08• A BEIRA DO LADO SOMBRIO

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Estou perdendo o controle, indo e voltando
Há uma guerra que ninguém vê dentro da minha alma
O Senhor expõe as mentiras mais profundas
Você me traz de volta para a luz
É, você me traz de volta para a luz

Estou à beira do meu lado sombrio?

- Darkerside, David Kushner.

•••

Não demorou muito para que os primeiros soldados invadissem nossa cabine. Philip mal teve tempo para respirar quando 7 soldados robustos entraram pela mesma porta a trancando.

Nossa viagem de trem não seria nada comum a partir de agora.

O roçar da espada passando pela bainha desperta June, a elfo se levanta de súbito pronta para atacar, seu olhar furtivo recai sobre a mochila, a alguns bancos de distância dela, onde sua lança repousa dentro de uma bolsa com profundidade indeterminada, junto de todas as nossas armas.

O momento de tensão, onde nem os soldados, nem nós ousamos sequer respirar acaba assim que Harry lança um feitiço de convocação. Quando suas mãos fazem um arco completo, criaturas cinzentas do tamanho de um homem alto e forte começam a se projetar das sombras, como se tivessem sido arrancadas de seu mundo, escondidas sobre o véu entre nosso mundo vivo e seu mundo imaginário. Eram tipos de soldados de sombra e cinzas, convocando 4 deles nos daria uma vantagem para pensar em como escapar dessa emboscada, acidentalmente provocada por Philip.

Os homens de Nicodemus eram irrevogavelmente mais fortes e mais palpáveis digamos assim, as sombras eram apenas uma breve distração para que eu conseguisse alcançar minha mochila depositada no compartimento acima de nossas cabeças, tendo assim que subir no banco para pegá-la e distribuir as respectivas armas.

(Sobre meus poderes, não acho sábio usá-los dentro de um trem em movimento onde poderia facilmente me desequilibrar com o sacolejar do movimento, e fazer um estrago maior que o desejado, colocando em risco a vida de pessoas inocentes. Também há o fato dos disfarces, se eu usar minha magia ficará obvio quem somos e não fará diferença se formos outras pessoas, além disso eu poderia chamar muita atenção com um enorme clarão vindo do vagão ao lado de um amontoado de homens, mulheres e crianças).

Assim que alcanço a mochila infinita, puxo a lança para June, a arma para Camilla, uma espada para Harry, apesar de ele se virar perfeitamente bem apenas com os feitiços.

Os soldados cinzas invocados começam a se desfazer, eu já podia ver os homens por entre seus corpos translúcidos, quase se esvaindo como fumaça numa chaminé.

Quando eles desaparecem totalmente, estamos prontos para nos defender. Seguro a espada com firmeza dando alguns passos para trás em busca de um tipo de apoio. O soldado careca veio na minha direção apontando sua lança para o alto, como se não quisesse me machucar de fato, eu não diria o mesmo de mim, se ele avançasse demais não hesitaria em derramar um pouco de sangue, a essa altura sei que deveria fazer o necessário para minha própria sobrevivência. Afinal sou eu por mim mesma e pelos meus amigos, nunca mais esperarei ser defendida quando posso fazer isso sozinha e ainda sair mais forte e imponente.

Aqui as princesas salvam a si mesmas.

Levanto a lâmina na altura dos meus ombros, cotovelos para fora e pernas flexionadas, o olhar preso por um instante em sua expressão fria e descontraída, como se eu fosse uma presa fácil que ele poderia fazer isso até de olhos fechados, e depois de gabaria com os amigos.

Não comigo seu traidorzinho.

Avanço sobre ele o pegando de supressa, giro os calcanhares ficando a uma distância boa para afundar uma de minhas adagas em seu abdômen, as duas estão presas ao meu cinto embaixo do kirtle marrom, mas a espada me dá a vantagem do longo alcance assim posso ficar longe desse ser com cara azeda parecendo que tem merda debaixo do nariz, sua expressão aumentando minha vontade de perfurá-lo com minha espada.

Conforme me movo ele segue no mesmo ritmo lento, esperando que eu fuja ou perca o interesse nesse jogo de dança.

