Capítulo 5 - parte 2 (em revisão)

– ... olha ele aí. – Arthur ouviu Miguel dizendo. Aproximou-se e disse:

– Desculpem a demora.

– Tá tudo bem? – perguntou Miguel, aspirando o ar. – Caraca, eu conheço esse cheiro!

O delegado tratou de se afastar um pouco, mas o amigo já sorria, com ar safado. Aproximou-se dos colegas e pediu para Janjão distrair Anabela enquanto falava com Arthur.

– Muito bem, mano, cadê a gata? – perguntou.

– Que gata?

– A nossa querida e belíssima dama misteriosa – respondeu Miguel. – Acha que me esqueceria desse perfume?

– Bem que eu queria... – disse Arthur, ficando muito vermelho e sendo interrompido.

– Não enrola, meu velho. Você tá mais vermelho que um pimentão – riu de novo e Arthur olhou de lado para ver Anabela que estava entretida com os colegas. – Pedi para o Janjão distrair a gaúcha. Desembuche.

– B... bem, esbarrei nela quando saía do banheiro e ela escorregou, assustada. Daí segurei-a no ar.

– E?

– Caraca, cara, tô me sentindo o rei dos cafajestes e você não me ajuda em nada. Tá bom, entramos no banheiro dos deficientes físicos, mandamos ver e eu tô perdido, cara. Ela é tudo de bom!

– Não caia na besteira de se apaixonar, seu tolo – ameaçou Miguel. – Você não a conhece, nem mesmo sabe o nome...

– Diana – disse Arthur, sonhador.

– Diana?

– Sim, o nome dela é Diana.

– Cê tá fodido, meu – exclamou Miguel. – Tenho até pena do que ela vai lhe fazer. Pelo menos o nome é lindo.

Anabela aproximou-se e sorriu para Arthur.

– Quer atirar? – aspirou o ar e continuou. – Mas bah, que perfume maravilhoso, o que é?

– Não faço ideia – respondeu, encolhendo os ombros. – Segurei uma mulher que escorregou e o cheiro ficou na minha roupa.

– Vai atirar ou não?

– Não – respondeu Arthur. – Não estou com cabeça para isso e tenho que sair meio cedo para pegar o meu filho.

– Você me larga em Ipanema, Arthur? – pediu Miguel.

– Claro – respondeu. – Na volta, pego o Rebouças. Sem stress.

– Vamos tomar umas cervejas antes, gente – disse Moisés, guardando a sua arma.

― ☼ ―

Largaram Miguel na rua desejada e seguiam para a lagoa Rodrigo de Freitas de forma a pegarem o tunel.

– Sabe, meu gato – disse Anabela. – Você não me convenceu com a história da queda da mulher. Me dê um cigarro que acabou o meu.

– Acredite no que quiser, Anabela.

– Não se zangue – pediu sorrindo. – Sei que não sou sua dona e não estou zangada, mas tenho um ciúminho bobo. Acontece que eu vi uma pequena mancha de batom no seu pescoço. Não seria, por acaso, a tal mulher misteriosa de cabelos cor de fogo?

Arthur vacilou e ela notou, sorrindo. Mas antes de conseguir fazer qualquer comentário, ele respondeu:

– Era ela sim. Ia cair um tombo feio, quando a segurei. Agradecida, me abraçou e depois beijou.

– Pelo menos agora a sua explicação combina com seu estado de nervosismo – disse ela, rindo. – O que uma mulher pode fazer hein?

Para felicidade do Arthur, foram interrompidos pelo rádio, que alertou:

– "Atenção, viaturas perto de Copacabana. Assalto em andamento na Siqueira Campos. Alarme silencioso disparado. Suspeita-se da gangue da risada. Câmbio."

– Seis zero oito a caminho – berrou Arthur para o microfone.

– "Confirmado, seis zero oito, mas você não está de serviço! Câmbio."

– Estamos perto, em dois e bem armados, central. Chame reforço. Câmbio e desligo.

Arthur ligou a sirene e fez a viatura dar uma guinada violenta para a direita.

– Credo, guri – disse ela, rindo de nervosa. – Veja se não nos mata.

A viatura ia rápida demais e Anabela estava um pouco assustada, mas não dava o braço a torcer. Quando entraram na Siqueira Campos, seu colega desligou a sirene.

