031 | Outburst or Declaration?

031 | Desabafo ou Declaração?
RAYNA KOM SKAIKRU

Dois meses.

Não seis, apenas dois meses que já se passaram. Estávamos a beira da radiação, quase dançando junto com a morte, esperando apenas pela chuva negra começar a cair.

A ideia de retirar o Sangue Escuro de mim e de Luna era particularmente irreal. Éramos só nós duas para doar e do outro lado da balança, milhares de milhares de terrestres para sobreviver.

Mas tínhamos Raven do nosso lado e apesar de às vezes fugir da minha compreensão, a garota era uma máquina de inteligência absurda e através do departamento de laboratório que a Ilha de Alie proporcionou pra gente, podíamos produzir Sangue Escuro no espaço.

A nossa única preocupação agora era carregar dez barris de combustível para que ela conseguisse realizar essa ação no foguete que foi revelado no laboratório.

Apesar dos nervos, as coisas se acalmaram anteontem, quando tudo isso aqui explodiu. Conseguimos recuperar a tempo para usarmos os quartos, mas essa nave não iria mais nos ajudar em um plano B.

Agora tínhamos apenas um plano.

Ou dava certo, ou... seria o fim da humanidade na Terra.

— Os setores três, quatro e cinco sofreram os piores danos — informou Monty, seu rosto cansado deixando claro que ele, como os outros, não dormiu nada essa madrugada, tentando salvar o que podíamos. — Perdemos a sala do servidor, processadores, suporte à vida e metade do nosso alojamento. Geradores garantirão luz à noite nos quartos que restaram, mas não haverá aquecimento ou água corrente.

Soltei um suspiro, inclinando meu corpo na mesa e agradecendo internamento por ter lembrado de prender o cabelo hoje, caso contrário, ele estaria em meu rosto nesse momento.

— Alguma notícia boa? — Bellamy perguntou, depois que Monty deixou explícito o quão grave essa nave está.

— Bem, ninguém morreu — diz meu pai.

— Esqueçam a Arca — indagou Clarke chegando ao meu lado, me cumprimentando com um rápido sorriso. — Ela nunca salvaria todos. Temos de concentrar recursos na solução com o sangue da noite.

— Rayna? — Monty indicou-me, querendo a minha opinião.

Eu aprecio o gesto, mas o que eu deveria fazer agora além de dar de ombros?

— Colocaram combustível?

— Estão colocando — Bellamy respondeu Clarke. — Mas a jornada será difícil, Clarke — ele encara Roan, do meu outro lado.

Ele está se mantendo afastado depois do que houve e não sei se devo agradecer por essa ação. Ainda estou brava por ele ter me acorrentado a menos de 48h atrás, ameaçado Marcus e Bellamy e pela sua disposição a matar todos aqui.

Mas... o tempo está se passando e agora que a aliança foi reconstruída, meus sentimentos não deveriam ser considerados os mais importantes.

— Revelado o segredo de Praimfaya — Roan começa —, enviei o exército para Polis para manter a paz.

— Excelente — acenou Clarke. — Precisamos de paz para distribuir a cura.

— Mas não é tão simples — ele continuou, trocando um olhar rápido comigo. — Metade deles desertaram no meio do caminho. Querem estar em casa para o fim. E... Polis deseja a Comandante para manter a paz. O que não podemos dar porque ela é primordial pelo sangue. Mas não os culpo.

— Você os culpa por queimarem aldeias Trikru pelo caminho? — Lançou Bellamy, com farpas ardentes.

— Engraçado, vindo de você.

Girei meus olhos, parando de se apoiar na mesa.

— Basta — interrompeu Marcus. — A floresta é uma zona de guerra, e, após o que aconteceu com Ilian, não posso dispensar a guarda para protegê-los.

Certo, o Ilian.

O garoto que fez tudo isso com a nave está recebendo os melhores tratamentos na ala médica. Sinceramente, não culpo o pessoal que o fez parar lá. As esperanças estão se extinguindo por aqui e tudo por culpa dele.

— Nossa segurança nos protegerá — exclamou Roan, incluindo a minha liderança.

— Obrigado — agradeceu Marcus, mas ele ainda não parecia confortável com aquele laço em volta do meu pescoço, tornando-me a esposa do rei. — Muito generoso.

