༆ XXIX
minha gente, tô inspirada pq ontem teve Grammy e meus favs da noite ganharam muito
inclusive, Harry Styles won the first Grammy besties
sério, eu tenho tanto orgulho dele 🥺🥺
bom, espero q tenham uma ótima noite e aproveitem o capítulo
inclusive, quero que vcs me contem, quem vcs acham que vai se dar bem e quem vcs acham q vai tentar "matar" a Alyn nesse jantar, no final do capítulo quero ver quem vai estar certo
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Nós quatro olhamos para trás ao mesmo tempo, ainda no emaranhado de braços e mãos. engoli em seco ao ver cassian e uma fêmea de vestido azul pálido, mas bonito. Os mesmos olhos azuis cinzentos e cabelo castanho-dourado de Feyre, porém o rosto era mais fino. Alta, postura impecável e esguia. Seu queixo erguido, semelhante ao de uma rainha.
— Com licença, mas eu terei que pedir que saiam dessa propriedade. — Sua voz era tão dura quanto seu rosto, sem esboçar nenhuma reação. Cassian mantinha uma mão em sua cintura fina e apertou. O general parecia se divertir com a situação, e ao mesmo tempo um pouco tenso.
— Eles são os convidados, Nes. — O sorriso do general foi caloroso, e sorri minimamente de volta. Me soltei dos três e me endireitei. A fêmea, Nes, me encarou dos pés a cabeça com uma sobrancelha erguida.
A porta se abriu e me virei vendo Feyre parada, um pouco surpresa, olhando para nós. Afastei para o lado e dei espaço para Cassian e a fêmea passarem. O illyriano acenou em agradecimento ao contrário da fêmea que ignorou e seguiu para dentro, parando para falar algo com Feyre. O rosto da Grã-Senhora ficou impassível e seu olhar encontrou o meu me fazendo gelar.
Depois de cumprimentar Helion e Darren, Feyre deu espaço para nós. Não encolhi os ombros como normalmente faria, apenas continuei andando como se nada tivesse acontecido. Ystria ia ao lado de Renard e eu enlacei o braço de Fellius, a única prova de meu nervosismo. Fomos envolvidos pelo calor do interior e me questionei se era a mesma magia usada por Helion para manter o palácio sempre aquecido.
Um grande salão com escadas que levam até os andares superiores estava logo na entrada. Pinturas de paisagens e pessoas estavam espalhadas, brilhantes e lindas. Sorri ao ver uma do círculo íntimo do Grão-Senhor reunido. Foda-se o conforto, gostaria de estar de vestido agora. Todas as fêmeas usam vestidos, inferno.
Mastiguei meu lábio inferior conforme a onda de ansiedade me atingia. A casa era perfeita e elegante, ao mesmo tempo aconchegante. Feyre conversava com Helion e Darren logo a frente. Não parecia a fêmea que eu havia conhecido na reunião. Usava um vestido violeta e os cabelos estavam presos em um coque elegante, um par de diamantes nas orelhas.
Apertei o braço de meu amigo assim que eles entraram em uma sala de jantar com uma enorme mesa posta, alguns lugares já sendo ocupadas pelos membros da família deles. Morrigan estava sentada do lado esquerdo ao lado de uma fêmea de cabelos pretos curtos e lábios vermelhos como sangue, olhos prateados sentada na cabeceira oposta da de Rhys. A fêmea me avaliou e seu olhar focou em minha mão apertando o braço de Fellius, um sorriso felino crescendo minimamente por trás da borda de sua taça de vinho.
Cassian e a fêmea estavam sentados em cadeiras lado a lado, emitindo o mesmo zumbido que Helion e Alaya. Parceiros. Meus olhos então se focaram na figura alada sentado do lado direito, Azriel estava entretido conversando com a fêmea com olhos de corça. Não havia sombras rodopiando ao seu redor, o que era estranho. Fiquei um pouco incomodada. Desviei o olhar para o Grão-Senhor sentado na cabeceira, Rhysand se levantou para cumprimentar todos.
Me soltei de Fellius e fiquei próxima de Ystria, que tinha sua atenção voltada para os quadros da sala. Percebi então as pinturas da fêmea que conversava com Azriel, colinas cobertas por flores e um chalé familiar.
