030 | Mental Exhaustion
030 | Esgotamento Mental
RAYNA KOM SKAIKRU
Eles foram embora.
Clarke se despediu, dizendo que não queria me deixar aqui, mas que como Abby e Marcus iriam ficar, ela e Bellamy deveriam ir para resolver umas coisas em Arkadia.
Como a colisão do mundo inteiro prestes a acontecer.
Eu a tranquilizei sobre isso, pois parecia mesmo que ela estava mal por me deixar aqui. Mas eu nunca me iludi sobre isso. Eu sempre soube que teria que permanecer em Polis e eles teriam que voltar para o acampamento. Eu só não contava com um casamento no meio disso.
Aspen queria ficar, mas ele não tinha nada para fazer aqui, diferentemente de Arkadia, onde ele podia saciar a vontade de saber se estava tudo bem com a Raven. Eu sabia o quanto ele queria saber.
Tudo estava... meio estranho entre a gente. Eu sentia que ele queria conversar sobre o que houve, mas assim como eu, não estava pronto.
Nossa despedida foi superficial demais. Eu evitando olhá-los nos olhos e ele tentando não transparecer o quão desconfortável tudo está sendo.
— Então... Tchau — ele disse, recuando.
Eu devolvi a despedida com um aceno e o vi recuar até não estar mais na minha linha de visão.
Perguntei-me quando estaríamos prontos para sentar e conversar, resolver o que tiver que resolver, colocar tudo na mesa. Apesar de eu não saber quando, eu sabia que não seria agora.
Mas eu confiava na gente. Iria ficar tudo bem.
Eu não tinha essa mesma certeza quando se tratava de Bellamy Blake. Depois de receber o brasão da Coalisão de Echo, ele simplesmente deu-me as costas.
Ele estava chateado, o que era completamente compreensível, mas não posso dizer que não doeu. Mas é claro que ele não ficaria ao meu lado, me apoiando nessa ideia. Ele só... daria as costas como fez e iria fingir que eu não existia.
Pensei duas vezes em chamá-lo, mas um esgotamento mental se empoderou de mim. Eu estava cansada de brigar e entrar em discussões que não iria resultar em nada no final.
Porque a merda já tinha sido feita e eu não podia voltar atrás.
— Heda, o rei Roan está se aproximando — disse o mesmo guarda de antes. O único que me reconhece como sua Comandante no grupo de Azgedas, não como sua "Majestade" obrigatoriamente falando. — Se quiser, posso acompanhá-la até os aposentos...-
— Ela está bem onde está — indagou Echo, sempre com o mesmo humor.
Mas eu não acho que ela estava com tanta raiva assim. Agora, o que ela mais desejava, era ver-me definhando e parecia particularmente interessada em me ver perto do seu rei, lembrando que eu estava preso a ele; a todos
eles.
As portas da Sala do Trono se abriram e Roan passou acompanhado de guardas que se mantiveram na porta, postura reta e olhos sem expressão alguma.
O guarda que me acompanhava por todo esse tempo desde o casamento, deu passos para trás com a presença do seu rei.
— Bem-vindo à sala do trono, meu rei — recepcionou Echo, fazendo-me revirar os olhos. — Vou ficar feliz em mandarem fazer o assento da rainha enquanto você toma o Trono.
É claro que ela vai.
— Não — Roan negou, seus olhos cravados em mim enquanto caminha na minha direção. — O Trono é dela, afinal.
Estreitei meus olhos com desconfiança.
— Agora que o elevador foi consertado — continuou Echo, tentando desformar o bico —, dobrei as guardas na porta de todos os andares.
— Antecipando problemas? — Roan quis saber, parado no primeiro degrau para subir ao trono.
Até mim.
— Eu só confio nos Azgeda — Echo disse, encarando-me. Sorri para ela com cinismo. — Sua mãe me ensinou isso — voltou-se para o homem. — Nosso povo a amava por isso.
— Nosso povo a temia, Echo — rebateu Roan, ganhando a minha atenção aguçada.
— Porque ela era destemida. Ambiciosa.
— A ambição de minha mãe, o desrespeito dela à aliança de Lexa, a mataram.
— Se me permite — ela recomeçou, ficando próxima dele e apesar de querer pensar que é pra eu não ouvir, ela ainda fala alto o suficiente: —, por que segue a decisão de Lexa — e então me olha —, dela, se não é o melhor para nosso povo?
Qualquer resposta que Roan fosse dar a sua melhor guerreira, foi interrompida pela porta voltando a se abrir. Voltei a respirar conforme os trilhos quando reconheci Marcus e Octavia.
— Perdoe a intromissão, Vossa Alteza — pediu meu pai, sem forçação de barra. — Podemos conversar? Em particular?
— É claro — disse no mesmo tempo, levantando-se do Trono para chegar até eles.
Especificamente, até Octavia.
Conversamos pouco desde que tudo acabou com o lance da Alie.
— Você pode esperar — Echo rebateu-me —, como os outros embaixadores.
