Capítulo 10 - parte 2 (em revisão)
A mensagem da Mulher Maravilha chegou no horário do almoço e ele leu o endereço. Era um bar chique no Leblon e Arthur começou a ficar preocupado porque eram locais um pouco acima dos seus recursos. Uma que outra vez até podia, mas não sempre.
Mesmo assim, ele foi e chegou no horário. Estava divertido porque ia pregar uma peça pra valer na garota, em especial depois que entrou no bar e confirmou as suas suspeitas. Às vinte e trinta ela ainda não tinha aparecido, quando Arthur escreveu no aplicativo de mensagens:
– "Arthur D.: Minha bela e inesquecível Maria Diana Maravilha, que tal sair do seu canto escondidinho e aparecer ou vou precisar de ir aí encontrar você?"
Uma pessoa levantou-se do canto do bar, o mais escondido, e aproximou-se dele, sorrindo. Enlaçou seu pescoço e beijou-o com candura.
– Você sabia que era eu todo esse tempo, safado? – perguntou, rindo.
– Não. Descobri ontem no final da nossa conversa e relendo as anteriores notei que havia muitas pistas deixadas por você. Primeiro, lembrei que o nome da mulher maravilha é Diana. Mas o seu maior erro foi esse perfume inebriante e exótico que usa. O cheiro ficou dentro do bar e, assim que entrei, senti. Ontem no clube de tiro não usava, por isso não notei a sua aproximação.
– Tá bom, gato maravilha – disse ela, rindo. – Você é mesmo um grande e apaixonante detetive, sabia? Estou louca por você. Gosta do meu perfume tanto assim?
– Você também é apaixonante, Maria – disse Arthur. – Eu adoro esse perfume e não sou o único.
– Eu já disse que não gosto de Maria, esqueceu? – perguntou ela, fazendo uma careta. – Esse perfume é um Baccarat. Delicioso, mas caríssimo.
– Mas afinal, você tem Maria no seu nome ou não? – perguntou Arthur, ignorando o comentário do perfume.
– Reservo-me ao direito de fazer mistério, Arthur – disse ela, rindo.
– Tá bom, Maria – disse Arthur, puxando-a pela cintura. – E eu reservo-me ao direito de fantasiar um pouquinho, já que vocês são tão parecidas.
Afastou-a e olhou para ela que trajava um vestido azul, curto e muito bem ajustado ao seu já perfeito corpo.
– Você apenas cresceu pra caramba e nas direções certas – continuou ele. – Foi jogo sujo ficar a se passar por outra pessoa e quase descobrir tudo da minha vida.
– E por que contou tudo à Mulher Maravilha?
– Porque a via apenas como amiga, enquanto você eu sempre desejei muito desde aquele segundo no restaurante. Só nunca imaginei que fosse ter essa sorte toda.
– Assim, vou-me sentir o centro das atenções. – Diana riu.
– Mas você é o centro das minhas atenções, Maria – puxou-a para si e beijou-a. No seu ouvido continuou. – Se estivesse usando esse vestido naquele dia no banheiro dos deficientes físicos teria sido mais fácil despir você, bem mais fácil.
Diana deu uma grande risada e olhou para ele com um olhar que o deixou babando.
– Você é mágico, Arthur.
– Por que disse isso? – perguntou Arthur empertigado, arregalando os olhos.
– Porque você me deixa enfeitiçada, Arthur, por quê? – perguntou espantada. – Disse alguma coisa errada?
– Não, desculpe. – Arthur sorriu e acalmou-se. – Deixe para lá.
– Então vamos jantar, amor.
― ☼ ―
Saíram a caminhar pela rua e acabaram na beira da praia, andando de mãos dadas.
– Pretende fazer o quê, amanhã? – perguntou ela. – Depois do trabalho, quero dizer.
– Estou de férias, então não vou trabalhar – respondeu. – Acho que vou correr na Barra e talvez pegar meu filho na creche de tarde e passear com ele.
– Pretende ir a algum lugar especial?
– Não – respondeu ele. – Como estou sem carro devo ficar com ele lá pela Tijuca mesmo.
– Use o meu carro, Arthur – disse ela. – Eu tenho mais carros e posso emprestar o meu, quer?
– Aquele baita carro? – Arthur riu. – Nem pensar. Se acontece alguma coisa com ele vou levar uns trinta anos pagando.
– Caraca, Arthur – disse Diana, rindo. – Quantas vezes você bateu um carro?
– Nunca, mas é muita responsabilidade...
– Bobo. – Ela fez uma careta. – Tenho seguro total, amor. Você fica com o carro e pego um táxi para casa que é aqui perto.
– Sei lá, Maria.
– Deixe de ser tolo, amor – disse ela. – Amanhã a gente se encontra e você me devolve.
Diana encostou-se mais a Arthur e ele notou que ela sentia um pouco de frio. Abraçou-a com os dois braços.
– Tudo bem, eu aceito – disse, por fim. – Mas você está com frio deste vento, então vamos para outro lugar.
– Acho que hoje eu vou cedinho para casa, meu amor. Estou cansada, mas amanhã eu desconto em você, então não se canse muito.
– A gente encontra-se onde, amanhã?
– No clube de tiro? – perguntou ela. – Atirando mal daquele jeito que vi ontem, talvez eu ganhe de você.
– Acontece, Mariazinha – disse Arthur rindo –, que eu atirava de olhos fechados.
Quando chegaram ao carro dela, Arthur disse:
– Não vejo necessidade de pegar um táxi, Maria – sorriu-lhe malandro. – Eu levo você.
– Me deixe ao menos guardar um pouco de mistério, meu amor. – Entregou as chaves. Estendeu o braço na rua e um táxi parou ao lado. Ela entrou, sorriu e continuou. – Se precisar, os documentos estão no porta-luvas. Até amanhã, amor, vou sonhar com você.
― ☼ ―
Arthur entrou em casa e os pais já dormiam. Ele deitou-se na cama, depois de dar um beijo no filho, e tentou dormir, mas a sua cabeça não o deixava. Pensava em muitas coisas ao mesmo tempo, mas a imagem da Anabela não fugia nunca dele.
Para se livrar dela, relembrava a atrocidade que lhe fez, mas os seus devaneios acabavam por o levar imagens de felicidade e alegria dos momentos bons que passou com a moça.
A única hora em que não pensava nela e não sentia a sua falta era quando estava com Diana, mas bastava afastar-se um pouco e pronto, começava a pensar nela.
Acabou adormecendo para ser acordado pelo pai bem cedo na manhã seguinte.
― ☼ ―
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top