Capítulo 15 - parte 5 (em revisão)
Heitor entrou no quarto e sorriu, satisfeito.
– De fato, filho – disse a título de cumprimento –, você não sabe mesmo obedecer ordens, não é?
– Que ordens, chefe? – perguntou Arthur, atônito. – Não me lembro de ter desobedecido nada!
– Eu mandei abortar a operação, Arthur – respondeu. – Caramba, filho, isso quase custou a sua vida!
– Desculpe, chefe, mas confesso que não ouvi.
– Quando vai ter alta?
– Amanhã, segundo o médico.
Anabela levantou-se da cama e foi pegar água, mas cambaleou no caminho. Mais rápido do que se poderia imaginar e demonstrando uma agilidade incomum para a idade, Heitor deu um salto para a frente e segurou-a.
– Você parou de se alimentar direito de novo, Belinha?
– Não precisa mais fingir, pai – disse ela, sorrindo. – Aquele diabo descobriu antes mesmo de mim.
– Bem, gente. Tirando nós os cinco, o teatrinho, na delegacia, vai continuar, ok? – pediu o chefe. – Não sabemos quem é o traidor e não podemos arriscar a vida de mais ninguém.
– Sim chefe.
– O secretário da segurança ficou muito satisfeito, filho – disse Heitor. – Tive algum trabalho em lhe pedir discrição porque o caso ainda está em aberto.
– Verdade, chefe – disse Arthur. – Daqui a alguns dias estarei de volta. É só eu conseguir andar direito.
– Pelo amor de Deus, Arthur, trate de ficar bom e leve o tempo que for necessário; nada de se apressar. Muito bem – disse Heitor, sorrindo. – Desculpem a visita de médico, mas preciso de resolver muitas coisas.
– Tchau, pai.
– Até breve, chefe – disse Arthur. – Como deverei chamar o senhor quando eu e Belinha casarmos? De pai?
– Desde que não se mate, me chame como quiser, filho. Nada me fará mais feliz. Até breve.
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A sós, Arthur olhou para a namorada e os amigos. Devagar, começou a dizer:
– Gente, vocês sabem que nunca quebro promessas, não é?
– Sim, conheço você muito bem, irmão – disse Janjão. – E aí, qual é a parada?
– A parada é que fiz um juramento para a Maria, um juramento para o último desejo dela e que pretendo cumprir custe o que custar.
– Suponho que seja apagar o filho da puta que estragou a vida dela.
– Exato – respondeu Arthur. – Depois disso, vou largar a polícia. Não posso mais exercer esse cargo tendo feito justiça com as próprias mãos, especialmente após matá-la.
– Irmãozinho – disse Moisés, muito sério. – Você pode ter certeza que, se fizer isso, nenhum de nós terá visto nada e também basta estalar os dedos para ter o suporte que precisar. Diana merece que seja feita a justiça, mesmo que na base da vingança.
– Obrigado, cara.
– Meu pai vai surtar, se você sair e mais ainda se souber disso, mas tô com vocês – disse Anabela, segurando a mão do noivo e olhando para os três. – Era rival, mas merece.
– Que surte. – Arthur ergueu-se um pouco. – Amor, me ajude a caminhar até ao banheiro. Quem diria... trinta anos na cara e andando igual a um vovô de cem.
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