༆XXXVI

e como uma fênix, eu renasço das cinzas e trago atualização para vocês

é meus amores, deu um trabalho viu, demorei um tempo pra terminar esse aq, estejam preparados para *tudo*

— Alyn, você pode parar de fazer isso e ir dormir, por favor? — Ouvi Ystria falar, mas a ignorei. Assim como estou fazendo com todos desde o momento que o Grão-Senhor e o mestre espião da Corte Noturna deixaram Vallahan.

Quando Rhysand apareceu no palácio contando que Elain havia desaparecido durante a madrugada e ninguém sabia de seu paradeiro Azriel impos uma barreira fria entre nós. Era como se ele não quisesse nem estar perto de mim. Tanto que não pensou duas vezes antes de ir com Rhysand, as sombras ondulando ao seu redor num casulo de silêncio e fúria gélida.

Fiquei repetindo para mim mesma que o beijo não havia significado nada, na vã tentativa de acreditar. Se não havia significado nada para Azriel, não iria significar nada para mim. Por mais que setenta por cento do meu corpo esteja de joelhos implorando para que ele aceite a parceria apenas para ter mais de seus beijos, seu cheiro e sua companhia. Não esperava que ele me aceitasse de braços abertos de repente, mas porra, nem pra fingir que isso tinha sido algo mais que um impulso.

Me sentia boba e iludida por pensar assim. Por várias vezes o encantador de sombras deu a entender que não queria nada a mais comigo, e forcei a barra mais uma vez. Mas não pode me julgar por tentar. Faria novamente se isso dissesse que teria seus lábios nos meus novamente. Tola. Burra. Inútil.

A sensação de reconhecimento e de conforto havia se partido e agora eu estava irritada. Manch chegou alguns minutos atrás, mas até então estava com Renard conhecendo o palácio e os machos odiosos daqui. Não os matei ainda por razões políticas, mas deixo bem claro que vontade não falta e que se eu quiser, eu vou fazer.

Só que isso não era o que eu queria. Matar por matar. Não menti quando disse que faria qualquer coisa para proteger Prythian. E se isso me tornasse a vilã de minha própria história pouco importava. Velliard está ganhando por medo e números. Vou ganhar por poder e inteligência. O saco de areia que estava socando estourou conforme dei um soco mais forte do que o esperado.

Olhei para o meu pulso sentindo as juntas de minhas mãos estavam vermelhas e latejando. Minha respiração estava ofegante, por conta do esforço físico. Descontar frustração com socos não estava me ajudando. Eu tinha que dar um jeito em tudo isso, os exércitos estão quase reunidos, mas atacar diretamente seria burrice. Eles estão em maior número e pelo que Renard disse qualquer um que sobrevoa a corte outonal é abatido. Levar meu dragão até lá seria a morte dele e não vou abrir mão dele tão cedo.

A porta da sala se abriu e um Renard pálido entrou, o peito subindo e descendo rápido. Os cabelos estavam bagunçados como se ele tivesse passado as últimas horas passando as mãos no mesmo. Ystria e eu o encaramos, mas o macho manteve os olhos no chão, sério.

Quando levantou os olhos até mim, senti a onda de preocupação me atingir pelo laço. Mais notícias ruins, imagino.

— Azriel pretende ir sozinho até a Corte Outonal buscar Elain. Eles acham que Velliard está por trás disso. — Senti o sangue de meu rosto se esvair e minha vista escureceu por alguns segundos. Ele não seria burro desse jeito. Caralho, não. Ele era mais inteligente que isso, tinha que ser. Era a porra de uma armadilha.

Isso é, se ela ao menos estiver lá de verdade. O que não é uma certeza, dada ao fato de que ela desapareceu. Ninguém viu ela sendo raptada, ou a direção para qual foi. Elain Archeron poderia muito bem ter abandonado a Corte Noturna por vontade própria. Ela desapareceu. Mas se arriscar no território inimigo sozinho? Isso não era algo que Azriel faria, não em seu juízo perfeito.

