Capítulo 12 - parte 6 (em revisão)

Já era noite fechada quando entrou em casa, beijando o filho. Assim que sentou na beira da piscina, Diana ligou.

– Oi, Maria.

– "Oi, Thurzinho" – disse ela. – "Sua voz está angustiada. Tudo bem no trabalho?"

– Sim, amor, apenas problemas para resolver, muitos problemas.

– "Espero que não sejam relacionadas com uma certa loira lamb... loira, apenas loira." – Ela riu.

– Não se preocupe que ela não quer nada comigo.

– "Já vi que você não vem jantar comigo hoje, né?"

– Não, Mariazinha – suspirou. – Estou cansado e o dia foi muito ruim, muito mesmo.

Conversaram mais um pouco e Arthur despediu-se. Foi para a cozinha e comeu um sanduíche. A seguir, pegou na garrafa de whisky e sentou-se na piscina de novo, bebendo e fumando. Já estava muito tarde quando desistiu de assimilar as coisas usando álcool e foi-se deitar.

Arthur teve uma noite agitada e dormiu muito mal com sonhos onde Anabela fazia de tudo para lhe destruir a vida enquanto a esposa virara uma criminosa e Maria era assassinada. Acordou assustado, saltando da cama com o coração disparado. Descobriu que estava amanhecendo e não valia a pena voltar a dormir. Levantou-se e fez mais uma descoberta: tinha uma pequena ressaca.

Foi à cozinha e pegou um analgésico. A seguir tomou um banho rápido, barbeou-se e beijou o filho. Como a escolinha estava com obras para reforma estrutural de segurança, não tinha aulas e deixou-o dormindo, saindo para o trabalho.

Era demasiado cedo para ir à delegacia e, como não tomou café, parou em uma padaria na Conde de Bonfim, aproveitando para comer algo leve, o que lhe trouxe lembranças da Anabela. Contra a sua vontade, ele deu um profundo suspiro.

Chegou à delegacia ainda muito cedo e cumprimentou os colegas do plantão da noite. Sentou-se na mesa e voltou a pesquisar as probabilidades. O telefone vibrou mais uma vez e veio outra mensagem da gangue:

– "Caramba, delegado. Gostar de discutir problemas de relacionamento com os amigos eu entendo, mas discutir com a ex-mulher eu nunca vi isso. Você está batendo seus recordes, meu caro. Se eu não visse você afastando sua ex, diria que gostou muito daquele beijo e tava a fim de algo mais. Isso aqui tá melhor que novela mexicana!"

Não havia mais nada de texto, mas, em compensação, tinha fotos dele almoçando com Janjão, tomando café com Moisés e, por último, três fotos dele e da Cíntia. A primeira dela abraçando-o, a segunda beijando-o e a última era dele a afastá-la.

No seu raciocínio, começou a pesar a hipótese dos dois amigos merecerem confiança a ponto dele compartilhar informações para que o ajudassem, mas achou prudente aguardar mais um pouco.

― ☼ ―

Anabela também não dormiu nada bem. Sentia-se muito angustiada, acordando cedo. Tomou um banho rápido e foi para a cozinha beber um café, voltando a deixar os medicamentos esquecidos na estante.

Com era muito cedo e o médico receitou caminhadas, foi andando até ao metrô. Mesmo assim, chegou bem antes da hora e havia poucas pessoas na delegacia. Para sua surpresa viu Arthur saindo pela porta de trás para fumar no pátio do estacionamento.

Sempre que o via, sentia uma mistura de amor e raiva, mas a mensagem que lhe mandaram mais cedo deixou-a furiosa em primeiro lugar e, depois, compadecida. O desgraçado do infiltrado fotografou Arthur no carro segundos antes de sair e em perfil, mas ela via que ele chorava bastante e não tinha sido necessário o texto confirmando isso.

Miguel ainda não tinha chegado e ela também não estava nem um pouco a fim de intimidades com ele. Talvez tivesse sido um erro dar-lhe corda, mas agora iria até ao final.

Tirou o outro colega da cabeça e aproximou-se de Arthur que, ao vê-la, ficou apenas olhando nos seus olhos, sério.

