12. Freedom
⚠️AVISO: ESTE CAPÍTULO CONTÉM DESCRIÇÕES VIOLÊNCIA E AGRESSÃO!
Por favor ouça a linda música da Demi Lovato: Stripper. E prepare o lencinho.
Você pode pegar tudo o que tenho
Você pode quebrar tudo o que sou
Como se eu fosse feita de vidro
Como se eu fosse feita de papel
Vá em frente e tente me derrubar
Eu vou me levantar do chão
Como um arranha-céu
Como um arranha-céu.
O sol esta espreitando através das nuvens enquanto Jungkook se mexe no banco do passageiro. São apenas sete horas da manhã e mal há carros ou pessoas pela rua nesse horário. Yoongi está com as duas mãos segurando o volante com força, os nós dos dedos brancos.
Os dois homens mal dormiram a noite enquanto respiravam pesadamente e se reviravam na cama. Jungkook passou a maior parte da noite olhando para o teto, punhos cerrados rezando para todas as divindades que existissem para que Jimin ficasse bem até que eles chegassem lá.
A tensão no carro é palpável e não há conversa entre os dois. Eles haviam deixado Taehyung e Seokjin no restaurante antes, tendo decidido que estariam melhor longe da cena e em modo de espera, não se sentindo confortáveis com nenhum tipo de violência.
E há uma grande chance de que as coisas se tornem violentas.
Yoongi faz uma curva acentuada no estacionamento do posto de gasolina onde Namjoon e Hoseok estão esperando. Assim que o carro para, eles pulam no banco de trás do carro e Yoongi não perde tempo em sair. As únicas palavras ditas são as de Hoseok explicando a direção da casa de Jimin até que finalmente eles chegam.
– É essa aqui? – As primeiras palavras que Yoongi fala desde que ele se despediu dos outros.
– Sim, mas vamos estacionar do outro lado para termos uma visão melhor da casa e, caso ele olhe, não necessariamente nos veja.
– Tudo, menos o vidro da frente, é fumê (escuro) e ele não conhece o rosto de Jungkook ou o meu, então deve ficar bem.
Há um momento de silêncio, pois todos parecem hesitar em dizer qualquer coisa agora que estão lá. A situação é real demais.
– Então o que nós vamos fazer? – Jungkook quebra o silêncio.
Namjoon suspira com a pergunta de Jungkook.
– Para ser sincero, não sei.
– O que aconteceu desde que você ligou? – Yoongi pergunta, um olhar frio em seu rosto.
– Nada de mais. Andamos ao redor da casa para ver se há outro ponto de entrada, mas é apenas a porta da frente, que está trancada por fora. Nós não recebemos nenhuma palavra de Jimin, nem tentamos, já que tudo o que ele fez foi nos pedir para sair quando o verificamos. Youngjae não voltou desde que saiu.
– E por que não podemos simplesmente invadir e tirar Jimin?
– Porque no minuto em que fazemos isso, nos tornamos parecidos com sequestradores e não tenho certeza se Jimin está em posição de testemunhar por nós. Não podemos fazer nada para dar vantagem a Youngjae.
– Maldito inferno. – Yoongi geme.
– Olha, nossa melhor aposta é esperar até o Youngjae voltar. Ele não trancará novamente por fora, o que significa que será capaz de abrir por dentro. Talvez possamos tentar conversar com Jimin agora e ver se ele pode abrir a porta para nós de alguma forma.
– Isso se baseia no fato de que Jimin tem que chegar à porta e abri-la. E se isso o colocar em mais perigo.
– Entendo quais são suas preocupações, mas ainda não temos muitas opções. Sem arrombamento e invasão, não há muito o que fazer, a menos que... ouçamos... indicações distintas de que alguém está em perigo que possamos provar mais tarde. – Diz Namjoon.
– Bem, talvez não seja a hora de ficarmos apenas escolhendo tudo, mas fazendo algo um pouco mais imprudente se isso significar que Jimin esteja seguro. – Yoongi rebate.
– Você acha que eu não me importo com a segurança de Jimin? Eu o conheço há mais tempo do que você.
