Parte XVII


- O que ela está fazendo aqui?

- Antes de sair da sua casa, eu comentei com sua tia o que vamos fazer essa tarde para pedir a permissão dela e de seu tio. Uma hora antes de você chegar, ela veio até o castelo e me entregou a coroa. - Me explica Oliver.

A coroa de minha mãe brilha com um toque, sinto meus dedos formigarem para pega-la e colocar em minha cabeça.

- E você quer que eu use?

- Não vou te pedir porque sei as consequências de usa-la. Mas seria incrível se você fosse com ela essa tarde, deixaria muitas pessoas felizes.

- Está bem. É a coroa de minha mãe, não consigo recusa-la.

Oliver sorri e me puxa para um beijo, antes de dizer o quanto está orgulhoso de minha decisão.

Saímos da carruagem e uma senhora está a nossa espera em frente a porta, embaixo de um letreiro escrito Orfanato Hope.

Orfanato? O que estamos fazendo aqui? Olho para Oliver com a pergunta em meus olhos e ele só balança a cabeça e sorri.

- Lorena, obrigado por nos receber sem data marcada.

- Alteza, é sempre um prazer recebe-lo. Sabe que não precisa de data, as crianças sempre estão prontas para suas visitas - Ela fala fazendo uma reverência.

- O prazer é meu. Está é minha noiva Eliza Hughes, princesa herdeira da Inglaterra - comenta Oliver, passando uma de suas mãos pela minha cintura.

- Seja bem-vinda ao Orfanato Hope, alteza. As crianças vão ficar encantadas com sua visita. Sempre tentamos trazer uma princesa, mas a maioria de nossos convites foram recusados e as que se comprometeram a vir, nunca tiveram tempo suficiente na agenda.

Olho emocionado para Oliver, então era por isso que ele queria que eu visse com a coroa. A questão de eu não querer entrar nesse mundo da realeza é exatamente por isso. Não quero ter que interagir com pessoas que preferem gastar seu tempo em salões de beleza, em vez de visitar crianças e fazer o dia delas.

- Agradeço por me receber - respondo envergonhada.

A senhora nos guia pela entrada e passamos por um largo corredor. Ate chegar em uma área externa, onde várias crianças brincam num parquinho. Oliver segura minha mão e respiro fundo para me controlar e não deixar aparentar meu nervosismo.

Uma menina vem correndo em nossa direção, com os olhinhos brilhando, e pula nos braços de Oliver. Ele a puxa para seu peito e gira, fazendo a menina gargalhar. Quando se cansa, ele a desce e se abaixa para ficar da sua altura.

- Como você está, anjo? Hoje trouxe uma pessoa que você vai amar conhecer.

A menina me encara e abre um longo sorriso.

- Uma princesa! - Ela grita e faz uma reverência desajeitada para mim. Sua coroa de plástico quase cai do alto de sua cabeça, mas ela a arruma rapidamente e quando faz com que vai tirar, eu me abaixo a sua altura e abro os braços, lhe deixando me dar um abraço.

- Qual é seu nome, alteza? - Pergunto e sento na grama. Meus pés já estavam protestando de tanto ficar com os malditos saltos.

- Mirela - responde tímida. Ela se senta a minha frente e fica brincando com as flores bordadas de meu vestido.

- Um nome lindo - comento sorrindo. Oliver se senta ao meu lado e passa sua mão por minha cintura. É incrível a tranquilidade que uma criança pode me passar apenas por poucos minutos juntas. As outras crianças param de brincar e se amontoaram ao nosso redor.

- Hoje quem vai contar a historia é a Princesa Eliza - anuncia Oliver e todos começam a comemorar animados e batendo palmas. Encaro Oliver em pânico, não faço ideia de que historia contar.

- História? - Sussurro em seu ouvido.

- A melhor de todas - responde alto e mais gritos de animação são ouvidos.

- A melhor de todos - repito tentando processar suas palavras. Eu não conheço nenhuma historia infantil diferente das que essas crianças devem ter escutado.

- Vou começar então, aí você continua - O maldito fala, me lançando uma piscada de olho.

Respiro aliviada e me aconchego em seus braços.

- Era uma vez, uma linda garotinha. Ela tinha o costume de todas as tardes ir passar o tempo no alto de uma árvore. Até que um dia, um príncipe de uma cidade vizinha passou pela árvore e encontrou a garota. Ela era linda, ele estava fascinado com sua beleza e a naturalidade que ela ficava em cima de uma árvore. Nunca tinha encontrado uma garota que gostasse que ficar suja de grama e barro. Até que ele viu que ela estava dormindo e logo cairia da árvore. O garotinho nunca tinha subido numa arvore, mas mesmo assim decidiu ir ajudar a garota. Ele foi muito guerreiro e conseguiu chegar até a garota, acordando ela a tempo. Mas assim que acordou, ela desceu da arvore e deixou o garoto lá no alto. Ele teve que gritar por ajuda porque não sabia como descer e ficou aliviado quando ela se dispôs a ajuda-lo. Depois daquele dia, eles viraram melhores amigos- começou Oliver e senti as lágrimas caindo por meu rosto. - Mas o príncipe tinha de voltar com sua família para sua cidade e acabou demorando anos para voltar a encontrar sua amiga. Assim que a viu, ele soube que estava apaixonado por ela. Mas o pai do príncipe disse que ele se casaria com a princesa de um reino distante e o forcou a voltar para sua cidade poucos dias depois. Não passava um dia que ele não pensava em sua amada, ele queria ela ao seu lado para a vida inteira. Com esses pensamentos, ele conseguiu cancelar seu noivado com a princesa e novamente foi atrás de sua amada, mas ela não estava mais morando em sua antiga casa. A avó da menina disse que ela tinha se mudado para longe e que não voltaria a morar por lá. Ele estava arrasado, tinha passado anos sem ver sua amada.

