15. Academia de dragões

Incríveis, necessárias e perigosas. - Rei Gereto sobre as academias de dragões.

Depois que passamos a fronteira tudo pareceu diferente, o clima, mais quente e úmido, as estradas menos tortuosas e mais limpas, e as vilas maiores e mais prosperas, e os bosques maiores e com árvores mais abundantes. O reino da madeira era o responsável pela maior parte do comércio dos cinco reinos, e alguns podiam jurar que era ainda mais rico do que o enorme reino do ouro.

As pessoas ali, apensar de desconfiadas, eram receptivas com forasteiros, os homens eram limpos e raramente usavam barbas, as mulheres andavam confiantes, sem medos, completamente diferente do que eu via nas terras sem lei. Ali, em qualquer lugar vila que passássemos, por menor que fosse, guardas do prefeito estavam sempre presentes.

— Estamos chegando. Se quiser, pode dizer a Modesh que não precisa mais voar acima das nuvens. — Kiram avisou.

Modesh voava escondido desde que tínhamos saído das terras sem lei, já que, segundo Kiram e Lino, por mais que dragões fossem comuns no reino, provavelmente ninguém nunca tinha visto um dourado ali, o que poderia causar certo pânico e chamar atenção indesejada para nós.

Durante os dias de viagem eu tinha percebido que Lino, apesar de toda insegurança era bastante gentil, e que tinha mais sobre Kiram do que ele aparentava. O rastreador andava na frente, visivelmente tenso e impaciente, ele estava fora de casa por muito tempo, me lembrei.

Eu olhava atentamente para o caminho de pedras, quando uma visão magnifica me encheu os olhos. Uma enorme estrutura, facilmente cem vezes maior do que a mansão de Aldor em Ístar, começava a aparecer no horizonte, o castelo feito de madeira e pedra, se destacava sob a grama tão verde tanto uma pedra preciosa. Mais incrível ainda que a paisagem, eram os dragões, que voavam por todo lado no céu azul, e por entre as nuvens, que deitavam e andavam entre os homens despreocupados com suas presenças nos arredores do castelo.

Olhei para o lado e vi Kiram olhando para o lugar com um sorriso largo no rosto.

Modesh. Chamei.

Não acredito que terei mesmo que entrar nesse local desprezível.

Levantei uma das sobrancelhas, ele nunca tinha manifestado qualquer negativa até agora sobre a ideia de ir até a academia.

Você vê algum problema nisso?

Inúmeros. Mas você precisa aprender, agora não passa de uma fraqueza para mim.

Não vamos ficar aqui por muito tempo. Eu o assegurei. Continue voando por mais um tempo acima das nuvens, quando tiver certeza que está tudo bem, eu te aviso.

Não preciso que zele por mim, Lorilae. Ele reclamou, mas não voou mais baixo.

Quando mais se aproximavam, mas eu ficava impressionada com o lugar, nunca tinha visto outro dragão além de Modesh, mas ali, bestas de todos os tamanhos estavam por todos os lugares. Azuis e verdes eram os mais comuns, pelo que ela pode perceber, seguidos dos prateados, mas eu ainda não tinha visto um vermelho, ou um dourado.

Não verá ninguém como eu por aqui.

Assenti, me lembrando das palavras de Kiram quando estávamos na cela de Aldor, existiam apenas três dourados nos cinco reinos, e um deles era Modesh.

Continuamos andando em silêncio até que uma coisa incomum no ar me fez parar, diante de nós algo parecia estranho, milhares de partículas quase invisíveis e de todas as cores flutuavam no ar, dançando conforme o vento as soprava.

Kiram me pegou analisando o efeito com curiosidade, e antecipou minha próxima pergunta:

— É uma barreira. Serve para manter os dragões sem cavaleiro dentro, e visitantes indesejados fora. Vamos ter que esperar aqui, para que possam liberar sua entrada e a de Modesh.

Uma gaiola desprezível.

Suspirei, exasperada. Não gostava de esperar, e a antecipação com aquele lugar estava me deixando nervosa. Algumas pessoas que andavam despreocupadas pelo gramado, pararam para nos observar, umas rapidamente retornavam para seus afazeres. Outras se demoravam para tentar reconhecer os visitantes, mesmo a distância.

Dois homens vestidos em túnicas marrons saíram pela enorme porta de madeira do castelo e começaram a andar em nossa direção. A única pessoa que tinha visto usar roupas parecidas era Kareno, me lembrava claramente daquele dia. Eu tinha doze anos de idade, e fiz piadas sobre o velho de vestido por um dia inteiro, até que ele finalmente se cansou bateu em minha cabeça com um pedaço de lenha que estava cortando, e disse: "Não seja idiota, garota, é uma túnica, não vestido, agora vá embora daqui, antes que me aborreça."

A lembrança me fez dar um sorriso contido, que logo disfarcei com minha expressão entediada habitual. Eu não tinha ideia em que tipo de lugar estava me metendo, não poderia abaixar a guarda.

Não demorou até eu ver um dragão vermelho quase tão grande quando Modesh voar em nossa direção. O vermelho pousou com graça, e algo em seu dorso chamou minha atenção.

Um homem o montava, não em uma sela como fazíamos com cavalos, mas diretamente nas escamas do dragão, agarrado em tiras de couro e metal, adornadas que prendiam seu colo e mãos firmemente ao dragão.