– Realmente? Porque não parece.
– Yoongi, Namjoon, vocês dois precisam se acalmar. – Hoseok tem uma mão no ombro de Namjoon e outra na frente de onde Yoongi esta virado no banco do motorista, os olhos se estreitando com raiva. – Não é hora de comparar quem se importa mais com Jimin ou quem o conhece melhor. O fato de estarmos todos aqui sentados neste carro significa que estamos dispostos a arriscar tudo para garantir que Jimin fique bem e isso é o suficiente. Estamos todos com sono e muita tensão, mas agora, preciso garantir que Jimin fique bem. Que ele não seja deixado sozinho para lidar com isso, e que no final do dia, Jimin esteja ao nosso lado e seguro. Então, todos vocês precisam entender isso também.
– Sim. Sim. Desculpe. – Yoongi desviou o olhar, em direção à casa.
– Eu também.
– Por mais que esteja cansado de esperar, acho que Namjoon está certo. Nossa melhor aposta é continuar esperando até Jimin nos deixar entrar. Tentarei subir agora para conversar...
O som do telefone de Namjoon tocando interrompe Hoseok e Namjoon responde rapidamente.
– Olá? – Um olhar de confusão passa por seu rosto. – Mas não estou agendado até às 11 de hoje. – Pausa. – Quem veio e disse o quê? – Os olhos de Namjoon ficam sombrios quando ele ouve a outra pessoa. – Sinto muito, mas não sei a que horas poderei entrar, muito menos se vou conseguir. Estou lidando com uma emergência em casa agora. Ligo para você quando puder.
Com isso, Namjoon desliga e depois dá um soco na lateral da porta. Esta é a primeira vez que eles vêem Namjoon ficar violento e todos olham em choque.
– Namjoon? O que há de errado?
– Era da biblioteca. Eu não esperava que Jimin fosse ao trabalho do jeito que tudo está indo, mas também não esperava isso. Aparentemente, Youngjae ficou esperando no estacionamento da biblioteca até a chegada do nosso supervisor. Ele o pegou logo cedo e lhe disse que Jimin está passando por alguns problemas e está se demitindo. Quando o supervisor tentou argumentar que Jimin teria que ir pessoalmente, Youngjae disse que Jimin já havia deixado a cidade para lidar com os problemas e que não sabia quando ele voltaria. Youngjae disse que Jimin ligaria para ele mais tarde quando as coisas se acalmassem um pouco.
– Então... isso significa...
– O Youngjae está planejando pegar Jimin e fugir.
⊹⊱•⊰⊹
Um raio de sol fluindo através de uma rachadura nas cortinas é o que finalmente desperta Jimin para a consciência. Todos os músculos de seu corpo estão gritando pela posição em que ele desabou, bem como os ferimentos da noite anterior. No início, Jimin sente como se fosse qualquer outra manhã após um encontro com Youngjae, até que as lembranças do que aconteceu na noite anterior inundam seu cérebro.
– Porra. – Jimin geme quando percebe que já é de manhã. Ele não tem ideia se Hoseok e Namjoon ainda estão lá, se tentaram conversar com ele durante a noite, se Youngjae os viu.
Reunindo toda a força que resta nele, Jimin se força a ficar de pé e caminhar em direção à janela. Ele olha para fora e nota com alívio que o carro de Hoseok não está em lugar algum. Ele vê um carro desconhecido estacionado do outro lado da rua e os contornos vagos de alguém sentado no banco do motorista, mas enquanto Hoseok não estiver aqui, ele não se importa com o resto.
Jimin se vira e verifica a hora no pequeno relógio de parede. Já passou da hora dele ir para seu turno. Youngjae deixava a porta destrancada nas manhãs que sabia que não voltaria para levá-lo ao trabalho, mas quando Jimin gira a maçaneta, ela ainda está trancada pelo lado de fora.
O medo que ele está lutando para manter sob controle ameaça se libertar.
Se Youngjae não retornou durante a noite e o está impedindo de trabalhar, as coisas não terminará com uma surra e um aviso. O qual longe Youngjae irá é imprevisível e aterrorizante.