– Pelo menos a via está com pouco movimento – disse ele, ainda em alta velocidade e sem tirar o pé. – Olhe eles ali, entrando no Mustang.

Arthur mudou para a contramão para fechar o carro pela frente, mas o motorista começou a dar ré com toda a potência do motor, que rugia de forma assustadora.

– Filme com seu celular, Anabela – gritou ele, pegando o microfone. – Seis zero oito solicita auxílio. Em perseguição a criminosos que fogem pela Siqueira Campos em direção ao litoral. Mustang preto, sem placa, aparentando ser turbinado. Precisamos de várias viaturas para um cerco.

O carro preto corria de ré quando o delegado jogou a viatura para bater nele, mas o piloto dos criminosos, prevendo isso, fez seu carro dar meia volta de forma espetacular. Arthur acionou a sirene e acelerou o máximo que dava, só que perdia terreno para o carro esportivo. A sua esperança eram as ruas movimentadas onde não poderiam correr tanto. O veículo ainda não estava muito longe quando o piloto deu uma guinada e entrou na Barata Ribeiro. Anabela olhou o velocímetro e sentiu um arrepio correr a sua espinha quando viu que estavam a cento e vinte.

– Pegue o microfone e avise as viaturas, rápido.

– Aqui seis zero oito, delegada Anabela – disse. – Criminosos entraram na Barata Ribeiro para Ipanema, câmbio.

– "Confirmado, seis zero oito. Viaturas um cinco três, sete sete sete e nove dois oito estão em rumo de interceptação. Tudo em ordem? Câmbio."

– Se eu sobreviver sim – resmungou ela quando viu que Arthur não reduziu a velocidade e entrou voando baixo na Barata Ribeiro com todos os pneus chiando. Com o aumento do trânsito conseguiram ganhar terreno e estavam a menos de cinquenta metros.

– Você vai nos matar – disse Anabela. – Pelo amor de Deus, eu ainda desejo casar e ter filhos. Onde foi que aprendeu a dirigir assim, seu maluco?

– Casado com uma ex-piloto de corridas, a melhor do Brasil, o que acha que eu ia aprender? – respondeu ele. – Esse cara é bom demais. Eu jamais conseguirei pegar a menos que ele dê um azar muito grande. Acho que nem a Cíntia o pegaria, não com este carro.

– Aquela maluca é piloto? – perguntou. A seguir disse, gemendo. – Ai, ai, ai, ai. É agora que a gente morre. Ai, meu santinho, juro que tô arrependida de todos os meus pecados... você vai matar a gente, Arthur.

– Foi, há uns anos, quando casamos – respondeu, lacônico.

Terminou de falar e fez a viatura rodar de novo para entrar em uma nova rua, enquanto Anabela passava o rádio informando o itinerário. Agora a distância já era de quase cem metros.

– Peça suporte aéreo pra ontem ou vamos perdê-los.

– Central, seis zero oito solicita auxílio aéreo urgente. Câmbio.

– "Negativo, seis zero oito" – disse a Central. – "Não há equipamento disponível. Estão na zona norte dando apoio a um tiroteio com traficantes. Vamos ver se a PM pode ajudar, câmbio."

O carro desapareceu da vista deles em uma nova curva espetacular e Arthur soltou uma grande praga. Quando ele entrou na mesma rua em uma velocidade absurda, deixando Anabela petrificada de medo, já não havia mais sinal do Mustang.

Reduziram a velocidade e começaram a olhar todas as transversais, prestando atenção em tudo, mas nada dos criminosos. Arthur pegou o rádio da mão dela e disse:

– Seis zero oito informa: criminosos entraram na Santa Clara e desapareceram da vista. Nossas viaturas não têm motor para alcançar sem apoio aéreo, câmbio.

– "Entendido, seis zero oito" – disse a central. – "Tem equipe no local do roubo. Pretendem averiguar, ou pegar tudo amanhã?"

Arthur olhou para a amiga e ela correspondeu ao olhar. Ele acionou o microfone e disse:

– Seis zero oito a caminho do local do roubo para averiguação e levantamento. Câmbio final. – A seguir, pegou o telefone e ligou para a esposa. – Oi, Cíntia, estávamos em perseguição à gangue da risada que acabou de cometer mais um assalto. Nós vamos para o local do roubo ver mais detalhes e podemos demorar mais que o previsto. Você pode pegar Pedrinho?

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