— Contando que estava com tudo para nos matar há pouco tempo — minha boca foi mais rápida do que o senso. Entretanto, eu já o estava lançando um olhar fulminante. — Muito generoso mesmo.

— Estamos todos juntos nessa, agora — encarou-me a fundo, mas ele não estava arrependido. Roan estava disposto a fazer de tudo pelo seu povo.

Com a reunião encerrada, ele foi falar com o seu pessoal que sobrou por aqui, Bellamy foi falar com Octavia que também estava na ala médica e os outros escolheram deixar-me sozinha com o meu pai que se levantou da mesa para me dar as costas para pegar sua jaqueta.

— Eu vou com você — ele decidiu, voltando-se para mim.

— Sabe que não pode, pai — disse, jogando a cabeça para o lado. — Muita merda aconteceu por aqui, eles vão precisar do líder para se ajeitarem — ele se calou, percebendo os fatos. — Sei que vai ficar preocupado... com Abby.

Seus olhos ergueram-se para os meus e eu deixei um pequeno sorriso surgir pelo meu rosto.

— Você... A gente não...

— Pai — revirei os olhos. — Você é adulto, sabe o que faz. Só... eu mando suas lembranças, pode ser?

Ele soltou um suspiro longo e colocou as mãos na cintura.

— Então eu acho que vou ficar e garantir que sobrará algo para salvar — ele pausou antes de continuar — quando voltarem para casa.

Nos abraçamos e o medo de ser nosso último toque — caso nada dê certo — me alcançou, mas eu despachei o pensamento pessimista e o apertei um pouco mais. Marcus recebeu o abraço, mas não podíamos ficar aqui por muito tempo, então o soltei para me arrumar.

— E, pai? — Chamei, já na porta pra sair.

— Huh? — Ele levantou a cabeça.

— Estou feliz por vocês dois — sua expressão se suavizou. — É sério.

— Obrigada, querida.

Após sair da sala de reuniões, dei uma passada em meu antigo quarto. Era estranho estar ali, ver aquela cama, as roupas e os poucos utensílios e não reconhecê-los como meu.

Troco de roupa, tornando as coisas mais confortáveis com uma calça jeans e uma camisa preta simples. Eu não conseguia me entender muito bem. Depois que certas verdades veio à tona e eu tive que tomar um lugar de direito, as coisas se apertaram mais para mim, no quesito de pertencer.

Mas... é como se eu estivesse tirando minha segunda pele para mostrar a original.

Me sinto bem andando por esse acampamento de novo, mas ao mesmo tempo, sei que não sou a mesma pessoa que saiu dele.

É como se eu visse tudo com outros olhos que apesar de serem meus, é... ultrapassado.

A viagem já começou de um modo errado a partir do momento que iniciaram uma discussão de onde eu deveria ir. Se no vagão com os combustíveis, Roan e seus homens ou no Rover com Clarke e Bellamy.

Eu tentei apaziguar as coisas ao argumentar que eu deveria ir no caminhão pelo fato de que podíamos trombar com hostis no meio do caminho e não era bem o ideial que eles descobrissem que a Comandante está fazendo uma viagem enquanto o mundo está há poucos dias de evaporar.

Bellamy, que já parecia estar a flor da pele depois de visitar Oc, nega com a cabeça e corta a minha frente para ir até o Jeep. Fico encarando o caminho que ele trilhou e não posso deixar de me perguntar se algum dia as coisas passaram a ser mais... fáceis em nossa relação.

Clarke chama a minha atenção ao colar sua mão em meu ombro.

— Não o leve a sério — ela aconselhou, sorrindo para mim. Puxo o ar pros meus pulmões. As vezes eu esquecia o quão forte Clarke podia ser. — Está na cara que ele só está apaixonado por você e com um pouco de ciúmes.

Penso em abrir a boca, em desabafar, aqui mesmo, sobre tudo o que vem fechando minha garganta. Mas acabo por olhar novamente na direção de Bellamy e acabo encontrando seu olhar pelo retrovisor.

Eu engulo minhas palavras quando após isso, Clarke dá duas batidinhas em meu ombro e grita para dizer que está tudo pronto e que devíamos ir.

Eu só queria chegar logo na Ilha de Alie e encontrar Aspen para... Pra que? Pergunto-me. Minha relação com ele também está uma merda.

Volto-me para a minha realidade, vendo Roan subir no caminhão depois de seus guardas e virando-se para mim para estender sua mão, a fim de me ajudar a subir no caminhão.