"Você não pode me deixar, Jimin-ah. És meu para sempre. Não importa o que ele ou qualquer outra pessoa diga ou faça. Você pertence a mim."
As palavras de Youngjae ecoam em sua cabeça e envia uma onda de náusea através de seu sistema. O conceito de passar o resto de sua vida trancado em sua própria casa o enojado, só de pensar em dormir em sua cama, escondendo hematomas e cicatrizes de qualquer pessoa que o veja o deixa enjoado.
Jimin não se lembra qual a sensação de ter a luz do sol em sua pele nua.
Ele não se lembra de como é caminhar sem um destino claro em mente.
Ele não se lembra de como é ter um lugar e uma pessoa para onde voltar, correr de braços abertos e sentir-se confortado, amado.
Ele não se lembra de como é ser completamente humano.
Jimin não tem fé para viver mais assim.
Ele prefere estar morto.
Ele tem que bolar um plano antes de Youngjae voltar. Se ele não quiser...
... O som de um carro entrando na garagem enche a casa e o sangue de Jimin gela. É tarde demais. Ele já está aqui.
Jimin se move o mais rápido que pode para o outro lado da casa, colocando a maior distância possível entre a porta e ele. O som da porta do carro se fechando... então segue o caminho até a porta principal... a chave girando na fechadura...
Youngjae abre a porta e faz contato visual com Jimin, que imediatamente se prepara para algo ser jogado nele, sejam palavras ou socos. Mas Youngjae se vira e puxa caixas amassadas para dentro da casa. Ele então fecha a porta e vai em direção à pilha de roupas ao lado da cama. Ele abre uma caixa, pega a fita da gaveta perto da porta, monta uma caixa e começou a jogar roupas nela.
– O... o que você está fazendo?
Youngjae ignora a pergunta de Jimin e sela a caixa quando coloca a maioria das roupas dentro. Ele repete o processo com outra caixa e depois vai para a cozinha, onde começa a despejar os poucos pratos e panelas que tem.
– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – Jimin grita se movendo em direção a ele e agarrando seu braço para impedi-lo de colocar a panela de arroz dentro.
– Saia de cima de mim. – Youngjae cospe, empurrando o braço de Jimin para o lado, fazendo-o tropeçar para longe. – Fique quieto e fique fora do meu caminho enquanto eu termino. Estamos indo embora.
– Indo para onde? – Jimin questiona. Youngjae continua suas ações, sem responder. – Eu tenho que ir trabalhar, hyung.
Youngjae pega os pratos e coloca um dentro do outro, pegando algumas das camisas que havia deixado de fora e enrolando-os no meio para impedir que se quebrem.
– Hyung, eu tenho trabalho. Estou atrasado.
– Você não tem trabalho. Eu disse a eles que você desistiu. – Youngjae continua andando pela casa para preencher a última caixa.
– Você o que?? – Jimin pergunta surpreso e desesperado. Youngjae caminha em direção ao banheiro sem responder. – Eu não vou.
Youngjae para, depois se vira lentamente para Jimin, os olhos brilhando.
– Você o que?
– Eu não vou com você.
– Você diz isso como se tivesse uma escolha. Lembre-se do que eu te disse ontem à noite, Park Jimin. Você é meu. Você não pode me deixar.
Youngjae volta e entra no banheiro.
Jimin sente sua respiração aumentar de ritmo quando as implicações do que está acontecendo o atinge. Se ele for embora, será o fim.
Houve momentos brilhantes em sua vida no meio da escuridão, com seu trabalho na biblioteca e seus livros. Ele havia encontrado... amigos... pessoas que ele adorava ver e pessoas que pareciam também lhe dar carinho e amor, embora ele não soubesse por quanto tempo.
Mas partir... partir significa perder tudo. E depois disso, Youngjae provavelmente nunca deixará Jimin sair de casa novamente.
Não.
Ele não pode. Ele não pode ir embora.
O desespero faz seu cérebro funcionar mais rápido enquanto pensa em algo, qualquer coisa para ajudá-lo a sair dessa situação.
