༆XIV

olá meus amores, o capítulo tá leve, mas nem tanto. Eu fiz algumas mudanças na personalidade de um personagem q vcs conhecem, então não se surpreendam, nem me xinguem.

A estética do capítulo tá um luxo igual essa Corte. Música da mídia é pra criad a vibe ok? Vou montar a playlist do livro e divulgar ainda essa semana eu prometo.

Foram dias viajando junto de minha mais nova família. Renard contou que entrou na mente do guarda da Estival que acompanhava os soldados de Vallahan o fazendo acreditar que Renard era um capitão já conhecido no porto de Adriata e logo o pequeno grupo seguiu as dicas de meu amigo, que indicou por qual caminho a fêmea ruiva seguiu junto ao macho de cabelos brancos e a des outras duas fêmeas.

Ystria zombou da facilidade em que acreditaram na palavra do loiro, o que resultou em uma briga feia e Renard entrando na mente dela. Fellius os obrigou a limpar o convés superior e a cozinha por três dias seguidos. Darren estava me ensinando a ler e escrever, usar magia, cozinhar e a improvisar com o que estiver em minhas mãos. Ystria ficava no leme enquanto Fellius me treinava em combate e defesa, arco e flecha, espadas e facas.

Apesar das pequenas discussões é sempre divertido estar com eles. Fellius e Ystria se dividiam para navegar durante as madrugadas, quando um dorme o outro assume. Mas depois de uma semana no meio do mar, enfrentando tempestades e o sol escaldante, chegamos a Corte Diurna.

O céu em tons laranja e dourado, as águas em como ouro líquido refletindo cada raio de luz do sol que se escondia atrás da linha do horizonte. Terminei de vestir a roupa que Darren fez para mim. Um vestido justo amarelo mostarda com detalhes dourados e dois fios de amarrar atrás do pescoço. O vestido possuí duas fendas grandes até a altura do quadril, com uma faixa na parte da frente. Amarrei um manto marrom vinho na cintura, deixando cobrir minha coxa esquerda junto a correntinha dourada de pingentes.

Afivelei o boldrié de couro por cima do retalho, e logo fechei os botões do espartilho amarrando um pedaço de retalho do manto. Calcei as botas de couro escuro que ia até a metade da coxa e afivelei o suporte para minha adaga.

— Alyn! — Darren entrou no quarto em um rompante. Todos deviam estar me esperando. Porém eu demorei muito por não saber como amarrar o manto. A mesma vestia um vestido marrom ombro a ombro com o decote cheio de detalhes dourados, e duas fendas profundas deixando apenas duas faixas, uma na frente e outra atrás. As meias indo até a metade das coxas, um cinto de couro com várias fitas e botas de cano curto. Uma gargantilha preta no pescoço.

(foto abaixo pq a autora não sabe descrever roupa)


— eu já estava saindo, apenas me enrolei um pouco com tudo isso. — apontei para o traje que a mesma havia feito para mim. A mesma insistiu para que todos colocássemos nossos melhores trajes. Ystria e Fellius quase jogaram a mesma do navio. Renard amou a ideia de se exibir, seja lá para quem.

Eu havia contado todos os planos de Velliard para os três, e eles decidiram se juntar a mim e Renard em nossa missão. Eu odiei a ideia, eles agora estão com um alvo no meio da testa e não vale a pena arriscar colocá-los em perigo.

— você é idêntica a sua mãe, sabia? Digo, de aparência. — disse com os olhos dourados cheios de algo parecido com felicidade e orgulho. Provavelmente orgulho da própria criação. Demorei um pouco para assimilar o que a mesma havia dito.

Darren já estava colocando uma espada de cabo com arabescos dourados.

— como você conhece minha mãe? — a fêmea ficou tensa. Os ombros rígidos e engoliu em seco antes de olhar em meus olhos.

— a história não é minha para que eu lhe conte, eu prefiro não me meter nos seus assuntos de família. — a resposta seca chegou até a me surpreender. Franzi o cenho confusa, mas não disse nada.

Saímos da cabine e Ystria, Renard e Fellius já estavam nos esperando. Com certeza os mais belos que eu já havia visto. Fellius usava um conjunto quase inteiramente azul escuro, um casaco grande, um colete por cima da túnica e da calça preta de linho. Os cabelos brancos presos em um coque com alguns fios soltos. O verdadeiro capitão do Lex Talionis Glacies.