— Não, não pode — balbuciei, virando-me para encontrar seu olhar. — Ele será atendido.
Echo travou o maxilar e pensei que seu olhar poderia me matar quando ela recuou parar esperar a decisão de seu rei.
— Echo, ouviu sua rainha — Roan disse em um timbre só. — Deixe-me a sós com o meu sogro.
Echo passou por mim com cuidado para não bater em meu ombro, mas eu sabia que era o seu maior desejo naquele momento. Desafiar-me e ganhar.
Mas Marcus não veio com boas notícias. Um novo embaixador, Rafel kom Trishanakru, está pronto para disputar o controle com Roan e se for preciso, comigo. É óbvio que as pessoas não ficaram felizes com a junção de forças.
Mais pelo lado de Roan, do que a partir de mim. Mas desafiar a Comandante é um movimento ousado demais para sustentar, então é claro que o rei é a peça mais atrativa do tabuleiro.
Uma discussão surgiu nos minutos seguintes. Roan estava pronto para lutar mentalmente, mas fisicamente? Era uma outra coisa. Se ele perdesse, arcaríamos todos com a consequência. Devemos deixá-lo como rei o quanto pudermos, se quisermos mesmo achar uma solução do problema que está por vir.
Mas ele não pensava a mesma coisa. Ou ao menos, acreditava muito em seu potencial de lutar e ganhar com um ombro que está se recuperando de um tiro a queima roupa.
— O objetivo do nosso acordo é ganhar tempo para achar uma solução que salve todos — indagou Marcus, contrariado, mas tentando não perder os nervos.
— E como está essa solução? — Roan questionou, ferozmente.
— Estamos trabalhando nela. Enquanto isso, estou aqui para mantê-lo no poder. Minha filha se casou com você para isso — Marcus acenou para mim e eu abaixei os olhos com o peso. — Deixe-me conversar com o embaixador.
Encarei Roan e procurei seus olhos. Não era difícil conseguir uma linha reta de atuação entre os meus e os dele. Tentei transmitir a minha opinião, mesmo que ele pudesse não se importar com ela.
Mas ele se importou.
— Vá em frente — concedeu a permissão. — Converse. Porém, se você falhar, não terei outra escolha senão lutar.
Quis soltar um obrigada no automático, mas eu travei. Seus olhos ainda estavam nos meus nessa travada. Ele ainda era o Roan, o Rei de Azgeda, ele não era um mocinho.
Ele cortou a minha perna, tentou me sequestrar e sei que me mataria para conseguir uma Comandante Azgeda de sangue puro.
Mas sempre que eu o encarava, via camadas. Como quando ele nos ajudou a entrar em Polis, quando aceitou-me no seu clã, mesmo tendo forças o suficiente para nos matar — matar todo mundo dentro de seis meses — e conseguir a Chama, escolhendo ajudar-nos e salvar as pessoas que não estavam por dentro.
Ele parecia ser feito de camadas grossas e superficiais. Isso ou... eu estava tentando aliviar a tensão de um relacionamento tão vago que eu tenho com ele. Talvez tudo isso fosse mais fácil se eu descobrisse que ele vestia uma mascára todos os dias e que seria confortável ter uma amizade com ele.
Talvez seja uma forma de conseguir olhar-me no espelho sem me encolher.
— Abby? — Chamei a mulher que tinha acabado de sair pisando grosso da Sala do Trono. — Tudo bem?
Ela me encarou com profundidade ou foi a impressão que eu tive dada suas olheiras fundas. Ela encarou minhas novas vestes compostas por calça de couro e um casaco estilo dos Azgeda. Foi o conselho sábio que o conselheiro do rei me deu para que o povo colabore mais comigo como rainha deles.
Eu conseguia entender o olhar de ajustamento no seu rosto.
Ela me viu crescer dentro daquela Arca e agora, não consegue adequar a realidade onde sou uma Comandante de um povo que nem sabíamos que existia e que estou casada com um rei, tornando-me uma rainha.
— O rei me expulsou — ela responde um tempo depois de balançar a cabeça para dispersar qualquer pensamento. — Ele não está pegando leve com aquele ombro.
— Ele é meio teimoso.
Ela abre a boca para responder, mas opita por respirar fundo e ir até seus aposentos. Mas não antes de parar ao meu lado, tocar em meu ombro e dizer:
— Tente colocar um pouco de juízo na cabeça dele.
Ela sai antes que eu perguntasse como eu poderia fazer isso? As vezes, temos que nos lembrar que esse casamento não é porque simpatizamos um com o outro. Não sou a amiga dele que senta e lhe aconselha.
— Ela acha mesmo que eu posso mudar o jeito de pensar do rei? — Questionei com sarcasmo, encarando o meu guarda.
Ele balança a cabeça quando percebe a autorização solta no ar para ele pegar e falar.
— Eu acho que todos temem Vossa Majestade e com razão — ele me diz, tão calmo que me faz parar para observá-lo. — Mas você não precisa tême-lo.
