Capítulo 3 - parte 3 (em revisão)

Arthur entrou em casa e Pedrinho correu para o seu colo, todo contente. Após beijar o pai, desceu de volta para o desenho animado e ele subiu para o quarto. Tirou as roupas e foi tomar banho. Saiu enrolado na toalha e viu a esposa sentada na cadeira ao lado da cama, onde antes ficava o berço do filho deles até ao final do primeiro ano de vida.

Ela olhava para ele, mas não disse nada e Arthur pensava que a esposa sabia que pisou na bola, só que o orgulho não a deixava admitir o erro.

– A próxima vez que você me desmoralizar na frente dos meus colegas, Cíntia, não irei impedir a sua prisão. Tudo tem os seus limites, tudo, até eu. Nunca na minha vida fiz alguma coisa para a deixar desse jeito, mas estou cansado de ser saco de pancada e uma hora destas vou-me embora desta casa e só nos veremos na frente de um juiz. Afinal não sei para que mantemos este casamento se você nem mesmo o deseja. Tudo o que tínhamos de mais maravilhoso, você foi jogando na privada e dando descarga, até que sobrou apenas o nosso filho, que não cabe nela, senão acho que até isso você jogava.

Terminou de se vestir e desceu, deixando a mulher sozinha e calada. Esquentou o jantar com o filho e comeram. Não demorou muito e a mulher apareceu. Apesar de ter disfarçado muito bem, Arthur viu marcas de choro nela e isso deixou-o ainda mais confuso.

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Cíntia sentia-se demasiado infeliz e sabia muito bem que talvez fosse melhor separar-se do marido, mas um outro lado seu não lhe permitia nada disso. Havia vários fatores responsáveis pela sua mudança, mas ela não desejava aceitar nenhum, muito menos contar para Arthur.

Desamparada, viu que as lágrimas começaram a rolar pela sua face e correu para o banheiro de forma a não ser vista caso ele voltasse. Viu as roupas jogadas no chão e cheirou-as para ver se não tinha cheiro de mulher e concluiu que nada aconteceu, apesar de ter chegado quase duas horas mais tarde que o usual.

Com tristeza, admitiu que ele sempre foi dedicado e fiel, um marido perfeito, o que lhe complicava tudo. Se ele ao menos fosse como os policiais brutais que apareciam nos filmes da televisão, se a tratasse mal ou ao filho, mas não, o único que tratava alguém mal era ela e sabia muito bem disso.

Segurou as lágrimas, arrumou-se e desceu, vendo pai e filho brincando na cozinha, ambos tão parecidos. Naquele momento, o que mais ela desejou foi a desculpa da não existência. Como já tinha jantado, ficou na sala e ligou a televisão.

Uma notícia chamou-lhe a atenção, um grande assalto a uma transportadora de valores, em São Paulo, e ela reconheceu a empresa como uma das seguradas da sua companhia.

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Arthur já tinha terminado de jantar e arrumavam as coisas quando ouviu a notícia na sala porque a mulher levantou o volume para prestar atenção aos detalhes. Aproximou-se para ver a notícia, impressionado com a ação ousada dos criminosos que mais pareciam militares.

O telefone da Cíntia tocou e ela atendeu de imediato.

– Oi, Sílvio...

– Sim, estou vendo agora mesmo... não me diga uma coisa dessas!... dois dias?... está bem, falarei com Arthur.

Desligou e olhou para o marido, dizendo:

– São nossos clientes – explicou. – Querem que eu vá para lá amanhã e volte depois de amanhã. Já me reservaram passagem e hotel.

– Tudo bem – respondeu Arthur. – Eu cuido do Pedrinho. Amanhã vamos para o clube de tiro, mas combino com meu pai e volto mais cedo. Só cuide o que vai dizer por lá, senão acaba é hospedada no xilindró paulista e não tenho jurisdição lá para poder salvar sua pele.

– De... de... desculpe – disse após alguns segundos. – E obrigada.

– Ok. Vou pôr Pedrinho na cama e também vou deitar que o dia foi muito cheio hoje. Boa noite.

– Boa noite – disse ela.

– Boa noite, mamãe – disse o pequeno, abraçando e beijando a mãe. – Amo você.

– Também te amo, filho.

– Taí algo que não escuto faz tempo – disse Arthur subindo a escada com o filho no colo.

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Cíntia voltou a ter vontade de chorar quando ouviu aquilo e segurou-se com todas as forças.

Viu o noticiário até ao fim e depois começou um filme que ela queria assistir, mas, na metade, desistiu porque a sua cabeça era um turbilhão. Foi para o quarto e trocou-se, deitando na cama. Viu Arthur adormecido em sono profundo e encostou-se a ele, sentindo seu corpo quente e forte. Devagar, acariciava-lhe os cabelos para não o acordar.

– Amo você, Arthurzinho. Nunca se esqueça disso, haja o que houver – disse, beijando-o no pescoço e adormecendo.

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