Interessante.
Feyre e a fêmea da entrada trocaram um olhar demorado enquanto a Grã-Senhora seguia para seu lugar a direita de Rhys. E a direita da Grã-Senhora estava Azriel e a corça e de frente para eles Cassian e sua parceira. Tinham três assentos vagos do lado direito, três do lado esquerdo entre Cassian e Morrigan.
— Desculpem a demora, aconteceu alguns imprevistos. — Helion disse indo até o lugar ao lado de Elain, acho que foi isso que ouvi dizerem. Abri a boca, mas um beliscão no meu braço me fez fechar. Fellius seguiu até a cadeira ao lado de Cassian e Renard puxou a cadeira para mim ao seu lado. Ficar entre os dois seria uma merda.
Renard e Fellius gostam de se provocar durante as refeições, ficar se chutando e o primeiro que me acertar vai levar um tapa. Darren sentou ao lado do tio sendo seguida por Ystria. Todos engataram uma conversa com alguém ao seu lado. Helion conversava com Azriel, Rhys e Feyre. Cassian e Fellius estavam falando sobre treinos ou algo assim, Renard e Morrigan haviam se dado bem, Darren e Ystria cochichavam enquanto a fêmea de olhos prateados apenas observava a situação por cima da borda de sua taça.
Suspirei e apoiei o antebraço na mesa, começando a brincar com uma bolinha de fogo. Rodei a mesma entre os dedos e ela aumentou ao chegar na palma. Diminui seu tamanho novamente e continuei brincando. Em dado momento a fêmea de vestido rosa — que suspeito ser Elain Archeron— levantou e seguiu até uma entrada na lateral. Me virei para Renard e enfiei minha mão em seu casaco, o mesmo deu um pulo surpreso, mas logo reconheceu minhas mãos e relaxou.
"Cadê meu livro?" Perguntei pelo laço ao não encontrar o mesmo com o macho.
"Posso ter colocado num bolsão de magia..." sua resposta me fez bufar. Arranhei seu escudo com força.
"Eu pedi apenas para segurar, agora não posso mais abrir. Ótimo." Resmunguei de volta. Pretendia me entreter com o livro pois sabia que não falaria com ninguém. Geralmente não gostam de conversar comigo, então deixo isso para meus amigos. Eles são mais normais.
Porra, era pra ter pegado biscoitos. Modifiquei a bolinha de fogo para uma raposa, Renard, em sua forma mais perfeita. Usei os dedos para lhe guiar pelo ar até Ystria e Darren que me olharam assustadas e logo sorriram.
— É linda, não é? — Perguntei baixinho para as duas do outro lado da mesa.
— Dá vontade de tocar. — Darren respondeu, sorrindo. Renard pareceu notar a criaturinha de fogo e me olhou sorrindo surpreso.
— Aquilo é... ? — Não terminou sua pergunta e assenti entusiasmada.
— Ia te mostrar hoje, mas tivemos a reunião. — Disse. Cutuquei Fellius e trouxe a raposa de fogo para perto. — Olha como o Renard era fofinho quando estava na forma de raposa. — Fellius não sorriu, mas seus olhos brilharam eu tenho certeza. Fiz a raposa pular para sua frente, sem tocar em nada, afinal não quero incendiar a mesa.
— Alyn, conhece as regras, sem poderes a mesa. — Olhei para Helion com tédio e me estiquei para levar a raposinha de fogo no ar até ele.
— Nem vem, essa regra só se aplica caso um de nós estiver brigando. — Respondi simples. Os olhos de todos estavam na pequena raposa em frente a Helion. O mesmo tentou tocá-la. — Não pegue, vai acabar se queimando.
— Consegue manusear o fogo com uma facilidade impressionante para alguém que não teve treinamento. — Ouvi as palavras proferidas pela fêmea de olhos prateados e fechei as mãos, a raposa se apagando no vento.
— Sim, digamos que aprendo rápido. — Respondi me endireitando. Observei a taça a minha frente. — Eles me ajudaram bastante. — Apontei com o queixo Fellius, Ystria e Renard. Os treinos no barco assim como no palácio realmente foram divisores de água sobre meus poderes.