Oliver para e sorri. Ele segura minha mão e me pede para contar o final da historia. Tive que respirar fundo e limpar as lágrimas para conseguir falar.

- Mas o príncipe nunca desistiu. Quando sua família foi se encontrar com uma nova pretendente para o ele se casar, ele enfrentou vários guardas e foi até o jantar impedir o acordo. Agora, vocês não imaginam a surpresa dele quando viu sua amada. Ele correu até ela e a beijou na frente de todos. - Vários gritos de nojo são ouvidos e acabo rindo. - Ele disse para todos que ela era sua noiva e a única que ele se casaria. Todos concordaram que era a melhor decisão e deixar eles se casarem.

- E eles viveram felizes para sempre - conclui Oliver e beija minha bochecha.

Passamos a tarde inteira com as crianças, fazia um longo tempo que não me divertia tanto. Meus pés reclamavam de cansado, de correr de um lado para o outro, mas isso não me impedia de ignorar a dor e continuar a brincar com todos. Até que Oliver me chamou e anunciou que precisávamos ir.

Prometi a todos que voltaria para vê-los e eles se despediram com vários abraços. Oliver pegou minha mão e me levou até a carruagem assim que agradecemos a Lorena novamente e nos despedimos.

- É meio triste, gostaria de levar todas para casa - comento, olhando pela janela o edifício se distanciar.

- Mas você pode fazer melhor Liz. Pode trazer um pouco de felicidade visitando elas e se comprometendo a ajuda-las em achar um lar, onde vão ser amadas por uma família.

- Por que me trouxe aqui?

- Não quero influenciar na sua escolha, mas achei que gostaria de saber as coisas boas que vem com a coroa. Claro. Governar o país é tomar decisões que vão influenciar a todos seus moradores, mas é também se comprometer a participar de ações sociais para ajudar aqueles que necessitam.

- Obrigada por me trazer. Amei ter vindo aqui hoje.

- Sempre, amor. Mas ainda não acabou, temos mais um lugar e é melhor nos apresarmos se quisermos chegar a tempo.

Entramos no castelo e Oliver me puxa para o jardim. Ele disse que tem uma surpresa e não faço ideia se meu coração vai aguentar mais alguma. Esse homem que meu coração decidiu tornar dono se mostra mais incrível a cada segundo.

Até que paramos em frente uma arvore e olho para ele tentando entender o que tem ali, até a semelhança me para.

Essa árvore.

- Parece muito com a nossa, certo? Eu tive que fazer umas modificações, mas, quando a viu, sabia que seria meu escape para lembrar nossos momentos juntos.

- É incrível.

- O que esta esperando? - Ouço ele pergunta e o encontro se preparando para subir a árvore. Acabo rindo e vou até ele para iniciar a subida.

Quando chegamos no último galho, me sento ao seu lado e sua mão se entrelaça com a minha.

- Chegamos a tempo.

- Do que?

Mas antes que ele possa responder, eu entendo. O sol acabou de se por e as luzes do castelo começaram a serem acessas. É maravilhoso.

- Eliza Walker - ele chama e o olho assustada. Oliver segura uma caixinha com um anel brilhante no centro e respira fundo para continuar a falar: - Desde que te encontrei quase caindo de nossa árvore, não passei um dia sem você nos pensamentos. Eu quero passar todos os dias da minha vida ao seu lado e mesmo que você não aceite o trono, quero me apaixonar também pela Eliza Williams Wood Hughes. Liz, minha melhor amiga e dona do meu coração desde de meus quinze anos de idade. Você aceita se casar comigo?

- Sim! Sim. Sim! Mas é claro que sim! - Respondo emocionada tentando controlar as lágrimas.

Puxo seu rosto e lhe beijo.

Ficamos um tempo ali em cima observando a calmaria do castelo e nos beijando. Era maravilhoso ter esse tempinho nosso. Até que meus pensamentos falam mais alto e resolvo tirar minhas dúvidas.

- Acha que eu seria uma boa rainha?

- Eu confio em você, Liz. Vamos estar juntos nessa, não confia em nós?

Encaro o homem a minha frente e penso em como ele cresceu durante todos esses anos. Ele esta vivendo na luz, enquanto eu continuo vivendo na escuridão. Tantos anos vivendo as escondidas, estava na hora de mudar isso.

- Juntos.

Oliver sorri e me aconchego em seus braços.

- Mostre para eles do que você é capaz, meu amor.

- E eles viveram felizes para sempre - sussurro em seu ouvido.

Demorei mais cheguei

O que acharam do final?

Daqui a pouco posto o epílogo.

Quero agradecer a todos os leitores por acompanharem o conto

Estamos em primeiro lugar no ranking e pulei de alegria

Muito obrigada!!!

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