Capítulo 16 - parte 3 (em revisão)
– Amor – pediu Arthur. – O que apuraram nas casas dos criminosos? Verifique na pasta.
– O grandalhão foi o único em que as equipes encontraram várias coisas – respondeu ela. – Olhe as fotos. Na casa dele havia joias de vários tipos, pouco mais de dois milhões de Dólares e quatro milhões de Euros em espécie. Mas também encontraram um depósito no nome dele. Dentro tinha o carro da fuga, cheio de sangue, claro, muitas armas e munições. Ainda bem que afirmei que o piloto me ajudou a socorrer você, porque fizeram DNA do sangue.
– Então aquele demônio era mesmo um dos líderes – constatou Arthur.
– Isso já estava definido, segundo a Diana e sua ex – afirmou Anabela, encolhendo os ombros. – Mas quem será o desgraçado do nosso colega? Eu já analisei a ficha de todo o mundo e ninguém ostenta uma vida melhor que aquela que pode levar com o seu salário.
Anabela entrou no computador e virou a tela para Arthur. Após entrar com uma senha especial, apareceram os perfis de todos os colegas.
Juntos, estudaram um por um, mas não conseguiram obter as informações desejadas. Arthur olhou para o relógio e disse:
– Vamos almoçar, ou vai simular uma briga com seu noivo querido?
– Bígamo – disse ela, baixinho e sorrindo. – Vamos, estou com fome demais para brigar. Me leve para um lugar bem gostoso.
– Churrasco? – perguntou Arthur, bloqueando o computador.
– Boa ideia – respondeu Anabela, sorrindo. Janjão e Moisés iam saindo e ela apontou. – Convide aqueles dois, amor.
O quarteto foi para a mesma churrascaria que Arthur levou o Janjão antes e comeram bem, embora quem comesse por dois fosse Anabela, que se sentia muito feliz e vinha tendo dificuldades para aparentar seriedade. Ela, inclusive, acabou sorrindo quando Arthur a serviu e deu-lhe um pequeno beijo nos lábios. Depois, achando que ali não havia necessidade de teatrinhos, passou a agir como uma namorada, abraçando, beijando e acariciando o delegado.
― ☼ ―
Ele entrou no restaurante, sozinho. Contrariando o clima quente do verão carioca, usava um terno e luvas, dando o que pensar a quem fosse mais observador. Sentou-se à mesa, não muito longe do seu alvo, os quatro delegados que comiam descontraídos e extrovertidos. Olhou para Arthur com verdadeiro ódio, mas era inteligente demais para se precipitar e pôr tudo a perder. O que ele mais desejava, além da riqueza e poder, era destruir a vida daquele homem: o maldito e destemido herói amado pelos amigos e colegas e idolatrado pelas mulheres por sua beleza masculina invulgar, inteligência e capacidade física.
Só que, para ele, Arthur não era um herói e sim um carrasco. Apesar de se conhecerem há muitos anos, Arthur não se lembrava dele porque passou por uma dezena de cirurgias de reconstrução facial e aproveitou para mudar as feições. Trabalhavam tão perto e o herói ignominioso nem sonhava quem o pretendia destruir por completo graças ao seu constante jogo duplo. Olhava com desejo e volúpia a mulher ao lado do inimigo, imaginando a hora em que se aproveitaria e deleitaria com ela até que se cansasse. Pensava até mesmo em fazer isso na sua frente e antegozava a hora em que veria o sorriso que mais odiava morrer naquele rosto para se tornar em dor, como já foi com a esposa e a primeira namorada.
Ele amaldiçoou-se por não ter visto o sofrimento do colega quando acertou a ex-namorada, outra que ele tanto desejou, mas guardou como uma carta na manga contra o delegado. Só não imaginava que o maldito policial fosse louco de enfrentar uma gangue inteira sozinho e acabou perdendo todos os comparsas. Agora era hora de fazer Arthur pagar por tudo e ainda mais isso, não que ele tivesse dificuldade em angariar criminosos a seu favor, já que era fácil chantageá-los, mas Arthur não tinha o direito de fazer o que fez.