Ystria ao seu lado vestia uma túnica vermelha com detalhes de couro e mangas até o cotovelo, a gola alta com uma pequena argola de ouro. Um espartilho marrom e uma calça clara, o boldrié com a adaga de cabo vermelho. Botas até um pouco acima do joelho parecidas com as minhas. Os cabelos castanhos com mechas cinzas solto e encaracolado.

E ao lado dos dois estava meu amigo, Renard. O sorriso de quem sabia o quão belo estava usando uma calça verde escura quase preta assim como a túnica com alguns botões abertos. O casaco verde musgo com detalhes adivinhem? Dourados. Mas não era isso que chamava atenção, e sim o cinto dourado com fios de ouro e a bota preta de cano curto com fivelas de ouro.

Me senti um pouco humilde ao constatar quanto ouro eles usavam em suas roupas. Eu e Fellius nos encaramos ao constatar o mesmo, apenas nós dois economizamos no dourado.

— finalmente, vamos logo para onde quer que ela deseje nos levar — Ystria disse tomando a frente. Mas um grito vindo de Darren a parou. A fêmea saia de sua própria cabine com uma caixa de madeira nas mãos e logo a abriu para nós. Não escondi a careta ao ver o que havia dentro.

— isso são... — comecei porém logo fui interrompida.

— Não vou usar luvas, vai estragar meu visual — Renard disse. Ystria revirou os olhos e Fellius lhe olhou de esguelha. Semicerrei os olhos entre os dois machos.

— ainda bem que as luvas são para as minhas meninas — Darren respondeu prontamente. Peguei o par de luvas q ela me estendeu e vesti.

— tem algo errado com as minhas, D — falei. Uma era mais comprida que a outra, indo até acima do cotovelo.

— Não há nada errado, é para ficar desse jeito mesmo — respondeu sorrindo. Fiz uma careta enquanto a mesma colocava um bracelete em mim.

— não vou usar luvas, isso esquenta e me impede de usar meus poderes — Ystria se desculpou. Mas era verdade. No segundo dia de viagem quando pediram para que eu fizesse uma demonstração de poder, praticamente todos fizeram o mesmo. Ystria possuí poder vindo dos céus, diretamente da tempestade de raios roxos. O de Fellius é da Corte Invernal, gelo puro e cru. Darren preferiu não mostrar o seu e deixou sua vez para Renard que não perdeu tempo e logo se transformou em vários animais e invocou três feitiços como o exibido que é.

— tudo bem, então somos só nós duas, Alyn — disse, o sorriso agora vacilante. Todos perceberam, mas nada falaram. Entrelacei nossos braços e assenti, sorrindo de lado.

— onde vai nos levar? — Fellius perguntou seguindo para a rampa de saída. O sorriso de resposta que Darren lhe ofereceu não foi nada reconfortante.

— é surpresa, mas primeiro vocês irão conhecer Aurum e a minha cultura.

Ystria resmungou algo sobre odiar surpresas e logo estávamos caminhando pelas ruas de uma cidade dourada com casas feitas de tijolos de barro seco. Palácios com cúpulas douradas se erguiam aos pés da montanha começava a se iluminarem e aos poucos a cidade também. O porto estava com várias embarcações, tão grandes quanto o Lex Talionis, que Darren e Renard lacraram com magia.

Respirei fundo deixando a brisa fria do outono invadir meus pulmões. Meus cabelos estavam soltos, já estava na altura dos ombros. Deixei que Darren fosse na frente com Ystria, e Renard ao lado de Fellius, ficando por último. As palmeiras altas espalhadas por entre vielas de cada rua que passamos, crianças correndo e brincando, féericos trabalhando em seus próprios negócios, um pequeno grupo performava algo no centro da praça, próximo a uma fonte d'água com chafariz.

— o que é aquilo? — perguntei para ninguém especial, já olhando para onde algumas pessoas se amontoavam. Os quatro seguiram o meu olhar e Darren pareceu surpresa.