Confesso estar me cansando desse movimento giratório. Desfiro o primeiro golpe que faz um corte profundo em seu braço direito. Meu intuito era deixá-lo sem força para me golpear, mas ao levar a espada para a outra mão vejo que ele pode dançar com os dois lados.

O vidro da janela se estilhaçou como neve ao impacto de um corpo sendo atirado, June sorri satisfeita ao ver que o soldado fora arremessado para fora do trem em alta velocidade, um deles já foi, agora restam 6.

Com essa distração o soldado conseguiu voltar a posição de ataque, assim brandindo nossas espadas num som de sinos tocando, apesar de eu ter aprendido as técnicas, minha força não era suficiente para aguentar a pressão de sua espada na minha, em pouco tempo meu braço cederia e ele poderia me atingir, mas sei que ele não fará nada que tire muito sangue de mim, seu chefe não gostaria que seu subordinado machucasse sua caça, faria isso ele próprio quando tivesse a chance. Usando isso ao meu favor, cedo a lâmina o e soldado apenas tenta me desarmar, mas sou muito mais rápida que ele, seguro o cabo com força girando o pulso num movimento eficaz que derruba sua espada no chão. Agora sem chance de defesa ele levanta as mãos em rendição, mas seus lábios se curvam num sorriso malicioso. Só percebo meu erro quando é tarde demais.

Sinto uma mão me puxar com força para trás, segurando meu pescoço e deixando minha respiração entrecortada,  derrubo minha espada. O soldado aperta minha traqueia, se durasse por mais tempo eu desmaiaria, todos estão ocupados para notarem o que acontece comigo, então preciso me virar e sair dessa sozinha, porque eu sou forte e posso me defender.

As lembranças vindo devagar enquanto minha respiração falha, minha visão começa a ficar escura com pontos pretos dançando na minha frente, eu preciso parar antes que seja tarde, tento controlar minha respiração mesmo com seu braço apertando meu pescoço num mata leão. Eu me lembro de como sair desse golpe, fui ensinada a escapar disso e consigo fazer sozinha, eu preciso.

Pelo canto dos olhos vejo Phil encurralado contra a janela estilhaçada, com apenas uma adaga em punho ele tenta se defender do soldado gordo que o empurra cada vez mais para a beirada com sua enorme barriga.

Harry invoca mais sombras que não parecem tão solidas quanto antes, tem muita claridade vindo da janela quebrada e seu feitiço teve uma contrariedade em formar os soldados. Sua irmã disparava tiros para todos os lados, mas não acertava nenhum deles pelo sacolejar do trem, Cami tem uma boa mira no solo firme, mas não diria a mesma coisa de num local em movimento e com muitas pessoas a serem atingidas, então ela desiste da arma e luta com os próprios punhos.

June tentava tirar a lança que ficara presa no teto, a elfo tinha altura o suficiente para alcançar, mas usava uma das mãos para impedir que um soldado a atravessasse com sua espada.

Eu preciso fazer isso. Respira e se lembra de como ele te ensinou.

Inspiro profundamente reunindo toda a força que tenho para dar uma cotovelada nas costelas desse desgraçado. Ele uiva de dor e relaxa os braços envolta do meu pescoço, o soldado careca tenta me impedir, mas lhe dou um chute em suas partes baixas deixando-o sem reação. Aproveito o momento para segurar seu braço com as duas mãos e o uso seu peso a meu favor para gira-lo e jogar seu corpo por cima de mim, ele cai inerte no chão como um saco de batatas, não se levanta então acho que está desacordado, até que o sujeito segura meus pés e tenta pegar a espada caída ao seu lado. Num rápido movimento leve puxo minha adaga do cinto e cravo em seu peito. O sangue começa a se espalhar lentamente pelo carpete cinza deixando-o manchado de um vermelho escuro.

- É realmente uma pena, isso aqui estava tão limpo. - Limpo a lâmina em formato de lua na barra do meu kirtle, apenas sinto um calafrio quando ouço Harry gritando alguma coisa.

- Addy, cuidado!

