Capítulo 13 - parte 4 (em revisão)
– E aí – disse Moisés para o amigo, batendo no seu ombro.
– Ainda bem que Janjão tava perto de mim, mano – resmungou Arthur, abatido. – Cara, eu desejei matar aquele filho da puta e o pior é que teria conseguido se não me segurassem porque perdi o controle.
– Eu vi, Arthur. – Moisés encolheu os ombros. – Desculpe a forma como mandei a informação porque não tinha notado que ele estava bem na sua frente, mas você precisava de saber que tipo de homem é ele e eu também sou meio que um casca grossa que não sabe dar esse tipo de notícia suavemente.
– Você fez certo, Moisés, obrigado – disse Arthur, ainda bastante irritado. – Aproveitar-se do mal-estar de uma mulher é inaceitável.
– Também achei, uma baixeza – disse ele. – Quase levantei e fui dar uma surra nele, mas Belinha emendou um direto dos mais lindos. Primeiro foi um gancho bem encaixado e, depois, o golpe fatal. Céus, que gaúchinha danada de brava.
– Ela fez isso? – Arthur arregalou os olhos e riu alto. – Pelo menos desta vez não fui eu que apanhei.
– Rapaz, ela ainda não estava muito bem nessa hora, mas, mesmo assim, Miguel quase apagou com a bifa. Ele levantou, escorregou e sentou de novo, fora do ar, bem grogue.
– Moisa – pediu Arthur, aflito. – Pelo amor de Deus, cara, fica de olho nela para mim nesses dias. Morro de medo que passe mal e eu não esteja perto para a socorrer. Você não tem ideia de como eu amo aquela mulher.
– Acho que agora tenho, meu amigo – respondeu Moisés. – Fique descansado que ela foi designada como minha parceira e serei a sua sombra, ok? Vai fazer o quê, agora?
– Obrigado. – Arthur suspirou aliviado. – Vou falar com Cíntia sobre o divórcio. Ainda tenho esperança de casar com Belinha, Depois, vou correr ou sair.
– Bem, eu vou retornar para o trabalho. Cuide-se. Uma hora destas vamos dar uns tirinhos no clube?
– Vamos sim. – Arthur sorriu. – Mas antes, deixemos baixar poeira da crise.
Quando voltou, Moisés viu Anabela na entrada, pensativa. Teve uma revelação súbita e pegou nela, levando para junto da viatura e falando muito baixo.
– Por que está escondendo dele, Belinha? – perguntou. – Acha uma coisa dessas justa?
– O que meu pai andou inventando? – perguntou ela, irada.
– Seu pai não disse nada, meu anjo, mas eu sei reconhecer uma mulher em período inicial de gravidez. E Arthur também deve saber melhor ainda, já que foi pai – disse o Moisés. – A sua sorte é que a cabeça dele anda perdida por aí, senão já saberia. Até quando acha que vai esconder isso dele?
– Moisés – disse ela, pegando seu braço. – Eu lhe imploro que não conte nada para ele agora. Primeiro, temos que resolver as diferenças porque não quero um casamento forçado por causa da criança. E também não quero que me culpe por ter engravidado para segurá-lo porque isso não foi verdade.
– Ele a ama feito um louco, Belinha, acabou de me dizer isso! Ele jamais culpará você a menos que o prive desse prazer.
– Talvez tenha razão, mas agora não é hora. Temos que resolver esta crise toda, tanto pessoal quanto profissional.
– Concordo, mas seja rápida – disse ele. – Vamos entrar antes que comecem a desconfiar de algo. Tínhamos que bolar uma forma de fazer o traidor se expôr.
― ☼ ―
Arthur pediu outro café e deixou as coisas no pequeno balcão que ficava aparafusado na parede do lado de fora, onde estava encostado. Ele já foi feito de propósito para fumantes poderem beber sem incomodarem os outros dentro do bar porque era proibido. Estava distraído, de costas, quando sentiu algo e virou-se muito rápido, vendo um pivete prestes a pegar sua carteira. O delegado foi veloz na reação, mas o menino estava preparado e fugiu antes de ser apanhado. Arthur olhou as suas coisas e viu que não roubaram nada. Na dúvida, enfiou a carteira os cigarros e o isqueiro no bolso. Tomou todo o café de um só gole e fez uma careta enorme porque tinha esquecido de mexer o açúcar. Fez um aceno ao dono do bar e foi pegar o carro pois, se saísse àquela hora, chegaria bem rápido à Tijuca.
Teve sorte e alcançou o bairro em quinze minutos uma vez que o Túnel Rebouças estava quase vazio. Faltavam algumas centenas de metros para o seu destino quando percebeu alguma coisa estranha consigo. A cabeça pesava e sentia uma certa dificuldade em focar a vista.
– Merda – resmungou alto. – Aquele garoto não ia assaltar.
Arthur esforçou-se ao máximo em ficar consciente porque estava muito perto da casa da ex. Quando encostou à frente da entrada, já tinha bastante dificuldade em se coordenar, parecendo bêbado. Viu que o carro estava muito torto, mas, se o fosse manobrar melhor, o resto de consciência lúcida que ainda lhe sobrava avisou que bateria na certa.
Saiu aos tropeções e abriu a porta da garagem já com um pouco de dificuldade. Cada vez pior, sentou-se no pequeno degrau da porta de entrada e bateu nela com a cabeça para tentar chamar a atenção da Cíntia, já que estava com dificuldade em ficar de pé, obtendo sucesso de primeira.
Assim que ela abriu, o policial caiu de costas dentro da sala, dando-lhe um susto enorme. Cíntia soltou um grito, mas logo a seguir viu o seu sorriso.
– Céus, Arthur, que susto! – disse, sem entender nada. – O que tá fazendo no chão?
– D... d... drogado – balbuciou para logo a seguir começar a rir dela. – Ve... vej... a o c... carro. A sua cara tá muito engraçada, Cíntia.
Em meio às risadas do delegado, acabou entendendo o que ele queria. Correu para a rua, arrumou e trancou o carro. Voltou para dentro e fez o marido sentar.
– Amor, você precisa me ajudar a levantá-lo... – pediu já um pouco irritada com ele que não parava de rir.
Levou Arthur para dentro, após três tombos e muitas imprecações, e foi buscar um café forte. Deu-lhe um pouco e disse:
– Vou ligar para Anabela.
– Não... ela tá... muito brava – disse Arthur, finalmente parando de rir. – Não ligue para n... ninguém... Não os a... ssuste.
– Meu, Deus, quem fez isso? – perguntou-se. – Escute Arthur, como você fez para eu melhorar?
– Dei b... banho.
– Isso não vai dar certo – disse ela. – Vamos, toca lá pra cima e nada de cair da escada. Ainda acho que devia ligar para ela.
– Não.
Cíntia despiu Arthur com dificuldade e, depois, despiu-se para poder entrar embaixo do chuveiro com ele. No meio do banho, teve a ideia maluca de mudar para água fria e, com o choque térmico, ambos começaram a tremer de frio. Fechou a torneira e abraçou o marido, embrulhando os dois na toalha. Quando passou o frio, começou a secá-lo e ele ficou mesmo mais tranquilo.
– Eu não acredito que tenho você assim, bem como eu gosto e você está nesse estado. É muito azar, viu, amor? – disse ela, suspirando. – Agora você vai deitar na cama e relaxar para ver se melhora e, se quiser, eu tô bem aqui do seu lado. Vou ficar aqui me segurando, mas você tá liberado, viu? – deu uma risada.
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