Analisei mais a fundo suas palavras e percebi que ele estava certo. Eu não precisava temer um homem forte, com um título mais baixo que o meu. Bom, isso na teoria.
Essas pessoas nunca bateram de frente com o olhar feroz de Roan. Suas íris azuladas lembrava muito bem o gelo dos Azgeda. Duro e impentrável por fora, gélido e obscuro por dentro.
Aquilo martelou em minha cabeça.
(...)
O embaixador que desafiou Roan estava morto. Isso foi revelado quando a Assembléia com ele estava prestes a ser realizada. Seu coração parou, foi o que disseram. Mas quando a esmola é muito boa, até o Santo desconfia.
É muito... conveniente que esse homem tenha aparecido morto hoje, no dia em que ia consolidar — ou dar para trás — o seu desafio perante ao rei.
Essa história é para os ingênuos acreditarem. Não para mim.
Invadi a Sala do Trono naquela tarde depois da Assembleia fracassada. Roan estava lá, como eu bem sabia. Próximo à mesa com recipientes para lhe ajudar com a dor no ombro, ele parecia estar se cuidando.
Roan lançou um olhar rápido para me reconhecer ali, mas não demorou naquele ação. Ele parecia estar se preocupando mais com a sua ferida prestes a sarar do que o perigo que eu poderia vir a apresentar chegando por suas costas.
— Confia tanto assim em mim? — Duvidei, sem falar alto.
Ele parou na ação de levantar a mão para passar a pomada na ferida e seu pescoço se arqueou, sentindo a minha presença bem perto de suas costas sem nenhuma proteção.
Soltei o ar calmamente, vendo os músculos das suas costas flexionarem na ação que ele faz para arquear-los e virar-se para mim. Seus olhos estão muito em cima, mas são as suas mãos que me preocupam quando ele estende um frasco na minha direção.
— Eu não deveria? — Refutou, com cuidado, parecendo já ter sua resposta.
Fiquei um tempo sem saber o que ele queria de mim ali, mas acabei por pegar o frasco com a pomada que Abby deixou para tratar sua possível cicatriz.
A ponta do meu dedo indicador se arrastou naquela substância, melando-me. Voltei a olhar pros seus olhos, tentando não me sentir intimidada com o seu tamanho e sua seminudez.
Ele suspirou quase sem perceber quando passei meu dedo na sua ferida, enterrando a pomada para o centro do buraco e arrastando-a aos arredores.
— Você mandou matá-lo?
Foi uma pergunta simples e sem efeitos. Uma conversa clara entre um marido e a esposa, sozinhos em uma sala enorme e espaçosa, pela primeira vez desde a cerimônia que nos uniu. Sem nenhuma proteção ultrapassando essas portas.
Eu poderia fazer qualquer coisa com ele.
— Não — respondeu no mesmo tom, em uma resposta simples e sem efeitos, cientes da solitude nessa sala.
Mas, sinceramente, eu deveria acreditar? Roan parecia estar sendo sincero, mas ele também poderia estar mentindo descaradamente. Ele não tinha motivos para me dizer qualquer coisa. Ele deve estar mentindo.
Mas e se fosse uma de suas camadas caindo?
— Minha vez — ele diz de repente, pegando meu pulso e me virando para impressar-me na mesa de ferro tão grosseiramente que eu solto o frasco e ele voa longe.
E é quando eu percebo.
Não apenas eu posso fazer qualquer coisa com ele.
Ele pode fazer qualquer coisa comigo.
E apesar de estar presa entre ele e uma mesa impossível de arrastar com apenas o peso do corpo, isso não me assusta. Estupidez ou coragem, agora, tanto faz. Ele está me encarando de cima e seu corpo está colado — mesmo — ao meu.
Sinto o suor do seu peitoral nu e o calor da sua pele mesmo com as minhas roupas atrapalhando qualquer contato que podíamos vir a ter por causa dessa aproximação.
— Você está apaixonada por Bellamy Blake?
De tudo que ele poderia vir a perguntar, isso não estava nem perto da minha imaginação. Intercalei meu olhar entre seus olhos, a região das minhas sobrancelhas começando a se juntar em confusão. Tento entender sua motivação para perguntar isso e falho miseravelmente.
Então, em um raio de velocidade, ele colocou tudo de volta na minha mente.
Ignorar tudo o que houve ainda no começo dessa semana é fácil quando você têm de manter uma postura sólida para as pessoas ao seu redor, sabendo que qualquer tropeço iria ser apredejado. Mas não há fulga para isso; para agora.
Pois estavámos sozinhos e nada estava me atrapalhando de pensar em tudo.
Em Benjamin.
E na porra do meu coração que sempre parece um maluco quando ouve o singelo mencionar de um certo garoto que só se mete em confusão.
— Preciso saber se a barra tá limpa.
— Do que você tá falando? — Questionei, recuando o pescoço para trás, afim de desvendar o seu rosto porque suas palavras são impossíveis.
Ele deixa-me olhar nos seus olhos e apesar de não querer, é impossível negar o que eu vejo no fundo deles; em minha direção. Roan sorri sem desgrudar os lábios quando percebe que eu notei.