— Filho da...! — Gritei sem completar o xingamento, não conheço sua mãe para xingá-la. Ao me recordar que o mesmo estava se sentindo culpado por não estar em Prythian para cuidar de Elain, como se ela fosse uma criança que precisasse de toda atenção para não fazer merdas como essa. Suas sombras não devem ter falado sobre, o que pioraria a situação para o mestre espião.

— Alyn, fique calma. Nós podemos retornar agora mesmo se quiser, mas essa é a decisão da Corte Noturna, não podemos interferir. — Ystria alertou, a mandíbula apertada e a postura tensa. Faíscas roxas brilharam em seus olhos e sabia que os meus poderiam estar brilhando com o fogo que habita dentro de mim.

— Calma? O idiota do meu parceiro está querendo se matar a qualquer custo. Já é o segundo plano suicida em menos de duas semanas, se continuar nesse ritmo não vai ser a guerra que irá lhe matar. — Estava com raiva e frustrada. O mestre espião e eu não tínhamos nada, mas porra ele não pode decidir coisas desse tipo sem pensar em nada além da irmã de sua Grã-Senhora. A droga da vida dele ainda vale alguma coisa.

Se algo acontecesse com o encantador de sombras eu colocaria toda a porra do mundo em chamas. E depois estapearia ele por ser tão idiota. Como Rhysand havia permitido tal coisa?! Aquele illyriano cabeça dura iria acabar se ferindo gravemente e eu ia ter de lamber as feridas dele. Não que eu fosse reclamar de passar a língua naquele peitoral.

— Você é a majestade, se quiser destruir Velliard agora está em suas mãos. — Renard disse e me virei confusa para lhe encarar. — Você tem poder para isso, acredite.

— Renard está certo. Se você se juntar com os Grão-Senhores, Velliard não vai ter chance. Você, Helion, Darren, Lucien, Feyre, Nestha, Alaya e Manch tem poder suficiente para destruir os Valgs, o resto de nós luta contra os soldados que não o abandonaram. — Ystria continuou, como se isso não fosse uma ideia absurda.

— Ok, ok. Esse plano é ótimo, aliás, mas não vai ser útil agora. — Interrompi antes que começasse a concordar com eles. Poderíamos usar esse plano com Cassian, para a guerra. — A Corte Outonal está com escudos de magia que detectam qualquer invasor em suas terras, mesmo tendo poder para massacrar, isso não vai adiantar se tivermos que lutar com mais de trinta soldados ao mesmo tempo. — Alertei, lembrando-me das notícias que Manch contou. Milliken era de fato uma feiticeira excelente, nem mesmo Helion e Darren conseguiram quebrá-los. — Arrumem suas coisas, estamos indo para casa. Agora.

[...]

Havia deixado Arswyd com Manch, após fazer um acordo com o dragão para que ele cuidasse do palácio para mim. Ele pareceu entender, mas sabia que se ele sentisse que eu estava em perigo ele iria vir atrás. Já o amava por isso.

Entramos na biblioteca que usamos para as reuniões, que observando agora é bem menor do que a do palácio na base da montanha. Helion e Darren seguiam atrás de mim, e Fellius, Renard e Ystria logo atrás. Sabia que os dois últimos estavam cansados, mas não tínhamos tempo para descansar.

Se a irmã da Grã-Senhora tiver sido realmente raptada por Velliard, isso não iria acabar bem. Lucien já deve saber que sua parceira sumiu e vai soltar os cachorros na Corte Noturna. O conheço o suficiente para saber que vai jogar a culpa em alguém, provavelmente em Azriel.

A magia de Helion fez a maquete de Prythian se iluminar e percebi que algumas mudanças foram feitas. Como se o mapa soubesse cada ponto que havia mudado em cada corte. Puxei os cabelos para cima, os prendendo em um rabo de cavalo.

— Isso é assunto da Corte Noturna, não podemos interferir, Alyn. — Darren aconselhou mais uma vez, a ignorei focando nos pontos da corte outonal.