Encaro-o com desdém, mas aceito sua mão.

— Retira esse sorriso. Eu não te perdoei.

Ele tenta disfarçar, mas seus lábios ainda estão esticados quando ele vira para dar a ordem de começar a andar.

— Como quiser, rainha.

— Pode me chamar de Rayna, Azgeda — sentada bem a sua frente, ergo o olhar para encontrar o seus azuis gélidos. — Quando salvarmos o mundo, pedirei o divórcio.

Sinto que ele queria dizer algo, mas se contém. Acho que isso me alivia.

Fomos interceptados no meio do caminho pelos Trikru que tinham feridos e precisavam da nossa ajuda. Não pudemos ajudar e eles acabaram descobrindo sobre os guerreiros na cola dos Skaikrus — tais guerreiros que fizeram aquilo com eles.

Eles lançaram flechas em nossa direção e uma quase me acertou. Ia acertar, mas Roan me empurrou antes que aquela flecha pudesse me alcançar.

A próxima dificuldade foi o rio que não haviam mencionado antes.

— É gelo derretido — informou Roan, após se aproximar. — Vou encontrar um lugar para atravessarmos mais para cima.

— Espere — impediu Clarke. — Deveria levar o Jeep. Cobrirá mais terreno e será mais seguro. Rayna e eu ficaremos com os outros para proteger a carga.

Eu acho que nem preciso dizer que Bellamy não gostou muito dessa alternativa, mas sem nenhuma em nossa frente, teve que acatar.

Mas não fomos o suficiente para proteger a carga quando os guerreiros Trikru nos atacaram. Bem, eu suponho que sim. Eu não saberia explicar nem se tentasse o que aconteceu minutos depois que Roan e Bellamy saíram daqui.

Eu só sei que em um momento eu me afastei para pegar um pouco de água para continuarmos a viagem e no momento seguinte, quando eu voltei para perto da carga e de onde os outros deveriam estar, simplesmente não tinha mais carga e nem os outros.

Tinha apenas um guarda caído ao meu redor, morto. Dei um giro de 90° graus e parei quando percebi a carga se movendo para longe. Só consigo distinguir a cabeleira loira de Clarke antes que termine de se afastar.

— Puta merda! — Exclamo, ameaçando colocar minha mão na cabeça.

Viro-me a fim de pegar alguma arma para tentar segui-los, mas sou nocauteada antes mesmo de puxar o fôlego.

Quando eu recobro a consciência, sinto-me sendo puxada pelos pés, mas mais do que isso, estou molhada e presa em um saco. Não por muito tempo.

— Rayna?! — Escuto Bellamy gritar no mesmo segundo em que sinto meu corpo é balançado.

— Ela está...

Tremo as pálpebras, tossindo pela estranha sensação de falta de ar, erguendo a parte de cima do meu corpo, sendo recebida por dois par de mãos que tocam em cada um dos meus braços.

Abro os olhos a tempo de ver Bellamy abaixar os ombros em um suspiro.

Intercalo o olhar entre os dois com a respiração ofegante e noto o saco em que eu estava enrolada e presa na parte rasa do "rio".

— Sabemos quem fez isso — afirmou Roan, a face tremendo de ódio.

— Sim, sabemos — eu respondo, chutando o saco e me levantando, indo em direção ao Jeep e tendo os dois na minha cola. — Foram os Trikru e eles levaram a carga e Clarke. Eles foram em direção a Polis. Bellamy, você dirige!

Montamos no Jeep, Bellamy no volante, Roan no banco de passageiro e eu atrás, no meio entre eles, apoiando-me nos bancos, os olhos ficados na estrada.

— Temos de impedir que cheguem a Polis com aquele combustível — disse Roan, o óbvio. — Vão usá-los para bombas, para matar todo mundo.

— Vão aniquilar a Nação do Gelo — corrigiu Bellamy. — Só se preocupa com seu povo.

— Como se você fosse melhor — resmungou o rei. Vejo-me revirando os olhos pelo retrovisor. — É com isso que todos se preocupam. Rayna? — Roan me olha pelo espelho, em busca da minha opinião.

Desviei os olhos em busca da fuga, mas encontrei as íris de Bellamy, esperando pela minha resposta.

— Todos são o meu povo.

