Capítulo 16 - parte 5 (em revisão)
Assim que Arthur entrou no seu carro e já se preparava para sair, o telefone voltou a tocar Ele olhou o visor e atendeu de imediato.
– Oi, mãe, tá tudo bem? – perguntou.
– "Oi, filho, sim tudo bem, mas queria saber se você tem falado com Cíntia?" – perguntou ela.
– Não desde que fui baleado, mãe, por quê?
– "Porque ela veio ver Pedrinho e estava estranha" – disse Sara, preocupada. – "Sabe, na hora que a vi abraçar o pequeno me deu uma angústia porque parecia que ela estava se despedindo dele para sempre."
– Vou tentar falar com ela, mãe, mas acho que deve ter descoberto quem é o bandido e quer pegá-lo, o que é uma tolice. Preciso ir agora. Beijo.
Arthur ligou o carro e antes de sair, ligou para Cíntia, mas o telefone tocava até cair na caixa postal. Tentou diversas vezes até que desistiu e deixou recado:
– Cíntia, pelo amor de Deus e do seu filho não vá atrás dele. Espere por mim que já chega a Maria estar morta. Não faça isso, por favor.
A seguir, ligou para a central, mas para uma pessoa específica:
– "Delegacia, César" – foi o que disse o interlocutor.
– Daí, meu camarada, é Arthur – afirmou, apressado. – Preciso de uma ajuda muito urgente.
– "Oi, parceiro" – disse ele jovial. – "Pra quem tomou uma ponto cinquenta na pança, você tá bem ativo. O que manda?"
– Por favor, identifique localização de um telefone e grude nele. Aqui vai: prefixo vinte e um; número nove, nove, oito, nove, meia, cinco, um, dois.
– "Cara, esse número está Quinta da Boa Vista, bem perto da estação de metrô."
– Caraca, como conseguiu tão rápido!?
– "Arthur, nem faz dois minutos localizei esse telefone para um colega seu. Ainda está na minha tela."
– Quem? – O berro do Arthur foi tão alto que o sujeito da oficina deu um salto de susto, mesmo com as janelas fechadas.
― ☼ ―
Anabela e Moisés voltavam do centro, calados. Ela olhava as imagens, pensativa, comparando os quatro colegas que poderiam ser o criminoso, apesar de já ter eleito o seu.
– Então? – perguntou Moisés, quebrando o silêncio. – O que você acha, Belinha?
– Acho que ele já era. Apenas precisamos de ter a certeza para não errar.
– São quatro opções – comentou o amigo. – Eu me inclino para Ricardo. Achei o mais parecido na montagem e confesso que não vou com a cara dele.
– Talvez – disse a garota, reticente.
– Vejo que não está cem por cento convencida – afirmou ele, terminando de estacionar.
– E não estou mesmo – disse, saindo da viatura e entrando na sala. Foi para a sua mesa e pegou um revólver enorme, colocando às costas, na cintura. – Vou ligar para Arthur e ver o que ele achou.
– O que vai fazer com esse canhão de bolso?
– Era a arma da Maria Diana e agora é dele já que é herdeiro. Ponto cinquenta – respondeu sem explicar mais nada.
― ☼ ―
Cíntia parou na frente da casa dos sogros. Estava cansada e com olheiras, mas precisava de ver o filho porque poderia ser a última vez que faria isso. Os soldados já a conheciam e deixaram-na passar. Assim que se viu de frente com o pequeno, abraçou-o com força.
– Tá tudo bem, mamãe? – perguntou ele, estranhando.
Cíntia estava no jardim, sozinha com Pedro para ter mais privacidade por desejo da Sara. Ele sentou-se no banco e disse:
– Sim, amor, está tudo bem, mas preciso conversar com você.
– O que foi, mamãe?
– Filho, eu acho que seu pai vai casar com Anabela e quero que entenda que isso vai ser bom para ele. Meu trabalho é muito complicado e eu viajo muito, então vou falar com ele para você viver com ele e, quando eu estiver de férias, venho pegá-lo para ficar comigo, entendeu?