— Consegue expandir isso? — Perguntei para Helion, apontando a Corte Outonal na maquete. O mesmo assentiu sorrindo de lado e com um estalar dedos a mesa foi coberta por montanhas vermelhas cobertas de neve e vales verdes e laranja, assim como uma floresta nas cores vermelho, dourado e amarelo. As cores de minha casa.

— Os pontos prateados são os guardas que Joen e Kol espalharam pela Corte. Eridion cuidou para que ficassem fora de vista, mas não se pode tirar o calor de pessoas vivas. — Helion explicou, assim que me viu observando os pontos prateados espalhados por todos os cantos da floresta e do palácio. Haviam vários no mesmo lugar.

— Se temos todos esses recursos para saber onde estão cada um deles, não devemos avisar ao mestre espião onde estão? — Fellius me questionou, ele não estava nem um pouco a favor de eu me meter onde não fui chamada. Mas era a vida do meu parceiro, e não ligo se ele não quer ficar comigo, contanto que ele esteja vivo é melhor do que qualquer coisa.

— Ele jamais aceitaria brincar com a gente. — Um sorriso felino se abriu em meus lábios e o macho balançou a cabeça em negação. Darren apertou os braços ao seu redor e Ystria rodou sua adaga.

— Isso não é brincadeira Alyn, vai arriscar nossas vidas para proteger Azriel quando ele não precisa disso. — Darren disse e eu a encarei, um sorriso leve em meu rosto.

— Assim que ele cruzar as fronteiras da Corte, mesmo que lute vai acabar sendo imobilizado. O ódio que Beron construiu contra Illyrianos está em todos os sentinelas daquele lugar, mas o ódio que Velliard e Milliken sentem por mim é ainda maior. — Expliquei, sentindo meu estômago se revirar. Não gostava nem de imaginar a ideia de Azriel sendo torturado em meu lugar. — Eu matei o pai deles.

— E em troca eles vão matar o seu parceiro. — A voz de Renard estava sombria quando proferiu as palavras. Não era uma pergunta, era uma certeza. Uma certeza que eu não queria admitir que também tenho.

— Tudo bem então. — Fellius disse tomando a frente e quebrando o clima tenso que tinha se instaurado. — Qual o plano? — Sorri de forma dura e me virei novamente para o mapa, apontando para as fronteiras da Corte Invernal.

— Você, Fellius e Renard irão comigo, Darren e Helion vão estar esperando na fronteira da Corte Invernal. — Disse, posicionando os bonequinhos que tinham ali. — Rhysand e Kallias tem uma relação de respeito mútuo, não uma amizade como com Helion. Já com a Corte Estival já é mais formal, desde que roubaram metade do livro dos sopros que pertencia a Tarquin. Mas Azriel escolheria ir pelo lugar com saída mais próxima da casa da Floresta, que é na Corte Estival.

— Errado. — Helion interrompeu, se aproximando da mesa. — A saída mais próxima fica perto da corte Primaveril. Um túnel de acesso rápido para dentro da casa da Floresta, desconhecido por quase todos.

— Do que está falando? — Renard e eu perguntamos ao mesmo tempo. Meu amigo já havia andado por todo o palácio de Outono, e não conhecer a existência desse túnel é uma surpresa para nós dois.

— Ele dá acesso direto aos aposentos da Senhora da Corte. — Vi um leve rubor subir por suas bochechas, e eu não sei o que estava me deixando mais surpresa. O fato de existir um túnel com saída direta da Corte Outonal ou o fato de que Helion o usava para seus encontros com minha mãe. — Mas eu o fechei com magia, uns cento e vinte anos atrás, não me lembro ao certo.

— Havia uma saída fácil daquele lugar?! Vai se ferrar, eu quase morri fugindo daquela porra! — Esbravejei jogando as mãos para o alto.

— Não iria conseguir usá-lo, de qualquer forma. Está fechado com magia dos deuses. — O Grão-Senhor justificou.