Uma faca passa raspando sobre meu ombro, por pouco não me atingindo em cheio. A brincadeira acabou, está dada a ordem de morte, seja viva ou não seu único trabalho aqui é me levar de volta a Nicodemos, sabe-se lá qual seu plano maligno de obter a magia das fadas, mas de uma coisa eu sei. Ele nunca tirará isso de mim.

June consegue sua lança de volta no mesmo instante em que o soldado que atirou a faca se vira contra a elfo, e enorme ponta afiada entra com precisão no meio do homem, que num grito abafado de pura angusta, deixa seu último suspiro exasperado enquanto desaba sobre duas poltronas. June termina o trabalho o lançando pela janela, nos restando mais 4 soldados ainda na luta.

Philip continuava encurralado na beira da janela quebrada, seu oponente o cansando seguido de vários golpes sem feri-lo realmente, fazendo aquilo para que meu amigo perdesse o equilíbrio e caísse do trem. Por um segundo achei que Phil estivesse com tudo sob controle, afinal ele é um soldado treinado, portanto, sabe como lidar com isso. Até que num impulso inconsistente acaba sendo jogado para fora pelo próprio movimento do trem, agarrado a uma das hastes do veículo, ele fica pendurado com apenas uma das mãos segurando todo seu peso, era uma questão de tempo para a queda fatal assim como os outros dois soldados que tiveram o mesmo fim.

Seu oponente tenta em vão atingi-lo daquela longa distância e com sua tremenda burrice acaba perdendo a espada, agora sem ter uma arma ele chega mais perto a fim de empurrar e jogá-lo de uma vez. Phil capta seus movimentos lentos de desajeitados, o soldado aparentava ter medo de uma queda no processo, e ele estava certo em temer. Philip usou a mão livre para se segurar com mais precisão, agora que nenhum portava espada, a luta seria a mão, sobrevivência do mais forte.

Com um impulso nas pernas, Phil joga seu corpo contra o soldado, ele cai de costas, mas rapidamente se levanta e volta para a janela, o vento soprando forte faz ele apertar os olhos, desfocando sua visão, aproveito esse deslize e agindo por impulso vou ate o soldado e o agarro pela cintura, dando tempo de Philip voltar para dentro e dar um belo soco em seu nariz, o soldado geme em protesto tentando se esquivar de mim, mas antes que minha força me deixe na mão Phil o acerta mais uma vez, agora ouço o som de seu nariz se quebrado.

O Homem consegue se soltar e parte para cima de Phil, os dois cambaleiam com o movimento rápido do trem e se balançam para fora com metade do corpo presa nos assentos, subo em cima da mesa e puxo Phil pelo pulso, ele tenta se segurar em mim, mas o solavanco do veículo os arremessa para fora. Meu coração da um pulo ao não ter uma visão deles caindo, mas sim de Phil agarrado as partes metálicas soltas do velho trem, alavancas da porta que deveria haver bem ao lado da janela na qual foram arremessados, por pura sorte ele conseguia facilmente se manter preso entre as ferragens e uma pequena plataforma que seria um degrau na porta, para nosso desgosto, o soldado continuava agarrado a ele lutando por sua vida.

Faço contato visual com Harry e Cami, eles assentem dizendo que dão conta dos outros soldados dentro do trem, o que é eufemismo pois estão acabando com eles na maior facilidade, Nicodemus deveria rever o a qualidade do treinamento que seus homens estão recebendo, pois estão perdendo de sete para quatro, sendo a maior parte composta por três damas, como diria meu pai.

Volto minha atenção a Philip que agora tem os pés apoiados na alavanca da porta selada, com os braços segurando no peitoril da janela ao lado, ele consegue um em impulso e sobe na parte de cima do trem, seguido pelo soldado que se agarrava com toda força nos calcanhares de Phil.

Eu já teria o chutado dali sem dó, ao que parece Philip ainda não teve a coragem, admiro seu altruísmo, mas agora não é hora de bancar o bonzinho.

Faço a besteira de olhar para baixo e ver a queda feia que levaria caso perdesse o equilíbrio ou desse um passo em falso, seria picadinho de Addy. Respiro fundo e me concentro no horizonte, olhando somente para onde consiga encaixar minhas mãos, encontro uma barra de ferro solta, mas que me parece firme o suficiente. Olho mais uma vez para trás, dentro do trem, eles conseguem, vão ficar bem, mas Phil por outro lado está em cima do trem em alta velocidade e sem nada para se defender.