— o nome disso é a venter chorus, é um estilo de dança típico da Corte Diurna, principalmente nessa parte mais mediterrânea — explicou, percebi o brilho em seus olhos. Era difícil não conseguir ler Darren, o dourado dos olhos sempre deixando claro o que sente.

— eu quero ver, podemos? — Renard perguntou e Ystria deu de ombros. Fellius estava entretido com algum tipo de comida que comprou no caminho. Agarrei Renard pelo braço e o arrastei até a pequena roda ao redor das dançarinas.

As mesmas usavam saias esvoaçantes e sutiãs adornados com bijuterias e ouro, na cabeça um véu cobria os longos cabelos castanhos com correntinhas de pingentes. A pele escura assim como a de Darren e pude perceber que vários outros Grãos-Féericos da Corte, o corpo curvilíneo e forte. Não percebi o momento que a multidão começou a acompanhar a música com palmas. As mesmas mexiam os quadris com sensualidade suficiente para fazer os machos se ajoelharem diante de seus pés.

— elas são incríveis — o murmúrio foi suficiente para que Darren me olhasse. Uma gota de tristeza em seu olhar.

— sim, elas são — refleti o motivo da tristeza de minha amiga. — pena que alguns não saibam.

As dançarinas começaram a andar dentro do círculo, tentando levar alguém para dançar junto com elas. Ystria me estendeu seu pequeno cantil de vinho, franzi o cenho, mas bebi. Estendi a mão para lhe devolver, mas assim que ela segurou no pequeno recipiente, mãos femininas seguraram em meu braço e fui puxada até o centro da roda. O sorriso traveso de minha amiga já dizia tudo.

A multidão gritava e aplaudia. Renard parecia se divertir e Darren sorria imensamente. As dançarinas me indicaram o que tinha que fazer e uma delas ensinou rapidamente o que fazer com os quadris.

Olhei para frente e vi Fellius sorrindo surpreso como se não acreditasse que eu realmente iria fazer isso. Dei de ombros e assim que elas começaram novamente tentei acompanhar seus passos. Gargalhava enquanto tentava fazer os movimentos. Em algum momento Renard e Darren se juntaram a nós. Ystria e Fellius se apoiavam um no outro gargalhando.

No final do "espetáculo" me inclinei para trás e movimentei os braços para cima assim como as outras fêmeas. Elas agradeceram e eu saí quase correndo de lá.

— nunca deixem cair no esquecimento que Alyn Vanserra dançou venter chorus no meio de Aurum — Ystria ainda ria quando continuamos nosso trajeto. Fellius limpava algumas lágrimas que escorriam de tanto rir.

— para onde agora? — Fellius perguntou. Darren sorriu inocente:

— minha casa.

[...]

Eu alternava o olhar entre uma Darren corada e as escadarias gigantes levando até o palácio dourado na metade da montanha. O palácio do topo pertence ao Grão-Senhor, eu imagino. Bom, se tiver um palácio no topo, já que não é possível ver da onde estamos.

— como você pensa que vamos chegar até lá? — Ystria perguntou. — não tenho asas, você tem? — a pergunta dessa vez foi direcionada a mim.

— não me meta nas discussões de vocês — respondi erguendo as mãos em defesa — mas não, tem algum tipo de passagem mágica? Não sei, alguém que nos atravesse até lá?

— não — Darren respondeu envergonhada. A mesma havia esquecido esse pequeno detalhe, e como seu tio não está na cidade não dá de pedir ajuda para nenhum guarda.

— Darren, será que algum guarda conhece seu tio? Assim seria mais fácil de conseguir entrar, não? — Fellius ofereceu. Porém a fêmea o olhou alarmada.

— minha mãe não sabe que retornei, ela ainda acha que eu estou cuidando de crianças órfãs na Estival — A fêmea disse, o desânimo já presente na voz. Ela havia contado que a mãe e o tio haviam lhe enviado para a Estival para cuidar das crianças que perderam os pais na guerra.

— eu odeio todos vocês — olhei para meu amigo, e só então percebi que os outros já lhe encaravam. É claro, ele é o único que pode se tornar algo com asas aqui.

— cavalo com asas.

— águia gigante.

— um dragão.