Ele pode correr. Mas para onde? Embora a adrenalina lhe dê uma explosão de energia, ele não conseguirá correr mais do que o carro de Youngjae e ele não sabe dirigir.
O carro
Há um carro lá fora, talvez com uma pessoa ainda dentro. Talvez... talvez essa pessoa possa ajudar.
Decidido, Jimin se vira e força seu corpo a se mover o mais rápido possível, mancando em direção à porta e abrindo-a. A luz do sol queima seus olhos enquanto ele tenta correr para fora.
Ele não consegue chegar na metade do caminho antes de sentir as mãos de Youngjae agarrando seu ombro enquanto ele grita de dor.
– Onde diabos você pensa que está indo?
Jimin luta contra ele, mas seus gritos são abafados contra a mão de Youngjae quando o arrasta de volta para dentro e o joga no chão.
⊹⊱•⊰⊹
Todos os planos são descartados quando a discussão é interrompida pelo carro de Youngjae chegando em casa. Os dois na parte de trás se abaixam enquanto Yoongi olha para o telefone e Jungkook olha pela janela. Assim que ouvem a porta do carro fechar, todos os quatro vira a cabeça para assistir Youngjae entrar na casa.
– Porra, é tarde demais.
As palavras sufocadas de Hoseok refletem todos os seus sentimentos enquanto um sentimento de afundamento enche o peito de Jungkook.
Yoongi olha para frente, uma expressão sombria gravada em seu rosto.
Namjoon murmura uma série de maldições enquanto esfrega os olhos, exaustão e frustração claras em seu rosto.
Jungkook não consegue desviar o olhar da casa que agora tem a pessoa com quem mais se importa no mundo e a pessoa que mais odeia no mundo. Por isso ele é o único a ver Jimin correndo pela porta e entrando na garagem. Um ruído estrangulado escapa de sua garganta quando a luz do sol revela a condição desgastada de Jimin: ele está mancando, hematomas visíveis quando a camisa pende frouxa em um de seus ombros. O pescoço, o braço, o rosto... todos cobertos de hematomas, com as roupas escondendo todos os outros ferimentos possíveis.
Mas o pior de tudo é sua expressão. É de evidente desespero e angústia, de um homem fugindo de seus piores medos. E ele está olhando diretamente para o carro em que estão sentado.
O barulho de Jungkook faz com que os outros o olhem primeiro, depois siga sua linha de visão enquanto observam Youngjae alguns passos atrás de Jimin. Eles assistem impotentes quando Jimin é arrastado de volta.
Jungkook se cansa de esperar.
Enquanto os outros o chamam desesperadamente e, ele até sente a mão estendida de Yoongi roçar seu braço, Jungkook abre a porta do carro e corre para a casa.
⊹⊱•⊰⊹
Youngjae usa a mão livre para abrir a maçaneta da porta e arrasta Jimin para dentro enquanto o garoto luta. Uma vez lá dentro, ele joga Jimin no chão e o chuta, dizendo para ele calar a boca antes de se virar para fechar a porta corretamente...
... quando outra figura entra correndo, atacando Youngjae e derrubando-o no chão.
Lágrimas embaçam a visão de Jimin quando ele vê as duas formas lutando entre si. Ele usa uma mão para esfregar os olhos enquanto tenta se sentar, preparado para usar a luta como outra oportunidade para correr e fugir, quando finalmente dá uma boa olhada na pessoa que luta com Youngjae e seu sangue gela.
É Jungkook.
Ele assiste impotente, congelado, enquanto Jungkook dá outro soco em Youngjae, que grunhe com o contato, mas usa o impulso para arrastar Jungkook para o chão.
– Não. – Jimin choraminga.
Jungkook faz contato visual com Jimin quando Youngjae se ajoelha no seu peito.
– Corra, hyung, corra! – Jungkook grita.
Youngjae dá um soco no rosto e no peito de Jungkook que tenta em vão bloqueá-los.
– Hyung, pare, por favor! – Jimin implora.
Aos gritos de Jimin, Youngjae olha para cima e encontra os olhos dele. Ele agarra o colarinho de Jungkook e o puxa para cima, cuja cabeça pende pesadamente para trás.