Não sei bem se eles iriam acabar aceitando essa resposta,
mas por sorte — ou não —, acabamos encontrando um corpo, dos homens Trikru, no meio do caminho. Em meio segundo, três guerreiros pulam sobre o Jeep.

Mas o caminhão não estava aqui e em uma rápida analisada, percebemos que os encarregados disso eram os próprios guardas de Roan que só agora percebo o sumiço. Estava molhada e irritada demais para sentir falta deles.

— Tire-nos daqui!

— Se segurem!

Ele pisou no freio, fazendo cada um dos homens se jogarem para longe do carro e acelerou pela floresta até sairmos em uma clareira aberta onde encontramos o caminhão.

— Ali estão eles! — Aponta Roan.

Bellamy troca a marcha para acelerar. Mas ao nos perceberem em sua cola, o homem que estava na parte de trás do caminhão começou a mexer um dos barris, pronto para jogá-lo.

— Aproxime-se o máximo que puder!

— O que você vai fazer? — Aumento o tom de voz quando ele vem para trás para sair pela escotilha. — Espera!

Mas Roan já tinha saído e ao lado da carga em movimento, ele pulou para o caminhão, começando uma luta com o seu próprio guarda.

— Merda — esbravejo, mudando de lugar para o lado de Bellamy. Encaro Clarke bem ao nosso lado, sendo obrigada a dirigir por causa de uma faca em sua garganta.

— Preciso de um ângulo para atirar! — Bellamy grita, acelerando mais.

— Se preocupe em dirigir — rebato, levantando sua blusa e jaqueta para pegar sua arma e destrava-la.

Ele ultrapassa o caminhão e desliza uns 60° graus para ficar em sua frente, deixando uma curta distância de 200 metros quando diminui.

Bellamy abre sua porta e eu me inclino sobre o seu corpo para conseguir uma boa mira. Mas o homem estava colado em Clarke. Eu não podia arriscar acertar nela.

Por sorte, ela é esperta em cotovelar sua cara e meu dedo é rápido o suficiente para apertar o gatilho e acertar bem em sua testa.

Mas com a surpresa da loira o caminhão não para.

— Droga! — Bellamy rosna, envolvendo seus braços pelo meu corpo e nos empurrando para o outro banco, seu corpo em cima do meu, prevendo um baque enorme.

Mas ele não acontece e quando percebemos isso, mal conseguimos respirar direito. Ele continua deitado sobre mim por um tempinho, normalizando a respiração. Então ele levanta a cabeça e consigo sentir seus braços sendo amaçados pelas minhas costas e cabeça.

— Você tá bem? — Ele se preocupou.

Aceno, mal conseguindo dizer alguma palavra pela falta de ar. Ele solta o ar em um sorriso e seu cabelo faz cócegas em minha testa.

Sou incapaz, de verdade, de não devolver o sorriso aliviado.

— Estamos indo! — Clarke nos acorda do momento. Bellamy se afasta, consertando-se no seu espaço e virando para encarar Clarke que subia no caminhão há centímetros da gente. — Vocês nos seguem?

Bellamy acena e eu me recupero do momento, abaixando a blusa que havia subido e ajeitando-nos fiapos de cabelo que tinha se soltado do rabo de cavalo.

A viagem foi tranquila. Bem, o máximo que podíamos juntos. Não estava desconfortável, como já esteve antes. Era uma área nova das nossas vidas e particularmente — encontro o olhar tranquilo de Bellamy — me assustava pra caralho.

Quando chegamos, Bellamy para o Jeep, mas não desce dele. Esse é um dos momentos tranquilos, raros e passageiros, mas os melhores.

— Eu só queria ficar aqui — confessei, selando os olhos enquanto deixava o ar sair.

Quando voltei a abri-los, Bellamy me encarava, seus olhos se desviaram rápido para os meus lábios e por um momento, quando ele se ajeitou no banco para ficar meio que de frente comigo, pensei que ele avançaria.

Desejei que sim.

Mas algo o parou e o fez descer do Jeep e em vez de ir até Clarke e Roan para descarregar os barris, ele foi até a ponta da montanha.

Antes que eu conseguisse me segurar, já estava o seguindo.

Como sempre, ele já sabia que eu estava há passos de distância antes mesmo de eu me mostrar pra ele. Mas dessa vez, não era uma briga que nos esperava. Não eram verdades que já foram perdoadas e muito menos momentos de tranquilidade para nos beijar.