Além disso, o enteado da ruiva gostosa era-lhe muito útil e agora estava morto por culpa dele. Também arrependeu-se de não ter aproveitado e forçado tudo com a mulher dele. Pelo menos teria tido uma diversão e um bom motivo para se vingar porque ela também era muito gostosa, mas isso teria tempo, sem dúvida que teria. Talvez até usasse de chantagem para forçá-la a se tornar sua amante, quem sabe. No fundo, a sua grande preferência sempre foi a loira que agora estava ali, bem perto.
Com discrição, tirou algumas fotografias e saiu do restaurante, como se tivesse mudado de ideia. Na esquina, livrou-se das luvas, a barba e bigode postiços mais a peruca, guardando no bolso do paletó. Entrou em um táxi e mandou a sua mensagem pelo telefone.
― ☼ ―
O telefone do Arthur bipou e ele abriu a caixa de mensagens da rede social, vendo o saco de risadas. Parou logo de rir e os colegas olharam para ele curiosos, ficando sérios. Anabela encostou-se ao noivo e olhou a tela, mas Arthur começou a ler alto:
"Salve, delegado, vejo que se reconciliou com a sua graciosa amante policial, mas não se alegre muito porque também estou de olho nessa preciosidade, já que você matou a ruivinha tão bela e apaixonante, não acha? Mas acredito que temos os mesmos gostos porque e sua delegada, apesar de não ser tão bela, é muito mais gostosa, é infinitamente mais graciosa e não o culpo por ter batalhado pelo seu amor de volta. Contudo, ela não me obedeceu e você matou os meus, então prepare-se para a vingança. Mesmo tendo morto os meus elementos, tenho fortuna suficiente até ao fim da vida, mas, como é divertido o que faço, acho que vou arrumar outros cúmplices. Chantageá-los é fácil, tão fácil que sua esposa e a ruivinha são a prova perfeita disso. Os assaltos estão suspensos por ora, mas cuidado com as suas costas porque, a partir de hoje, você e sua loira gostosa são meu objetivo. Eu quero vê-lo sofrer tanto, mas tanto quanto você me fez sofrer um dia. Aproveite essa foto que mando em que vocês se beijam, porque talvez o seu chefe perca um elemento em breve, um que fará você sofrer muito, não acha?"
Estarrecido, Arthur viu a foto da garota dando-lhe um beijo. Olhou a foto e o restaurante em volta.
– Moisa – disse o policial, apontando uma mesa a alguns metros e entregando o seu telefone. – Sente-se naquela mesa ali e tire uma foto nossa com o celular. Depois, compare com esta, por favor.
Tiraram várias fotografias de várias posições até que localizaram o local onde o criminoso ficava. O garçom não entendia nada do que faziam, mas, como já tinham acabado de comer e a churrascaria estava quase vazia, deixou-os em paz. Ao fim de algum tempo, Arthur chamou-o e ele aproximou-se.
– Senhor?
– Amigo, você viu quem estava sentado naquela cadeira?
– Na verdade vi porque ele me chamou a atenção – respondeu o rapaz. – O cara tava com paletó e luvas, ficou um pouquinho e depois falou que mudou de ideia e foi embora.
Decepcionado, Arthur olhou em volta até que se lembrou de olhar para cima. Apontou e perguntou:
– Essas câmeras de vigilância, são controladas daqui? – Quando notou a relutância, mostrou o distintivo. – Amigo, somos policiais e achamos que esse homem é um criminoso procurado. Precisamos de ver essa câmera.
– Olhe, vou chamar o gerente, está bem? – perguntou. – Eu não tenho autonomia para isso.
– Obrigado – disse o delegado. – Por favor, aproveite e traga a conta.
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