— Então você já acabou seu treinamento? — A pergunta veio de Cassian, franzi as sobrancelhas ao ouvir isso. Era possivelmente um teste.
— Não, Ystria e Fellius me ajudam com o físico, Darren e Renard com feitiços e Helion tenta me ajudar com o de... — Olhei para ele tentando lembrar da palavra que ele usa para meu poder de mentes.
— Daemati. — Respondeu, sorri agradecida. Rhys me olhou com curiosidade assim como Feyre. — Ela é uma Daemati extremamente sensível, ontem descobri que consegue ouvir um laço de parceria.
Feyre, Rhys, Cassian e a fêmea ao seu lado ficaram tensos.
— Não interpretem errado, eu apenas escuto um zumbido irritante quando parceiros se comunicam pelo laço. — Digo apressada. A fêmea ao lado de Azriel me olhou com interesse, fiquei desconfortável.
— Você é feiticeira? — A pergunta veio de Morrigan. Ótimo, o jantar havia se tornado sobre mim. Inferno, lá se vai o plano de passar despercebida.
— Mais ou menos isso, em algum lugar da minha árvore genealógica existe um feiticeiro, acho, que herdei a habilidade de manusear os feitiços. — Explico gesticulando nervosamente. Meu rosto queimando de vergonha. — Renard, auxilium mihi. — Pedi baixinho. Os olhos do mestre espião e da fêmea de olhos prateados se cruzaram e fixaram em mim.
— Como conhece essa língua? — Céus, eu tinha que descobrir o nome dela. E rápido. Se bem, que pelas minhas contas ela deve ser Amren, o monstro da Corte.
— Eu ensinei. — Renard me protegeu, se tornando alvo de todos agora. Sua mão procurou a minha por baixo da mesa e apertou meus dedos. — Assim que saímos da cela fiz questão de lhe ensinar a ler, escrever na língua dos deuses assim como na nossa. Como ela ressaltou, tem facilidade para aprender. — Foquei minha atenção nos talheres a minha frente.
— Bom, chega de conversa, vamos comer. — Quase agradeci a Rhysand por isso. Logo em seguida a fêmea que estava ao lado de Azriel entrou novamente sendo seguida por duas outras fêmeas — gêmeas que pareciam flutuar pelo cômodo, como sombra e fumaça —, todas com travessas fumegantes. O cheiro da comida me atingiu e só então percebi o quanto estava faminta.
Darren e Ystria ofereceram ajuda, mas foram dispensadas com um sorriso das duas fêmeas. Renard sussurrou pelo laço:
"Essas são Nuala e Cerridwen, trabalham para Azriel e Rhysand. Auxiliam na organização da casa junto com a irmã da Grã-Senhora." Assenti minimamente enquanto observava as mesmas colocando as coisas sobre a mesa. Todas as comidas pareciam deliciosas, o cheiro estava divino. Duas das travessas estava com legumes assados, outras duas estavam com um prato desconhecido por mim feito com arroz, legumes, vegetais e um tipo de carne que não consegui identificar. Purê de batata, molho e salada de bacalhau.
Céus, eles fizeram um banquete. Esperei até que Elain retornasse ao seu lugar e os outros começassem a se servir. Nuala e Cerridwen desapareceram tão rápido quanto surgiram. Cassian e Helion engataram algum assunto que envolveu todos, menos eu, é claro. Me servi do prato desconhecido, os legumes assados, purê e molho.
Quando fui colocar a salada de bacalhau Renard me impediu.
— Sua alergia a frutos do mar, não quero você agonizando de novo. — Disse tirando a colher da minha mão. Ninguém havia prestado atenção em nós, ou em minha cara de derrota ao olhar para a salada.
Me sentei direitamente e peguei a garrafa de vinho, servindo em minha taça. Era tinto. Graças a Deus, não saberia lidar se fosse rosé ou branco. Não que não goste dos outros, apenas prefiro o tinto. Clássico, gostoso, definitivamente meu tipo.
