Capítulo 11 - parte 4 (em revisão)
No dia seguinte, Arthur voltou para a Barra e foi fazer a sua corrida. Decidiu ir mais cedo e também correu mais do que o habitual, sentindo-se muito bem. Enquanto corria, pensava em tudo, desde a esposa aos atentados e, contra a vontade, predominava a delegada.
Quando terminou e foi para a praça fazer a ginástica, prestou atenção em cada detalhe nas redondezas não achando nada anormal. Mais tranquilo, compenetrou-se nos alongamentos, quando o cheiro peculiar da Diana precedeu a sua presença. Sorriu e parou. Ainda de costas, disse:
– Oi, Mariazinha – virou-se devagar e encontrou-a parada, toda elegante e de óculos escuros, sorrindo. – Passou o susto?
Diana veio devagar sem mudar o semblante e ergueu os braços, passando-os em volta do seu pescoço. Puxou Arthur para si e beijou-o com paixão. Afastou-se devagar, arrebitando o nariz.
– Passou e você sabe que não gosto de Maria – disse, repetindo de novo. – Você está todo suado!
– De mim, sempre gostou e sempre gostará, Mariazinha – respondeu Arthur, rindo. – Corri mais que o usual, hoje. Só posso estar suado!
– Tá na hora de parar com essa brincadeira de eu ser a sua Maria da infância, amor. Quero que goste de mim por mim e não pela lembrança de uma menina de treze anos. Até o seu amigo já comentou a respeito, dizendo que sou muito parecida com ela! Afinal, você gosta de mim, a Diana, ou da Maria, a menina da sua infância?
– As duas em uma só, meu amor. Você vai precisar de me explicar o que fez com seus olhos, Mariazinha, porque eu sei que é você. Lembrei há pouco tempo que se chamava Maria Diana. E fui eu que a ensinei a atirar, meu anjo, e também a lutar e correr, embora você não fosse fã de correr. Você age demasiado igual à Mariazinha, Maria – disse rindo da cara dela. – Até me chamou de mágico e disfarçou muito mal.
– Caraca, Arthur – disse ela, mais séria. – Pare com isso, ok? Como eu poderia mudar meus olhos? Vamos almoçar juntos e trate de esquecer esse assunto.
– Onde quer almoçar? – perguntou ele. – Está um pouco cedo, mas posso tomar um duche rápido no posto salva-vidas.
– Não, meu amor. – Diana pegou a sua mão. – Você vai pegar as suas roupas no carro e vamos andar dois quarteirões que tenho um belo apartamento de frente para o mar aqui mesmo, quando quero ficar pela Barra. Lá, você toma o seu banho que é bem mais confortável.
Passou das palavras aos atos puxando Arthur, que riu e puxou-a na outra direção:
– O carro e as roupas estão para aquele lado – disse ele. – Tem estacionamento lá? Acho mais seguro deixar o seu carro no estacionamento.
– Tem para dois carros – ela riu. – Vamos lá.
Diana tratou logo de enfiar o delegado dentro da banheira e ligou a hidromassagem que ele passou a gostar. Enquanto ela enchia, a garota foi-se despindo na frente dele, toda sensual, e entrou junto, agarrando-o.
– Precisamos compensar a falha de ontem – disse ela, beijando-o. Arthur parou de pensar e entregou-se aos seus encantos.
Passaram momentos agradáveis e já estavam na cama quando ela levantou-se para beber água. Riu e disse:
– Você vai me matar do coração de tão forte que ele bate quando estamos juntos. Juro que nunca senti nada assim antes – disse, já voltando enquanto ele apreciava seu corpo. – Isso é mágico!
Quando ouviu mais uma vez aquela palavra, ele teve outro lampejo.
– Nem mesmo do seu Arthurzinho de treze anos? – perguntou ele. – Lembro que você ficava ofegante quando olhava nos meus olhos e os seus iam ficando verdes. Então eu beijava você e apertava contra mim. Às vezes eu sentia seu coração bater forte, ainda mais quando você dizia que me amava.