– Você o conhece, Jimin? Quem é?
– E-ele é apenas uma criança, hyung. Um garoto que vai à biblioteca o tempo todo.
Jimin comete o erro de olhar para o rosto de Jungkook e vê a dor de suas palavras brilhar nos olhos do mais novo, diferente da dor física que marca seus traços normalmente bonitos.
Ele pedirá desculpas ao garoto mais tarde e garantirá que Jungkook saiba que não é verdade, se ambos conseguirem sair vivos. Mas ele não deixará Jungkook se machucar mais por causa dele.
– Apenas uma criança, hein? Uma criança que sabe onde você mora e correu para lutar comigo?
– Eu... ele... ele deve ter me seguido até em casa e... e...
– Oh, então esse garoto está te seguindo? Ele acha que pode fazer isso, hein?
Jimin percebe o erro de suas palavras assim que Youngjae volta a encarar Jungkook com raiva renovada.
– Não, não. Eu... eu o achei fofo, então o deixei me trazer para casa.
Youngjae volta lentamente para Jimin.
– Você achou ele fofo?
Jimin desiste da esperança de fugir. Ele não irá sair até que Jungkook esteja seguro, mesmo que isso signifique que ele não irá embora.
– Sim.
Youngjae segue em sua direção enquanto Jungkook grita:
– Hyung, não!
⊹⊱•⊰⊹
– YOONGI! Você não pode entrar lá!
Hoseok e Namjoon estão com os dois braços de Yoongi presos no banco por trás, tentando mantê-lo no carro.
– ME DEIXAR IR!
– Yoongi, por favor...
– Você quer que eu deixe Jungkook lá?
– No minuto em que você entrar lá, você encaminha as coisas a um ponto sem volta.
– Já chegou nesse ponto!
A explosão de Yoongi coloca os três em silêncio quando o peso de suas palavras os atinge.
– Você não entende? É tarde demais agora. Já ultrapassamos o ponto sem volta quando chegamos a esta casa. Se não entrarmos agora, podemos perder os dois.
Namjoon deixa as palavras de Yoongi se acalmarem antes de suspirar e soltar o braço que está segurando.
– Bem. Chamaremos a polícia primeiro. Então você e eu vamos juntos. Hoseok, você fica do lado de fora e espera os policiais chegarem.
– Já estou trabalhando nisso. – Responde Hoseok com os dentes cerrados, o telefone no ouvido enquanto espera o operador responder.
⊹⊱•⊰⊹
Jimin da boas-vindas ao próximo golpe, pois significa que Jungkook não o está recebendo. O soco o joga na parede e Youngjae está lá, prendendo-o.
– Você agiu tão alto e poderoso, dizendo-me que era inocente, que nunca fez nada. Mas você deixou ele te seguir? Você deixou esse garoto vir com você porque gostou dele?
O rosto de Youngjae está a meros centímetros do Jimin quando cospe as palavras de raiva para ele.
– Sinto muito hyung. Foi tudo minha culpa.
Ao contrário de todos os momentos em que Jimin esteve congelado de medo e aterrorizado por Youngjae, nesse momento ele se sente alerta e com muita energia. O único objetivo em sua cabeça é proteger Jungkook. Tudo mais, ele poderá lidar.
Mas talvez as intenções de Jimin sejam mais visíveis em seu rosto do que ele pensou, ou talvez todos os anos passados juntos tenham deixado Youngjae capaz de ler suas expressões com muita clareza. Porque quando Youngjae se depara com o olhar inabalável de Jimin, parece perceber que Jimin não está com medo dele.
E esse não poderia acontecer.
Youngjae dá um sorriso doentio e olha de volta para a figura machucada de Jungkook. Apesar do corpo atlética de Jungkook, ele não foi feito para lutar. Suas mãos foram feitas para criar arte, não socos, e seu corpo foi feito para criar beleza, não violência. Ele nunca teria chance contra um homem tão agressivo e destrutivo como Youngjae. Mesmo enquanto lutava para tentar ajudar Jimin, os golpes experientes que Youngjae havia dado causaram mais danos do que os golpes que Jungkook conseguiu acertar em Youngjae.