Olhei novamente para Kiram que tinha perdido o sorriso de seu rosto e agora mantinha uma posição rígida e atenta.

Eu não precisei de apresentações para saber quem era o homem atlético de meia idade que tinha acabado de descer do dragão e vinha  em nossa direção com um sorriso no rosto. Era o reitor, pai de Kiram. O cabelo azulado, e o rosto com feições duras mas atraentes denunciavam o parentesco entre os dois.

— Meu filho! — O homem falou, puxando Kiram para um abraço apertado, quando os dois outros homens de túnica chegaram até nós.

O rastreador não correspondeu.

— Bom retorno, príncipe Kiram. — Um dos homens falou, para minha surpresa. — Estamos ansiosos para conhecer seu dragão.

Tentei conter minha reação, ele nunca tinha mencionado o fato de ser um príncipe, mas eu sabia que aquela era uma conversa que ficaria para outra hora.

— Bom retorno de fato. — Kiram respondeu. — Na verdade não retornei com um dragão, resolvi tirar um tempo de descanso, enquanto ajudava meu amigo aqui a vir se juntar a academia.

O sorriso do reitor imediatamente diminuiu, e um troca de olhar significativa entre os dois aconteceu por segundos antes dos homens perceberem minha presença pela primeira vez.

— E quem seria esse rapaz? — O outro homem de túnica falou. — Não costumamos aceitar alunos tão velhos, mas as vezes podemos fazer exceções.

— Quem é sua família?

Olhei para kiram, sem saber o que responder, todo aquele jogo de palavras e falsas cortesias não eram meu forte, e não queria arriscar ficar irritada ali.

— Ele não é do reino de madeira. — Kiram respondeu por mim, fazendo um dos homens de túnica torcer os lábios e o outro arquear as sobrancelhas.

—Já tivemos estrangeiros aqui, e como é uma indicação do príncipe...

— De onde vem garoto?

— Das terras sem lei. — Respondi seca, aguardando a reação dos três homens.

A feição do reitor endureceu, e os homens de túnica soltaram exclamações ofendidas.

— Kiram... Conhece nossos modos... — O reitor começou.

— É uma situação especial. —Kiram interveio. — Será do interesse da academia ter...

— Com todo respeito, vossa alteza, o que a academia teria...

Modesh. Chamei.

O dragão rugiu do alto, e fez todos os homens se calarem e olharem para nuvens. Mas eu continuei olhando para seus rostos, apenas para ver a surpresa dar lugar ao terror quando viram Modesh cortar as nuvens e aterrissar a alguns metros de nós, rugindo, e bufando, com as asas abertas sem tirar sua atenção do dragão vermelho que começava a fazer o mesmo.

— Esse é Ailin. — Kiram me apresentou, para os homens que se afastavam para dentro da barreira. — O cavaleiro de Modesh, o dourado.

Quando finalmente liberaram nossa entrada pela barreira, eu pude perceber o real medo que Modesh causava, com exceção do vermelho, que permanecia atento a todos os movimentos do meu dragão, as demais bestas voavam para longe a medida em que ele passava, e abaixavam o pescoço ligeiramente, sem ousar ao menos olhá-lo. Com as pessoas não era diferente, as  que eram corajosas o suficiente para olhar, o faziam de uma distancia considerável.

— A barreira se estende por quilometro, seu dragão terá muito espaço para voar e caçar, temos cavernas, rios e bosques. —Um dos homens de túnica, que agora sabia que se chamava Fartemi, explicou. — Temos rações e suplementos alimentares, caso não tenha caça o suficiente na estação.

Não posso aguentar nem mais um minuto, na presença desses ratos, Lorilae. Sabe como me encontrar.

Eu assenti, e me segurei no lugar quando Modesh levantou voo, produzindo mais vento do que o necessário. Tive que segurar o riso quando percebi os dois homens de marrom, Fartemi e Roram, tentando se levantar do chão ao mesmo tempo em que ajeitavam suas túnicas que tinham subido quase acima de seus quadris, revelando que não usavam qualquer roupa debaixo.

Kiram olhou para mim, embaraçado, mas eu não tinha me constrangido com a cena. Não depois de tudo que eu tinha presenciado no acampamento.

— Será muito bem vindo para continuar seus estudos aqui, mago, se quiser, nossos mestres estão sempre reclamando da falta de discípulos nas disciplinas de magia avançada. — O reitor falou cortes. — Roram pode te levar até seus aposentos, e então te apresentar até o chefe dos discípulos.

Lino olhou para o reitor e depois para Kiram, que assentiu, encorajando-o.

— O-onde po-posso con-conseguir... — Ele começou.

— Um elixir cura gagueira? — O reitor concluiu, impaciente. — Na botânica pode encontrar os ingredientes, se não conseguir fazer sozinho peça ajuda para o discípulo encarregado.

Lino assentiu, olhando uma ultima vez para Kiram antes de seguir Roram para dentro da academia.

— Agora, vocês dois, me acompanhem.

Oláaaa, resolvi postar esse capítulo extra. O que acharam dele?

Finalmente nossa Lorilae chegou na academia, oq acharam do lugar? Alguém ai quer ir para lá também?

Façam o dia dessa autora mais feliz com um comentário e a estrelinha, obrigada por lerem!

Ahh, e me sigam o instagram para mais novidades desse e de outros livros: @ladias08

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