Subo na beira da janela, apoio os pés na parte que antes fora a porta, uso o degrau para obter altura suficiente e me segurar na alavanca. Como não tenho altura suficiente, mesmo ficando na ponta dos pés não consigo chegar lá. Estico todo meu corpo o máximo que consigo, está quase, sinto meus dedos roçando no metal frio, meus pés escorregam para o lado, mas me reequilibro. Eu preciso pular se quiser alcançar a alavanca.

(Essa seria realmente uma hora apropriada para se ter um par de asas).

Audrey, por que você precisava ter esse complexo de salvadora?

Philip é bem grandinho, ele se vira, volta para o trem.

Fique segura.

Mas ele não estará seguro sozinho lá em cima, lutando com um soldado e tentando manter o equilíbrio para não se esfacelar no chão.

As vezes esse pequeno momento de uma possível morte extremamente dolorosa parece injetar uma dose de adrenalina nas minhas veias, eu posso não ser invencível, mas posso fazer o que puder para evitar mais uma morte, mais uma vida tendo meu nome gravado na estaca que o apunha-la.

Você precisa fazer isso.

Você pode salvá-lo.

E então eu pulo.

Consigo segurar a alavanca. Jogo as pernas para cima sem olhar para a queda quase inevitável, com força nas mãos consigo suportar mais um pouco e desse modo fui capaz de ficar em cima da cobertura do trem em movimento. Eu diria que essa foi a maior loucura que já fiz, mas também já me joguei sobre um polvo gigante no meio do oceano, então entra para a lista de aventuras da Addy. Eu já tenho tantas listas em mente que poderia preencher um diário com elas e quem sabe até dar uma de super-heroína publicando minhas histórias aventurescas.

Philip e o soldado gordo lutam freneticamente, numa dança meio desajeitada tentando ao mesmo tempo se manterem equilibrados, ele parece estar se virando bem sozinho, mas há um problema que não pode ver. Nas suas costas, a mais ou menos três quilômetros de distância, tem um túnel se aproximando.

Devagar tento me aproximar dos dois, mas qualquer movimento errado, um pequeno deslize e tchau tchau Audrey. Philip me olha por uma fração de segundo e acaba levando um soco no nariz, um filete de sangue escorre dali. Ele faz um gesto com as mãos indicando que eu deveria descer, não irei deixá-lo ali se posso ajudar. Aqui no alto eu posso usar meus poderes sem ser vista, e preciso ser rápida pois o túnel se aproxima rapidamente. O homem lutava par se equilibrar com um ferimento na perna, enquanto Philip se ocupava de cansá-lo com os movimentos de defesa desferidos contra ele, o soldado parecia estar se cansando daquilo e em pouco tempo poderia cair ou levar um soco certeiro que acabaria deixando-o apagado. Era a ideia de Phil, mas nesse ritmo ele não teria tempo suficiente de se esquivar das paredes que cobririam todo o trem em instantes.

Era hora de agir. Esvaziei a mente, meu consciente sabia exatamente o que fazer, bastava colocar em prática tudo que está aqui dentro, usando as táticas de Kai, penso em coisas boas.

E ela surge. A luz dourada começando pelas pontas dos meus dedos e subindo por todo meu corpo, cada veia se tornando brilhante à medida que a magia se espalha por mim. Levanto os braços, uma aura se energizando a partir de pensamentos positivos, chamando a atenção de Phil que fica estático vendo pela primeira vez minha parte magica, talvez se perguntando como nunca havia percebido antes que eu era diferente, que nada era normal quando se tratava do calor emanado de mim em momentos de pura irracionalidade, assim como preciosos pedaços alegres quando o tempo parecia nunca mudar de um sol radiante para uma neblina densa e fria.

Essa é a verdadeira eu. Um ser humano com traços de magia, uma meia fada com poderes que podem mudar o mundo, seja para o bem ou para o mal, mas evidentemente traçar o futuro na qual todos colocam a esperança de uma salvação, ou ruína.

