O que chegou é epílogo
Ian
Ajeitei a gola da minha camisa e verifiquei o horário no relógio de pulso antes de dar uma última checada no espelho e seguir para o carro onde Paollo já me aguardava.
― Animado, senhor?
― É o grande dia de Delilah e sinto que estou mais nervoso que ela ― confidenciei.
Ele sorriu pelo retrovisor:
― Ela fez um ótimo trabalho, senhor, tenho certeza de que o evento será perfeito.
― Disso eu não tenho dúvidas, o que me preocupa é a surpresa que preparei para ela.
― Se ela chorar, tenho certeza que serão lágrimas de alegria ― confortou meu motorista de tantos anos.
― Espero que ela não chore ― empurrei rapidamente. ―, mas se acontecer, espero que você esteja certo, Paollo.
Ao chegar no local do desfile, encontrei os rapazes sentados na primeira fila, com exceção de George que não estava em nenhum lugar a vista.
― Onde estão as meninas? ― indaguei me sentando entre Ash e Naev.
― Acalmando Delilah antes do início do desfile, creio eu ― respondeu Naev.
Notando Matt ao seu lado, clicando em seu telefone como se quisesse se isolar do mundo, sussurrei:
― O que houve com ele?
Ash me deu um olhar suave:
― Ouvi ele e Holly brigando quando ela chegou, parece que eles terminaram.
Abri a boca, um pouco chocado pela informação, mas não tive tempo para pensar nas implicações daquilo ou sequer formular uma resposta porque George Artbold, o mesmo idiota que eu chamava de melhor amigo, chegou vestido de mariachi.
― E aí, pessoal! ― cumprimentou ele como se sua fantasia não fosse nada demais.
― O que é isso, George? Por que você está vestido assim? ― perguntei me levantando, sem saber se ficava boquiaberto ou de queixo cerrado.
Ele alisou a frente do traje branco:
― Qual é o problema? Vim o mais elegante que pude sem utilizar algo designado pela Del ― argumentou ele.
― George, pelo amor de Deus, onde você comprou isso? ― devolvi, não acreditando que ele não estivesse vendo o óbvio problema.
― Numa loja chique perto da praia, estava em promoção ― ele sorriu como se estivesse feliz pelo bom negócio.
― Pós 5 de Mayo, provavelmente ― debochou Naev.
― Devemos escondê-lo atrás de uma pilastra ou algo assim? ― propôs Ash tentando ser prestativo.
― Pessoal, o desfile está para começar ― alertou Matt limpando a garganta para impor a voz.
― Só senta e não faz mais alarde, George ― pedi quando a luz começou a abaixar mantendo somente a passarela iluminada.
A música começou e logo as modelos vestindo os looks desenhados e em sua maioria costurados por Delilah começaram a desfilar e eu não precisava nem olhar para eles para saber que estavam sensacionais, pois havia acompanhado todo o trabalho duro da minha namorada nos últimos seis meses.
Apesar de eu continuar o detestando e tendo plena convicção de que não voltaríamos a assinar contrato, Theo não só havia cumprido sua promessa e feito o desfile de lançamento do seculo para ela como tinha chamado todos os seus contatos na cidade e mexido seus pauzinhos para que grandes figurões de L.A estivessem na primeira fila e Miranda, como a amiga incrível que era, se comprometeu a fechar o evento. Eu não tinha dúvidas que a carreira do meu anjo deslancharia depois daquele empurrãozinho.
Quando todas as modelos voltaram para a passarela, minha namorada entrou, um xale sobre os ombros para cobrir as cicatrizes e um vestido com estampa de gatinhos por baixo:
― Queria começar agradecendo a todos por virem ao desfile de lançamento da Chance e dizer que tudo começa a partir disso. Se eu não tivesse abraçado a chance de ser estilista da Lantern ― ela gesticulou em direção a nós ― quando ela apareceu, eu não estaria aqui hoje. Se eu me permitisse ser dominada pela insegurança, desconfiança ou medo, eu não estaria aqui hoje. É por isso que apesar de todos os percalços eu me sinto confortável o suficiente para fazer isso hoje ― ela deixou o xale cair e o som do choque perpassou a plateia quando todos puderam ver suas costas destruídas no telão que transmitia tudo de perto. ― Por muito tempo eu tive medo dessas cicatrizes. Medo das lembranças que elas traziam, medo do que pensariam delas, medo do que elas me tornavam, eu achava que elas me tornariam fraca, se todos soubessem que eu as possuía, mas elas são partes de mim e apesar de tê-las não ser minha culpa, eu decidi que não tenho mais medo delas ou do que elas representam, pois eu não estou sozinha e nenhum de vocês está. É por isso que eu vou doar o valor arrecadado com o desfile de hoje, todo o montante irá para uma instituição de apoio a vítimas de abuso. Espero que essa noite tenha sido tão mágica para vocês quanto foi para mim, obrigada por terem vindo, fiquem agora com o show da minha grande amiga, Miranda Goldentrade!