— eu vou virar uma águia, levar a Darren até lá e ela vai dar um jeito de colocar vocês para dentro sem que eu acabe com minhas preciosas penas — dito isso meu amigo retirou o casaco e jogou em cima do Fellius, logo pronunciando o feitiço e se tornando uma águia gigante.

O mesmo se lançou nos céus e logo deu a volta começando mergulhar e descer rápido. Darren ergueu os braços no mesmo instante que a ave cortou ao nosso lado logo subindo com a fêmea.

Ystria parecia conter uma gargalhada vendo Darren balançar de um lado para o outro como um saco de batatas enquanto Renard a carrega. Alguns moradores passavam olhando para nós três e Fellius e Ystria apenas continuavam com a expressão fechada enquanto eu acenava e sorria.

Depois do que pareceu uma eternidade Darren apareceu.

— dêem as mãos — pediu e logo eu segurei nas mãos de Ystria e Fellius, Darren segurou nos dois e disse: — se segurem — lhe olhamos confusos porém logo a confusão deu lugar a tontura e horror conforme atravessamos até o palácio. Assim que senti o chão de novo sob meus pés caí de joelhos, a cabeça rodando, a visão embaçada e a respiração curta. Pisquei rápido tentando me recuperar.

Ouvi o barulho de vômito e vi Ystria encostada na mureta do que parecia ser uma varanda do palácio. Aí de quem estiver abaixo desse lugar. Fellius estava encostado em uma lacuna. Já estávamos soados e desarrumados. Me levantei ainda um pouco tonta. Renard estava na forma de Grão-Féerico sentado confortavelmente em uma poltrona comendo biscoitos.

O piso de mármore branco e ouro, aquilo definitivamente era ouro. Passei a mão nos fios rebeldes e coloquei atrás da orelha.

— então, bem vindos a casa da minha família — olhei para a fêmea parada sob o arco que levaria provavelmente a sala de estar. Rodava os anéis nervosamente.

Olhei ao redor absorvendo todos os detalhes em ouro e mármore branco.

— é linda — Ystria ainda soava como alguém que estava prestes a vomitar, porém se conteve. Abri a boca para comentar sobre a riqueza de sua família quando uma fêmea baixinha entrou na sala. Os cabelos crespos e os olhos dourados, Darren é a cópia exata da mãe, porém mais alta e esguia.

— Darrenaly! — a confusão se espalhou pelo rosto de todos menos Darren que gemeu. A fêmea se aproximou da filha lhe abraçando, logo começou a avaliar Darren a procura de algum ferimento ou no mínimo arranhão.

— mamãe! Eu estou bem — o sorriso de resposta foi tão feliz que até eu sorri. A mãe de minha amiga agora tinha lágrimas nos olhos e sorria por ter a filha de volta a casa.

— eu sei, mas eu não posso evitar — respondeu. Olhei para Renard que tentava acertar um biscoito dentro da boca e antes que eu pudesse lhe mandar parar o mesmo deixou o biscoito cair. Parecendo perceber apenas agora os outros presentes na sala, a mãe de Darren analisou todos nós e por um momento desejei ter impedido Darren de escolher minha roupa.

— mãe, esses são os meus amigos — Olhei para a minha amiga que parecia ansiosa e apreensiva — A de cabelos vermelhos é Alyn, aquela com mechas cinzas é Ystria, o macho de cabelos brancos é Fellius o capitão da embarcação que me trouxe e aquele devorando seus biscoitos é Renard, irmão de Alyn.

— hm — engoli em seco ao notar os olhos da senhora em mim — quem é a mãe dessa menina?

— mamãe...

Gelei. Não é possível que a mãe de Darren odeie a minha mãe. Sei que a Corte Outonal não é a aliada mais próxima da Diurna, não sei nem se ao menos são aliados, mas não é como se os Grão-Senhores se odiassem, é? Mas antes que qualquer um pudesse falar algo senti o cheiro forte de magia. Todos pareceram sentir.

— alguém atravessou diretamente aqui dentro — Fellius já estava com a mão no cabo da espada quando a senhora fez um sinal para não a empunhar.

— tirem a menina daqui, agora! — Darren travou a mandíbula e o sorriso morreu. A senhora parecia nervosa.

— Alyn não é perigosa e não vai sair daqui tão...