Era a brisa do mar a nossa frente.

Eram os nossos machucados físicos e emocionais.

Eram os sentimentos presos.

Por isso, pelos sentimentos presos, entendi o porquê dele escolher aquele momento, naquela bela vista, faltando pouco tempo para a possível extinção da nossa espécie, para me dizer:

— Eu queria que não fosse de verdade. Por um tempo, acho que desejei que você me odiasse mesmo porque depois que comecei a receber seus olhares mais... afetuosos, descobri que eles eram os mais difíceis de suportar.

Engoli em seco quando parei ombro a ombro com ele.

— Você não sabe quantas noites em claro eu não fiquei pensando o porquê de não ficarmos juntos — puxei o ar, mordendo os lábios com nervosismo. — Quantas vezes eu parei em sua porta — olhei para ele, surpresa —, com a mão no alto para bater.

Bellamy abaixou o queixo, encarando o chão, pensando e concordando com algo que só ele sabia.

— Mas eu a via em tudo — ele soltou em um suspiro cansado. — Eu te via em meus traumas, em minhas missões, em meus movimentos. E quando você estava por perto, eu te sentia. Em cada articulação, pensamento e sensação. Mas além de tudo isso, Rayna, eu te enxergava.

Apertei os lábios, sentindo meus olhos arderem. Bellamy se virou para mim, ficando bem a minha frente, exigindo a minha atenção, os meus malditos olhos nos seus.

— Eu te enxergava quando você treinava com Lincoln, quando você evitava Benjamin naquela ala hospitalar e como você se tornou tão próxima de Raven — seu mínimo sorriso se fechou na próxima etapa. — Mas, acima de tudo, eu enxergava quando você saia com os punhos tremendo de raiva. Quando você se isolava para gritar na floresta, liberar toda essa... dor. Eu te enxergava acordada de madrugada, no meio daquele acampamento, revivendo seu trauma.

As lágrimas caíram silenciosamente e deixei que tudo aquilo voltasse para mim.

Os noventa dias após Monte Weather. Não foi fácil, apesar do que eu fiz parecer. Foram um dos piores dias da minha existência.

Eu não conseguia dormir, comer e nem interagir. No brilho do sol, talvez. Mas a noite caia e eu me revirava na cama, sabendo que eu deveria visitar Benjamin, mas em vez disso, eu enterrava meus pés na terra do acampamento e revivia tudo o que houve comigo naquela montanha.

Tudo o que eu me tornei.

Então os ataques de raivas, que mesmo depois dos noventa dias que eu deixei pular, me acompanhou. Tentei não pensar nesses dias porque eles arrancaram cada suspiro de vida que eu tinha.

— E eu queria me aproximar, pegar seus gritos, sua raiva e cada dor do seu peito — apertei os olhos, desejando que ele não me visse nesse momento. — Mas eu fui fraco e em vez disso, fui procurá-la em outros corpos. Foi quando eu conheci Gina.

— Bellamy...

— Me deixa falar — interrompeu-me. — Por favor. Eu te te via, te sentia e te enxergava todos os dias. E hoje... hoje eu ainda consigo senti-lá, enxerga-lá. Mas, acima de tudo isso...

Ele recolheu meus olhos pra si e não me deixou fugir dessa vez.

— Rayna... Eu... — Ele respira fundo e me encara com a cabeça meio jogada para o lado. — Estou apaixonado por você. Tão apaixonado que eu mal consigo dormir ou deixar de pensar em você. É insuportável o modo que você habita tudo dentro de mim.

Mesmo esperando algo do tipo, meus olhos s esbugalharam e o silêncio faz moradia entre a gente.

Ele me esperou.

E eu procurei a coragem para ser tão forte quanto ele nesse momento, mas a voz de Roan foi mais rápida.

— Temos um problema!


Espero que estejam gostando.

Sinceramente, não sei dizer se curti muito esse capítulo. De longe, não é o meu favorito. Não pelo conteúdo, mas pela minha escrita. Mas, espero que vocês tenham gostado e prometo que quando Rayna devolver essa declaração, vai ser muito melhor.

Vão visitar minha conta do tiktok, onde eu posto bastantes edit's sobre essa fanfic e outras.

"_FICSWTP"

Inclusive, foi pela interação de uns aqui por meio dos meus vídeos que me fez QUERER postar antes da hora, hein...

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