— Você sabe do que estou falando.
Então, ele puxa uma camiseta detrás de mim e sai.
Eu solto o ar que ficou preso nos meus pulmões de uma forma calma e depois de alguns minutos na mesma posição, resolvo parar de me sentir tão idiota e saio da Sala do Trono.
Meu guarda estava lá para me escoltar até os meus aposentos, protegendo minhas costas e parecendo se preocupar mesmo se eu ficava bem ou não.
— Eu posso saber o seu nome? — Perguntei ao parar na porta do meu quarto, virando-me para ele e percebendo que nem faço ideia da sua identidade.
— Claro, Heda. É um prazer — completou, sorrindo minimamente para mim após curvar a cabeça. — Sou o Kallas.
Kallas era um ótimo guarda costas, mas na escuridão e na solitude do meu quarto, nem mesmo ele conseguiu prever aquele ninja que entrou pela janela do último andar e me apagou.
As mãos eram leves, ainda assim, estava na vantagem pelo escuro e pela atenção.
É quando eu entendo que não há lugar seguro no mundo.
(...)
Já estive em situações parecidas com essa por tempo demais para ficar confusa quando sinto minhas mãos amarradas para trás e meu corpo formigando, demonstrando o tempo que eu estava sentada, imóvel, presa.
Ainda assim, foi um gesto instintivo tentar mexer minhas mãos. Mas elas só se contorceram em cordas bem amarradas.
Abro meus olhos com calma, já com a testa franzida pela dor atrás da cabeça, resultado da maneira que usaram para me apagar. Felizmente, reconheço o lugar sem muito esforço.
Era na sala do Titus, onde ele colocou a Chama em meu pescoço e me fez jurar que eu voltaria para Polis e lutaria com todas as minhas forças para tomar aquele Trono e continuar o legado de Lexa, sua Heda.
A sala estava sendo muito mal iluminada através de tochas presas nas paredes e velas presas em apoios, contendo atrás de mim aquela cápsula que minha trisávo usou para descer até a Terra.
Soltei um ar pesado quando esforçava a minha cabeça a levantar e reconhecer aquela estrutura dentro das sombras, se mesclando entre elas, impedindo a minha definição da sua silhueta completa.
Apertei as minhas mãos em um punho quando eu percebi que a pessoa estava se aproximando, a corda recuou, mas não o suficiente para dar-me um espaço para escapar. Até ela aparecer.
Eu não a conhecia, definitivamente, mas ela parecia me conhecer bem o suficiente para estar... decepcionada comigo?
— Quem é você? — Questionei, seu rosto sem mal iluminado pelas chamas.
— Eu sou Gaia.
Gaia era uma mulher alta, de pele negra e cabelos de dreads branco e vinho. Ela estava usando uma touca que complementava o seu casaco, mas a retirou para dar uma visão melhor para mim. Tentei reconhecê-la de qualquer lugar para entender o motivo do meu sequestro, mas eu tenho certeza que nunca bati com ela nenhuma vez.
— Oi, Gaia — disse, contorcendo meus pulsos para afrouxar o aperto das cordas. — Poderia me iluminar com o motivo dessa cena?
— Acha engraçado? — Ela observou, estreitando os olhos e se aproximando mais um pouco.
— Você tentar me manter presa? — Indaguei com sarcasmo, torcendo os lábios para disfarçar minha careta pela dor de alargar a corda que perfurou minha pele. — Sim.
— Tentar? — Gaia exclamou, tombando a cabeça e observando-me. — Você parece bem presa para mim.
Passei meus dentes pelo meu lábio inferior e soltei um barulho de desdém ao mesmo tempo em que soltava uma das minhas mãos e mostrava para ela a corda pendura em apenas um dos meus pulsos.
Aproveitei o seu momento de surpresa para deixar a corda cair e pegar a cadeira em que eu estava sentada, jogando em sua direção.
Ela se recupera rápido e se joga em minha direção, deixando o movimento de levar meus pulsos até o seu rosto mais fácil. Mas ela também tem cartas nas manguas e consegue pegar meu pulso danificado pela corda, torcendo-o e fazendo-me levar o corpo junto afim de diminuir a dor.
Pego em seu braço afim de jogá-la para longe, mas ela é mais rápida em ajoelhar meu estômago, soltando meu pulso para me deixar recuar.
Ela não me espera recuperar o fôlego para voltar, então eu encaixo minha cabeça embaixo do seu braço e empurro-a para o chão, ficando por cima. Antes que ela pense muito, viro meu corpo, pegando sua cabeça entre minhas pernas e puxando um dos seus braços para mim.
Ela urra.
— Dá próxima vez — sussurro no seu ouvido, sentindo o ácido na minha língua —, prenda meus tornozelos também.
— Eu não quero brigar com você — ela rosna entredentes, tentando o máximo de fôlego o possível.
Reviro os olhos, deixando um espaço pequeno — mas que ela sabe aproveitar — para morder a minha coxa e cotovelar minha cara.
