
– Acho que foi aqui que você bateu o carro – disse, apontando uma árvore marcada e bastantes cacos de vidro no chão.
– Já liguei para o seguro – comentou ela. – Foi perda total. Nem sei como só torci o tornozelo.
– Seu santo é muito forte.
A recepcionista tomou um susto ao ver o estado do policial, mas acabou por trazer o telefone da Cíntia e alguns bilhetes para ela. Arthur agradeceu e retornaram para a casa dela. Enquanto ficou sentada, ele preparou o jantar e ajudou-a a tomar banho.
– Você não vai mesmo deixar eu tirar uma casquinha consigo juntinho embaixo do chuveiro? – perguntou a mulher. – Se soubesse como meu corpo implora por isso!
– Não dá, Cíntia, sinto muito – respondeu. – Hoje não estou bem para isso, ok?
– Desculpe.
Depois que ela se deitou, Arthur pegou um copo e a garrafa de whisky, sentando-se no canto preferido com o seu cigarro. Não demorou muito e a sua amiga virtual misteriosa surgiu. Conversaram um pouco e ele acabou contando da briga que teve com a namorada e que isso o deixou muito triste. Quando se deu conta, já tinham teclado por mais de hora e ele despediu-se, indo dormir.
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Na Vila Isabel, não muito longe dali, outra pessoa não tinha clima para nada. Ela passou a noite anterior chorando e, depois do que fez, ficou ainda pior. Não comia nada há um dia inteiro e, ao que tudo indicava, passaria aquela noite sem jantar.
Sentou-se na cama e pegou o travesseiro dele, que tinha o cheiro da sua colônia. Apertou-o contra o peito e grossas lágrimas corriam pela sua face. Por incrível que parecesse, o que mais lhe doeu foi quando Arthur disse que ela não era digna do seu amor.
Para piorar ainda mais, o pai deu-lhe uma bronca fenomenal e as suas palavras ásperas ecoavam sem dó na sua mente.
– Você viu o papelão que fez, mulher? – gritou tão alto que todos ouviram fora da sala. – Agiu de forma irrefletida contra o meu melhor policial que não reagiu para sua sorte. Aquele homem é uma máquina de matar. Ele mataria em cinco minutos todo o nosso esquadrão, mas você decidiu massacrá-lo e humilhá-lo a ponto dele pedir as suas férias e se afastar para não precisar de revidar para a mulher por quem se apaixonou e que, pelo jeito, não merece essa atenção. Por sua causa, ele vai-se afastar de todos nós quando mais precisamos dele com este maldito caso.
– E por que motivo fez tudo isso? Movida por um ciúme idiota e possessivo? – continuou. – Nem mesmo lhe deu o direito da defesa ou o benefício da dúvida. Que merda de delegada é você que se esquece de uma das nossas leis primordiais?
– Desculpe, pai – respondeu, falando baixo e cheia de lágrimas. – Eu sei que tem razão e confesso que não sei por que fiz aquilo, eu juro.
– A sua sorte é que eu sou seu pai, senão mandava prendê-la por uma semana para aprender a não ser besta – resmungou Heitor, ainda muito irritado, mas mais baixinho. – Você vai ficar com Moisés e faça o favor de se comportar. Agora saia da minha frente e vá limpar esse rosto.
Anabela adormeceu ali mesmo, sentada no chão e abraçada ao travesseiro.
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Dois dias depois, Cíntia estava bem o suficiente para se virar sozinha e Arthur voltou para a casa dos pais. Como prometeu, deixou o carro com ela. Quem não gostou muito foi o filho, que tinha adorado voltar a viver com os pais juntos, ainda por cima com ele em casa, direto, e agora voltava a viver com o pai nos avós.
Arthur decidiu espairecer um pouco e foi passar a tarde no clube de tiro. Estava tão habituado a acertar onde quer que desejasse, que escolheu brincar de forma diferente: olhava para o alvo e depois fechava os olhos para só então erguer a arma e disparar.
Claro que não tinha nem perto da precisão anterior, mas, na média, ainda era muito bom e achou um desafio maravilhoso. Estava de tal forma compenetrado que se assustou quando alguém levantou o abafador e falou ao seu ouvido, deixando-o muito arrepiado.
– Acho que já o vi atirando melhor, Arthur, bem melhor.
– Diana! – ele virou-se para a moça e sorriu, feliz. – Caraca, você sumiu e me deixou triste. Estou muito contente por ver você, sabia?
– Será que está? – Ela riu e aproximou-se tanto que ele sentia seu hálito de menta. – Eu disse que era para se livrar da loira lambida. Livrou-se dela? Se fez isso, ganha o presente especial. Do contrário não.
– Bom, para ser bem honesto, ela é que se livrou de mim!
– Nesse caso ela deve usar drogas, para se livrar de si. – Diana riu e aproximou-se mais, colando nele. – Vai precisar de um presente em dobro para compensar.
– E o que seria? – perguntou ele, sorridente e já aquecido pela proximidade. – Posso saber?
A dama misteriosa colou os lábios nele e pressionou o próprio corpo no delegado, que a beijou com avidez.
– Gostou? – perguntou Diana, quando se afastou. – Eu vinha aqui treinar um pouco, mas acabei de descobrir que preferia ir com você para outro lugar mais agradável, como um bar em Copacabana ou Leblon, vamos?
– Agora mesmo – disse Arthur, guardando a arma na cintura. Sorridente, saiu com ela e ficou espantado quando notou que já era tarde, quase seis horas.
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