– Por que não começamos ensinando a seu pequeno amor o que acontece quando alguém toca no que é meu?
O medo volta.
– Espere hyung, não. – Jimin agarra o braço de Youngjae, mas esse o afasta enquanto caminha em direção a Jungkook. – Hyung...
Youngjae agacha-se onde Jungkook está deitado, o corpo derrotado mais olhos ainda alertas e furiosos.
– Faça o seu melhor, imbecil. – Jungkook cospe.
– Oh, será um prazer, punk.
Jimin olha desesperadamente ao redor em busca de algo que possa protegê-los e seus olhos pousam em uma garrafa de cerveja vazia que Youngjae havia perdido. Ele a agarra, esmagando-a contra o balcão para quebrar o fundo. Usando o gargalo da garrafa como apoio, ele reune suas forças restantes para abraçar Youngjae pelas costas e segurar a ponta quebrada contra o pescoço.
Se não fosse pelo limite mortal, poderia ter sido um abraço amoroso de seus dias mais felizes. Mas isso está longe de estar cheio de amor e há muito mais risco.
– Não toque nele. – Jimin sussurra no ouvido de Youngjae, deixando uma das pontas da garrafa roçar no pescoço dele.
– Você não tem coragem de fazer nada, sua vadia.
Jimin solta uma risada frágil e cruel.
– Experimente, hyung. Veja o que eu posso fazer.
Um baque contra a porta chama a atenção deles para cima e então vêem Yoongi e Namjoon em pé na entrada da casa, observando a cena. Jimin não tem certeza de como está sua expressão, mas é o suficiente para Namjoon entrar com as mãos para a frente, como se estivesse se aproximando de um animal mortal.
– Yoongi, tire Jungkook daqui e leve para Hoseok. – Namjoon diz.
Enquanto Yoongi arrasta Jungkook para passar o braço do garoto em volta do seu pescoço, ele tenta protestar antes de finalmente deixar Yoongi levá-lo para fora.
O braço de Jimin se aperta em torno de Youngjae, começando a cortar o fluxo de ar enquanto mantém o vidro contra o pescoço.
– Jimin. – Namjoon chama suavemente. – Jimin-ah, deixe-me assumir.
Jimin ouve um ruído sufocante começar a surgir na frente dele e sente as mãos de Youngjae subirem para agarrar seu braço, apenas para parar quando a garrafa quebrada derrama sangue.
– Não se atreva a se mexer, querido. Fique parado para mim. – Jimin rosna no ouvido de Youngjae.
– Jimin. – Namjoon dá um passo à frente, as mãos ainda estendidas. Yoongi reaparece atrás dele, o olhar pesado em Jimin.
– Namjoon hyung, não quero que você se machuque. Fique longe.
– Jimin-ah, abaixe o vidro. Você está machucando ele.
– Então? – Jimin sente lágrimas ardendo em seus olhos. – Ele me machucou. Ele machucou Jungkook.
– Eu sei. Mas você precisa deixar ir.
– ELE ME MACHUCOU!
– Jimin, deixe ir. Jungkook precisa que você esteja seguro e bem. Ele precisa que você saia daqui. – Yoongi agacha-se para ficar ao nível dos olhos de Jimin, que se recusa a afrouxar o controle sobre a forma agora sufocada de Youngjae.
– J-Jungkook?
– Sim... esse pedaço de merda não vale mais o seu tempo. Vamos lidar com ele. Vamos, – Yoongi estende a mão para roçar o braço de Jimin. – solte.
Toda a força parece deixar o corpo de Jimin quando ele solta abruptamente, fazendo Youngjae tossir e se inclinar para frente. Namjoon e Yoongi saltam imediatamente para a frente, prendendo os braços de Youngjae e forçando-o a deitar de bruços quando esse começa a respirar novamente. Talvez seja porque Youngjae percebe que não tem chance, mas ele obedece, ficando em silêncio e imóvel.
O som de sirenes enche o ar e dois policiais entram na casa com armas na mão, correndo para assumir onde Namjoon e Yoongi estão segurando Youngjae. Yoongi volta para verificar Jungkook enquanto Namjoon se aproxima para ajudar Jimin a levantar.