— Porra!
Seguro meu nariz, percebendo o sangue escuro e quente manchando a palma da minha mão. Eu espero pelo próximo golpe, mas ele não vem.
Ajoelhada, ainda segurando o nariz — provavelmente quebrado —, viro minha cabeça para vê-la de pé, respirando com dificuldade, mas parada, sem indícios de que iria me atacar novamente.
— Eu sou a Guardiã da Chama, o que eu teria explicado se você não tivesse pulado em cima de mim.
— Desculpe-me — digo irônica — por reagir tão mal em um sequestro.
— Não foi um sequestro — afirmou e tive que me segurar para não soltar um riso. Levantei-me, retirando a mão do nariz rachado. — Eu só precisava... conversar com você, longe de todo aquele gelo dos Azgeda.
— Já ouviu falar em recado? — Arqueei as sobrancelhas, desgostosa por toda aquela situação estar acontecendo.
— Tem sido um pouco difícil entrar em contato com a Azheda.
— Azheda? — Repeti, não gostando do gosto azedo. Parecia muito com o nome do clã da Nação do Gelo, mas o "h" deixava claro que era sobre um Comandante.
— É como ficou conhecida após aquela cerimônia com o rei da Nação do Gelo — ela pareceu julgar, mas sua expressão não se alterou. — Ninguém ficou feliz.
— Nem me fale — murmurei, baixinho.
Mas ela ouviu, pois, deixou se aproximar mais.
— Por que deixou que isso acontecesse? — Sua voz estava mais mansa e eu tive que encarar aquela cadeira estilhaçada no chão para me lembrar que isso era um sequestro. — Você tem a Chama, porque não acaba com isso de uma vez e toma o que é seu por direito?
— Você não entenderia — virei-lhe as costas, querendo sair daqui.
— Faça-me entender — rosnou, fazendo-me parar no lugar de costas. — Você deveria ser forte, inteligente e autosuficiente, esses são os requisitos para portar a Chama. Se você não os tem, não merece.
Lentamente, voltei-me para ela com sangue nos olhos. Como ela tinha coragem de dizer isso, depois de tudo?
Mas no final, eu sabia que eu não estava brava por ela ignorar o que eu fiz ou não e sim por ter encontrado alguém que pensava o mesmo que eu.
— Acha que eu não mereço a Chama?
Ela apertou a mandíbula, travando seus olhos nos meus.
— Não como Lexa e os outros mereciam.
Aquilo doeu, mas reagir sobre isso não foi uma opção quando Octavia passou pela porta, sua espada nas costas, pronta para ser usada.
— Então você é a nova Guardiã da Chama — Octavia disse, se aproximando.
— Esse espaço é sagrado — disse Gaia, retirando os olhos de mim. — Saia antes que se machuque.
— Eu só saio com Rayna.
— Ela não pertence a você nem ao seu rei de sangue vermelho.
Octavia retira a espada das costas, decretando a próxima cena. Eu tento impedir que elas comecem com aquela briga que não daria em nada além da Guardiã machucada, pois éramos em duas e ela em uma.
Apesar de ter sido tudo muito legal, eu só queria sair daqui antes que virasse algo maior do que já era.
Mas foi o que aconteceu quando Indra chegou, revelando ser a mãe de Gaia e nos informando dos saqueadores que estavam se aproximando para me pegar e acabar com a tecnologia em meu pescoço.
Foi quando todas nós conseguimos trabalhar juntas e enquanto Octavia voltava comigo, Indra e Gaia iam ficar para dispensarem os saqueadores.
Octavia me trasnferiu para a torre do mesmo jeito que eu sai, com alguns machucados a mais, mas ela me ajudou a cuidar ao pegar uma caixinha de curativos com Kallas, que me prometeu não dizer nada a ninguém por enquanto.
Era inevitável todos saberem, meu nariz estava sangrando e eu tinha um roxo no meu estômago, mas eu queria evitar o drama pelo resto da noite.
— Obrigada, Oc — agradeci após abaixar a minha blusa, sentindo um pouco de dor ao respirar.
Ela ficou em silêncio enquanto ia guardar aquela caixa na minha penteadeira.
— O rei já sabe — eu ouço quando fecho os olhos para suspirar. Encaro-a do outro lado da sala. — Foi ele quem me procurou para achá-la.
— Mas isso aconteceu em menos de quatro horas.
— 4 horas atrás, ele me procurou.
E ela se foi, deixando uma crítica nas entrelinhas para que eu me virasse para aprender. Senti saudades das nossas conversas naquela cela, mas era porque tínhamos tempo para aquilo. Chuto que a guerreira que está sendo chamada de Skairipa e eu não temos tanto tempo para sentar e nos ajustar.
Mas eu desejo.
Desejo a simplicidade.
Encaro meus pulsos marcados, sentindo o peso de tudo o que aconteceu e o que eu ouvi da mulher que deveria estar sendo a minha conselheira nesse momento. Se ela, que nasceu para ensinar, pensa aquilo de mim, talvez seja verdade.
