Fio Invisível
Ian
Na volta da nossa viagem de esqui improvisada, eu me sentia muito mais tranquilo, como se o peso das minhas memórias perdidas tivesse saído dos meus ombros , como se agora eu fosse eu mesmo e não um quebra-cabeça com peças perdidas e então aconteceu.
Eu entrei em meu estúdio particular, uma melodia presa em minha cabeça desde que despertei. Eu havia sonhado com ela, mas não lembrava de nada além de sussurros sob a luz da lua.
Sentei na poltrona, uma partitura em branco na mesinha a minha frente, o violão no colo e comecei a dedilhar.
Whispers in the moonlight
Your hand in mine
Deixei meus olhos percorrerem a minha foto com Delilah no natal, pendurada no mural de cortiça na parede à minha direita.
Protected by the night
Still we shine so bright
Por trás de minhas pálpebras, a imagem daquela exata cena se consolidou, conversando sobre a luz da lua com alguém que usava maquiagem de gato e um sorriso brilhante.
You know i'm right
Between us wasn't love at first sight
Lembranças de brigas e discussões me fizeram sorrir antes de continuar.
I never learned how to pass a bridge without burning it
(Till I met you)
A sensação de segurar as mãos como secundaristas e rir como crianças.
No one likes waiting
You know I dont have the patience
But I'm glad I waited
(For you)
Lembrei de festas e flashes, tempo bem gasto juntos.
You make me lose my mind
Make my heart go stray
Till I can't think straight
Toques, cicatrizes e cura em conjunto inundaram minha mente.
But I don't feel like a pawn
And If I can't have you back
I'll be dead by dawn
Abaixei o violão no colo, feliz com o resultado da composição e intitulei a partitura antes de ligar para Theo, pois ele podia ser uma cobra, mas sabia ser útil quando necessário.
― Você tem o telefone de Amélia?
A melhor amiga de Delilah chegou dois dias depois, o cabelo vermelho brilhante apesar das raízes escuras exatamente como eu me lembrava e a mantive escondida em um hotel até que a data marcada chegasse. Miranda faria uma apresentação solo em um clube de renome naquele fim de semana e eu pretendia fazer daquele evento algo inesquecível.
Delilah
O show era de Miranda, mas eu estava nervosa como se fosse meu próprio e não somente porque ela estava usando o vestido que eu criei, mas porque algo dentro de mim estava em ebulição como se minha vida estivesse prestes a atingir, mais uma vez um ponto sem retorno.
Tentei empurrar essa sensação para longe conforme me maquiava na frente do espelho. Holly parecia muito ocupada encarando algo sobre a penteadeira antes de se aproximar.
― Pronta?
― Tão pronta quanto posso estar ― respondi tentando fingir animação apesar da apreensão que eu sentia.
Paollo levou nós duas até a casa de shows e fomos recebidas na porta por um funcionário que nos levou para o camarim de Miranda, onde meu espírito finalmente se elevou ao ver minha amiga usando algo que eu tinha desenhado e costurado.
Ao me notar visivelmente emocionada, ela se aproximou de mim para me dar um abraço, meio rindo meio chorando:
― Oh, querida, por favor não estrague minha maquiagem com esses momentos emocionais, como vou me apresentar toda borrada? Nem seu belo look, vai salvar minha imagem.
Eu soltei uma risadinha, enxugando as lágrimas com o indicador:
― Você tem razão, você tem razão, vou tentar me controlar, mas estou tão animada ― eu praticamente saltitei ao agarrá-la em mais um abraço.
― Pode acreditar, amiga, depois de hoje tudo vai deslanchar.
― Miranda ― chamou uma de suas assistentes ―, você precisa se preparar antes do palco.
A filipina acenou antes de esfregar meus braços:
― Aproveitem o espaço que eu separei para vocês, não é VIP porque senão vocês teriam que dividi-lo, mas acho que vocês vão gostar.
Concordei antes de seguir enlaçada com Holly para o camarote que Miranda havia separado para nós.
Franzi as sobrancelhas olhando ao redor:
― Que estranho, os meninos já deveriam estar aqui, sairam tão cedo.
Ela não pareceu preocupada, indicando o sofá de couro preto:
― Tenho certeza de que eles logo vão chegar, vamos nos sentar e aproveitar a vista ― ela mexeu as sobrancelhas para cima e para baixo ― estou vendo vários gatinhos dignos de olhares perpétuos.
Eu ri apesar de ainda estar completamente apaixonada por Ian e não ver isso mudando em um tempo próximo. Joguei a bolsa no sofá, ficando confortável para assistir o show da minha amiga.
Não muito depois, Miranda subiu ao palco. Ela estava ainda mais deslumbrante com o microfone brilhante combinando com a pedraria que eu tinha costurado uma a uma em seu body.
― Boa noite, pessoal ― começou. ― Estou muito grata por vocês terem tido a coragem de sair de casa para me ver nesse frio absurdo que está assolando nossa L.A e para ficarmos dentro do tema, que tal começarmos com Thank You?
Aplaudi e Holly assobiou quase me deixando surda. Thank You era um grande dane-se a todos os tabloides e jornalistas que tentaram minar sua carreira por sua personalidade ou sua maneira de se vestir.