Um traço raro de luminosidade dança entre meus dedos, o roçar do doce poder passando na minha pele me dá a sensação de invencibilidade, de dominação, se é isso que sou agora? Pode-se dizer que sim, talvez eu seja a dominadora, aquela que está destinada a ser libertadora de todas as profecias que atormentam o mundo mágico.

A sequência de esferas luminosas atinge em cheio as costas do soldado, as duas mãos trabalhando na tecelagem dos fios de ouro quentes como brasa aumentando sua força e agilidade, o som inconfundível do grito de dor, a pele queimando a cada bola sendo estourada em seu corpo, em pouco tempo o homem não suportara a dor e suas pernas irão ceder ao seu peso gutural, ele cairá restando apenas a agonia do fogo o consumindo.

- Addy ele já está inconsciente! - Phil fala alto para que eu ouça entre o barulho ensurdecedor do vento assobiando em nossos ouvidos. - Já pode parar agora. - A mistura do som do trem correndo pelos trilhos deixa sua fala arrastada, quase inaudível, mas só assim retomo a consciência e vejo que o soldado está caído e em posição fetal, ele abraçou suas pernas, o fedor de carne queimada subindo no ar.

Então vi que fui longe demais. O Homem estava inevitavelmente, chamuscado, a pele ficando negra como carvão. Como pude não perceber o que estava fazendo? A sensação era boa, eu estava ajudando um amigo, estava evitando que ele morresse, mas nesse meio tempo não consegui ver entre a raiva, eu não enxerguei o que fazia. Minha magia não produzia fogo, ela não era quente a ponto de fazer isso com a pele de uma pessoa, não.

O que eu fiz não foi legitima defesa.

Foi assassinato.

Pode não ter sido o primeiro, mas era diferente de cravar uma lâmina, eu tinha consciência de saber o tamanho do estrago que uma espada causa, além disso eu também já fui atingida, cortes profundos e doloridos, era uma luta de igual para igual. Mas com a magia era diferente, eu tinha o controle, eu podia ter parado quando vi que ele já estava caído, mas eu estava cega sentindo o prazer de acabar com sua vida. Eu não só o matei, eu o queimei até que agonizasse com minhas próprias mãos.

Eu estava perdendo o controle. Pendendo o controle sem saber como mudar isso.

Percebendo o quão passei dos limites, meu corpo começou a responder por ele mesmo o estrago que minha mente havia causado. Estava feito, não teria volta e a culpa era minha, a raiva me deixou cega a ponto de carbonizar uma pessoa viva.

Minhas mãos estão tremendo.

O túnel está perto.

Meu corpo travou, não consigo me mover.

Ouço uma voz abafada e distante. Philip me olha com medo, ele tem uma expressão assustada, ele deve estar com medo de mim. Ele pode querer fugir de mim se eu tentar tocá-lo, mas tudo que eu precisava agora dera de um toque familiar. De alguém dizendo que ia ficar tudo bem, que me pedisse para contar até dez e respirar fundo.

Foi o que fiz, mas não ajudou. Eu estava paralisada de medo, medo de mim mesma.

- Precisamos sair daqui. - Sua voz abafada ecoava em meus ouvidos.

O túnel estava mais perto.

Alguém me puxava com força, minhas pernas cedem e seguem o ritmo. A descida e dificultada pela força do vento batendo contra nosso corpo. Eu tinha um pensamento intrusivo. Largar os braços de Phil, deixar que meu corpo aderisse a lei da gravidade, eu estava tão leve, poderia flutuar até o céu.

Seria mais fácil.

O Vento açoitava meus cabelos, mãos dormentes, olhar vidrado. Eu estava ferrada, perdi o controle e ninguém disse que ficaria tudo bem. Mas ficaria, porque sempre ficava.

Eu só precisava trazer o controle de volta.

Aquela lembrança, aquela voz fariam tudo ficar bem, no entanto ela só está na minha mente, e desaparecendo com o tempo.

•••

PROXIMO CAPÍTULO EM ANDAMENTO...

O QUE ESTÃO ACHANDO DESSA SEQUÊNCIA ?

DEIXA A ESTRELINHA

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