– Ela é muito legal, mãe – disse o pequeno, abraçando a mãe e sorrindo. – Ela me disse que foi você que salvou a vida do papai, então acho que preciso de dizer obrigado.
– Não precisa agradecer, meu amor. Eu faço qualquer coisa pelo seu pai e você sabe disso.
– Tá bom, mãe.
– Olhe, talvez eu precise de me ausentar por bastante tempo, mas lembre-se que sempre estarei pensando em você, viu?
Ela estendeu os braços e o pequenino abraçou-a, encostando a cabeça no seu ombro. Baixinho, pediu:
– Não vai embora, mamãe.
– Eu preciso, meu amor, mas sei que Anabela vai cuidar de você e será uma boa mãe, talvez até melhor que eu jamais serei.
– Mas ela vai ser uma mãe emprestada, enquanto você sempre vai ser minha mãe, a minha mamãe – choramingou ele. – Ela mesma que disse isso.
– Eu sei, meu amor, mas ela vai amar você que nem eu amo e tenho certeza que vai lhe dar a irmãzinha que você sempre pede.
– Jura? – perguntou ele, sorrindo.
– Juro. Agora preciso ir.
Cíntia deu um último abraço apertado no filho e foi saindo. Quando estava na porta, fez o mesmo com a sogra, que estranhou a sua atitude. Assim que a nora entrou no carro, Sara ligou para o filho, mas não conseguiu falar com ele e aguardou cerca de meia hora.
― ☼ ―
Arthur acelerou o carro e saiu disparado enquanto passava outro número para o amigo rastrear. Como estava perto, chegou sem demora ao túnel Rebouças, e encontrou-o com pouco tráfego. Tentou ligar várias vezes, mas, ali dentro, seu aparelho não pegava.
Indo o mais rápido que podia, alcançou o outro lado. Assim que deu sinal, pegou o aparelho para ligar, mas Anabela ligou segundos antes.
– "Oi, amor" – disse ela. – "Tava sem bateria?"
– Acabei de sair do Rebouças, gaúchinha – respondeu apressado. – Preciso de apoio imediato, peça para Moisés correr para a Quinta do Boa Vista que é urgente.
– "Acho que Miguel é o criminoso, amor, o que aconteceu?"
– Você pode até achar, meu amor, só que eu tenho a certeza. Cíntia encontrou a senha e deve ter descoberto, mas a questão é que ele foi atrás dela e preciso de a salvar.
– "Estamos indo" – berrou Anabela. – "Como encontro você?"
– Peça para Moisés contatar César que está de olho para mim. Eles se conhecem. Verifiquem se Miguel está com uma viatura antes de usarem rádio. Beijo.
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Cíntia sabia muito bem que ele a encontraria ali porque deixou o telefone ligado para o maldito poder rastrear.
Enquanto esperava, lembrou-se dos últimos dias na frenética procura dos diários do marido até que encontrou, mas perdeu mais de três dias lendo um por um até encontrar o que procurava.
Perdeu mais dois dias com um amigo da companhia telefônica até encontrar o nome do dono e ligou para ele, ameaçando de o entregar para o marido, afirmando que iria encontrá-lo em um lugar escondido para passar os dados dele. Ela sabia que era um argumento fraco, mas sabia que o adversário ficaria nervoso e era provável que não notasse a armadilha.
O policial criminoso mordeu a isca e tentou um acordo que ela fingiu pensar. No final ela pediu uma hora para meditar porque sabia que ele procuraria alcançá-la. Agora estava em um dos extremos da Quinta e sabia que ela fecharia em breve, mas o policial não teria dificuldade em encontrá-la.
Escolheu aquele canto porque era mais escuro e muito arborizado, além de ter pouco movimento, ainda mais àquela hora, perfeito para se cometer um crime. Só esperava que ele chegasse antes da segurança aparecer para fechar aquele portão e encontrá-la, aguardando.
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