Capítulo 17 - parte 3 (em revisão)
Arthur escolheu uma pequena capela na Vila Isabel mesmo. Ele não era religioso, mas a noiva, embora não praticasse, era. Naquele sábado de manhã, quase todo o contingente da delegacia de Copacabana estava ausente do serviço, sentado na igrejinha.
Anabela, apesar de já se ter casado antes, estava que era uma pilha de nervos, ajudada pelo pai e a mãe, que veio com a outra filha de Porto Alegre porque eram separados.
Arthur esperava no altar quando ela entrou, deixando-o sem fôlego de tão bonita que estava. Atrás dela, que vinha conduzida pelo pai, a dama de honra seguia e o Pedrinho transportava as alianças. Os padrinhos seriam Moisés da parte dele e Janjão escolhido a dedo pela noiva. As madrinhas eram a irmã e uma colega do Arthur.
A cada passo que ela dava sobre o tapete vermelho, mais estasiado ficava a olhar para a noiva, toda de branco, e o pai murmurou, debochado.
– Feche a boca, filho, ou você engole uma mosca.
– Fala sério, pai. Olha só como ela está linda!
– Eu sei, filho, eu sei.
Anabela finalmente chegou e Arthur cumprimentou o sogro, que lhe deu a mão da filha enquanto os pais afastavam-se e os padrinhos colocavam-se ao lado do casal, um pouco atrás. A música parou ao mesmo tempo que ele murmurava:
– Você está linda de morrer, Belinha.
– Você que tá, amor, pena que o médico...
O padre interrompeu e começou o sermão tradicional dos casamentos e, quando chegou à parte do "falem agora ou calem-se para sempre", olhou para os presentes. Arthur sentiu o sangue gelar ao ouvir uma porta abrir e nada menos do que umas duas ou mais dúzias de pistolas sendo destravadas e engatilhadas. Assustado, olhou para Anabela.
– Merda – murmurou ela. – No próximo casamento virei armada.
Devagar, viraram-se para se depararem com a mais inusitada das cenas:
Na porta da igreja estava um homem que ele reconheceu ser o advogado da Diana e que tinha sido convidado para o casamento e todos os policiais presentes apontavam cada um uma pistola para ele. Tremendo muito, o jurista disse, erguendo as mãos:
– A... a... acho que me atrasei um pouco por causa do trânsito. Desculpem.
– Tem alguma coisa contra este casamento? – perguntou o padre, fazendo uma careta para os policiais. – Se tiver diga agora ou cale-se para sempre
– N... n... não, de forma alguma – respondeu. Olhou para os policiais, que ainda apontavas as pistolas, e continuou. – E, se tivesse, continuaria calado, senhor, não me leve a mal.
– Os senhores querem fazer o favor de guardar essas armas que isto aqui é a casa de Deus? – pediu o padre, irritado.
Arthur e Anabela entreolharam-se e riram. Após o beijo do encerramento da cerimônia, foram para a festa organizada pelos pais do casal em um clube próximo.
― ☼ ―
Alguns meses depois:
Seguindo pela avenida das Américas, na Barra da Tijuca, era possível ver diversos prédios modernos e belos com os mais diversos tipos de empresas. Contudo, entrando por uns dos seus retornos em direção ao mar, existia uma rua pequena e simpática, bem arborizada com alguns prédios comerciais no início e, a seguir, apenas casas e condomínios horizontais. Cerca de dois quarteirões afastado da principal via da Barra, um pequeno edifício de seis andares e novo em folha destacava-se em relação ao resto pela sua beleza e simplicidade. Era um prédio todo coberto de um vidro verde que lembrava mármore e a sua estrutura ecológica permitia que ele gerasse a maior parte da própria eletricidade que consumia, além de água quente solar e trocas de calor que mantinham a temperatura interna amena. No pórtico de entrada uma placa singela dizia: "Fundação MD de Amparo ao Policial, Familiares e Vítimas de Criminosos."
De frente para a entrada, Arthur e a esposa olhavam o prédio acabado de inaugurar. Nos braços dela, a filha de apenas um mês, dormia serena. O ex-delegado puxou Anabela pela cintura e sorriu, entrando com ela no prédio e chamando o elevador para a sala deles, no último andar.
– O nosso novo emprego, Belinha – disse ele. – Oficialmente, começamos hoje.
– Será que você não vai ficar entediado, carioquinha? – perguntou ela, rindo. – Vai ser bem monótono, comparado com a polícia.
– Só saberemos no futuro, amor – respondeu Arthur, beijando-a com doçura. – Amo você.
― FIM ―
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