— seu tio acabou de chegar, Darren — a voz dura da Senhora me fez retesar. Darren não contou quem é seu tio, tudo que sabemos é que ele está em uma posição alta na Corte — e se ele colocar os olhos nessa menina ele vai saber.

— desculpe, mas do que vocês estão falando? — me intrometi. Não gosto quando falam de mim como se eu não estivesse presente, principalmente sobre alguma coisa que alguém não deve saber sobre mim.

— aí meu caldeirão — o tom de desespero de minha amiga foi suficiente para me fazer ficar alarmada.

— Alguém pode explicar o que está acontecendo? — Renard disse vindo para o meu lado. Darren abriu e fechou a boca diversas vezes até que pegou Felllius pela mão e o puxou até o corredor. Agucei minha audição féerica, mas nem mesmo isso conseguiu escutar o que ela disse.

Passos leves e precisos foram ouvidos no corredor e Felllius retornou. Darren seguiu em linha reta entrando no que suspeitei ser de onde vinham os passos. O capitão estava pálido.

— vamos embora, agora — não era o meu amigo, essa era a voz do capitão do Lex Talionis Glacies. Renard ficou tenso em minhas costas.

— porquê? — perguntei simples. Será que o tio de Darren me odiaria? Eu nem sequer o conheço, e mesmo se minha família já tivesse lhe feito algo deve saber que um filho não paga pelo erro dos pais. Ystria abriu a boca para falar algo, mas nenhum som saiu. A mesma observou boquiaberta o corredor. Me virei vendo um macho de pele escura e cabelos cor de onix entrando na sala. Vestia uma túnica branca e uma coroa dourada com pequenas pontas despontando nos cabelos não muito longos. Os olhos âmbar observaram o salão até que parou em mim. O macho parou no meio da sala, não duvidaria se não estivesse nem respirando.

Darren que vinha logo no encalço paralisou também.

— Alyn, reverência! — ouvi ao longe, mas demorei a entender. Meus olhos se arregalaram e fiz uma reverência desajeitada. Aqueles olhos... Eu já havia os visto em outro alguém.

— tio, esses são os Talionis — um silêncio desconfortável recaiu sobre o lugar assim que o tal tio de Darren nem sequer se moveu. Engoli em seco sentindo o olhar de todos em mim e resisti a vontade de me encolher.

O macho pigarreou e caminho até onde a mãe de Darren estava parada perto do arco entre a varanda onde eu, Ystria, Felllius e Renard estamos e a sala onde Darren pragueja baixinho.

— sejam bem vindo a minha Corte — o mesmo avaliou cada um se demorando principalmente em mim. — quais seus nomes?

— Ystria Vaceny.

— Fellius Arandelle.

— Renard Vulper.

Abri a boca, mas fechei logo em seguida. Iria dizer Alyn Vanserra, mas não posso. Não quando eu estou em missão. Olhei desesperada para Renard que parecia tão tenso quanto eu.

— e você menina, qual o seu nome? — o macho de cabelos cor de onix perguntou. Lhe olhei por um momento, o rosto parecia estranhamente familiar.

— Alyn...

— e esse é o meu tio Helion, mais conhecido como Grão-Senhor da Corte Diurna — Darren me interrompeu propositalmente para evitar que meu sobrenome dos dito. Acenei em agradecimento. O macho encarou meus cabelos ruivos. O mesmo pareceu atordoado e se virou para Darren.

— no meu escritório, agora — o tom de voz autoritário fez Darren fechar os olhos e resmungar. Mas logo a mãe de Darren e minha amiga seguiam o macho pelo mesmo corredor que vieram.

— o que foi isso? — Ystria perguntou para ninguém em especial. Olhei para Felllius que se mantinha quieto.

— ele sabe — digo seca e me viro indo até o parapeito da varanda. Olhei para a cidade aos pés da montanha, dourada e reluzente. Era possível ver um rio contornando a cidade ao longe. Algumas estrelas ja despontavam no céu junto a lua prateada em contraste com o ouro da cidade.

Retirei minhas luvas e estalei os dedos. O tio de Darren é o Grão-Senhor, porque ela não contou? Ela sabia, eu contei a ela que precisaríamos da ajuda do Grão-Senhor da Diurna para poder entrar nas bibliotecas da Corte e ela nem sequer se deu o trabalho de confiar em mim.

