Capítulo 6 - parte 3 (em revisão)
– Acho, meu amor, que você deve ficar afastado daqui por algum tempo até pôr a cabeça no lugar. Tudo aqui vai lembrar seu passado e não me parece o ideal para você.
– Basta olhar para o meu filho para lembrar do passado ou, pelo menos, da única parte boa que sobrou dele – disse abatido. Bebeu a água de um só gole, lavou o copo, olhou tudo em volta e saíram.
– Você vai ficar uns dias comigo – disse ela, já dentro do carro. – Falei com seu pai e ele vai cuidar do Pedrinho. Você precisa de estar em paz para enfrentar isso e o que vem pela frente. Além disso, a poeira tem que baixar um pouco.
Arthur não respondeu. Apenas sentou-se e acendeu um cigarro, colocando a mão para fora da janela. Anabela conduziu de volta para a delegacia, mas antes deixaram a mochila do Arthur na casa dela. Na polícia, encontraram Miguel.
– Você ficou mesmo zangado, mano – disse ele, sacudindo a cabeça. – A boa notícia é que Cíntia já recuperou a consciência e o cara vai ficar uns dias de molho, mas não é nada grave. Umas costelas quebradas e muitos, muitos dentes arrancados. Desconfio que você cumpriu a promessa que fez na joelharia. Ela disse que foi acidente e ele ainda tava apagado quando saí.
– Valeu, Miguel.
– Bem-vindo à liberdade, mano – disse, batendo no seu ombro. – É pena que devem ter estragado seu dia, mas é melhor que ficar sendo enganado sempre.
Arthur não respondeu, apenas olhou nos olhos do amigo e saiu. Anabela jogou-lhe as chaves da viatura.
– Você fica encarregado do caso por uma semana. Heitor mandou Arthur folgar e que eu cuidasse dele.
– Epa, você que tá no lucro, Belinha...
– Você acha, chocado como ele ficou? – perguntou, séria. – Eu vou lá. Qualquer coisa você manda mensagem para mim e não para ele, ouviu bem?
– Sim, chefinha querida. Pare de fumar que caso com você agora mesmo. – Miguel riu, mas depois ficou sério e continuou. – Cuide dele.
Ela encontrou Arthur saindo da sala do pai e acompanhou-o para a rua. Para variar, ele acendeu um cigarro e encostou-se num canto, pensativo. Quando a viu seguindo atrás dele disse:
– Eu já lhe disse que você não precisa de se preocupar comigo, Belinha.
– Eu sei, Arthur – respondeu, aproximando-se. Anabela abraçou-o com força e encostou a cabeça no seu ombro, ficando quieta. Em pouco tempo o amigo envolveu as suas costas num abraço carinhoso e disse:
– Seu cheiro é muito gostoso e este seu abraço talvez tenha sido a melhor coisa que tive nos últimos dias, em especial o de hoje.
Anabela não resistiu e sentiu as lágrimas caindo. Ergueu o rosto e beijou-o com paixão. Quando se afastaram, Arthur secou sua face e afirmou:
– Acho que, se era para alguém estar chorando, esse alguém deveria ser eu, meu anjo, mas você não só fica terrivelmente sexy quando está atirando; quando chora também fica, mas o problema é que não suporto ver uma mulher chorar, então que tal parar?
Anabela não pôde deixar de rir um pouco e disse baixinho.
– Amo você, Arthur.
Ele não respondeu na hora, apenas a apertou um pouco mais. Ao fim de algum tempo, disse:
– Queria muito amá-la, Anabela, mas primeiro preciso de colocar a minha vida nos eixos. Acho que sabe disso. Mas prometo que nunca deixarei de estar ao seu lado.
– Tá bom, mas ainda te amo – ela riu. – É bom voltar a amar alguém, mesmo que nestas circunstâncias. Me sinto viva.
– Bem, o que vamos fazer agora?
– Vamos passear um pouquinho na praia para relaxar. Tomamos alguma coisa, almoçamos, vamos para a minha casa arrumar as suas coisas e depois voltamos para a festa.
– Pelo menos sei de um que vai precisar comer mingau na festa, no Natal e no réveillon – disse, bem sério e ela riu.
O dia transcorreu tal como planejado. Arthur mantinha-se calmo, quieto e aparentava estar em paz consigo mesmo. Ele precisou de admitir a si mesmo que a ausência da Anabela seria muito mais pesada que a esposa, uma vez que a policial era uma companheira perfeita.
Após o almoço eles pegaram um táxi para a casa dela e arrumaram as coisas num canto do armário. A moça começou a se despir e disse:
– Vamos tomar um banho rápido para refrescar um pouquinho. – A seguir passou a despi-lo.
Depois do chuveiro, deitaram-se e dormiram um pouco, mas foram logo acordados pelo telefone dela tocando. Quando desligou, Anabela sorriu e abraçou o amigo.
– Meu carro tá pronto – disse. – podemos pegá-lo antes de irmos para a festa.
– Sabe, não sei se estou com vontade de ir nessa festa.
– Claro que está – disse ela. – Mostre para todo mundo que você sabe encarar um revés.
– Hum, sei não – disse sorrindo. – Mas posso reconsiderar se uma certa gata terrivelmente sexy me convencer bem...
Não conseguiu terminar a frase, mas, às dezoito horas, ambos pegavam um táxi para a oficina.
Como era cedo quando chegaram, passaram em um barzinho e tomaram alguma coisa. Não demorou muito e apareceu Miguel, que tinha ligado para Anabela, juntando-se a eles. Na hora combinada, foram para a confraternização e Miguel ficou à espera da namorada.
Arthur não estava com espírito para festas e confessou a si mesmo que preferia ficar com Anabela em algum lugar quieto e isolado, sem falar que ele também estava meio irritado com a atenção que os colegas lhe davam. Por isso, sentou-se em um canto e ficou apenas bebendo e comendo alguns petiscos, mas acabou bebendo demais.
Quando começaram as músicas e vários deles pegaram a garota para dançar, Arthur levantou-se e foi embora, procurando um bar calmo e tranquilo, achando sem dificuldades, já que estava em Copacabana.
Ele não se deu conta quando foi que ficou tão bêbado que nem se coordenava direito, mas o fato é que alguém o colocou em um táxi e ele foi para casa.
– Daí, acordei agora e aqui – exclamou ele, encolhendo os ombros.
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