Enquanto caminham em direção à porta, Youngjae de repente se liberta do policial tentando algema-lo e corre até eles, empurrando Namjoon para longe e se inclinando para sussurrar algo no ouvido de Jimin antes que os policiais o arraste para longe. Namjoon corre para o lado de Jimin e o segura enquanto esse treme.
– Jimin? Você está bem. Aguente firme, Jimin-ah.
Jimin olha silenciosamente para Namjoon antes que seus olhos rolem para trás e seu corpo caia em direção ao chão, finalmente desmaiando.
⊹⊱•⊰⊹
Jungkook geme quando eles o movem para a cama. Ele está com a costela quebrada e o nariz quebrado, com hematomas por toda a parte superior do corpo e a cabeça muito pesada.
– Você tem sorte de ter escapado apenas com isso. Você é um idiota, Jeon Jungkook. Um idiota certificado.
– Desculpe por te preocupar, hyung.
Yoongi olha para trás, a raiva não fazendo nada para mascarar o alívio que está dominando sua expressão.
– JUNGKOOK!
Seokjin e Taehyung entram correndo na sala, os olhos arregalados de preocupação e pânico antes de parar vendo Jungkook deitado timidamente na cama do hospital.
– Oi…
– JEON JUNGKOOK! – Seokjin parece chateado além da crença e Taehyung chora ao ver ele machucado.
Ao contrário de suas vozes altas, eles se aproximam da cama com cuidado antes de estenderem a mão para segurar cada uma das mãos de Jungkook.
– Você está bem? – Taehyung pergunta gentilmente.
– Eu estou bem, Tae. Estou bem.
– E Jimin?
Jungkook olha para Yoongi, que dá de ombros.
– Namjoon e Hoseok devem estar com ele agora. Ele não se machucou tanto quanto você... Os médicos disseram que ele protegia melhor seu corpo...
Jungkook faz uma careta com isso. Jungkook nunca teve a necessidade de aprender como ser atingido, como se proteger e minimizar os ferimentos. Mas Jimin tem esse conhecimento, e esse fato doi mais do que qualquer um dos ossos quebrados de Jungkook.
Nesse momento, Hoseok e Namjoon entram na sala.
– Ouvimos dizer que você foi transferido para um quarto e vinhemos verificar você.
– Eu estou bem, hyung. Obrigado por verificar... Jimin hyung está bem?
– Ele ficou quieto enquanto o médico o checava e depois disse que queria dormir. Ele adormeceu quando saímos, mas não quero deixá-lo sozinho por muito tempo, então vou voltar. Só queria ter certeza de que você estava bem.
– Sim, você deveria ir Hoseokie hyung. Eu ficarei bem.
Namjoon acena para os outros e abraça Seokjin rapidamente antes de se juntar a Hoseok e sair mais uma vez.
Seokjin morde o lábio antes de encarar Yoongi.
– E o... de Jimin...
A expressão de Yoongi se transforma em pura fúria mais uma vez.
– A polícia o levou com eles depois que um dos paramédicos cuidou dos ferimentos. Eles disseram que nos informariam sobre nossas escolhas de proceder.
Taehyung se apoia na mão de Jungkook enquanto Yoongi senta ao lado dele e afaga a perna do mais novo.
Jungkook não consegue evitar a preocupação por Jimin permeando em sua cabeça e decide visitá-lo assim que conseguir se mover para uma cadeira de rodas ou algo assim, quando a porta se abre para revelar o rosto em pânico de Hoseok.
– Hyung?
– Jimin. Ele se foi.
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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E
sse capítulo foi o mais longo e mais tenso. Jimin finalmente ficou livre (fisicamente) de Youngjae. Mas de repente, desapareceu. O que será que aconteceu? Tem haver com o que Youngjae falou a ele? Se sim, o que pode ter sido?
A verdadeira liberdade é aquela que acontece não só fisicamente, mas emocional e psicologicamente.
Liberdade é conseguir seguir em frente sem sentir medo de perder o que fica para trás.
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