Esperei que todos começassem a comer para levar meu garfo até a boca. Grunhi baixinho ao sentir o gosto do tempero em minha língua. A ardência do molho em contraste com a quentura dos pratos. Poderia me ajoelhar e agradecer por essa comida por semanas. Não havia experimentado isso ainda, e olhe que havia forçado Helion a variar o cardápio o máximo de vezes que pude, apenas para experimentar coisas novas. Continuei comendo, vez ou outra parando e bebendo um pouco de vinho.
Parei por um instante ao sentir um olhar queimando em mim e levantei os olhos, encontrando a irmã de Feyre que estava ao lado de Azriel me encarando. O olhar descia para meu prato e retornava ao meu rosto. Engoli a comida e limpei a boca no guardanapo.
— Algum problema? — Tentei ser o mais simpática possível, por isso sorri minimamente. A fêmea me lançou um olhar enigmática, quase de raiva. Diferente das irmãs, Elain — eu acho — possuía uma beleza comparável a de Mor. Os brilhantes cabelos, a pele límpida e os enormes olhos de corça poderiam facilmente conseguir o que quiser se usasse isso.
— Você come como um macho. — Respondeu simples, seu tom sem indicação de diversão ou desdém. Era quase como ver uma criança dizendo "você é feia". Me mexi desconfortável em meu lugar. Meu apetite de fato era algo incomum, comia quase a mesma quantidade que Fellius e Helion. E não tinha vergonha disso, até agora quando todos pareceram notar meu prato já pela metade.
— Elain! — Morrigan disse rápido. Podia sentir seu olhar em meu rosto em busca de algum sinal de raiva. Rhysand e Feyre estavam tão paralisados quanto Helion. — Desculpe por isso, Alyn, as vezes ela é muito sincera. — Sincera. Então todos achavam isso e apenas não falavam? Olhei para Darren que apertava os braços da cadeira e para Ystria ao seu lado lançando um olhar semi mortal para o próprio prato. Observei seus pratos vendo a quantidade de comida, bem menor que a minha. Fiz o mesmo com os pratos de todas as fêmeas da mesa, muito pouco.
Mas foi ao olhar para os pratos dos machos que fez meu estômago revirar. Tinha quase a mesma quantidade. Sabia que não me vestia, agia ou falava como uma fêmea como elas, mas puta que pariu, Elain tinha razão, eu como muito.
— Uau. — Meu murmúrio foi baixinho e uma parte de mim se quebrou, pela primeira vez não quis mais comer. — Tem razão, acho que exagerei. — Com os dedos, empurrei o prato devagar. O silêncio pesado da mesa roubou meu ar e me fez ofegar.
— Alyn... — Renard começou, mas antes que pudesse terminar, com um piscar de olhos a comida em meu prato de acendeu com fogo dourado. Vários arquejos soaram e um mini escudo azul cobalto cobriu o prato. Me recostei na cadeira, os dedos apertando o braço da cadeira assim como Darren. Peguei a taça de vinho e levei aos lábios.
— Podem continuar, finjam que não estou aqui. — Falei seca. De repente o cheiro da comida me deixou enjoada. Rodei a taça fazendo o líquido bordô ondular. Meus olhos se prenderam em Helion a minha frente, o mesmo mantinha os olhos em mim perguntando silenciosamente se eu estava bem.
— Você não vai apagar isso? — Reconheci a voz como a da parceira de Cassian. Sorri de lado. Um movimento de mão e pronto, estava apagado. Restando apenas cinzas no belíssimo prato de porcelana, todos estavam observando essa cena.
— Acabou? — O sarcasmo na voz de Amren apenas me fez retrair ainda mais. Claramente não foi uma boa ideia vir até aqui. Talvez eu não devesse ter colocado eles em pedestais tão altos, agora a queda seria horrível.
— Sim, querida Amren, acabei. — Ironizei colocando a taça vazia na mesa. Só percebi o quão quente estava quando saiu fumaça ao encostar minimamente na toalha. Respirei fundo, esse jantar acabou pra mim. Deus, saiu tudo tão errado. Renard e Fellius pareciam prontos para intervir se necessário, Darren estava ficando pálida e Ystria estava prestes a cometer um assassinato de ódio. Encarei Helion enquanto me levantava, o macho estava com o semblante irritado e ansioso. — Helion, eu já estou indo. Rhysand, Feyre, obrigada pelo convite, a cidade é linda, a comida é maravilhosa. Conhecer tudo e jantar com vocês foi... — Parei por um segundo olhando para os diversos rostos sentados a mesa. Mas apenas os olhos dele me fizeram chegar a conclusão certa. —... encantador. Obriagada por me receberem em sua casa.— Sorri verdadeiramente para eles, o vinho fazendo seu efeito rapidamente no sangue quente. Pela forma como o sangue rugia em meus ouvidos sabia que estava perto demais de desabar, o que era três passos na direção errada que estava tentando seguir desde... antes de ontem.