Vislumbrei novamente a cidade, alguns pontinhos pretos se movimentando mesmo durante a noite. Um povo. Era estranhamente peculiar a dinâmica das Cortes, na Outonal o mais próxima que cheguei do povo foi quando fomos na vila, e mesmo lá alguns aldeões mantiveram distância. Aqui não, aqui o povo caminha livre e a riqueza em abundância dos negócios em forma de ouro e a cultura espetacular.

Evitava comparar as Cortes por saber que são diferentes, que são governadas por machos diferentes, mas não sou cega e é evidente o descaso de Beron com a própria corte.

Um pigarro fez com que minhas costas ficassem tensas e travei a mandíbula. Meu rosto sério, poucas vezes fiquei tensa como agora. Teria que passar uma expressão seria para o Grão-Senhor, ou então seria um aliado a menos nessa maldita guerra.

Me virei aos poucos, vendo o macho agora sozinho na varando comigo. Olhei para os meus amigos que estavam na sala bebendo e comendo alguma coisa que não consegui identificar.

— Darren me contou sobre Vallahan, mas minha sobrinha pode ser ingênua as vezes — a respiração ficou presa em meus pulmões. Ele estava insinuando o que eu acho que está? — Ela me contou sobre seu poder com mentes, Daemati, um dom bastante conveniente para um Vanserra. — fechei minhas mãos em punho e mantive os braços ao lado do corpo. Fogo queimou em meus olhos conforme minha paciência se esgotava. — me conte, por qual motivo eu devo acreditar que não está usando minha sobrinha e seus amigos para invadir minha corte a mando do seu noivo? — Entendia que esse era o seu trabalho, e que precisa ter certeza da segurança dos seus, mas nem ao menos se deu o trabalho de me ouvir e simplesmente tirou as próprias conclusões.

— Não quero saber sobre o que acha ou deixa de achar sobre os Vanserra — comecei. O tom sério e baixo. Sorri com escárnio. — Não vou me dar o trabalho de lhe explicar, afinal se não acredita na palavra de alguém do seu sangue, não irá acreditar em alguém com o sangue podre de Beron e Alaya Vanserra, ou estou errada?

— Para alguém tão nova, você é muito insolente.

— Para alguém tão velho, você não é muito sábio. — As palavras surgiram exatamente o efeito que eu queria. Renard me explicou sobre os Grãos-Senhores, contou tudo que sabe sobre todos, inclusive que Helion Quebradora de Feitiços também é bastante sábio, porém não irei lhe dar esse crédito.

— como ousa... — um comando silencioso fez com que meus joelhos quase se dobrassem aos seus pés. Então essa era a voz do Grão-Senhor, a voz do comandante da Corte Diurna.

"Alyn, não irrite os mais velhos"  Renard. Controlei a vontade de sorrir e continuei lutando para me manter firme e de pé. Uma pressão foi colocada em minhas costas.

— Perdão, não queria magoar o seu ego. — Não precisei o encarar, ele sabia tão bem quanto eu que essa não era de fato um pedido de desculpas, e sim um desafio. "Me mate, vamos faça algo". A pressão sobre mim sumiu assim como surgiu e logo estava de totalmente de pé. — obrigada, agora se me dá licença... — Tentei sair da varanda, mas o mesmo segurou meu braço. Helion era forte, não do tipo muito forte. As roupas brancas, os cabelos soltos e os olhos em um castanho avermelhado idênticos aos de...

Surpresa e choque me atingiram conforme eu lembrei quem possui os olhos neste tom. Como seria...?

— Vai sentar e me contar tudo, se quer continuar em minha corte eu quero saber o porquê de minha sobrinha insistir tanto para que lhe escute — uma ordem. Nunca um pedido. Me perguntei por um momento de Grãos-Senhores sabem de fato o que é isso.

— se vou repetir tudo novamente vou precisar de vinho. — digo me soltando de seu aperto. 

amaram?? Helion e Alyn, duas personalidsdes iguais e diferentes

(Darren 170 e Ystria 171)

espero q tenham gostado

ily, see u later
xx

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