— Tá, tá. Agora, temos que encontrar azriel antes que ele entre. Uma vez dentro, não tem volta. Darren e Helion vão esperar na entrada do túnel na Corte Primaveril. Eu, Fellius, Ystria, Renard e talvez Azriel vamos entrar, divididos em duas duplas. — Explico. — Renard, Fellius e Ystria vão juntos, mas se encontrarmos Azriel vai com ele. E eu vou... — Não completei a frase, pois no mesmo momento a porta da biblioteca se abriu e um Lucien furioso entrou.

— Seja lá o que estejam planejando, eu vou junto. — Ergui uma sobrancelha para o seu tom. Não o via a muito tempo, desde que fui até sua casa nas terras humanas.

— Não é bem assim que as coisas funcionam, querido irmão. — Ironizei cruzando os braços em frente ao peito. Ergui o queixo encarando o macho de cabelos vermelhos. O olho de metal rangiu conforme ele me estudava.

— Sei que estão indo atrás do bast... — Olhei mortalmente para ele, o desafiando a continuar o insulto. O mesmo estava com raiva por sua parceira, mas se ele xingasse ou ofendesse o meu parceiro novamente o amarraria nos estábulos com a Shelly. — De Azriel. E ele está indo atrás da minha parceira, de novo.

— Calma aí, pirata, como assim "de novo"? — Ystria perguntou, sem se importar em provocar o macho. Contive uma risadinha e esperei que ele explicasse, pois eu não sabia dessa parte.

— Na guerra contra Hybern, o rei usou o caldeirão para atrair as irmãs até eles. Mesmo Nestha e Feyre o ouvindo, apenas Elain seguiu o chamado. Ela ainda estava muito frágil e traumatizada, achavam até mesmo que estava enlouquecendo. — Explicou amargamente. Ystria e Fellius trocaram olhares e eu pagaria para saber o que eles estavam pensando.

— Então as chances de ter sido levada para a Corte Outonal são quase nulas. — Darren disse, atraindo a atenção para si. Por um lado ela estava certa, mas quem mais poderia ter levado Elain se não Velliard?

— A menos que seja uma armadilha. — Renard disse, parecendo ler meus pensamentos.

— Armadilha para quem? — Lucien pergunta, sem expressão. Respiro fundo, sabendo onde aquilo iria terminar.

— É de conhecimento geral a proximidade entre Elain e Azriel. — Helion colocou em palavras aquilo que eu não me atrevia a falar. Lucien ficou visivelmente tenso.

— Isso não explica.

— Ele quer a mim, Lucien! É isso que queria ouvir? — Grunhi fechando os olhos e massageando as temporas. Isso só podia ser um tipo de brincadeira dessa garota, sério. Não é possível, meu Deus. Estava tudo indo tão bem. — Pegar Azriel ou qualquer um do meu círculo íntimo estava fora de cogitação nas últimas semanas, pois todos estavam seguros dentro dos escudos de segurança da Corte. E Renard, Ystria e Azriel estavam comigo em Vallahan.

— Então, deixe-me ver se entendi, tudo isso é culpa sua? — Ironizou, mas as palavras me atingiram por ser a mais pura verdade. Nada disso estaria acontecendo se eu tivesse negado o plano do encantador de sombras, se eu tivesse colocado a cabeça no lugar e pensado de forma racional. Elain ainda estaria atazanando minha vida, mas ao menos saberia que está segura.

— Alyn não tem culpa de nada. A segurança da irmã de Feyre é responsabilidade da Corte Noturna. Com Azriel fora, deveriam ter sido cuidadosos.

— Parem de ficar jogando a culpa de um para o outro, inferno. Isso não adianta nada. — Berrei por cima da discussão. Minha cabeça estava quase explodindo de tanto doer. É melhor que essa garota esteja lá, pois eu não tenho ideia do que pode acontecer conosco se não. — Helion, avise Keala para preparar a ala médica, não sabemos como iremos voltar de lá e informe Rhysand para mandar Azriel para a fronteira da Corte Primaveril com a Corte Outonal. Darren, entregue o traje reserva de Fellius para Lucien. Ystria e Fellius peguem as melhores lâminas do arsenal da sala de armas. Renard, você e eu vamos repassar todas as saídas daquele lugar, caso não consigamos chegar até o túnel e vou preparar poções de magia para ajudar na discrição. — Ordenei firme e eles assentiram, confusos com meu tom, mas não disseram nada. — Todos, vão se arrumar, em vinte na varanda principal. Sem atrasos. — Assentiram e saíram, Ystria e Fellius com sorrisinhos estranhos em minha direção. Percebi que Lucien ainda estava ali, quando o mesmo se aproximou da maquete da corte e observou a casa da Floresta. — Vamos encontrá-la, eu dou minha palavra, irmão.

