Capítulo 17 - parte 2 (em revisão)
– Você prefere viver em Copacabana numa mansão enorme e linda, mas afastado do mar, ou naquele apê da Barra na frente do mar? – perguntou Arthur, após jantar.
– Acho que nosso filho ia gostar mais de viver na frente do mar e a nossa filha também – brincou Anabela. – Então talvez a Barra seja melhor escolha. Por quê?
– Porque a casa da Maria agora também é minha, esqueceu?
– O que você quer, Arthurzinho?
– O que você decidir, Belinha – disse ele.
– Amor – insistiu Anabela, beijando-o. – Eu sei que você quer me agradar, mas eu não quero que tome as decisões apenas para minha satisfação. Tem que ser bom para nós dois.
– Xi, a psicóloga atacando novamente – disse, rindo. – Façamos o seguinte; quando eu sair daqui, vamos ver a mansão e, se não for do nosso agrado, em conjunto, vejo se os meus pais não querem viver lá.
– Ótimo, amor, confesso que gosto daquele apê.
― ☼ ―
Arthur e Anabela estavam no quarto do hospital e o médico decidiu que ele passaria a noite ali para ter alta no dia seguinte, apesar de já não correr riscos. Juntos, conversavam e faziam planos quando o quarto foi invadido por um bando de policiais, com o chefe encabeçando a lista. Após os hurras e abraços, Arthur disse:
– Acho que vocês devem ter morto metade do hospital de medo ou susto, entrando em bando e de distintivo no pescoço. Deve haver gente pensando que sou um criminoso perigoso.
– Ora, irmãozinho – disse Janjão, fazendo-se de sério. – Não queriam deixar a gente entrar por causa do horário, então chamei reforços.
– Obrigado por virem, galera – disse o delegado, sorrindo. – É bom ver os amigos e saber que se está vivo.
– E aí – disse Moisés. – Quando sai o casório?
– Se você arrumar um padre e o pai dela autorizar, caso agora mesmo – respondeu o amigo, brincalhão.
– E aí chefe, como vai ser? – perguntou Janjão. – Vai liberar o casamento ou não?
– É só trazer o padre, João – respondeu Heitor, rindo. – Bem, minha gente, vamos deixar o bom delegado se recuperar que vocês também têm trabalho a fazer.
Os amigos despediram-se e Arthur disse:
– Chefe, fique mais um pouco que preciso falar com o senhor.
― ☼ ―
Quando todos saíram, Heitor foi o primeiro a quebrar o silêncio:
– Suponho que você quer pedir baixa, filho – disse, falando sério. – Isso me entristece e gostaria que reconsiderasse.
– Não posso, chefe – disse o delegado. – Matar a Maria me abalou muito, sem falar que eu quis caçar e acabar com o desgraçado do Miguel. Deixei de agir como um policial para me portar como um reles vingador e a corporação não merece isso.
– Ninguém é perfeito, Arthur, sem falar que você jamais errou antes e é o meu melhor elemento. Vou ficar seriamente desfalcado!
– O senhor tem gente bastante boa lá dentro, chefe, e sabe muito bem disso.
– E o que pretende fazer da vida, se sair da corporação? – perguntou ele. – Droga, Arthur, você é o meu melhor homem.
– Eu tenho uma fortuna apreciável e vou usá-la para fazer uma coisa que ainda não encontrei. Vou criar uma fundação que objetiva ajudar policiais e familiares que tenham sido de alguma forma vitimados. Quantas crianças ficam desamparadas quando o pai ou mãe são mortos e passam a receber uma merreca de pensão, sem falar na ajuda jurídica, psicológica, médica e por aí afora. Eu e Belinha vamos casar e nos dedicaremos a isso.
– Ora, meu filho, isso é algo muito nobre da sua parte e fico feliz por vocês – disse Heitor, sorrindo. – Bem, eu vou indo e veremos isso quando estiver bem. Até mais.
– Chefe, como sabia que eu queria pedir baixa?
– O advogado do testamento esteve na delegacia procurando você e falou comigo, então eu sabia da herança. O resto foi suposição. – Atirou um beijo para a filha, sorriu e saiu.
– Amor, você não quer ir para casa descansar? – perguntou Arthur, atencioso. – Eu sei que aqui é desconfortável e...
– Nem pensar que eu saio de perto de você, carioca metido. É só eu me afastar um pouco e você arruma confusão na hora – disse, um pouco explosiva. Quando viu a cara dele deu uma boa risada e continuou. – Amo você, Arthur.
― ☼ ―
Uma semana depois, Arthur foi para a delegacia e seu semblante nunca esteve tão alegre. Entrou de mãos dadas com a delegada e os colegas aplaudiram-nos de pé, inclusive os dois superiores. Surpreendido, ele descobriu que os colegas tinham preparado um café da manhã especial em grupo para toda a equipe. Ele sorriu e sacudiu a cabeça.
– Obrigado, gente – disse o delegado. – É muito bom saber que tenho ótimos amigos.
– E quando sai esse casamento? – perguntou Janjão com a sua voz sempre retumbante. – Você não tá enrolando a minha amiga Belinha, não é?
– Será em duas semanas e estão todos convidados – respondeu Arthur. – Mas como você já foi padrinho, agora é a vez do Moisa, ok?
Anabela, quando ouviu isso, tomava um gole de refrigerante e não deu outra: engasgou-se no mesmo instante. Enquanto os colegas batiam nas suas costas e ela, arquejante, tentava respirar, Arthur ria do seu rosto vermelho.
– Pera aí, eu não me lembro de ter marcado um casamento para daqui a quinze dias. Vou casar sem saber?
– Sabe o que foi, amor? – disse Arthur aproximando-se. – Eu aproveitei esta semana de molho e ajeitei as coisas. Mas faltou algo.
– Faltou? – perguntou espantada. – O que tu tá falando?
Artur aproximou-se dela e falou:
– Sabe que as coisas meio que fugiram do controle e acho que faltou uma coisa, quando pedi você, né? – Ele chegou bem perto da noiva e ajoelhou-se devagar enquanto Anabela arregalava os olhos. Tirou uma caixinha do bolso e abriu, virada para a delegada e mostrando um lindo anel de brilhantes. – Gaúchinha, você aceita casar comigo daqui a duas semanas?
Nenhum dos presentes esperava por isso e o silêncio era completo. Emocionada, Anabela ajudou Arthur a se erguer e atirou-se ao seu pescoço, beijando-o enquanto os companheiros gritavam e batiam palmas.
Fazendo uma careta de dor que não conseguiu disfarçar, ele perguntou:
– É um sim, meu amor? – deu um gemido e disse. – Cuidado, pelo amor de Deus que dói demais.
– Pode ter a certeza, Arthur – respondeu enquanto ele lhe punha o anel. – Desculpe ter batido no ferimento.
Voltaram a se beijar e ela até esqueceu de comer, apreciando o anel de noivado. Depois ergueu o rosto e fez cara de brava, falando de forma ameaçadora:
– Não se atreva a morrer em seis semanas, viu? – A seguir fez beicinho e emendou, com voz manhosa. – Eu morreria se algo acontecesse a você, Arthurzinho. Tenho a certeza que não suportaria aquilo tudo de novo.
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