Capitulo 16 - parte 4 (em revisão)
O gerente apareceu sem demora e Arthur explicou o problema deles.
– A sala de vigilância fica nos fundos, senhores, mas peço que apenas um de vocês me acompanhe porque há pouco espaço.
Arthur olhou para o amigo.
– Você vai, Janjão, porque estava de frente para ele e isso pode ajudar.
– Ok – disse o grandalhão, levantando-se. Deu uma risada e continuou. – Resta saber se eu caibo na tal sala pequena.
– Nós vamos para a delegacia e esperamos você lá – disse Moisés, levantando. Quando saíram, Arthur comentou.
– O nosso disfarce já era, amor. Notei que ele não sabe muito bem as coisas, exceto por mim. Se ele viesse investigando você de perto, saberia que Heitor é seu pai.
– Tem razão – disse ela. – Acho melhor não irmos para o apartamento ver o celular da Diana. Bem, pelo menos ele tem bom gosto, falando que sou melhor que ela.
– Sempre foi, meu amor, sempre foi. – Arthur sorriu, olhando a noiva de alto a baixo. – Nunca neguei isso.
– Quem sabe você deixa para fazer essa cara de tarado para quando estiver em condições, Arthur – disse ela, rindo. – Esqueceu que o doutor proibiu o sexo até estar muito bem cicatrizado?
– Ok, mas nem pense que vou esperar os três meses que ele mandou – disse Arthur rindo e apalpando o traseiro dela, que lhe deu uma pequena palmada na mão e também riu.
― ☼ ―
Janjão chegou quase uma hora depois, ostentando uma cara de muito mau humor. Sentou-se na mesa do casal e estendeu a mão que tinha algumas fotos impressas.
– Ele não tem nada a ver com ninguém aqui de dentro, Arthur.
– Eles imprimiram as fotos? – perguntou Arthur, espantado.
– Claro que não – respondeu o colega. – No caminho para cá tinha uma revelação digital onde mandei imprimir. Ele congelou as imagens e bati com o celular. Olhe a terceira foto, bem na hora que ele fotografa vocês.
Moisés aproximou-se do grupo e ficou olhando junto. O criminoso não tinha mesmo nada a ver com algum dos colegas.
– E agora? – perguntou Moisés. – Não é ninguém daqui.
– Isso não quer dizer nada, Moisa – afirmou o amigo. – Note que ele usa um terno folgado, que esconde a compleição física. Ele foi lá, sabendo o risco que corria de ser descoberto. Você não vai encontrar muitos policiais frequentando aquela churrascaria porque sai mais de cem pratas por pessoa. Essa barba e bigode podem ser falsos, até os cabelos.
– Precisamos de pegar todas as fichas de RH do nosso pessoal aqui e levar a um especialista da inteligência – disse Anabela, pensativa. – Amor, aquele cara que estava de férias...
– Rodrigo – interrompeu Arthur, pensativo. – Ele teve um acidente, mas já deve estar de volta.
– Qual é a ideia de vocês? – perguntou Janjão. – Eu não posso mais ficar aqui que estou escalado para atender o público lá na frente.
– Moisés, você e Belinha vão para a inteligência tentar encontrar esse cara em segredo. Tentem pegar a imagem de cada um dos colegas desta delegacia e peçam para ele montar barba, bigode e peruca semelhantes. Vejam qual dos nossos colegas, quando mascarado, fica igual a essa foto e comecem com o pessoal desta sala. E diga para aquele diabo manter os olhos longe do seu decote ou furo o desgraçado.
– Boa – disse Moisés, rindo. – E você, o que pretende fazer?
– Vou falar com o chefe e depois vou no meu apê pegar o fone da Diana. Ela recebia as mensagens por SMS, enquanto eu e Belinha recebíamos pela rede social. É muito fácil rastrear o SMS, já que tem número. Vamos torcer para que seja burro e não use pré-pago e mais burro ainda para não deixar como privado.
– Amor – disse Anabela. – Isso pode ser demorado, você sabe. São algumas dezenas de imagens. Como fazemos depois, já que não pretendo dormir sozinha?
– Eu não vou ficar na Barra, gaúchinha – disse Arthur. – Você liga e eu a pego.
– Qualquer coisa, levo a Belinha – disse Moisés. – Fique descansado, Arthur.
– Ok, mas, nesse caso, verifiquem se não estão sendo seguidos.
Levantaram-se e Anabela não se fez de rogada. Abraçou Arthur com força e sentou-lhe um beijo. Miguel, que vinha entrando, olhou para os dois, emburrado.
Arthur contou tudo para o chefe e saiu, indo para o apartamento.
― ☼ ―
No carro, o delegado foi meditando sobre tudo o que lhe aconteceu, tanto de bom quanto de ruim e, no fim das contas, concluiu que teve muita sorte. Acendeu um cigarro, atinando-se que era o segundo do dia e sentindo nisso uma vitória. Estar com Anabela sem fumar fazia com que também não fumasse. Sempre com atenção para certificar-se de que não era seguido, entrou na garagem do prédio e foi para a cobertura. Aproveitou para tomar um banho rápido e um café. Assim que tirou a roupa olhou-se no espelho e viu que o ferimento cicatrizava rápido e estava bem limpo, livre do risco de infecções.
Após ter-se arrumado, ligou o telefone. Para sua tristeza, estava descarregado. Como era da mesma marca do seu, apesar de ser um modelo muito mais avançado, conectou no próprio carregador e foi para a varanda curtir a vista enquanto fumava mais um pouco.
No fundo, começou a gostar da ideia de ser dono daquela fortuna e viver em lugares bons como aquele, porque era algo que valia a pena. Quando resolvesse as pendências, pediria baixa e faria a fundação ou uma ONG, tal como Maria desejava. Era uma coisa que lhe devia e que seria agradável, em especial com a ideia que amadurecia aos poucos desde que Anabela falou em ajuda psicológica para ele.
Meia hora depois, voltou para a sala e ligou o telefone. Foi para as mensagens e começou a pesquisar. Havia várias mensagens de trabalho, muitas de propaganda até que se deparou com um grupo onde o remetente chamava-se "Sílvio FDP" e outro "Maldito Canalha". Começou a ler as mensagens do enteado e o sangue subiu duas ou três vezes quando viu as sacanagens que lhe mandava, muitas delas de baixo calão, sem falar nas ameaças. Em várias mensagens, ele ameaçava Diana com um nome: Simão.
Esse nome não era estranho para Arthur, mas não se lembrava onde o ouviu. Uma coisa era certa, na polícia ninguém se chamava Simão e ele bem que podia ser um dos membros da gangue.
Abriu as mensagens do outro e descobriu que era o chefe da gangue. O que mais imperava eram as ameaças se não fizesse nada do que lhe ordenavam. Levantou-se e colocou o telefone no bolso porque ia para a delegacia tentar rastrear o número. Quanto fechou a porta de casa, o seu telefone tocou e ele atendeu, recebendo a informação da oficina que o carro estava pronto.
Satisfeito, Arthur pegou um táxi para a zona sul e orientou o motorista a chegar à oficina. Durante todo o percurso pensava no nome que leu no telefone da ex-namorada. Olhou as horas e viu que já era tarde.
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