Céus, em menos de dois dias eu já estava exausta e com vontade de voltar para a caverna. Com um último aceno de cabeça e sorriso de boca fechada saí da sala de jantar, seguindo o mesmo caminho pelo qual havíamos entrado.
Assim que alcancei a maçaneta uma voz me impediu.
— Volte para lá, agora. — Um sorriso de escárnio cresceu em meus lábios quando me virei e vi a fêmea de olhos gélidos, Nes. A irmã mais velha de Feyre.
— E por que eu faria isso, posso saber? — Cruzei os braços em frente ao peito num gesto já normal para mim. A fêmea não relaxou, as mãos fechadas ao lado do corpo, a postura altiva e o queixo erguido. Os cabelos presos em um coque perfeito, o vestido cobrindo todo seu corpo. Poderia facilmente ser uma rainha.
— Rhysand e Feyre se esforçaram muito para que esse jantar fosse o mais normal e confortável possível dada a nossa realidade. — Seu tom era duro e sério, me fazia querer rir. Ela parecia estar falando com uma criança. — Não vai arruinar isso. — Semicerrei os olhos para ela com um sorriso confuso.
— Desculpe, mas deixe-me ver se entendi bem, — Fiz um gesto com a mão. — Sua irmã, Elain, me critica de forma humilhante na frente de todos, mas quem arruinou o jantar fui eu?! — Não escondi o quanto estava horrorizada com essa situação.
— Elain não te humilhou, sua cretina egocêntrica. — Defendeu a irmã com um rosnado. — Você come como um soldado, nenhuma dama deveria comer daquele jeito. — Meu sangue ferveu ainda mais e me aproximei, ela não se abalou e eu também não. Fiquei distante o suficiente para não ter de levantar a cabeça quando começar a lhe xingar.
— Qual o problema de comer como um soldado?! — Perguntei um pouco mais alto. — Sinto muito se não sou dama o suficiente para você, Ó excelentíssima Nestha Archeron.
— Cuidado como você fala, sua besta. — Rosnou. Senti no ar o tamanho de seu poder. Isso não me intimidou, nem um pouquinho.
— Foda-se se eu sou uma besta, isso não dá o direito de ninguém de julgar os outros. Gostaria que eu retornasse lá e fizesse o mesmo com vocês? Ou você acha que eu não sei fazer isso também? Ora, querida, eu consigo entrar na cabeça de todos vocês. Sei todos os seus piores segredos, medos e inseguranças, e nem por isso jogo na sua cara. Sabe por que? — Isso pareceu lhe deixar surpresa, mas logo foi substituída por ódio. Os olhos azuis brilhando como chamas prateadas. Ri secamente. — Por que eu não sou ninguém pra julgar vocês. Olha pra mim, acha que não sei que como demais e faço exercícios de menos? Acha que não sei que meus modos são questionáveis? — Minhas mãos tremiam e apertei as unhas em meus braços cobertos pela manhã do suéter. — Durante um século tive que comer restos e sobras das refeições daquele lugar, as vezes os guardas até mesmo cuspiam ali dentro. E eu comia assim mesmo, sabe por que? Por que eu não tinha outra opção, era isso ou morrer de fome. Eu ainda sinto o desespero quando vejo um prato de comida. Fofinha, eu nunca tive uma irmã para caçar por mim, cuidar de mim e me alimentar, éramos apenas eu e minha raposa, como você saberia o quão ruim é se humilhar por sobras? Então vai para o inferno você e seus bons modos.