E eu não a culpo por aquilo, considerando que a cidade está sendo comandada mais pelos Azgeda do que pela Comandante, que está apenas fazendo sala.
Para a Comandante que adquiriu a Chama pelo desespero e não por lutar para conseguir.
É isso que eles pensam de mim, não é? Da "Azheda".
Como explicar que estou fazendo isso para que possamos viver daqui seis meses? Como explicar isso, sem poder contar à eles?
Quando o sol ultrapassou as cortinas da minha janela, sentei na cama e afastei as cobertas, passando uma água no meu corpo para vestir a calça de couro com várias entradas para esconder minhas adagas, meu peitoral sendo protegido por uma fina blusa e uma jaqueta com cintos ultrapassando por elas, para encaixar o meu estojo das espadas de Lexa.
As quais encontrei após toda a revolta de Alie.
Decidida, sai do meu quarto, sendo seguida rapidamente por Kallas que percebeu o meu humor e decidiu ir pelo caminho silencioso.
Marchei até a Sala do Trono, onde eu sabia que encontraria Roan. Eu só não esperava que ele estivesse sentado no meu Trono, mas deixei a surpresa para trás enquanto descartava o homem que pedia para ele assinar um pergaminho.
— Minha rainha... Vejo que está bem.
— Descobri que foi graças a você — manejei com a cabeça, sabendo que eu teria escapado de qualquer jeito. Passei a língua pelos lábios, molhando-os para me controlar de explodir.
— Veio me agradecer? — Chutou, levantando-se do Trono para descer os degraus e parar na minha frente. Olhou para Kallas, que estava parecendo uma estátua ao lado da porta. — Acho que precisamos ficar um pouco a sós para isso.
Impedi ele de se aproximar ao empurrar minha palma da mão em seu peitoral. Ele encarou a ação e depois estreitou os olhos para os meus.
Havia algo de diferente no ar. Algo um pouco... decisivo.
Mas eu não recuei. Estava decidida a acabar com qualquer que seja a palhaçada prestes a ultrapassar os limites entre a gente. Eu precisava lembrá-lo que a gente não se preocupava um com o outro e nem que fazia perguntas pessoais um para o outro.
Eu não podia tê-lo por perto emocionalmente se queria me tornar a Comandante que Polis precisa.
E precisava da certeza quando eu retomasse o controle absoluto. Sem guerras, sem mortes; apenas por poder.
— Sugiro que termine com qualquer que seja esse plano que envolve me seduzir — aconselhei, travando a minha decisão ao trazer minha mão para mim mesma.
— Por quê? Já se sente seduzida?
— O casamento é uma farsa e isso nunca vai mudar. Não importa quantas vezes você demonstre ser humano e preocupado. Eu não sinto nada por você, Roan.
Ele se manteve inalterado.
— Continue.
— Estava certo em pensar aquilo — disse, pronta para acabar com apenas uma confissão. — Estou apaixonada por Bellamy Blake e nem para ele há espaço em minha vida. Retome suas importâncias.
Mas, parecendo estar seguindo justamente como ele queria, Roan sorriu e inclinou a cabeça para sussurrar:
— Eu retomei, amor.
Então seus olhos partiram para algo sobre o meu ombro e quando me virei, lá estava a maldição do dia.
Bellamy e mais um garoto estava ajoelhados no chão, amordaçados, sendo segurados por um guarda para cada. Um deles era Echo. Abri a boca para falar algo, mas eu só consegui gaguejar até que meu pai ultrapassou as portas que se abriram sem eu perceber.
Meus olhos arregalados estavam nos de Bellamy, que parecia ter ouvido tudo.
— O que é isso? — Questionou Kane, revoltado.
— Echo viu seu povo reconstruindo a nave — afirmou Roan, saindo das minhas costas para se aproximar deles. — Ela capturou esses dois caçando na minha floresta. Este aqui disse que é um abrigo contra a radiação.
— É um plano B. Só isso.
Intercalei meus olhos pela cena, me sentindo uma idiota por não saber de nada do que eles estavam falando. Abrigo contra radiação?
— Ele disse isso também — comentou Roan. — Antes de ele nos dizer que vocês têm um sangue da noite.
O quê?
— Ainda bem que a Chama está na minha esposa, ou eu desconfiaria que estão planejando um Conclave para ascender outra.
— Estamos falando da minha filha — Marcus contradisse, parecendo enraivado pelo pensamento. — Tem que confiar em mim. Descobrimos que o sangue da noite ajuda a metabolização da radiação — Roan piscou para mim. — Estamos investigando maneiras de criá-los para todos. Transformar todos em sangues da noite. Para que possamos sobreviver.
— Blasfêmia — disse Echo, entredentes.
— Não é, não — intervir, conseguindo a atenção. Fechei os olhos por um segundo, me culpando por não ter lembrado disso. — Benjamin, o meu... amigo, era um dos montanheses e ele tinha uma doença por conta da radiação. Com o meu sangue, ele foi curado completamente.
