Capítulo 13 - parte 2 (em revisão)

O sol despontava e a janela do quarto estava com as cortinas abertas, acordando ambos quase que ao mesmo tempo. Ele olhou para Diana e disse, sorrindo:

– Pensei que não voltaria a ver seus olhos mágicos, Mariazinha, só que, se quer mesmo terminar, não podemos continuar assim.

– Eu sei, mas acho que também precisava de ouvir meu nome da sua boca mais uma vez. Vamos tomar um banho porque devemos cheirar a sexo até nos cabelos.

– Vamos. Como sabia que eu estava aqui?

– Não sabia – respondeu. – Vim pegar algumas roupas que tenho aqui e deixar a cópia da chave para você. Vi-o ali deitado sonhando e se mexendo sem parar. Você falou meu nome e não resisti.

– Você disse que amo Anabela, lembra?

– Você ama? – perguntou, provocante.

– Amo, muito mesmo.

– Podia ser menos explícito – resmungou a moça. – E eu, você me ama?

– Amo sim, também a amo muito.

– É complicado amar duas mulheres, não acha?

– Muito complicado, pode ter a certeza, já que uma não aceitaria a outra, sem falar que minha cabeça deu um nó geral.

– Pela lógica, você precisa ter uma preferência e acho que sei qual é, ou vai dizer?

– Não acho relevante, já que você terminou tudo.

– Preciso terminar, meu amor. Acabou hoje, mas foi uma forma maravilhosa de acabar. – Diana saiu da água e secou-se, seguida do Arthur. Ele vestiu as mesmas roupas porque não tinha outras, mas ela abriu o guarda-roupa onde tinha alguns poucos vestidos. Pegou uma pequena mala de viajem e colocou-os lá, mas antes escolheu um e vestiu, bem devagar e provocante. Colocou as lentes de contato, voltando a ficar com os olhos cor de mel, e desceram.

– Então – disse Arthur. – Agora é um adeus?

– Sim, meu amor. – Beijou-o até deixá-lo sem folego e afastou-se, sorrindo. – Tire as marcas de batom se for para a delegacia ou sua amiga terá um ataque do coração.

– Desconfio que ela não está mais nem aí para mim, mas vou limpar porque não gosto. – Arthur riu. – Adeus, Mariazinha. Se quiser conversar ainda tem a Mulher Maravilha na internet.

― ☼ ―

O delegado entrou no seu carro e foi para o trabalho, pensativo. Acendeu um cigarro e tratou de ter bastante paciência com o trânsito infernal, enquanto pensava. Apesar de tudo, chegou muito cedo e aproveitou para tomar café no bar ao lado.

Após, encostou-se no carro a fumar de novo quando viu Anabela entrando e Miguel ia ao seu lado, com um braço na cintura da moça, deixando-o rubro de cólera com aquilo. Já até pensava em fazer besteira quando uma mão enorme apoiou-se no seu ombro, segurando-o.

– Você vai ficar frio e tirar a mão da coronha dessa pistola, irmãozinho – disse Janjão, segurando o amigo. – A única coisa errada que o Miguel fez, foi ser filho da puta, cara. Fora isso, ele não fez nada de errado. Eu sei que dói, mas a culpa disso é sua.

– Tem razão – resmungou Arthur, acalmando-se contra a vontade. – É bom saber que tipo de amigo se tinha, mas um dia acerto as contas com ele, pode escrever.

– Nunca gostei dele – disse Janjão, sério. – Se não fosse por você ser seu amigo, jamais confraternizaria; não confio.

– Belinha também não confiava, mas olhe só quem segura a cintura dela agora – disse Arthur, zangado.

– Você ainda tem aquele monumento...

– Não tenho mais.

– Você dispensou a garota? – perguntou ele de olhos arregalados e incrédulo. – Cara, ou você tá doidão ou é muito apaixonado pela Belinha mesmo.

– Eu amo a Belinha, Janjão – disse Arthur, triste. – Mas, para ser bem honesto, ela que terminou na hora que eu fui para terminar.

– Cê tá ferrado, mano – disse o amigo. – Vamos trabalhar.

– Tô sim, mas o que posso fazer? – Arthur pegou o revólver do assaltante no porta-luvas e levou para a sala de provas, entregando-o e preenchendo a papelada necessária.

– Onde arrumou esse teco? – perguntou Janjão, que foi junto.

– Um assaltante, gentilmente, me deu pouco depois de cometer suicídio no Leblon – respondeu bem sério e Janjão riu.

– Espero que não o peguem – disse o amigo.

– Não tem como – respondeu Arthur. – A arma não tem as minhas digitais.

― ☼ ―

A reunião matinal foi curta e, após, Arthur e Anabela sentaram-se lado a lado. Ele largou os telefones na mesa e Anabela viu o novo, dizendo:

– Criou vergonha na cara e comprou outro? – perguntou, pegando o aparelho.

Arthur suspirou e contou até dez, sabendo que o dia ia ser longo, muito longo. Mantendo a calma, disse:

– Ele não é meu – respondeu. – Pertence à Maria.

– O que faz com o telefone da sua namorada? – perguntou, Anabela, debochada. – Ela esqueceu na sua cama?

Anabela ligou e viu a tela de saudação com uma foto da Diana sorrindo e o pedido de senha. Devolveu o aparelho para Arthur e ele colocou na gaveta.

– Ela não esqueceu na minha cama – respondeu Arthur com toda a calma que podia reunir. – Parece que você já está curada mesmo, não é? Só largando a patada. Para sua informação ela jogou o telefone para mim de forma a que eu não possa mais procurá-la. Nós terminamos.

– Descartou, você, então – comentou, debochada. – Viu? Tantas quis que agora não tem nenhuma. Bem-feito.

– Sabe, Anabela – disse Arthur, magoado. – Não sei como eu pude me apaixonar por você. Primeiro a Cíntia e agora isso! Devo ser mesmo masoquista sem saber. Essa, nem mesmo Freud explica. Vou lá fora fumar.

― ☼ ―

Teco – Gíria de malandro para revólver ou pistola.

Freud – cientista considerado o pai da psicanálise.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top