– Pensei que estava tentando parar – disse, iniciando a conversa e tentando ser bem casual.

– Eu também, mas os últimos eventos meio que minaram essa vontade – respondeu, triste.

– Você foi seguido – disse ela, séria.

– Eu sei – respondeu, encolhendo os ombros. – Por que acha que não queria mostrar as provas aqui dentro? Agora também estão a mandar fotos para você? Dividir para conquistar, suponho.

– É provável.

– Eu até imagino a foto que mandaram – disse Arthur, sarcástico. – O delegado atracado na ex-mulher em altos beijos na porta da casa dela. Imagino que não mandaram as três fotos, a primeira com ela me agarrando e a terceira comigo nos separando.

– Foi bem por aí. Ele só mandou uma delas, sim – disse a delegada com a voz sumida. – E mandou uma outra de quando você saiu daqui e sentou no carro, chorando.

– Não me preocupo se alguém sabe que chorei, Anabela – disse Arthur, encarando-a. – Isso é natural e só não chora quem é desprovido de sentimentos.

– De qualquer forma, precisamos de alguma tática para não nos apanharem discutindo o caso...

Arthur ficou pálido ao ver a moça parar de falar e levar a mão à testa. Ela balbuciou algo que lembrava um pedido de socorro e caiu no chão, inanimada.

– Ai, meu Deus – disse alto. Atirou o cigarro fora e correu até ela, vendo os sinais vitais, que pareciam estáveis.

– Acorde, meu amor – dizia baixinho, desesperado. – Por favor, não faça isso comigo, eu amo você, eu preciso de você.

Pegou nela ao colo a abriu a porta do carro, sentando-a no banco. Devagar, Anabela voltou a si e abriu os olhos, vendo o rosto desesperado do colega.

– Anabela – disse ele, mais aliviado. – Você não pode continuar assim, meu amor.

– Foi só uma queda de pressão – respondeu. – O cardiologista já pediu os exames que vou fazer ainda esta semana. Já estão marcados, não se preocupe.

– Consegue, levantar?

– Estou fraca demais – respondeu, tremendo. – Acho melhor você me levar para descansar em casa. Pegue a pasta do processo e discutimos lá.

– Eu não pretendo dar de cara com Miguel na sua casa ou chegando a ela – disse, enciumado. – O mais provável era que desse um tiro nele.

– Pelo amor de Deus, Arthur, ele nem sabe onde moro – disse ela, suspirando. – Você acha que deixaria qualquer um entrar na minha casa?

– Tudo bem – respondeu ele, engolindo em seco. – Eu levo você e cuido de você. Sabe disso. Faço qualquer coisa por você.

– Faz mesmo? – perguntou ela, dengosa. – Pegue lá a pasta que vou avisar o meu pai.

– Faço sim, por você faço qualquer coisa. – Arthur saiu e voltou com a pasta. – E sabe que eu prometi ficar sempre ao seu lado.

No caminho, Arthur pegou o maço de cigarros e ela pediu:

– Por favor, não fume. Um dos remédios que eu tomo me dá enjoo quando sinto certos cheiros e cigarro é um deles, a menos que queira ver seu carro todo vomitado.

Ele sorriu e guardou de volta.

– Obrigada, Arthur – disse, sorrindo. – E aquele carrão, devolveu?

– Ela me deu o carro, mas eu não sei se gosto de ficar andando nele – respondeu. – Se bem que tem o motor bem potente. Sobe o Alto da Boa Vista sem chiar. Mas... sei lá.

– Eu gostei dele – disse Anabela. – É bem confortável. Não entendo por que se preocupa com isso. Se você quis namorar com ela, certamente terá de se acostumar com o pacote completo.

– Nunca procurei esse tipo de vantagem, Anabela, nem mesmo imaginava o grau de riqueza dela.

– Bem, agora aproveite – disse provocante. – Peça que lhe dê um telefone novo, já que eu não tenho condições mesmo de o recompensar, apesar de ser culpada.

– Mas que merda, Anabela, já vai provocar, caramba? – perguntou, irritado. – Pelo jeito está ficando boa outra vez, pra ficar dando patada na gente.

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