Travei meus olhos nos de Roan, buscando que ele conseguisse ver o quão sincera eu estava sendo. Mas eu não podia esperar muita coisa do homem que acabou de ouvir que eu não estava ao seu lado.
Com a sua ordem, Echo cortou a garganta do garoto ao lado de Bellamy.
— A verdade é a primeira vítima da guerra — indagou Roan, seus olhos presos nos meus antes de voltar para Kane que tentou acudir o morto. — Se tivesse boas intenções, teria compartilhado seu plano comigo. Nossa aliança está desfeita.
Encarei meu pai, tentando saber o que isso significa.
— Os Skaikru e os Trikru são nossos inimigos — proclama o rei, em sua língua natal.
— E quanto a eles? — Perguntou o guarda que segurava Bellamy.
Merda!
— E quanto à mim? — Questionei por cima, tentando distrair sua atenção de Bellamy. Roan me olhou em dúvida do que fazer. — Não pode me prender.
— Eu não estava pensando nisso — ele diz, atropelando a ideia que Echo tinha para mim. — Você é minha rainha, minha Comandante, do meu povo. Uma Azgeda.
Ou em outras palavras, sua exclusiva refém até que isso acabe. Mas o decreto foi duro. A matança iria para todos.
Bellamy foi pego com brutalidade, assim como Marcus, sendo arrastado pelo chão com muita luta, até para a sala da prisão. Encarei Roan nervosa, mas ele estava de costas para mim.
— Roan — clamei. — Me escuta. Não somos o inimigo.
Seus ombros pararam de subir e descer. Prendi minha respiração no tempo que ele usou para se voltar para mim, sua expressão se parecendo com um rei tirano de verdade.
— Escolha seu lado nessa guerra, amor. E acho melhor escolher certo.
(...)
Eu estava sentada no mesmo cavalo que Roan, encaixada entre suas pernas, sentindo seus braços me abraçarem para conseguir o controle do cavalo. Meu corpo balançava para lá e para cá, eu o ouvia conversando sobre o seu plano de luta baixinho durante uma pausa ou outra, mas meus olhos estavam perdidos;
Nele.
Bellamy andava com os pés e os pulsos acorrentados, seus olhos sem nenhum foco além do chão. Suas lágrimas já tinham parado de descer faz um tempo bom, deixando seu rosto com marcas de suas viagens.
A noticia da morte de sua irmã foi dada faz um bom tempo, mas a noticia ainda estava fazendo efeito em mim, visto que o grito estridente que ele deu quando soube fez um caminho muito mais rápido dentro de mim.
Eu ainda conseguia sentir a reverberação do seu coração se quebrando, ajudando o meu a desmanchar dentro do peito.
Como eu demorei tanto para aceitar que eu sentia algo tão forte por ele? Estava estampado em cada parte da minha visão. Não era só desejo carnal ou medo de morrer sozinha. Não era só seus beijos, eram suas palavras. Nem só sua inconsistência, mas sua presença.
Sinceramente, agora que eu meio que confessei em sua frente meus sentimentos, eu me pergunto como consegui esconder por todo esse tempo. Agora que estou sentindo a paixão tão livremente, nem consigo lembrar quando eu ainda não sentia. Essa época era ocupada por todos os momentos em que meu coração batia em sua presença, em cada momento que a sua dor, me doía.
Como agora.
Pensar na morte de Octavia, uma irmã para mim, já era o suficiente para que eu sentisse muito. Agora, vê-lo daquela forma, tão sem esperança e sem rumo, parecia triplicar tudo o que eu sentia.
Inclusive, a minha sede de vingança contra Echo kom Azgeda. Encarei a mulher com a cara pintada de branco, como o rei e o exército marchando atrás da gente.
— Se você a matou — lembrei da cena de eu dizendo após a revelação na cela onde Bellamy e Marcus estavam —, pode apostar que eu vou caçar você. E não vou parar até cortar a sua garganta.
Foi por esse motivo que agora, estou com uma corrente em meus pulsos e sendo escoltada por Roan.
Mas todos nós paramos nas fronteiras de Arkadia, com apenas um sinal de Roan, que capturou Clarke em pé há uns duzentos e cinquenta metros. Eles sabiam que viríamos. Alguém os avisou.
Meus olhos voaram automaticamente para Bellamy, que parecia ter tido o mesmo pensamento ao olhar para mim.
— Temos que conversar — gritou Clarke, afim de ouvirmos.
— É um pouco tarde para isso — relatou Roan. — Arqueiros! Apontar para Wanheda!
Me contorci no seu aperto, mas ele nem se mexeu enquanto recebia o aviso de sua fiel guerreira e súdita que tínhamos armas em nossas miras. Por estar bem a sua frente, eu estava o protegendo de ser acertado diretamente, menos aquela bolinha bem no meio de sua testa e em suas costas.
Eles tinham atiradores nos altos das montanhas.
— Tragam os prisioneiros! — Ordenou Echo.
