Capítulo 9 - parte 3 (em revisão)

Arthur acordou com um beijo nos lábios e abriu os olhos, estremunhado. Viu Cíntia ao seu lado, sorridente, e perguntou:

– Por que fez isso?

– Porque desejei, ora – respondeu, encolhendo os ombros. – O que você acha que eu ia fazer, acordando na minha cama peladinha e com meu delicioso ex-marido do lado no mesmo estado e prontinho para mim? Tinha que aproveitar para tirar umas casquinhas.

Arthur levantou-se e sentou na cama. Foi ao banheiro e vestiu-se.

– Caramba – continuou ela, emburrada. – Esse foi o corte mais rápido que já vi em você. O que faz aqui despido assim se devia estar com sua namorada?

– Você lembra o quê de ontem, Cíntia? – perguntou Arthur.

– Agora que você falou, nada! – respondeu. – Lá vem merda. Tenho o meu marido todo para mim e não lembro o que fizemos só pode ser algum problema.

– Porque não fizemos absolutamente nada, Cíntia – disse ele um pouco mais brusco do que desejava. – Eu fui buscar você no hospital.

– O quê?! – perguntou espantada. Ergueu-se para ir ao sanitário e, quando pôs o pê no chão, soltou um berro.

– Cíntia – disse Arthur. – você teve um acidente de trânsito, muito grave.

– Eu nunca me acidentei na vida, Arthur – respondeu a mulher, ríspida –, nem mesmo quando corria. Que tolice é essa?

O delegado aproximou-se e deu o ombro como apoio, segurando-a pela cintura até ela chegar ao vaso sanitário. Enquanto isso, ia falando:

– Você estava drogada até à alma e o médico disse que escapou por pouco – resmungou. – O que você fez, tentou matar-se?

– Já desejei isso, meu amor, mas nunca teria coragem de fazer algo assim e você sabe que não uso drogas. Caraca, eu quase nem bebo...

– Eu sei de tudo isso e expliquei ao médico – interrompeu o marido, mais calmo. – E por isso penso que tentaram matar você. Se juntarmos isso ao que aconteceu no Natal, a probabilidade aumenta ainda mais.

– Me ajude a ir até à pia, por favor, amor.

– Bem – continuou, levando-a. – O que você fez ontem?

– Almocei num restaurante perto do trabalho, o mesmo de sempre ou quase sempre, e depois fui para uma reunião. Tomei um ou dois cafés e senti-me mal. Pedi para sair e peguei o carro para vir embora. É só o que lembro.

– Vamos, eu vou ajudá-la a se vestir – disse Arthur pegando nela ao colo e sentando na cama.

– Preferia mesmo era outra coisa, mas já que sua cara deixa bem claro que não vai rolar nada, tudo bem – sorriu, amarga. – Pegue um vestido para mim que com esse pé assim a calça vai piorar.

– Vou levar você para casa dos meus pais até melhorar – disse ele, decidido. – Não pode ficar sozinha nesse estado.

– Obrigada, Arthur – disse Cíntia. – Pegue meu telefone, por favor.

– Seu telefone desapareceu – respondeu. – Nos meus pais você liga do fixo. Depois pode usar meu carro até o seu ser arrumado ou o seguro pagar.

Arthur preparou um café da manhã para ambos e levou a ex-mulher para a viatura. Nos pais, a mãe ajudou a instalá-la e ficou pensativa por uns instantes.

– Filho, lembra que você teve uma luxação treinando para uma competição aos dezesseis? – perguntou ela. – Eu guardei a bota elástica e a muleta.

– Boa, mãe. Nunca vou esquecer esse acidente. Fiquei sem poder competir por seis meses. – Arthur foi ao quarto de arrumações e encontrou rápido. Vestiu a bota em Cíntia. – Serviu como uma luva. Ainda bem que você é quase do meu tamanho. Mãe, quando ela melhorar eu disse que pode ficar com meu carro, mas não deixe essa maluca sair assim para dirigir que gosto dele inteiro. Ligue para sua empresa, Cíntia.

Deu-lhe um selinho rápido e saiu. Já estava na rua quando se deu conta de que podia ter aproveitado para ligar para a namorada. Olhou as horas e calculou que ela já devia estar na delegacia ou chegando. Mais um pouco, não mataria ninguém. Acendeu um cigarro e seguiu o seu caminho, pensando na esposa e em quem poderia desejar matá-la, além do motivo.

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