Os aplausos saudaram a filipina e corri para encontrar minha namorada nos bastidores sem ver quem me seguia, a rodopiando no ar, animado pela sua empolgação e sucesso assim que a encontrei:
― Você foi perfeita, anjo, perfeita.
― Eu estava tão nervosa, nem lembro o que disse lá em cima ― ela deu uma risadinha.
E foi por esse motivo que eu havia preparado a surpresa, depois de tantos meses de preparação e apreensão para o desfile, Delilah merecia um presente.
Holly deu um beijo na bochecha da amiga antes de se direcionar para a porta, ignorando o braço que Matt estendeu em sua direção e após a morena sair, o presente da minha namorada entrou.
Katherine estava lá, tão gloriosa quanto a filha, os cachos presos em uma trança e os olhos escuros já cheios de lágrimas. O rosto de Delilah empalideceu ao vê-la e ela saiu em disparada para abraçar a mãe.
― Cuidado, querida, eu estou ficando velha.
― Você me disse que estava atolada em trabalho e que não poderia vir ― reclamou Delilah com um biquinho, mas as rugas ao redor de seus olhos traiam sua felicidade.
― Eu não perderia seu grande dia por nada, minha Lila ― jurou minha sogra, tocando o rosto da filha com carinho. ― E Ian queria que minha presença fosse uma surpresa.
Delilah me olhou mimicando um obrigada sem som antes de se voltar novamente para a mãe:
― Quando eu achava que essa noite não poderia ficar mais perfeita você aparece! Eu não poderia estar mais feliz nem se tentasse.
― E eu não poderia estar mais orgulhosa da minha menininha, você cumpriu o pedido que eu te fiz, se abriu para o mundo e agora está fazendo um nome para si mesma! ― exclamou parecendo um pouco incrédula.
― E tudo graças ao seu encorajamento, mamãe, eu não teria conseguido sair de casa sem seu empurrãozinho.
― Eu sempre soube que você estava destinada a grandes coisas, Lila, só precisava de uma oportunidade.
Quando nos retiramos para o nosso quarto, eu e Delilah, ela segurou minhas mãos antes de me dar um abraço apertado:
― Não sei nem como te agradecer por esse presente ― começou ela.
― Não há nada para agradecer ― garanti. ― Isso não é nada perto de tudo que você fez por mim, anjo.
― Não me lembro de ter feito nada dessa magnitude ― retrucou ela, enrugando o nariz.
― Como não? ― devolvi. ― Eu era um homem tão amargo quando te conheci, você afastou a escuridão e trouxe a luz de volta para a minha vida.
― Quem fez tudo isso foi você ― ela tocou meu rosto com tanto, tanto carinho. ― A escolha de se permitir abrir novamente para o mundo, para mim foi sua. Eu não fiz nenhum milagre.
Beijei sua palma:
― Nesse caso, eu estou muito feliz que você tenha entrado na minha vida e iniciado todo esse processo.
― Quem diria, hein? Que todo necessário para sermos felizes era nosso próprio perdão?
― E para isso só bastou uma chance ― completei.
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Acharam que eu tinha esquecido, né? Pois acharam certo, eu não tinha me dado conta que hoje era quinta sahsuahsuashua mas lembrei e aqui estou
Aqui se encerra a jornada da Del e do Ian, espero do fundo do meu coração que vocês tenham gostado.
Semana que vem eu posto mais um capitulo com a sinopse do livro da Isabelle e respondo qualquer duvida que vocês tenham, então deixem suas perguntinhas aqui >
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