Bellamy e Marcus passaram por mim com suas caras tampadas por panos rasgados apenas para dar um efeito mais dramático quando eles tirassem e Clarke percebesse quem eram.
— Sua vez, Wanheda.
Ela pediu dez minutos da atenção do rei. Echo foi contra, dizendo que era uma armadilha, mas Roan tomou a sua decisão ao descer do cavalo e encarar-me.
— Não fique com ciúmes, querida — revirei os olhos como resposta. — Cuide do seu povo.
Levantei meus pulsos em sarcasmo, mas ele fingiu que não viu ao dar as costas e passar por todo aquele cerco, tendo as armas abaixadas para que ele chegasse até Clarke e os dois sumissem.
Minutos se passaram, a tensão só aumentava entre os arqueiros que estavam prontos para atirar à qualquer sinal errado.
Felizmente, Monty sendo escoltado por um dos Azgeda não foi motivo o suficiente para atearem fogo. Não até que ele fosse jogado em nossa frente.
— Monty! — Desci do cavalo com certa dificuldade, diferente de Echo que já estava no meio do caminho.
— Fale — ela ordenou.
— Um dos nossos saiu da formação. Tenho razões para acreditar que vai tentar matar seu rei.
— Por que está me dizendo isso?
— Por que você acha? — Perguntou Bellamy, gesticulando com as mãos. — Para evitar um massacre.
— Quem é? — Perguntou meu pai.
— Riley.
— Riley? — Repetiu Bellamy, reconhecendo. — Ele nem deveria estar aqui.
Echo se prepara para sair em busca do atirador que pretende assassinar o seu rei. Marcus interrompe, informando que se nossos atiradores verem os arqueiros se movendo, eles iriam atirar. Monty completa ao dizer que eram as ordens.
— Eu conheço Riley — diz Bellamy. — Deixe-me ir com você. Posso impedi-lo.
— Acha que sou tola, Bellamy?
— Você será uma tola morta se sair daqui sem mim. Deixe Kane avisá-los pelo rádio que estamos procurando Riley, e eles não deixarão passar.
Parecendo sem escolhas, ela acata a ideia, transportando o rádio para que Kane desse o alerta. Mas eu não gostei de como Echo estava encarando Bellamy e levando em conta que ela já nos enganou e possa ter matado Octavia, eu não confio nela de jeito nenhum.
Mas eu sabia que ela não ia permitir que eu saísse dessa área. Então esperei os dois se mandarem para retirar minhas algemas, tentei não abrir fogo. Eu queria segui-los, impedir qualquer plano que Echo possa fazer contra Bellamy e eu consegui.
Até mesmo quando o sol começou a se pôr. Eu já não tinha mais unhas firmes e eu tinha andado tanto pra lá e pra cá que a terra já estava marcada com os meus pés.
Então... houve a explosão. Foi logo atrás daquela barreira, que eu sabia que viria Arkadia. Bem perto de nós. Todos se assustaram, sem saber o que fazer. Por um tempo, também reagi dessa forma, mas eu já não estava aguentando mesmo.
— O que está fazendo? — Gritou o guerreiro encarregado do comando ao ver-me soltando Monty e Marcus para corrermos até lá.
— Saia da minha frente.
— Eu acho que não, gracinha — ele sorriu. — Quando o rei parar de brincar com você, eu serei o próximo.
Apertei minha adaga escondida na parte de dentro das minhas mangas. Mas eu não precisei mexer um músculo para que ele tivesse recuado. Quando eu vi, Kallas tinha apagado ele por mim.
Ele ficava diferente com toda aquela tinta branca e preta na cara.
— Vá — sussurrou e eu não demorei para obedecê-lo.
Meus pés mudaram de direção e alcançaram um ritmo muito mais rápido, ouvindo mais coisas se explodindo conforme eu chegava mais perto. Até a noite cair e eu estar na porta de Arkadia. Tudo estava em cinzas.
Tudo.
Ultrapassei a barreira, vendo Bellamy já correndo em direção de um garoto que segurava a mullher da mercearia quando estávamos tentando encontrar a tal Wanheda e... Octavia.
Quis suspirar, mas o momento não estava proprício.
As explosões não pararam, destruindo a Arca inteira e as esperanças das pessoas em um plano B. Vigas de ferro caírem aos nossos pés em chamas. Tudo destruído.
Em uma das explosões, Marcus tentou me proteger colocando o braço em cima da minha cabeça, mas eu corri até os irmãos Blake e derrapei ao seu lado, aceitando o abraço cansado da garota deitada no colo do irmão, respirando com dificuldade.
Ela não morreu.
Mas todos nós iríamos logo, logo.
Espero que estejam gostando!!!
Eu acho que foi muito fácil esse lance dela aceitar os sentimentos, hein... Vocês acham que agora ela só vai aceitar e seguir em frente ou ainda vai ter empecilhos à frente?
NÃO SE ESQUEÇAM de ir visitar minha conta no Tiktok. "_ficswtp"
Eu posto alguns edits da fanfic.
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