— Você pode ter morado nas profundezas do inferno, isso ainda não te torna melhor que ninguém aqui. Você quer causar uma cena desde o momento que entrou naquela sala de reunião, quando compeliu Helion e lhe sentar na cadeira de Beron. — Sua voz estava sombria e alta, perigo gritando ao seu redor. Descruzei meus braços e percebi só então que minhas mãos estavam fumaçando.
— E depois eu sou a cretina egocêntrica. — Ironizei. — Nem sequer esteve lá e está me julgando. A melhor parte é que seu parceiro não pareceu fazer isso quando... — Não terminei a frase, pois num impulso eu estava presa entre ela e a parede. Suas unhas afundando na carne do meu pescoço. Ops, assunto delicado.
— Lave sua boca antes de falar de Cassian. — Rosnou apertando ainda mais. Sorri com escárnio, o ar escapando de meus pulmões. Puxei um último fôlego.
— Vamos lá, Nes, me prove que é o monstro que me acusa de ser. — Não lutaria com ela. Feyre e Rhysand já tem preocupações demais e não preciso de uma guerra civil agora. E não é querendo me achar, mas apenas pela postura dela sei que lhe venceria em uma luta corporal. — Prove pra mim seus bons modos. — Seu rosto vacilou por um momento e percebi a luta interna dentro de si. Canalizei a onda de calor que estava sempre espreitando sob minha pele e focalizei em meu pescoço, um sorrisinho arrogante nascendo conforme o aperto dela cedia. Não iria segurar muito tempo.
— Nestha, já chega! — Ouvi o rugido de Cassian e logo o corpo da fêmea foi tirado de cima de mim. Renard e Fellius correram até mim, junto de Ystria e Darren.
— Por que não se defendeu?! Está realmente tentando se matar?! — Ystria perguntou colocando as mãos na cintura. Tossi um pouco, o sorriso não foi embora.
— Não luto contra aliados. — Respondi simples.
— Mas você estava apanhando, sua otária. Poderia ter se defendido mesmo assim, afastado ela. — Renard me brigou. Darren segurou meu rosto com cuidado e avaliou meu pescoço.
— Vai ficar marca. — Minha amiga disse, tirando um lenço de sabe se lá onde e passando em meu pescoço.
— Não, não vai. — Fellius disse. Ele estava certo, na maioria das vezes me curava rápido suficiente para não deixar marca. — Com o seu nível treinamento se tivesse lutado ela provavelmente estaria em um estado muito pior que o seu.
— E foi por isso que não lutei. Sabe que não controlo muito bem as emoções quando estou lutando. — Dei de ombros. Do outro lado do salão com as escadas Cassian, Feyre e Rhys conversavam baixinho com Nestha. Elain estava parada ao lado de Mor, a prima do Grão-Senhor no entanto mantinha os olhos presos em mim. Amren observava a cena com sua taça de vinho na mão, um sorriso discreto nos lábios. Helion estava ao seu lado, não parecia aborrecido.
— Finalmente esse jantar ficou interessante. — Ouvi a fêmea de olhos prateados falar. Helion sorriu de lado antes de responder.
— Um dia te convido para uma reunião com eles. É lindo. — Revirei os olhos e sorri arrogante para ele. Antes que eu pudesse perceber estava sendo prensada na parede novamente, dessa vez Nestha se conteve em segurar meu suéter. Isso estava ficando cansativo.
— Termine o que ia dizer sobre Cassian. — Ordenou raivosa. Lhe encarei entediada. Eu realmente estava cansada desse joguinho dela. Com um movimento me soltei de seu aperto, forcei seu braço para trás e prensei sua frente na parede onde estava.
— Essa é minha garota. — Ouvi Renard dizer atrás de mim. Apesar de ser uns bons 10 centímetros mais baixa que Nestha, isso não aliviou nada para ela. Meu aperto estava forte e poderia quebrar seu braço com apenas um movimento. Vi pela visão periférica que Cassian avançou em nossa direção, mas Azriel o segurou e grunhiu algo para ele.
