Capítulo 15 - parte 2 (em revisão)
Como um caleidoscópio, as suas lembranças desfizeram-se devagar e seu consciente voltou a vagar ao acaso. Ele parecia mais pesado e ouvia murmúrios. Às vezes sentia uma mão agarrando a sua, uma mão suave, quente e delicada. Em outras, parecia que sentia os seus lábios serem beijados com carinho ou então alguém lhe fazia cafuné. Voltou a vagar a esmo até que apareceu uma nova imagem.
– ...vá lá, Moisés, fique tranquilo – disse Anabela, fazendo-se de séria. – Juro que não vou brigar com ele.
Mal o colega saiu, ambos atiraram-se nos braços um do outro em um longo beijo.
– Você não tem ideia de como eu me sinto mal em bancar a megera com você, meu amor – disse Anabela. Fez um carinho nada delicado nos seus cabelos e continuou. – Quase morri só de imaginar você drogado.
– O meu medo é você, amor.
– Você não se aproveitou, né? – perguntou a noiva brincando.
– Ela me disse que tentei agarrá-la várias vezes e que a chamava de Anabela – respondeu Arthur, rindo. – E também disse que queria pegar uma panela e dar na minha cabeça.
– Ai, coitada – afirmou Anabela, rindo. – Imagina a situação dela, que coisa brochante!
– Bem, amor. Se ela se aproveitou não disse nada, mas tenho certeza que não faria isso. O que Moisés sabe?
– Tudo menos sobre nós dois – respondeu ela, séria. – Meu pai abriu o jogo.
– Sem problema. Confio nele, muito mesmo – sorriu e continuou. – Então, vem morar comigo aqui, amor?
– Caraca, tem até o cheiro da outra, aqui – disse Anabela, enrugando a testa. – Amo esse perfume.
– Bem, não é exatamente o cheiro dela que está aqui, amor. Como você disse que adorava o cheiro e eu pedi para ela o nome, comprei um para você e abri para cheirar e ter a certeza que comprei certo.
– Sério, amor – disse ela, pulando no seu pescoço. – Bah, amor, esse perfume deve ser caro!
– Caro é apelido, mas faço qualquer coisa por você. Afinal você ouviu o que Moisés falou.
– Agora me deixou com a consciência pesada, amor. Quanto você pagou?
– Oito e pouquinho.
– O que vem a ser oito e pouquinho?
– Mil.
– Caraca – berrou, Anabela. – Você é maluco de gastar mais de oito mil Reais em um perfume?
– Reais não, Dólares – disse, rindo –, mas por você pagaria até dez vezes mais. Não se preocupe, amor, eu tinha esse dinheiro sobrando.
– Não posso, seu doido. Você vai devolver isso agora mesmo – ripostou Anabela. – No mínimo, ainda estava drogado! Imagina se eu ia aceitar que gastasse o valor de um carro usado ou uma moto em um simples perfume!
– Escute, minha amada, pode ter certeza que eu estava bem consciente quando comprei – disse Arthur. Em seguida, contou como a Diana lhe deu o dinheiro e o apartamento.
– E você quis devolver quando terminaram? – Ela fez cara de incrédula. – Sério mesmo?
– Sim, mas a Maria não aceitou – respondeu, encolhendo os ombros. – Não poderia ser de outro jeito.
– Você largaria mesmo tudo isto por mim? – perguntou Anabela, franzindo a testa. – Tem certeza?
– Não pensaria duas vezes, minha princesa, como não pensei. Ela apenas não quis de volta.
– Tá bom, Arthur – disse, apertando-o forte e feliz. – Acredito em você, mas não vou levar meu presente hoje porque não quero que vejam na polícia. O teatrinho tem que continuar, por mais que me doa, e Miguel conhece esse cheiro.
– Vamos descer?
O casal desceu aos beijos e abraços e só se separaram quando o elevador parou. Arthur e Anabela aproximaram-se de Moisés e ele enrugou a testa. Desconfiado de alguma coisa, tirou os óculos escuros e olhou Anabela de perto. Aproximou-se de Arthur e aspirou o ar com força, fazendo o mesmo com ela.
– Eu sabia, eu sabia – disse, feliz. – Vocês nunca estiveram brigados e estão mais firmes que nunca, né?
– Tá maluco? – questionou Anabela.
– Não me enrole, Anabela – disse Moisés. – Seus olhos brilham e vocês estavam nos braços um do outro. Você tá cheirando à loção pós-barba do Arthur e ele ao seu perfume.
– Acho melhor, minha noivinha querida, você contar o resto da história para ele. Eu me responsabilizo por Moisés.
– Tá bom, amor – disse Anabela, rindo. – Pelo menos teremos um para ajudar a gente. Vamos, Moisés. Se cuide, amor.
– Não vão se beijar já que sei de tudo agora?
– Não, meu amigo – disse Arthur, rindo. – Nós não sabemos quem pode estar vendo, então todo o cuidado é pouco. Juízo.
– Falou.
– Você também se cuide, meu amor.
Ficou tudo escuro como breu e a sua mente voltou a se perder, enrodilhada no mar revolto dos sonhos da inconsciência.
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