– Ora, nessa idade eu não era safada assim e além disso...
– Mariazinha, meu amor, quando vai parar de mentir para mim? – Arthur sorriu, delicado. – Eu já sei a verdade!
– Caraca, amor eu já disse...
– Olhe um rato ali, Maria! – berrou, apontando para trás dela.
O efeito foi fulminante e a mulher nem olhou para trás. Soltou um grito de medo e correu, atirando-se ao seu colo, apertando Arthur, desesperada.
– Socorro, Thurzinho, socorro. Tire esse monstro de perto, Thurzinho... – Diana deu-se conta da armadilha e parou de falar, Olhou nos seus olhos, olhos nos olhos. Seus lábios tremiam um pouco, quando tentou voltar a falar. – Eu... eu... eu...
– Você nunca superou esse trauma, né, Mariazinha? Eu sabia que era você, lá dentro do coração eu sabia – disse, fazendo carinho nos seus cabelos, passando a mecha para trás da orelha.
– Eu, eu...
– Por que tentou me esconder? – perguntou, interrompendo a garota. – Se soubesse quantas vezes sonhei em reencontrá-la e tê-la nos meus braços. E agora você está assim, bem do mesmo jeito quando quase morreu de susto daquele rato no pátio da sua casa. A gente apenas tinha roupa daquela vez, mas foi nesse dia que descobri que a amava acima de tudo, que o meu coração parecia que ia sair do peito de tão forte que batia ao senti-la colada em mim, que eu precisava de cuidar sempre de você e de a proteger. E também foi o dia em que eu disse que um dia casaria com você, mas tudo o que eu queria agora, era ver os seus verdadeiros olhos de novo.
Em silêncio, Diana levantou-se e afastou-se, caminhando em direção à cômoda. Chateado, Arthur calou-se porque não queria mais teatrinhos e sabia a verdade, tinha a certeza que ela era a sua primeira namorada.
Suspirou fundo e ia dizer algo, mas a garota voltou pouco depois e sentou-se mais uma vez no seu colo, abraçando-o. Beijou seus lábios com ardor e então abriu os olhos devagar e olhou direto nos seus olhos. Para sua felicidade, Arthur voltou a ver aqueles olhos azul-esverdeados cujo verde começava a predominar por causa das suas emoções mais fortes.
– Maria – balbuciou ele. – Maria...
– Arthur...
O silêncio que se seguiu demorou a ser quebrado enquanto se acariciavam e beijavam em total entrega, sentindo mais do que simples lembranças do passado.
Bastante tempo depois, cansados e felizes, tomaram um banho rápido para descerem e almoçarem. Ela foi à cômoda e, quando voltou, voltou a ter os olhos cor de mel.
– Como raio faz isso? – perguntou Arthur.
– Lentes de contato – respondeu ela. – Esqueceu que eu usava óculos? Como gosto de olhos cor de mel...
– À não – disse Arthur. – Trate de arrumar umas lentes transparentes.
– Pensei que eu era a autoritária – disse Diana, rindo. – Prometo que farei isso, mas demora uns dois dias, tá?
– Seus olhos são a sua parte mais linda, Maria, eu me perdia olhando para eles e babava quando via o azul ficando verde. Parecia que olhava a sua alma.
– Acho que nunca mais ficaram verdes desde que o canalha do meu pai nos separou.
– À ficaram sim, amor – disse Arthur, rindo. – Vi isso acontecer quando voltou para meu colo sem as lentes e olhou para mim com seus olhos mágicos.
– Meus olhos ficam verdes quando sinto emoções fortes, meu Thurzinho – explicou. – Por isso é que sempre que me olhava eu ficava com eles verdes. Pronto para descermos?
– Por mim passava o resto do dia aqui com você, mas vamos lá. Também tenho coisas para fazer.
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