— É legal quando não é com a gente, não é? — Brinquei apertando seu braço quando a mesma se contorceu tentando se livrar. Um grunhido de dor lhe escapou e tenho certeza que se não tivesse colocado o escudo de poder ao nosso redor Cassian me mataria. — Se tivesse me perguntado educadamente teria lhe dito que não foi nada demais. Antes de me interromper anteriormente estava dizendo que Cassian não me julgou quando me encontrou sentada coberta de sangue e neve numa calçada da corte invernal depois de passar uma hora lutando ao lado dele e de outros para proteger o palácio. — Com um último aperto lhe soltei. Nestha massageou o braço que estava preso me olhando com raiva. — E pelo amor da Mãe, nunca, jamais faça algo assim novamente. Cassian é lindo, sem dúvidas, vocês dois formam uma dupla e tanto. Vocês tem um laço de parceria forte, tanto que me enjoa, assim como Rhys e Feyre. — Ouvi um murmúrio em protesto do lado de fora do escudo. — Ele jamais olharia para alguém como eu quando só tem olhos para você. — Nestha me encarou com espanto e confusão. O ódio parecia ter se dissipado, mas mesmo assim me mantive pronta para qualquer ataque surpresa.
— Isso foi... gentil. — Disse, sua voz não passando de um fio.
— Desculpe, mas eu sou gentil, teria descoberto isso se não tivesse tão irritadiça. — Resmunguei tirando uma mecha de cabelo do rosto. Ótimo, ela havia bagunçado meu cabelo. Comecei a tirar os grampos que utilizei para fazer as tranças. — Desculpe por torcer seu braço e falar de seu parceiro. — Estendi a mão para a mesma que observou antes de pegar, os dedos finos e longos apertando os meus curtos.
— Desculpe por te chamar de cretina egocêntrica e ser cruel. Achei que precisava proteger minha família. — Seu olhar vagou para o outro lado do escudo, onde todos assistiam nossa conversa confusos, até mesmo Cassian parecia perdido.
— Sei como é, quase destruí a mente de um Grão-Senhor na reunião quando ele falou de Azriel. E nem mesmo o conheço direito. — Nestha me encarou, pela primeira vez parecendo não me odiar.
— Azriel é encantador. — Respondeu e sorri com seu trocadilho. Eu havia feito algo parecido quando saí da mesa. Deixei a barreira ao nosso redor a prova de som, não poderia arriscar ser ouvida.
— Ele não é pro meu bico. — Respondi sincera. Das coisas que ouvi sobre Azriel nunca pensei nele romanticamente. Céus, ele deveria me achar uma criança como todos. Nestha ficou tensa e revirei os olhos antes de lhe impedir de falar. — Ele é um cara ótimo, ok? Mas não sou o que ele precisa, tenho problemas demais.
— Ele é um faz tudo, consegue resolver. É só dar uma chance. — Lhe observei com uma sobrancelha erguida.
— Está me incentivando a dar em cima do encantador de sombras ou eu ainda estou delirando pela privação de ar? — Zombei fazendo a mesma me encarar com tédio e revirar os olhos. Um canto de seus lábios se ergueu imperceptivelmente.
— Que tal uma taça de vinho antes de ir embora? — Ofereceu. Nestha Archeron estava mesmo sendo simpática comigo, wow. Definitivamente a noite muda rápido. Em um momento estávamos brigando e agora estamos indo tomar vinho.
— Aceito. — Concordei dispersando o escudo com um gesto. Todos se calaram quando saímos de nossa pequena bolha, nem mesmo Cassian falou algo. — Já leu Guerra de Corações? — Perguntei seguindo a mesma de volta para a sala de jantar. Antes de cruzar a soleira me virei para Helion: — Vamos ficar mais um pouco, acho que fiz uma amiga. — O Grão-Senhor me lançou um olhar estranho e confuso. Não precisei olhar ao redor para ver que todos ainda estavam em choque.
— Isso aconteceu mesmo? — Ouvi Cassian perguntar baixinho. Fiquei confusa, seria tão anormal assim? Deixei para lá conforme Nestha começou a falar sobre o livro. Algo bom poderia ser tirado desse desastre todo.
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VEIO AÍ A AMIZADE DO SÉCULO
sério, eu queria fazer elas ficarem bem friends, mas não ia ser fácil, cês já conhecem a peça Nestha.
AlynComendoOCuDaNestha.MP4.com
minha gente...
Quem amou a Nestha jogando o Azriel pra cima da Alyn?
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