Capítulo 16 - parte 7 (em revisão)
– Acelera essa coisa, Moisés, pelo amor do meu filhinho – pedia Anabela, desesperada. – Acho que nem tenho mais medo de velocidade, mas estou com um pressentimento horrível!
– Estamos quase chegando, Belinha – disse Moisés. – Prepare a sua arma e fique de olho aberto. Faltam apenas cem metros e agarre-se que vou subir o canteiro para cortar caminho.
Assim que entraram no Viaduto São Cristóvão, Anabela berrou:
– Ali o carro dele, no estacionamento.
Moisés desligou a sirene e fez uma manobra ariscada, para não precisar de ir até ao retorno que lhes ia tomar preciosos segundos.
Angustiada, Anabela viu Arthur levantar-se rapidamente, como que para atacar Miguel de surpresa, mas recebeu uma pancada tão forte que voou para trás. Com um grito de desespero, ela viu que a camisa do noivo estava empapuçada de sangue.
– Ele está ferido, Moisés – berrou, aflita. – Rápido pelo amor de Deus.
O delegado entrou de soco e parou ao lado do carro do amigo. Ambos abriram as portas e Anabela gritou, apontando a arma enquanto o criminoso por sua vez apontava a pistola para Arthur.
– Parado, Miguel – ergueu a arma para a cabeça dele. – Largue a arma ou mato você.
Miguel virou-se para os dois, rindo, enquanto Arthur arrastava-se para ver a ex-mulher.
– Atira, Belinha, vai – disse ele.
– Atire na garganta, Belinha – disse Moisés. – Foi assim que Arthur matou a garota do atentado e a roupa é a mesma.
– Acho que Arthur já deve ter tentado isso e nem mesmo eu atiro tão bem quanto ele, Moisés – disse Anabela. – Alguma ideia adicional?
– Distraia ele que vou tentar atropelar o desgraçado – sussurrou. – Atire, faça qualquer coisa para distraí-lo.
Anabela disparou e ele apenas riu, até que apontou a pistola para Arthur.
– Você quer vê-lo vivo, Belinha? – perguntou Miguel. – Tem cinco segundos para sair daí e ficar ao lado do seu amante. Um, dois...
– Tá bom – disse ela, erguendo-se. – Estou indo.
– Não faça isso, meu amor – pediu Arthur, aflito. – Ele vai matá-la.
– Se eu não for, mata você – respondeu a noiva. – Tudo bem, Miguel, você venceu.
Anabela aproximou-se e parou ao lado do delegado, um pouco à sua frente. Simão ria muito.
– Que lindo, este triângulo amoroso – disse, sacudindo a cabeça. – E você, Arthur, como sempre tem as mulheres a seus pés e dispostas até mesmo a darem a vida por você. Largue essa arma, Belinha.
Anabela jogou a pistola no chão e Miguel berrou para Moisés.
– Moisés, meu capacete tem visão periférica. Se entrar nesse carro para me atropelar, vou matar estes aqui e ainda vai dar tempo de matar você depois, entendeu? Então fique bem quietinho assistindo enquanto me divirto.
Arthur aproximou-se da noiva, ficando atrás dela. Pegou a sua cintura e disse:
– Simão. – Por um segundo parou de falar e agarrou-se a ela, aflito com as dores e tontura. – Você não assistiu todas as aulas de estratégia militar no exército, eu suponho.
– Só assistia o que me interessava, por quê? – questionou, enrugando a testa. – Vai inventar alguma tática milagrosa e salvadora só porque você era o CDF que nunca faltava?
– Sabe como fui ferido? – perguntou Arthur. – Deu-se ao trabalho de verificar o que aconteceu?
– A sua queridinha ruiva atirou em você e a bala atravessou a porta do carro – respondeu, gozador. – Que coisa mais hilária, a sua namoradinha de infância foi quem quase o matou e você, em troca, matou ela. Bem, já agora me diga por que deseja saber isso.
– Não lhe ocorreu que eu não poderia ser ferido com uma arma normal através de uma porta?
– Eu sei muito bem – respondeu –, e daí?
– Daí – respondeu Arthur, erguendo o revólver da Diana que estava nas costas da noiva, enquanto Anabela preparava-se para saltar apara o lado –, é que, em estratégia, quando se está em posição numericamente inferior, não se pode, em hipótese alguma, deixar dois inimigos enfileirados. Você não vê o que o de trás faz.
Anabela saltou para o lado e Arthur disparou a ponto cinquenta. O estrondo foi enorme, comparado à nove milímetros, e Miguel voou quatro metros para trás, caindo de costas. O segundo disparo quase decepou-lhe a mão da arma e o terceiro Arthur atirou no capacete de raspão para destruí-lo sem matar o oponente.
Aproximaram-se e viram Miguel, ferido de morte com um buraco grande no abdômen por onde o sangue jorrava aos borbulhões.
– Perdeu, mané – disse Arthur, soprando o cano. – Uma ponto cinquenta fura isso fácil, fácil.
Terminou de falar e caiu, inanimado. Desesperada Anabela deu um grito e agarrou-se a ele, mas viu que estava com pulso. Moisés aproximou-se da Cíntia e gritou:
– Belinha, me ajude a colocar Cíntia e Arthur no carro. Tem um hospital a cinquenta metros daqui.
– Vamos pôr um em cada carro – disse ela. – Eu dirijo o dele.
Nem cinco minutos depois saiam a correr enquanto uma equipe da delegacia de São Cristóvão, chegava após receber um aviso pelo rádio.
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CDF – Sigla para Cu De Ferro. Alusão aos alunos que estudavam tanto que precisavam ter um traseiro de ferro para aguentarem ficar sentados tanto tempo. Trata-se de uma gíria depreciativa.
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