— Sua palavra não me vale de nada. — Fiquei parada enquanto o macho saia da biblioteca, só me permitindo fraquejar quando a porta se fechou. Um grito saindo de minha garganta, cortando o ar silenciosamente.

Isso tinha que acabar.

Eu não posso lutar pra sempre.

[...]

— Atrasada. — Fellius disse assim que entrei na varanda. Estendi o dedo do meio para o mesmo, que apenas me encarou com a sobrancelha erguida conforme eu colocava a caixa de madeira com os frascos no parapeito com cuidado para não derrubá-los.

— Tente tomar banho, se arrumar, tentar acalmar uma crise e misturar ingredientes mágicos ao mesmo tempo, se conseguir fazer isso em vinte minutos te dou três diamantes. — Retruquei sorrindo falsamente. Virei os rótulos dos vidros para mim, lendo o nome de cada um.

— Poções? — A pergunta veio de Lucien, que estava encostado na parede bem escondido. Os cabelos vermelhos presos em um coque apertado, o traje de couro preto não combinava em nada com ele, talvez branco ficasse melhor. — Você é feiticeira?

— Meio que sim. Nunca tentou feitiços, tentou? Tenho quase certeza que Eris, os outros e você também são condutores de magia, você principalmente. — Já que tem chances de ser filho do Helion. Contive um sorriso com o pensamento, filho da mãe sortudo. Tinha a chance de não ter o sague de Beron em si, o que já é uma grande vitória. Terminei de contar cada frasco, incluindo os dois a mais do encantador de sombras. Entreguei para eles os seus e guardei os meus e os de Azriel.

Encarei meus amigos. Minha família. Com brigas e encrencas, segredos e mentiras, mas unida. Nunca havia feito parte de uma, e ver o quanto sou sortuda de ter os conhecido sinto vontade de chorar. Eles nunca iriam me abandonar, ou esquecer. Esse era o real significado de família. Independente do que acontecer hoje, tinha que me lembrar disso.

Renard segurou a mão de Ystria, que segurou a mão de Darren, que segurou a mão de Fellius, que segurou a mão de Helion, que segurou a mão de Lucien que estendeu sua mão para mim. Senti o vento frio da noite que começava a cair beijar minha pele e me arrepiar.

Aceitei a mão de meu irmão, e segurei a de Renard, apertando a de meu amigo conforme a segurei. Observei a expressão de todos ali, gravando o máximo que podia de suas feições. Não estava com um pressentimento bom, mas não iria desistir. Se conseguirmos achar Elain lá, vamos ter de tirá-la de lá imediatamente.

Helion atravessou conosco até os limites da Corte Primaveril. Campos vastos e silenciosos, sabia o que o silêncio de uma floresta significava. Predadores a solta. Durante a noite não se podia imaginar quantos monstros se escondiam na escuridão fria da noite. Lucien olhou ao redor, reconhecendo seu lar.

Ystria e Darren ficaram ao lado de Fellius e Renard. Helion caminhou em direção a um salgueiro chorão molhado com o orvalho da noite e se enfiando entre os longos rebentos verdejantes mesmo sob a luz da lua. Andei silenciosamente até o meio das árvores, buscando os sons que deveriam estar ao nosso redor. Ouvi o barulho de um galho se partindo e me virei, soltei um grito quando fui derrubada no chão por uma besta imensa.