Os acordes se iniciaram e comecei a cantar junto porque de todo repertório de Miranda, aquela era minha música preferida.
― Lila? ― Ouvi atrás de mim.
Olhei para a fonte sem poder acreditar que a dona daquela voz estava realmente ali:
― Amélia?!
Me levantei imediatamente para abraçá-la, absolutamente chocada por sua presença:
― Ah, como eu senti falta desse cabelo vermelho fajuto ― exclamei chorando mais uma vez. Parecia que todos naquele dia estavam se esforçando para me emocionar e nem era meu aniversário.
Ela bufou em meu pescoço e me abraçou mais apertado. Holly tocou meu braço com delicadeza e a olhei como uma interrogação.
Ela chacoalhou a pulseira de amizade de Amélia diante de meus olhos e eu solucei/ri.
― Achei que você ia querer dar isso a ela ― explicou e eu recolhi o adereço.
― O que eu fiz para merecer pessoas tão maravilhosas? ― funguei.
Amelia indicou o pulso:
― O que você está esperando?
Prendi o fecho ao redor de seu braço antes de conduzi-la para o sofá conosco:
― Estou tão feliz que você esteja aqui ― confessei apertando ela contra mim mais uma vez.
― Eu também, mal posso esperar para ouvir todos os detalhes sórdidos sobre sua vida aqui em L.A ― ela riu
Era uma brincadeira, mas minha garganta ficou subitamente seca. Amélia sabia sobre o acidente de Ian, é claro, mas não sobre sua amnésia e muito menos sobre o nosso status de namoro falso.
Dei uma risadinha para disfarçar:
― Infelizmente não tive a sorte de esbarrar com o Tom Elis pelas ruas ― lhe dei um olhar significativo que enviou as duas para um espiral de riso. ― Ainda ― precisando de um momento sozinha, me levantei: ― Vou buscar algumas bebidas para gente. Pedidos?
Após elas dizerem o que queriam, segui para o bar para pegar. Informei o garçom do que desejava e me encostei no balcão para voltar a ver minha amiga e percebi que ela tinha parado de cantar:
― Na noite de hoje trago uma apresentação super especial que tenho certeza de que colocará um sorriso no rosto de todos vocês porque Ian Montgomery não só tocará solo pela primeira vez, mas também é uma música inédita ― anunciou ela, levando a plateia a loucura e levantei uma sobrancelha duvidosa.
Ian nunca tinha feito sequer uma apresentação solo desde a ascensão da banda para não iniciar rumores de que ele poderia seguir carreira solo, então por que agora? Isso era um padrão antigo demais para ter sido apagado pelo acidente que levou suas memórias mais recentes, então o que ele poderia estar aprontando?
Ian subiu ao palco, munido somente de violão, sem seus companheiros de banda usuais. Ele deu um daqueles sorrisos luminosos ao se aproximar do microfone encaixado no totem ao centro:
― Senhorita? ― Minha atenção foi desviada do meu namorado falso de volta para o barman que tinha os três drinks pedidos no balcão a sua frente.
― Obrigada ― agradeci executando um pequeno malabarismo para conseguir carregar os três copos, tirando uma risadinha dele.
Não consegui ir muito longe com eles e não foi por ser desastrada e sim pela mão que tocou minha cintura e a voz que seguiu o movimento:
― Olá, Delilah.
Lá estava Caroline, sua glória loira escondida sob uma peruca negra, usando um uniforme de garçonete e foi como se meu coração parasse de bater.
― Sentiu minha falta? ― perguntou com um sorriso cheio de cinismo ― Pois eu sei que senti bastante saudade do meu saco de pancadas favorito.
Abri a boca, mas nem um som saiu, completamente em pânico, eu parecia ter me tornado muda, voltando ao estado de cervo prestes a ser atropelado que eu tinha sempre que estava ao seu redor. Caroline se cansou de esperar uma resposta da minha parte e senti algo além de sua mão em minha cintura. O cano de uma arma.
― Vou te explicar como vão ser as coisas ― ela continuou. ― Você vai vir comigo, sem gritar ou fazer qualquer tipo de escândalo, senão ― ela abaixou o tom de voz, se aproximando do meu ouvido: ― eu explodo os miolos do seu namoradinho famoso em cima daquele palco, porque se teve algo que eu fiz durante todos esses anos foi praticar, bang-bang.
Aquilo tomou a decisão por mim.
― Vamos ― murmurei com minha última lufada de ar.
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Aqui é assim, acontece uma coisa boa e outras três ruins para compensar hsauhsaushau
Semana que vem sai o ultimo e eu queria me desculpar por não ter postado semana passada como havia me programado, mas teve uma onda de calor e eu passei mal, a caiçara que não aguenta o calor, piada pronta hsuahsaushau
O ultimo capítulo tem uma cena que me diverte muito e to doida pra compartilhar com vocês e depois epilogo e então a gente conversa sobre o segundo livro, vamos seguindo assim.
Por fim, indicação musical que me lembra MUITO o Ian, Rearview Town do Jason Aldean, sério, eu consigo visualizar na minha mente o Ian partindo da cidade dele com essa musica tocando no fundo, encaixa perfeitamente.
Por hoje é só, pessoal, deixem seus votinhos e comentários para me fazer sentir amada e até semana que vem <3
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