Parte XII
Não faço ideia da hora que finalmente consegui dormi, apenas lembro que fiquei deitada no piso gelada da varanda recebendo o vento que batia contra meu corpo. Por isso, estranho quando acordo e sinto que estou sob algo macio e, ao abrir os olhos, confirmo que estou no quarto. A questão é: Como vim parar aqui?
Me levanto e vou até a porta que presumo ser o banheiro. Depois de tomar um longo banho, abro o armário e o mesmo se revela ser um closet escondido, onde encontro vários estilos de vestidos, mas todos são muito trabalhados para se usar em casa. Acabo encontrando minha mala num dos cantos do quarto e pego um dos vestidos que tinha trazido.
Finalmente me permito observar o quarto. Suas paredes estão pintadas num tom de azul bem claro, a cama quase no centro é enorme e ao seu lado tem lindas cabeceiras com luminárias em cima. Uma escrivaninha acompanhada de uma estante atiça minha curiosidade. A estante está cheia com enfeites do mundo todo, ela é maravilhosa, mas adoraria poder tirar tudo e encher de livros. Uma batida na porta chama minha atenção e corro para atende-la.
- Sim?
- Até que enfim, garota - resmunga, a mulher desconhecida. - Perdi a manhã inteira te esperando aqui fora. Anda, já estamos atrasadas para o almoço.
Assinto e sigo a doida pelo enorme corretor.
- O que aconteceu com os vestidos que providenciamos para você? Nem nossas empregadas usa algo tão horrível.
Qual era o problema dessa mulher? Parecia que ela estava descontando todos os problemas em uma pessoa que ela nunca tinha visto na vida. Irritada parei de prestar atenção no que ela falava e me perco em meus pensamentos, até chegamos numa deslumbrante sala de jantar. Meus tios estão sentados e paro de andar assim que seus olhos focam em mim. Respire Liz, você a tratou mal ontem, aja melhor com a mulher.
- Bom dia, tia - falo indo até ela e lhe dou um beijo na bochecha e logo faço o mesmo com meu tio.
Percebo que eles me olham surpresos e sorrio fingindo que estou bem. Depois que comecei a ser xingada e humilhada pelas pessoas, aprendi que mentir sobre estar feliz, era melhor do que ver meus avós sofrendo. Esse foi um dos motivos que decidi vir com meus tios, meus avós já tinham sofrido muito por minha causa.
- Bom dia, querida. Dormiu bem? - Minha tia pergunta com um enorme sorriso.
- Sim - minto, me sentando a sua frente. - Ontem você me perguntou do que gosto de fazer. Estive pensando, será que posso ir até ao mercado comprar alguns livros?
- Claro, irei acompanhá-la e aproveito para te mostrar um pouco da cidade.
Assenti e provei um pedaço da chamativa torta de morango a minha frente, nunca tinha visto nada igual. Seu gosto combina perfeitamente com sua aparência, eu acho que poderia viver só comendo ela.
- Gostou da torta? - Ouço meu tio perguntar e sorrio concordando.
- Maravilhosa.
- Querida? - Tiro meus olhos da torta e encaro os olhos de minha tia. São azuis, mas nada comparado com os meus. - Por que está usando este vestido?
- Aqueles eram muitos elaborados, detesto saias cheias de tules e espartilhos.
- Podemos passar no mercado então, assim vemos se tem algum do seu agrado.
- Não se preocupe, tia. Tenho vários vestidos que vovó me comprou, não quero que gaste seu dinheiro comigo.
- Mas eu quero - argumenta com um olhar triste. - Seria divertido leva-la para escolher alguns modelos novos.
Paro de comer e suspiro. Prometi para mim mesma que tentaria fazer meus tios felizes com minha presença aqui, sem falar que não queria mais receber comentários maldosos por causa de minhas roupas.
- Tudo bem, iria adorar comprar alguns.
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