Antes que eu pudesse assimilar o peso da besta havia sumido. Meu corpo inteiro estava tremendo, Lucien estava de pé entre a besta e eu. Não consegui ver os traços da criatura com clareza, mas os chifres semelhantes ao de um alce, imensas garras negras como adagas e o rosto felino com presas amareladas e olhos esmeralda. Reconheci aqueles olhos de imediato.

— Tamlin, fique longe dela. — Ouvi meu irmão dizer, tentei levantar, mas o movimento atraiu a atenção da besta que tentou avançar. Um escudo azul foi erguido antes que Tamlin conseguisse se aproximar. — Que porra! — Lucien grunhiu. Tamlin emitiu um rosnado feroz e tremi. Senti mãos me levantarem e me esquivei, levantando sozinha.

— Bom ver você também, Grão-Senhor. — Provoquei. Sabia que não devia, mas o que eu podia fazer? Não é culpa minha que a besta da Primaveril não sabe controlar seus instintos.

— Alyn, não provoque. — Lucien pediu, dei de ombros me virando na direção contrária dos dois. Parei no mesmo lugar ao ver a figura alada quase escondida entre sombras. Azriel. Desviei o olhar e fui até Helion, vendo que o mesmo estava muito mais sério que o costume.

Antes que eu chegasse até o salgueiro, ouvi o barulho de um corpo caindo e olhei para trás, vendo Lucien cuspindo sangue. Semicerrei meus olhos na direção de Tamlin, que estava em sua forma de Grão-Féerico novamente, e refiz meu caminho de volta.

— Por que fez isso?! — Perguntei, com raiva apontando para o meu irmão. O olho de metal rangiu e Lucien negou, como se pedisse que eu não me intrometesse. Foda-se, eu iria. — Se quer bater em algo arrume uma sala de treino. Deveria mostrar um pouco de gratidão por Lucien ainda estar ao seu lado.

— Lucien me traiu na primeira oportunidade, não passa de mentiroso traidor, assim como todos os Vanserra. — Respirei fundo, contendo a vontade de ferver seu sangue como havia prometido da última vez.

— Meu irmão escolheu ajudar Feyre por que sabia que você estava obcecado por ela. Mereceu tudo que lhe fizeram, mas tenha em mente que tudo que Lucien fez por você foi em nome dessa amizade podre que apenas ele ainda cultiva. — Cuspi aos seus pés, vendo o mesmo rosnar mais uma vez e avançar em minha direção. Abri a boca para lhe desafiar, mas não foi a minha voz que foi ouvida:

— Se encostar um dedo em minha parceira vou fazer você se arrepender do dia em que nasceu, Grão-Senhor. — Azriel estava atrás do macho com a adaga pressionada no pescoço de Tamlin.

— Peça para que ele solte. — Ouvi Lucien, e demorei um pouco para encontrar a voz. Eu preciso dormir, isso definitivamente é um fato.

— Não perca seu tempo com ele, Az. — Usei o apelido que eu havia visto Morrigan e Feyre usando. O macho me encarou contrariado, mas soltou o Grão-Senhor que levou a mão até o pescoço, limpando um filete vermelho de sangue que a reveladora da verdade havia tirado.

Um sorriso de escárnio cresceu nos lábios do Senhor da primavera e me encarou nos olhos quando disse:

— Ele ainda não te descartou, querida? Conhece a fama dele, tem amantes espalhadas por toda a Prythian. Onde quiser. — Senti a bile queimando em minha garganta, sabia que o encantador de sombras não era um santo, muito menos virgem, mas ouvir isso não era fácil. Eu sou apenas a garota virgem que a Mãe uniu a ele. Tamlin, no entanto, não parou: —  Não acha que ele vai se contentar com você, acha? É tão... pequena, e frágil. Azriel é violento e cruel. Vai acabar com a sua raça antes de descartar você. Isso se não te matar primeiro.

Endireitei as costas e cerrei os punhos. Tamlin não sabia de nada, estava apenas querendo me provocar. Agora entendia o que Nestha havia sentido quando falei de Cassian durante a briga. Antes que Azriel se aproximasse novamente, levantei a esfera de poder ao redor de mim Tamlin.

