Capítulo 7 - parte 2 (em revisão)
Depois do banho de mar, tomaram uma cerveja no bar para secarem o corpo e voltaram para a Tijuca.
– Faz quanto tempo você não vinha para a praia, amor? – perguntou a delegada, enquanto subiam o Alto da Boa Vista. – Você até parecia criança, uma bem travessa, sapeca e tarada.
– Bastante – respondeu rindo. – E eu precisava de saber como é fazer amor no mar. Culpa sua, que me provocou. Não gostou, gaúchinha? Eu amei.
– Se não gostei? – Anabela riu. – Bah, cara, tenho seis anos de atraso para tirar. Sexo solitário não tem graça.
– Com certeza que não tem. – Arthur também riu.
Anabela levou-o para a casa do pai e ambos desceram para ver a criança. Como Arthur tinha a chave foram entrando e a primeira coisa que surgiu na forma de um furacão foi o pequenino, que se atirou ao colo do pai e abraçou-o com força.
Comovida, Anabela viu lágrimas no seu rosto e ficou imaginando o que o pobrezinho devia sentir.
– Papai – perguntou ele. – Agora mamãe vai embora?
Arthur afastou o filho para poder olhar nos seus olhos e disse-lhe, acariciando a sua cabeça.
– Sua mãe e eu não estávamos dando certo, filho. Eu juro pra você que tentei evitar isso, mas chegou uma hora que não deu mais – explicou, triste. – Mas eu quero que você sempre se lembre que ela é sua mamãe e que ela ama você da mesma forma que eu o amo, entendeu?
Ainda muito abatido, Pedrinho fez um aceno positivo.
– Ótimo, filhinho. Você vai ficar com o vovô e a vovó durante uns dias para se acostumar com a situação, mas eu virei sempre vê-lo e falei com sua mãe hoje para ela vir ver você.
– Papai, você bateu naquele homem?
– Por que quer saber isso, filho?
– Porque ele é o culpado de tudo, eu sei que é – disse, bem convicto. – E depois ouvi o vovô e a vovó falando uma hora. Eles pensaram que eu tava dormindo. Eles disseram que senhor quase matou o desgraçado.
– Não fale assim que é feio e também é feio escutar as conversas dos outros, tá?
– Você vai casar com ela, papai? – perguntou, apontando Anabela.
– Você gosta dela, filho?
– Gosto, mas ela não é a minha mãe.
A delegada aproximou-se e fez um carinho no garoto, sorrindo.
– Pedrinho – disse Anabela. – Sua mãe será sua mãe para sempre e ninguém vai tirar isso de você, nunca. Seu pai e eu somos amigos e talvez um dia a gente possa casar, só que, mesmo se eu casasse com ele, sua mãe continuaria sendo a Cíntia. Eu seria como uma segunda mãe, mas ela vai ser sempre a sua, só sua, da mesma forma que Arthur será sempre seu pai, mesmo que sua mãe case de novo, entendeu?
O pequeno aproximou-se da Anabela e deu-lhe um abraço e um beijo. Os avós, de mãos dadas, assistiram aquilo e sorriram enquanto Arthur deixou escapar uma lágrima.
– Você é muito legal, tia Bela – disse o pequeno. – Se você casar com meu pai eu vou deixar e vou gostar, mas só se você não fazer maldades para ele que nem minha mãe fazeu.
– É fizer maldades que nem minha mãe fez, filho – corrigiu o pai, comovido. – Pedrinho, mamãe não fez maldades com papai, ok? Ela só tinha os problemas dela.
– Fez sim, papai que eu escutei. Não adianta mentir para mim. Eu já sou grande para saber as coisas.
Anabela quase soltou uma gargalhada, mas o pai amaldiçoou Cíntia por isso.
– Tá bom, filho. Quando você crescer mais um pouco vai entender melhor. Eu prometo que ninguém mais fará maldades para mim, tá bom? Eu juro para você que nunca mais deixarei alguém me tratar mal.
Os avós aproximaram-se deles e ela disse para Anabela.
– Você tem um verdadeiro dom de lidar com crianças, filha, porque Pedrinho costuma ser bem arredio com estranhos.
– Obrigada, dona Sara.
– Era psicóloga antes da polícia, mãe – disse Arthur, rindo. Só arrumo confusão para mim. – Pai, você tá usando o meu carro?
– Eu não – respondeu, rindo e encolhendo os ombros. – Tenho o meu!
– Então, vou levá-lo.
― ☼ ―
Anabela adormeceu rápido porque não dormiu direito e os dois abusaram o dia inteiro, mas ele não tinha sono. A casa dela era de um andar só e também tinha um pátio pequeno nos fundos, com uma árvore frondosa e o jardim muito bem cuidado. Viu uma garrafa de whisky na cozinha e serviu-se de uma pequena dose. No pátio, acendeu um cigarro e sentou-se quando o celular vibrou no bolso do roupão. Ele pegou o aparelho e viu que alguém comentou um post dele na rede social, aliviado por não ser a gangue. No comentário, estava escrito: "Esse post é bem você. A sua cara, Arthur." A pessoa que comentou chamava-se Mulher Maravilha, mas ele não a conhecia. Por isso, escreveu embaixo: "Conheço você?"
Guardou o telefone, mas logo apareceu nova mensagem, desta vez nas conversas privadas.
– "Mulher Maravilha: Oi. Desculpe, mas devo ter confundido você."
– "Arthur D.: Tudo bem, não tem problema."
– "Mulher Maravilha: Estive olhando suas fotos, Arthur. Você é muito gato mesmo. Aquelas lutas são de verdade?"
– "Arthur D.: Obrigado, são de verdade, sim. Eu competia quando servia no exército."
– "Mulher Maravilha: Caraca, Arthur, você é gato demais. É casado?"
– "Arthur D.: Separei-me ontem."
– "Mulher Maravilha: Sinto muito. Posso ser sua amiga? Gostei de você."
– "Arthur D.: Mas claro, não vejo por que não poderia" – respondeu, aceitando o pedido de amizade.
– "Mulher Maravilha: Obrigada, Arthur."
– "Arthur D.: E você, como se chama de verdade? Não tem foto, apenas um ícone!"
– "Mulher Maravilha: eu sou a mulher maravilha, uma princesa guerreira, ora. Hahaha."
– "Arthur D.: kkkkkk. Boa noite, vou dormir. A gente se fala outra hora."
– "Mulher Maravilha: Boa noite, Arthur, gostei muito de você. Temos que conversar melhor."
Arthur terminou o cigarro e dava o último gole na bebida quando se viu abraçado por trás, enquanto um corpo macio e quente apertou-o.
– Sem sono, amor?
– Agora voltou o sono – respondeu. – Estava justamente dando o último gole. Acordei você?
– Não, amor. Fui ao banheiro – respondeu Anabela. – Se voltou o sono venha dormir que já me deu saudades.
― ☼ ―
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