— Ele é um monstro. Só não mostrou ainda porque sabe que assim que você o conhecer de verdade vai fugir. Você não é uma Feyre, que vai preferir um monstro da Corte Noturna. — Não sabia o que mais me enojava, o fato de ele ainda não ter superado que Feyre está feliz com Rhysand – que ao contrário de suas palavras, é um macho honrado e bom, — ou os insultos contra meu parceiro. Sorri de modo felino para ele, o encarando com todo o ódio reluzindo em meus olhos como brasa.

— Com quem você acha que os monstros se casam, seu imbecil? — Dei alguns passos na direção dele. — Garotinhas frágeis e indefesas? Ou outros monstros? — Quebrei seus escudos mentais, a parede de espinhos frágil que ele chamava assim. Cravei minhas garras de poder em sua mente, forçando o mesmo a se ajoelhar diante de mim. — Acertou sobre a história, mas o monstro não é Azriel. Sou eu. Agora vá pra casa. — Rosnei para o mesmo que parecia tremer de ódio.

A esfera ao nosso redor de desfez e saí dali, agarrando o braço de Azriel e Lucien, os puxando de volta para onde Fellius, Ystria, Darren e Renard estavam.

— Que caras são essas? — Darren pergunta, olhando entre meu irmão, eu e o encantador de sombras.

— Cara de quem teve que lidar com o Grão-Senhor da Primaveril, achei que Helion tivesse avisado ele que iríamos vir até aqui. — Respondi vendo o macho sair de perto do Salgueiro e vir até nós. Parecia mais relaxado.

— Está aberto. Querem repassar o plano? — Perguntou, encarei os outros e assentiram. Cruzei os braços.

— Ok. Darren e Helion vão esperar aqui, enquanto nós seis entramos. Vamos nos dividir em duplas para sermos rápidos, Azriel e Ystria, Renard e Fellius e eu e Lucien. — Anunciei, tirei os fracos de poções que havia guardado. Joguei dois para Azriel e guardei os meus. — Eu entreguei dois desses para cada um, usem apenas se necessário. Um funciona com base no feitiço evanescet invisibilia, parecido com o que uso. Vai deixar vocês ocultos por, no máximo, meia hora. — Expliquei, mostrando o que continha o rótulo escrito "Evanescet". Mostrei então o outro, com o líquido espesso de cor preta. — O outro frasco contém um ácido, esse vocês não podem ingerir de forma nenhuma, nem uma gota sequer. Se precisarem entrar em algum lugar que esteja com guarda na entrada, usem isso para matar, apenas uma gota é suficiente. Sem sangue, ou vão ser achados rápidos. — Todos assentiram, guardando seus frascos com cuidado. Ystria me jogou as minhas duas lâminas gêmeas, imperium. — E lembrem, pelo amor de tudo que vocês mais amam, a missão é encontrar Elain e tirar ela de lá, se não acharem, saiam, imediatamente. O ponto de encontro é no túnel, daqui a uma hora. Se uma dupla for pega, não fiquem.

— Sem essa, não deixamos ninguém para trás. — Fellius interfere, lhe encaro transmitindo a mensagem por meu olhar. Eu voltaria por cada um deles, mas não é para voltarem por mim. Lucien vai sair, com ou sem mim. O macho abriu a boca, mas impedi que o mesmo continuasse.

— Vamos lá, temos uma dama para salvar. — Caminhamos até a entrada, vendo o túnel se abrindo de dentro do tronco do salgueiro chorão. Helion e Darren ficaram lado a lado na entrada. Deixei que os outros fossem na frente e encarei minha amiga, retirei o inseparável colar de safira e estendi para ela. — Me devolva quando eu voltar.

E então segui os outros, acendendo as tochas e iluminando o caminho cheio de teias de aranha e poeira. Senti meu nariz coçar e sabia que iria começar a espirrar. Senti um arrepio percorrer minha coluna conforme percebia o que estava prestes a fazer.

Estou voltando pra casa. Que a mãe tenha piedade de mim.

meus amigos, várias tretas

é isso, amo vcs bye <33

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top